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Atividades utilizadas com frequência em sala de aula

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CAPÍTULO III A PRÁTICA PEDAGÓGICA DAS PROFESSORAS DE

3.6 Atividades utilizadas com frequência em sala de aula

Durante o período de observação das aulas das professoras, vimos crianças sorrirem e gritarem durante as atividades, porém foram poucas as atividades de desenho livre ou dirigido. Presenciei muita contação e reconto de histórias, música com repetição de gestos feitos pela professora sem nenhuma criatividade e expressão das crianças. As crianças adoram desenhar com giz no chão, é uma atividade que as crianças ficam por muito tempo concentradas.

Com base nas observações apresentaremos algumas análises de atividades de arte:

Na Escola “Rosa”, observei muitas atividades que chamaram muita minha atenção, mas uma era o momento quando as crianças terminavam alguma atividade, a professora solicitava aos ajudantes para colocarem as caixas com os toquinhos, tampinhas, jogos de encaixe no centro do círculo e podiam brincar. Algumas crianças pegavam muitos objetos e deixavam alguns sem nada. A professora fazia a interferência e pedia para os ajudantes observarem. As crianças que ajudavam ficavam fiscalizando e brincavam pouco, preocupadas com os colegas, demonstravam-se autoritárias com os colegas.

O dia da história “Florzinha Amanda” a Professora foi contando a história e a medida que ela falava os personagens, convida as crianças para representá- los. Elas ficavam atentas e eufóricas, pois todos queriam ser um personagem. Foi uma atividade muito criativa e descontraída. Trabalhou a expressão oral, gestual, atenção, concentração e percepção auditiva.

Na Escola “Laranja”a primeira atividade proposta foi música, era o ensaio de uma música tocada no CD e imitavam os gestos da professora para acompanhar a música, estavam aprendendo ainda a letra. Alguns não faziam nada, ficavam calados, irritavam os colegas e atrapalhavam a professora. Após esta atividade observei uma aula com massinha, todos sentados no chão brincavam de modelagem, criavam objetos diversos e situações como uma festa de aniversário, bolo, docinhos, motos, relógio e a cobra “chalanga”. Escola “Amarela” a atividade que a professora iniciou o dia com a canção infantil “o meu chapéu”, cantaram acompanhando a escrita da música no quadro giz, mas a maioria nem olhava para o quadro, simplesmente queriam cantar e fazer gestos, mas a professora insistia para acompanhar a escrita da música. Depois de cantar fizeram uma dobradura do chapéu com jornal, todos queriam fazer mais de um. Em seguida descobriram que o chapéu podia ser transformado em um barco.Foi uma atividade onde as crianças divertiram muito.

Na Creche “Verde”, logo após a rotina que é tomar o café, ir trocar de roupa, guardar a roupa com o nome na mochila e vestir o uniforme, toda essa rotina

é realizada pela professora. As atividades de hoje eram com os livrinhos literários e reconto da história, cantar a música do elefante, da tartaruguinha e outras. Alguns ficam com ciúmes querem sentar perto da professora, brigam e choram, mas a professora contorna a situação e todos se acalmam e participam da atividade.

Na creche observei as dificuldades por falta de espaços adequados e mesas apropriadas, mas foram dias muito produtivos, as crianças alegres, inteligentes faziam leitura de imagens maravilhosas e contavam histórias. A professora com muita criatividade elaborava as caixas sempre com temáticas, tais como: literárias (cheia de imagens de histórias infantis e livros de contos de fada); caixa mágica com ( brinquedos, máscaras, fantoches e outros brinquedos); caixa de miniatura (brinquedos em miniaturas), o mais interessante todas as crianças brincavam sem “estragar ou quebrar, ou desmontar os brinquedos” e não colocavam nenhuma peça na boca, mesmo o Vitor o menorzinho da turma com apenas 2 anos e meio. O Davi briga para contar história e escolhe o livro que mais gosta primeiro.

As crianças brincam em seguida organizam as caixas. Os brinquedos comuns a todas as crianças ficavam em espaço reservado. Fiquei surpresa com o Kaique que disse: “professora os brinquedos estão todos misturados.”. Pois eles eram acostumados brincar e organizar os brinquedos em seriação, bonecas em um espaço e carrinhos em outro. Fiquei encantada com as crianças, são participativas, atenciosas e alegres. Percebi tanto na creche quanto nas escolas uma grande preocupação com alguns conteúdos que estão em Linguagem Oral e Escrita.

Todas as professoras demonstraram essa preocupação excessiva com a leitura e escrita desde a creche até o segundo período ou jardim II como são nomeados na Educação Infantil. Pois, sabem da importância de trabalhar a modelagem com a massinha ou argila, o objetivo maior não é a expressividade, a criatividade, a percepção ou a sensibilidade, mas a coordenação motora para aprender segurar o lápis e escrever.

Observamos em nossa pesquisa que na creche era necessário fazer um rodízio de espaços durante a semana, por não ter mesas e cadeiras para todas as crianças. Então, retomamos “Eu avalio, através da valorização das atividades da criança”. As sequências de atividades sugestão do Referencial Curricular, isto é “constitui em uma série planejada e orientada de tarefas, com objetivo de promover uma aprendizagem específica e definida. São sequências que podem fornecer desafios com diferentes graus de complexidade, auxiliando as crianças a resolverem problemas a partir de diferentes proposições”. “Os projetos são formas de trabalho que envolvem diferentes conteúdos e

que se organizam em torno de um produto final cuja escolha e elaboração são compartilhadas com as crianças”. ( RCNEI, 1998, p. 109)

As atividades sugeridas com mais frequência no ensino de arte são:

