A importância deste tópico baseia-se na necessidade de se realizar análises corretas no menor tempo possível. Britzke et al. (1989) efetua uma comparação entre análises realizadas com as metodologias GMA, GMA 2 e GMA 3, que são módulos apropriados para produção massificada, em série e em pequenas séries respectivamente. Esta comparação pode ser extrapolada como referência para os módulos MTM-1, SD, UAS e MEK considerando as seguintes equivalências: (a) GMA e MTM-1 para produção massificada (atividades com alta repetitividade); (b) GMA 2 e SD/UAS para produção em série; (c) GMA 3 e UAS/MEK para produções em pequenas séries (atividades com baixa repetitividade). As tabelas dos anexos D, E e F detalham estas classificações.
Britzke et al. (1989) comentam que, para os módulos GMA, GMA 2 e GMA 3, demora-se de 200 a 300 minutos para analisar 1 minuto no caso de produção massificada, de 100 a 150 minutos para produção em série, e de 20 a 30 minutos para a produção em pequenas séries. Em outras palavras, o tempo necessário para realizar uma análise para uma produção em série deve ser aproximadamente 50% e o de pequenas séries 10% do tempo requerido para análises da produção em massa.
Esses valores devem servir apenas como referência, pois pode-se constatar ao realizar as análises que existem diversos fatores que contribuem para reduzir (ou prolongar) o tempo das análises, dentre os quais cita-se: (a) experiência do analista com a metodologia; (b) conhecimento do analista das tabelas de tempo a serem utilizadas, bem como das tabelas de tempo que serviram de base; (c) conhecimento do analista dos postos a serem analisados; (d) conhecimento/experiência do analista com postos de trabalho semelhantes; (e) acesso a informações (p.ex., filme, observação direta, acesso aos operadores, dados históricos, documentação, procedimentos com descrições das atividades do posto); (f) nível de método utilizado; (g) colaboração das pessoas envolvidas e (h) fatores pessoais do analista (motivação, empenho etc.).
Além destes fatores, um fator de grande influência na velocidade das análises é o grau de complexidade do posto de trabalho. Um analista inexperiente, por exemplo, provavelmente teria grande dificuldade em analisar atividades de acabamento ou com múltiplas variantes conforme descritos nos itens a seguir.
Por outro lado existem análises que se tornam simples devido à repetição de movimentos, e com isso se ganha velocidade na execução da análise.
Dois exemplos característicos para este tipo de análise são as análises de solda ponto e as análises de trabalho em prensas. Apesar destes exemplos apresentarem diversas
aplicações diferentes, pode-se afirmar que em muitas indústrias os movimentos descritos abaixo podem representar até 80% dos movimentos de produção (desconsiderando as atividades de manutenção, setup etc.) quando se trata de setores/equipes de produção dedicados a estas atividades.
4.3.1 EXEMPLO: PRENSAS
Os movimentos típicos neste processo são: (a) apanhar peças; (b) movimentação de ida e volta para apanhar peças; (c) posicionar as peças na prensa; (d) acionar comando bi- manual (devido aos riscos existentes e exigências das normas, o comando bi-manual acaba sendo um dos casos mais comuns de acionamento); (e) execução do processo; (f) apanhar peças; (g) depositar peças e (h) movimentação de ida e volta para depositar peças.
A Tabela 4.3 exemplifica uma análise de atividades do trabalho em prensas, baseado nos casos verificados na prática.
Tabela 4.3: Exemplo de análise de atividade em Prensa, analisados com MTM UAS.
Descrição da Atividade Código Tempo
Unit. [s] Descrição do Código Quant. Freq.
Tempo Total [s]
Apanhar chapa de
400x400mm de bancada ao lado e posicionar na prensa
AJ3 2,7 Apanhar peça volumosa
posicioná-la sem precisão 1 1 2,7 Movimentação de ida e volta
para apanhar peças numa área de 2m
KA 0,9 Caminhar / metro 2 2 3,6
Acionar comando bi-manual BA2 0,9 Acionamento Simples,
distância entre 20 e 50 cm 1 1 0,9 Execução do processo –
Prensa operando PT 1,0
Tempo de processo em
segundos 1 2 2,0
Apanhar chapa prensada e
coloca-la no palete no chão AJ3 2,7
Apanhar peça volumosa
posicioná-la sem precisão 1 1 2,7 Curvar-se e retornar a posição
ereta para colocar chapa prensada no palete
KB 2,2 Curvar-se e retornar a posição
ereta 1 1 2,2
Total 14,1
Fonte: Próprio Autor
4.3.2 EXEMPLO: SOLDA PONTO
Neste caso, os movimentos típicos são os seguintes: (a) apanhar peças; (b) movimentação de ida e volta para apanhar peças; (c) posicionar peças no dispositivo; (d) fechar travas; (e) apanhar equipamento de solda; (f) soldar os pontos; (g) colocar o
equipamento de solda na posição de repouso; (h) soltar travas; (i) apanhar peça trabalhada e depositá-la; (j) movimentação de ida e volta para depositar peças.
