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7 ANÁLISE DOS DOCUMENTOS QUE ORIENTAM A PRÁTICA

7.3 LIVRO DIDÁTICO

7.3.2 Atividades que se aproximam do ensino de Estatística

Nesse mapeamento consideramos atividades que envolviam algum tipo de conteúdo de estatística associado às etapas do ciclo investigativo, desde a pesquisa, organização dos dados até tipos de representação de dados, a exemplo de tabelas e gráficos. Atividades envolvendo classificação foram consideradas para esse mapeamento por elas estarem relacionadas com ações vinculadas à Estatística no tocante à organização de dados (CRUZ; SELVA, 2017).

A tabela 1 apresenta a quantidade de atividades que se aproximam do ensino de Estatística, encontradas a partir do mapeamento inicial, distribuídas por áreas de conhecimento e livros.

Tabela 1 – Quantitativo de atividades encontradas por área de conhecimento nos livros didáticos da coleção analisada.

Áreas de conhecimento Quantitativo de atividades

Livro 4 anos Livro 5 anos Total

Matemática 06 03 09

Linguagem 01 01 02

Sociedade 04 02 06

Natureza 07 06 13

Total 18 12 30

Fonte: elaborada pela autora.

Percebemos que as atividades que se aproximam do conhecimento de Estatística foram encontradas em todas as áreas de conhecimento e para as duas faixas etárias das crianças de 4 e 5anos, com uma frequência maior nos livros destinados ao infantil 4. O livro de Natureza apresentou mais atividades, e na sequência o livro de Matemática e de Sociedade, enquanto que no livro de Linguagem encontramos apenas uma atividade para cada faixa etária.

Das 30 atividades encontradas, 24 (80%) foram identificadas como proposta para uma classificação, e as 06 restantes (20%) envolveram representação de dados sendo: 01 relacionada a construção de lista, 01 envolvendo o trabalho com tabela, 02

sobre comparação do tamanho de barras e 02 sobre o trabalho com gráficos. Em seguida apresentamos exemplos de atividades encontradas nos livros analisados.

Figura 12: Exemplos de atividades com classificação, tabelas e gráficos.

Fonte: Atividades dos livros da coleção IPDH.

Na Tabela 2 observamos a frequência de atividades de classificação que encontramos nos livros analisados.

Tabela 2 – Frequência de atividades de classificação encontradas por área de conhecimento nos livros didáticos da coleção analisada.

Áreas de conhecimento Frequência de atividades

Livro 4 anos Livro 5 anos Total

Matemática 05 0 05

Linguagem 01 0 01

Sociedade 04 01 05

Natureza 07 06 13

Fonte: elaborada pela autora.

Como podemos verificar a partir da Tabela 2, a maior quantidade de atividades de classificação encontra-se nos livros para as crianças de 4 anos (17 atividades ou 71%); em contraposição com sua ocorrência nos livros para as crianças de 5 anos (07 atividades ou 29%). Já nos livros de Matemática e de Linguagem para as crianças de 5 anos não foram encontradas atividade de classificação.

Analisamos essas atividades de classificação encontradas nos livros, considerando as categorias utilizadas por Cruz e Selva (2017), quais sejam: critério de classificação livre, classificação a partir de uma propriedade comum, classificação a partir da combinação de duas ou mais propriedades, classificação a partir da negação de uma propriedade e critério de classificação a ser identificado.

Na categorização das atividades, identificamos que das 24 encontradas, 23 (em torno de 96%) faziam referência para classificação a partir de uma propriedade comum, enquanto apenas uma (aproximadamente 4%) referia-se à classificação a partir da negação de uma propriedade (ver Figura 13).

Figura 13 – Classificação a partir da negação de uma propriedade

Fonte: livro didático de Matemática da coleção IPDH

Apesar de Barreto e Guimarães (2016) e Cruz e Selva (2017), ressaltarem a importância da classificação para o Letramento Estatístico na Educação Infantil, as atividades de classificação propostas nos livros analisados ao priorizarem apenas um tipo (classificação a partir de uma propriedade comum) impõem limitações para a

criança se expressar livremente criando seus próprios critérios. Entendemos que o desafio para a prática dessa atividade requer um menor engajamento da criança durante a realização e limita seu potencial reflexivo e criativo. Por sua vez, a ausência do critério de classificação livre e o de classificação que combina duas ou mais propriedades, por exigir mais reflexão por parte das crianças, não foi encontrado. Contudo, no cotidiano infantil é comum elas realizarem esses tipos de classificação com brinquedos, roupas e até com peças de jogos. Também não foram exploradas atividades que possibilitassem a identificação dos critérios utilizados para a classificação.

As demais 06 atividades que se aproximam do conhecimento de Estatística abordadas nos livros, embora envolvam ações de classificação, essas não são seu foco principal. No livro de Matemática para as crianças de 5 anos são introduzidas atividades com objetivo em outras etapas da pesquisa, conforme o ciclo investigativo. São 03 atividades que introduzem a representação de dados, como podemos ver na Figura 14 um exemplo de atividade dessa natureza.

Figura 14 – Exemplo de atividade do livro didático de Matemática

Fonte: livro didático de Matemática da coleção IPDH

Como podemos perceber na Figura 14, essa atividade propõe uma pesquisa que os estudantes devem fazer com seus colegas de turma. Primeiramente eles precisam representar os dados numa barra horizontal e em seguida quantificar e representar por meio da escrita numérica. Essa atividade envolve uma pesquisa atrelado a diferentes formas de tratamento dos dados. No entanto, não existe espaço para as crianças criarem

suas próprias formas de representação dos dados. Ademais, a atividade pode ser realizada de forma automatizada com as crianças sem que haja uma reflexão sobre o significado de viajar ou brincar para elas e as possibilidades de fazer uma coisa ou outra considerando seus contextos reais de vida. Percebemos que a essência dessa atividade é apenas a quantificação e não a representação dos dados de uma pesquisa resultante do interesse das crianças. A despeito dessa análise da atividade em si, consideramos que talvez as orientações de abordagens possam auxiliar os professores nesse sentido.