[...] Movimentos ritmados, pintura, modelagem e recorte. (...) precisamos mães, que vocês valorizem o desenho das crianças, mesmo que seja uma bolinha, um risco, é a fase da garatuja. (Escola “Rosa”- Professora 1 Convênio VI) ;

[...] A música, dramatização. Pois a partir da música, eu relaciono as outras atividades das artes visuais. (Creche “Verde”- Professora 2 Convênio VI); [...] O desenho criativo e desenho dirigido, o desenho criativo, desenho dirigido é bom demais, você vai ver o que acontece e surge. Por isso o professor tem que investigar e deixar ele se manifestar, falar e expressar. (Escola “Amarela”- Professora 3 Convênio V);

[...] Eu gosto muito da modelagem, recorte, colagem, pintura livre e desenho livre no papel e no chão. É a colagem de areia, a sala vira uma bagunça, mas a criança se solta. Tem hora que você está fazendo a pintura e coloca a música de fundo aquilo ali, se acalma e principalmente ao mexer com a tinta precisa observar o que a criança está produzindo, sua atenção, concentração no desenho e a música. Ela faz uma colocação sobre “o professor é mediador e tem que interferir em toda produção da criança, para saber o que ela produziu (Escola “Laranja”- Professora 4 Convênio V).

A professora 2 relata e também observamos o seu trabalho. A atividade no caso foi a música do “elefante”, as crianças cantaram, fizeram gestos e ouviram uma história do livro literário: “O elefante esquisito”, as crianças vibraram com a história, todos queriam recontar a história, pois para recontar colocam uma máscara de elefante confeccionada de EVA10, dramatizam a história em outro momento, desenharam a

história usando lápis de cor e giz de cera. Em outra aula as crianças estavam trabalhando com a massinha fazendo a modelagem da história do elefante. Então a professora desenvolveu uma série de atividades de arte partindo de uma música ou de uma história literária.

A criança em atividade de artes vive o momento em que ela pode expressar e participar ativamente do processo de criação e organização das habilidades perceptivas e expressivas. A avaliação das atividades deve buscar e entender o processo de cada criança, a significação de cada trabalho e não julgar como “feio ou bonito, certo ou errado”, mas cada produção deve ser observada e ser registrada as percepções que surgem no decorrer do processo, as questões individuais e em grupos podem exercitar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas. Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, “a organização do tempo em Artes Visuais deve respeitar as possibilidades das crianças relativas ao ritmo e interesse pelo trabalho, ao tempo de concentração, bem como ao prazer na realização das atividades.” (RCNEI,

10 Material escolar emborrachado, utilizado para confecção de materiais pedagógicos no lugar de papel

1998, p.107). É preciso que o professor fique atento às atividades propostas, observar o tempo, o material, o ritmo da criança, as dificuldades de cada atividade se está adequada às possibilidades de cada criança.

O Referencial Curricular sugere três possibilidades de atividades: as atividades permanentes, as sequências de atividades e os projetos. As atividades permanentes seriam “os ateliês ou ambientes de trabalho que oferecem diversas atividades simultâneas, como desenhar, pintar, modelar, fazer construções e colagens para que as crianças escolham o que querem fazer.” Esses ambientes permitem o desenvolvimento do percurso individual de cada criança, na medida em que ela possa fazer suas escolhas, regular por si mesmas o tempo dedicado a cada produção e experimentar diversas possibilidades. Enfim sugestão excelente, mas as escolas ainda se deparam com falta de materiais básicos e o mais grave: espaço, pois não existe esta preocupação em ter esses espaços para trabalhar artes com as crianças, tudo tem que ser na mesma sala.

Todas as professoras comentaram sobre o envolvimento de toda a escola ou creche nos eventos artístico-culturais, professores, alunos, gestores, técnicos administrativos e pais. Os eventos são todos planejados de forma coletiva e participativa envolvendo sempre atividades de artes, exposição de desenhos, pinturas, colagens, dança (coreografias) e músicas; quase sempre as crianças cantam acompanhando o CD e o (Playback), ou o CD da música. É importante que as escolas de Educação Infantil valorizem as atividades de artes, preocupem com os ambientes culturais que as crianças possam ouvir músicas, ouvir e contar histórias, desenhar, pintar, assistir a DVD (filmes), brinca. Que o professor possa proporcionar atividades significativas, interativas e contextualizadas e fazer com que nossas crianças desenvolvam suas habilidades, expressões, sentimentos e a imaginação. Que as aulas de artes não sejam apenas em função das datas comemorativas, ou mera ilustração de textos e histórias ou passatempo.

As atividades de Arte na Educação Infantil possuem alguns objetivos que precisam ter consonância com o processo educativo da escola e que venham atender às necessidades das crianças e da cultura artística do mundo contemporâneo, isto é que seja um ensino que venha contribuir para a formação de um cidadão conhecedor da arte, da cultura. Estes são objetivos esperados segundo o Referencial Curricular no item artes visuais, que ampliam e levam a criança durante o processo ser capaz de:

- interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas diversas obras artísticas (regionais, nacionais ou internacionais) com as quais entram em contato, ampliando seu conhecimento do mundo e da cultura. - produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da pintura, da modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de produção e criação. (RCNEI, 1998, p.95).

Então, o trabalho para o desenvolvimento das expressões e percepções infantis deve ser cauteloso, respeitando os limites de cada um, os desafios e as situações de cada dia e momento através da sensibilidade e criatividade. As atividades de ouvir e cantar músicas, escutar e recontar histórias, movimentar, expressar, desenhar, rabiscar, pintar, rasgar, recortar, colar, amassar e modelar são ligados aos sentidos e são aprendidos pelas crianças através das interações históricas, cultural e social. Cabem as escolas de Educação Infantil proporcionar às crianças um ambiente cultural rico, organizado onde todas essas atividades e muito mais possam ser desenvolvidas.

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