A Tabela 4.4 exemplifica uma análise de atividades do trabalho com solda ponto, baseado nos casos verificados na prática.
Tabela 4.4: Exemplo de análise de atividade com Solda Ponto, analisados com MTM UAS.
Descrição da Atividade Código Tempo
Unit. [s] Descrição do Código Quant. Freq.
Tempo Total
[s] Apanhar peça inferior
(400x4000mm) e posicioná-la no dispositivo
AJ3 2,7 Apanhar peça volumosa
posicioná-la sem precisão 1 1 2,7 Apanhar peça superior
(150x150mm) e posicioná-la no dispositivo
AB3 2,2
Apanhar peça pequena, fácil, com posicionar aproximado, distância entre 50 e 80 cm.
1 1 2,2
Movimentação para apanhar peças: 2 m até 1ª peça, 1 m até 2ª peça e 3 m retorno.
KA 0,9 Caminhar / metro 2+1+3 1 5,4
Fechar duas travas BA2 0,9 Acionamento Simples,
distância entre 20 e 50 cm 2 1 1,8
1o ponto de solda HB3 2,7
Apanhar equipamento de solda, posicionar no 1º ponto e após operação, depor equipamento.
1 1 2,7
2o ao 10o ponto de solda PB1 0,7 Colocar no lugar, solto. 9 1 6,3 Tempo de processo dos pontos
de solda PT 1,0
Tempo de processo em
segundos 1,5 10 15
Abrir duas travas BA2 0,9 Acionamento Simples,
distância entre 20 e 50 cm 2 1 1,8 Apanhar conjunto e colocá-lo
na bancada AJ3 2,7
Apanhar peça volumosa
posicioná-la sem precisão 1 1 2,7 Movimentação para posicionar
conjunto na bancada. Ida e volta 1m
KA 0,9 Caminhar / metro 2 1 1,8
Total 42,4
Fonte: Próprio Autor
4.3.3 CONCLUSÕES SOBRE ATIVIDADES SIMPLES / REPETITIVAS
Como se pode perceber, para realizar análises como estas, o analista necessitaria efetuar a análise apenas uma vez e verificar os diferentes parâmetros para os demais postos, aumentando a velocidade da análise. Em geral, os parâmetros a serem verificados são: (a) características das peças (peso, tamanho, quantidade de peças etc.); (b) distâncias (até as peças a serem trabalhadas, até o local de deposição, até o comando bi-manual, entre os pontos de solda etc.); (c) tempos de processo; (d) número de pontos de solda e precisão de posicionamento; e (e) movimentações adicionais para realização de outras atividades realizadas no posto.
Para este tipo de análise, algumas das melhorias que puderam ser verificadas e implementadas, gerando bons resultados na prática foram: (a) aproximação das peças e redução os movimentos de corpo; (b) utilização de esteiras e/ou escorregadores para transportar as peças para o próximo posto evitando a necessidade de movimentação do operador; (c) nos casos onde existia mais de uma trava, utilização de mecanismos que permitiam o fechamento / abertura de todas as travas com um único comando; (d) nos casos de pontos de solda com precisão, utilização de gabaritos guia para as ponteiras; (e) remoção de obstáculos para o posicionamento e remoção da peça, acionamento das travas e do dispositivo; (f) redução do tempo de máquina quando o custo / benefício destas modificações se mostrou atrativo; e (g) manutenção adequada de forma a garantir o bom funcionamento de todos os equipamentos;
Os ganhos de tempo devido à implementação das melhorias citadas acima dependem das características dos postos de trabalho analisados. Por exemplo: a aproximação de uma peça pequena pode gerar uma economia de menos de 1 segundo por ciclo, enquanto que a aproximação de uma peça grande pode gerar uma economia superior a 5 segundos. Porém de acordo com os tempos de ciclo das atividades, o “segundo” economizado por uma peça pequena pode ser mais representativo do que os 5 segundos economizados por uma peça grande (como ilustração, 1 segundo de economia num tempo de ciclo de 45 segundos versus 5 segundos de economia num tempo de ciclo de 10 minutos).
Ressalta-se aqui, a importância de se priorizar a segurança. Por exemplo, muitas vezes o acionamento do comando bi-manual pode demandar mais tempo, porém recomenda-se fortemente a sua utilização, pois tal acionamento reduz significativamente o risco da ocorrência de acidentes.