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SAGA DA KUAU EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS

O ATO DE EMPREENDER

Se em linhas gerais, empreender é transformar ideias em oportunidades de negócios, julgamos que o empreendedor seja muito mais um comportamento do que somente um cargo/título, ou seja, uma

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atitude empreendedora não é só abrir um negócio formalmente, mas engloba uma mentalidade e características a serem cultivadas, aprendidas e lapidadas a todo momento.

Ressalta-se que, o empreendedor tem uma forma de pensar o mundo diferenciada, visando agregar valor à sociedade com seu serviço ou produto. Seja no âmbito econômico, social ou cultural, esse comportamento exigirá deste indivíduo algumas características, a destacar: visão de futuro, tomadas rápidas de decisões, saber agir sob pressão, explorar ao máximo as oportunidades, ser determinado e dinâmico, ser dedicado, ser otimista e apaixonado pelo que faz, ser líder e formador de equipes, ser bem relacionado (networking), ser organizado e saber planejar e onde buscar informação, amar, aprender, assumir riscos calculados, criar valor para a sociedade (MENDES, 2015).

De acordo com Spudeit, Madalena, Laurindo e Duarte (2016):

[...] além de ter um perfil e desenvolver as competências necessárias, é necessário planejar estrategicamente a empresa para atender uma demanda do mercado, conseguir um financiamento inicial, criar um programa de marketing, adquirir equipamentos e recrutar uma equipe qualificada e interdisciplinar. (SPUDEIT; MADALENA; LAURINDO; DUARTE, 2016, p. 683).

É por isso, que cada vez mais o ecossistema empreendedor vem ganhando força, pois cria comunidades dispostas a colaborar, seja para injeção de capital, oferta de capacitações ou com programas de

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reconhecimento, aumentando a cada ano o número de núcleos/plataformas de aprendizagem e eventos para premiações, treinamentos e conexão de empreendedores. Pois não basta empreender, o empreendedor deve ser capaz de caminhar e ver resultados positivos em seu trabalho.

Frente a essa movimentação, no âmbito da Biblioteconomia, mesmo que timidamente, o empreendedorismo vem ganhando notoriedade, pois os profissionais bibliotecários estão sendo convidados a olhar a sua prática com outras percepções, ampliando sua possibilidade de atuação (BARROS, 2021, no prelo).

Prova desse crescimento vem sendo divulgada por pesquisadores da área da Biblioteconomia, umas delas é Críchyna Madalena (MADALENA, 2018), cuja dissertação de mestrado teve como um dos objetivos específicos identificar bibliotecários que possuem empresas, além de apontar os serviços prestados por eles. Assim, ela nos apresenta as seguintes informações:

Madalena (2018) mostra dados que evidenciam um crescente número de criação de empresas, um percentual bem significativo nos anos de 2009 e 2017, enfatizando que são empreendimentos criados recentemente.

Já no que se refere aos serviços prestados, as informações apresentadas por Madalena (2018) apontam que os serviços oferecidos pelos bibliotecários estão voltados para gestão da informação, como por

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exemplo: gestão de documentos e arquivos físicos e digitais, preservação do acervo, construção de tesauros, digitalização de documentos, consultoria na elaboração de projetos, organização de bibliotecas, normatização de trabalhos, eventos e outros, a autora diz ainda, que isso pode ser pelo fato de os bibliotecários não terem, até então, explorado outros nichos de atuação.

Dentro dessa perspectiva, a Kuau acaba não se inserindo nas vertentes apresentadas, pois mesmo que a pesquisa aponte a realização de cursos e eventos como uma das formas de empreender, esses cursos, em sua maioria, são voltados para as questões tecnicistas da área, já a Kuau enverada pelos campos literário e cultural, uma vez, amparada pela Classificação Brasileira de Ocupações ao dizer que o profissional da biblioteconomia pode atuar com “realização de projetos de extensão cultural.”

PRIMEIROSPASSOSDAKUAUEXPERIÊNCIASFORMATIVAS

Em 2013, uma dupla de jovens bibliotecários, recém-formados, Thiago Giordano e Katty Anne Nunes, pensavam a criação de um empreendimento que promovesse eventos, em especial para bibliotecários, e queriam que essas experiências de fato fossem formativas e agregadoras, assim nasceu a idealização da Kuau Experiências Formativas.

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Nesse mesmo ano, são realizadas algumas ações, como o evento ‘Papos e Ideias: você é o que você consome’ e uma ‘Oficina de contação de histórias com origami’.

Neste início do empreendimento, também se trabalhou com artigos decorativos para o público leitor, como bottons. A ideia era expandir para blusas, canecas e outros acessórios.

Figura 1 - Evento Papos e Ideias

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Figura 2 - Oficina de contação de histórias com origami.

Fonte: arquivo pessoal da autora (2013).

Figura 3 - Modelos de botons.

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Vale destacar o apoio de amigos nesse processo, os mesmos compravam, divulgavam, participavam dos eventos e de forma voluntária também contribuíam para a realização de algumas ações.

Depois de algumas atividades, a Kuau encerrou seu funcionamento, seus idealizadores seguiram outros caminhos na área, aplicaram o intraempreendedorismo em seus locais de trabalho, e assim, o projeto ficou em stand by até final de 2019.

Nesse ano, Katty Anne assume o desafio de estabelecer uma marca, a fim de desvincular Pessoa Física de Pessoa Jurídica. Tudo isso após a aprovação em uma seleção para o Programa Guru de Negócios, da Aliança Empreendedora, o qual se configura em um processo de mentoria, processo esse que Silva (2008) define como um uma relação estabelecida entre uma pessoa mais experiente com uma outra menos experiente para um procedimento que objetiva a orientação para o crescimento pessoal e profissional do menos experiente.

Assim, a ideia de retomar as atividades da Kuau surge, e, em conversa com Thiago, foram-lhe passados todos os direitos da marca, reconfigurou-se, então, a oportunidade de uma nova chance para o empreendimento.

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