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Atividades realizadas pelos professores na busca pela autoformação

5.3 A Formação Continuada no âmbito autoformação

5.3.2 Atividades realizadas pelos professores na busca pela autoformação

A ideia da formação pernamente e do desenvolvimento pessoal e profissional dos professores traz implícita a noção de que a responsabilidade pela formação continuada deve ser compartilhada com professores, esses devem construir a sua profissão ao longo da vida. O que também é o posicionamento encontrado no Relatório Delors (1998) ao discutir a concepção de educação ao longo da vida, entende que esta deve fazer com que cada indivíduo, saiba conduzir o seu destino.

A educação permanente deve ser o meio para chegar a um equilíbrio entre trabalho e aprendizagem, bem como, ao exercício de uma cidadania ativa. No entanto, entendemos que essa busca pelo aperfeiçoamento docente, realizada individuamente, não pode prescindir de condições objetivas de trabalho e valorização profisional, para que os docentes se sintam motivados, recompensados e estimulados a buscarem essa formação.

A situação de precarização do trabalho, vivenciada em todo o país com a adoção de políticas focalizadas e privatizantes na educação, gerou um quadro de insatisfação generalizado, que tem dificultado aos professores a procura de uma qualificação por conta própria. Dentre os professores que participaram do estudo, 50,% informaram ter participado de Congressos, Seminários, Cursos e Oficinas, 45,2% não realizaram nenhuma dessas atividades e apenas 4,2% destes procuraram cursos de pós-graduação em nível de especialização.

Mesmo com o entendimento de que a sociedade evolui rapidamente e, que, os professores, assim como os outros profissionais, devem começar a admitir que a formação inicial como um processo em construção o qual precisa de atualização de conhecimentos e técnicas, os professores do Ensino Médio, das escolas participantes do estudo, (45,2%), não participaram de nenhuma atividade de formação continuada. A falta de formação tem repercussão na aprendizagem dos alunos e na qualidade do trabalho do professor.

Discutindo a necessidade de melhorar a qualidade da educação e o papel desempenhado pelos professores para a consecução desse objetivo, Gatti (2002) entende que a formação continuada é indispensável. No entendimento da autora, as políticas educacionais devem, de fato e de direito, considerar a condição pessoal dos professores, pois a qualidade de ensino passa, necessariamente, e, sobretudo, pelas pessoas como seres interacionais, mais do que por aspectos técnicos abstratos; estes só tomam vida com e pelas pessoas agentes.

Pode-se inferir, ainda, que o clima de exercício profissional dos professores não parece ser dos mais alentadores, embora muitos encontrem gratificação no trabalho em sala de aula e nas relações afetivas. Mas nem sempre isso é condição suficiente para manter a motivação e fazer investimento em qualidade, fatores imprescindíveis à superação das dificuldades que se lhes apresentam no cotidiano de sala de aula.

Diferente dos cursos oferecidos pela SECD/RN ou pelas formações no âmbito da escola, a formação, quando parte da iniciativa dos professores, é na sua maioria voltada para as áreas especificas em que estes atuam. Isso permiti inferir que há uma carência destes em aprofundar os conteúdos teóricos que lecionam. A fragilidade dos cursos de formação inicial, a desarticulação entre teoria e a prática fazem com que os professores sintam necessidade de

procurar aprofundar seus conhecimentos. O Relatório Delores (2003, p. 162) traz explícito o reconhecimento de que:

De fato, por todo o lado, mas sobretudo nos países pobres, o ensino científico deixa a desejar quando todos sabemos quanto é determinante o papel da ciência e da tecnológia na luta contra o subdesenvolvimento a a pobreza. Importa pois, em particular nos países em desenvolviemnto, remediar as deficiências do ensino das ciências e da tecnologia, nos níveis elementar e secundário, melhorando a formação dos professores destas disciplinas.

Podemos constatar ainda que as atividades realizadas pelos professores, em sua maioria, configuram-se em cursos de curta duração. Sendo também, tendência da formação ministrada pela SECD/RN. Essa modalidade de formação vem sendo bastante criticada por autores como Ribas (2000); Castro (2004); Marin (1995), por serem insuficiente para o desenvolvimento de um processo de formação continuada que permita aos professores adquirirem um respaldo teórico consistente, capaz de ajudá-los a repensar e ressignificar sua ação pedagógica.

Todavia, não podemos deixar de evidenciar que a procura por uma formação continuada, espontaneamente, pelos professores é relevante, seja qual for o tipo de formação, pois o aperfeiçoamento contínuo passa a ser uma necessidade constante na sociedade do conhecimento e que a formação inicial não é suficiente, tendo em vista a necessidade constante de aperfeiçoamento dos conhecimentos e das técnicas de ensino.

Em virtude disso, encontramos apenas 4,2% dos professores que responderam aos questionários, afirmando ter procurado, para a sua formação continuada, os cursos de especialização “lato senso” que tem uma carga horária mínima de 360 horas. Esses cursos de duração média, teoricamente, possibilitaram aos professores a apropriação de conhecimentos mais significativos para a sua prática cotidiana. Porém, são cursos caros, realizados em sua maioria por instituições privadas, fora dos padrões dos salários recebidos pelos professores. Com a atual política de financiamento para a Pós-graduação, os cursos de Especialização não são contemplados nesse financiamento, permitindo assim, o crescimento da oferta privada desses cursos, inviabilizando a participação da grande maioria dos professores das escolas públicas.

graduação, segundo pesquisas realizadas por Pimenta e Marques (2003), é que os participantes desses cursos são profissionais cada vez mais jovens, recém egressos da graduação, segundo os autores, isto está ocorrendo em detrimento do atendimento a educadores já com experiência docente, para os quais a realização da pós-graduação poderá constituir avanço na qualidade do trabalho e no confronto criativo entre a teoria e a prática.

As propostas de formação, que vêm sendo desenvolvidas, não consideram as necessidades teóricas e metodológicas dos professores. Entendemos que para motivá-los a procurarem a autoformação, as políticas governamentais deveriam valorizar mais os professores, proporcionando-lhes um salário digno, garantindo condições de trabalho e tempo dedicado à formação.

Deveriam incluir também, em cada unidade educativa, um processo de autoformação partilhada, possibilitando a reflexão sobre as suas práticas, o aprofundamento de questões a ela pertinentes, espaços de trocas e convivências, o desenvolvimento de outras linguagens de expressão, o exercício da crítica e da criatividade e o aprofundamento das relações entre prática/teoria/prática. Enfim, espaços que favorecessem um exercício autônomo e sistemático das relações entre os seus fazeres, saberes e poderes.

5.3.3 Instituições que proporcionaram o desenvolvimento da formação continuada no