• Nenhum resultado encontrado

Atribuições das IESs e Plano de Trabalho

No documento UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (páginas 150-155)

CAPÍTULO 4. Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade:

4.2 PARTICULARIDADES: ESTRUTURA, MODALIDADE DE CONVÊNIOS E

4.2.1 Categoria I: Estrutura do Programa

4.2.1.8 Atribuições das IESs e Plano de Trabalho

Neste eixo temático das atribuições das IESs, desde o primeiro documento publicado sobre Programa afirma-se que:

[...] instituições de ensino superior responsáveis pela formação de docentes podem-se constituir em campo de construção de teorias, pesquisas e contribuições desencadeadoras de um salto de qualidade na educação pública estadual [...] (SÃO PAULO, Decreto nº 51.627, 2007a, grifo nosso). Desse modo é entendido que as IESs são responsáveis pela formação docente e espera- se, por parte delas, uma contribuição para a melhoria na qualidade da escola na rede pública estadual. Nesse sentido, o Programa foi estruturado de uma forma que as IESs tivessem uma articulação, por meio dos alunos-pesquisadores, com as escolas da rede pública de ensino.

150 Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade: contexto social, econômico, histórico e

particularidades

Portanto, neste eixo temático detalharemos os aspectos e os atores envolvidos pela IES nesse Programa: a) plano de trabalho; b) professor orientador; c) interlocutor administrativo; d) aluno-pesquisador; e) vagas disponíveis para atender ao Programa.

Durante a análise, constatamos que nos anos de 2007, 2008 e 2011 comparecem nos Decretos e Resoluções elementos que dizem respeito às atribuições e responsabilidades das IESs. Vale destacar que além desses documentos as orientações eram expressas em comunicados emitidos pela FDE.

Na Tabela 14 é possível verificar o ano e as fichas analíticas que correspondem às atribuições e ao plano de trabalho relacionados ao Programa.

Tabela 14 – Fichas Analíticas: atribuições das IESs e Plano de Trabalho

Ano Fichas Analíticas

2007 1, 1A, 1B, 2 e 5.

2008 7, 7A, 7B

2011 10

Fonte: Elaborada pela autora.

É importante destacar que a FDE manteve contato muito próximo com as IESs que aderiram à participação no Programa, portanto, enviava constantemente orientações para as instituições por meio de Comunicados.

A seguir relacionamos os aspectos e atores relacionados às IESs:

4.2.1.8.1 Plano de Trabalho

Dentre as atribuições das IESs, um aspecto que foi enfatizado para realização da adesão foi a elaboração de um Plano de Trabalho que cada instituição deveria realizar a partir do roteiro disponibilizado pela equipe de gestão institucional da FDE. Relacionamos a seguir os elementos que o compõem:

a) Administrativo: contemplava dados da IES, relação nominal dos professores orientadores, interlocutor administrativo e dos possíveis alunos-pesquisadores, além dos critérios para formação das turmas e número de classes a ser atendida.

b) Financeiro: planilha de custos com previsão mensal de aplicação dos recursos a serem repassados pela SEE-SP.

c) Pedagógico: apresentação da matriz curricular, ementas, bibliografia dos cursos de Pedagogia, Letras e Pós-Graduação Stricto-Sensu, cronograma acompanhado do plano de desenvolvimento dos encontros semanais de formação e a proposta de articulação da investigação didática.

No roteiro do Plano de Trabalho observamos que ocorreram alterações do modelo ao compararmos os anos de 2007, 2011 e 2015. Entendemos que essa dimensão revela aspectos gerais das IES, critérios de seleção e como as questões pedagógicas serão desenvolvidas, a saber:

a) Qual bibliografia será definida para que os alunos pesquisadores conheçam como as práticas pedagógicas podem ser mediadas pelo conhecimento didático da língua em funcionamento, em contextos reais de sala de aula? b) O que planejam abordar nos encontros semanais das IESs, considerando que os alunos pesquisadores manterão uma relação horizontal, à medida que atuarão junto aos alunos, respeitando o papel distinto do professor regente da sala?

c) Na escolha de um dos temas da investigação e no acompanhamento do processo de desenvolvimento dele, como apoiarão os alunos pesquisadores nos aspectos: processo de elaboração dos registros; análise de registros (Plano de Trabalho, 2015).

Um dos critérios para que as IESs permanecessem e recebessem os recursos financeiros era apresentar, mensalmente, à FDE um Relatório Circunstanciado e, ao término do semestre, outro relatório mais detalhado denominado Relatório Pedagógico. Importante ressaltar que ambos estavam relacionados ao desenvolvimento do Plano de Trabalho.

4.2.1.8.2 Professor Orientador

Uma das responsabilidades das IESs nesse Programa era a indicação de professores orientadores para acompanhar os alunos-pesquisadores, sendo que esse acompanhamento tinha como base as orientações que foram expressas no Plano de Trabalho que as IESs submeteram no momento da adesão. Por sua vez, o Plano de Trabalho foi estabelecido a partir dos documentos norteadores do Programa, que afirmam:

Indicar professores orientadores, responsáveis pela execução do Plano de Trabalho, no que concerne ao acompanhamento do projeto e às atividades dos alunos pesquisadores, bem como ao desenvolvimento das competências acadêmicas expressas no Anexo II;

152 Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade: contexto social, econômico, histórico e

particularidades

Indicar professores orientadores para acompanhamento da execução do Plano de Trabalho e orientação dos alunos em suas pesquisas, observando o Anexo I;

Apoiar e acompanhar a qualidade do trabalho desenvolvido pelo professor orientador, subsidiando-o no desenvolvimento do Plano de Trabalho, junto aos alunos pesquisadores (SÃO PAULO, 2007d, ANEXO I do Decreto). Dentre as atribuições do professor orientador está o compromisso de participar dos encontros promovidos pela SEE-SP e FDE nos quais eram realizados debates entre os participantes. Apresentamos, a seguir, o que revela uma das entrevistas:

“[...] uma das reuniões era pedagógica e essa eu participava porque, quando nós fomos aprovados, então eu acabei ficando responsável pela parte pedagógica por ter escrito o projeto e tudo mais. Então, acabei ficando como a pessoa responsável por representar a instituição, nós tínhamos uma reunião mensal.

[...] eles tinham intenção de que o projeto funcionasse de uma forma muito parecida. Eram várias instituições, então o programa precisava funcionar de um jeito muito parecido. Então todos esses professores coordenadores se reuniam nesse dia para uma formação.”

(Excertos extraídos da Entrevista 1 – Beatriz)

No Programa o professor orientador teve uma participação relevante por articular e promover a relação entre o aluno-pesquisador e o professor regente com o qual vivenciava o cotidiano da sala de aula.

4.2.1.8.3 Interlocutor Administrativo

De acordo com o que estava previsto na estrutura do Programa, cada IES deveria indicar um interlocutor administrativo, responsável pelos aspectos operacionais entre a IES e a FDE. Esse profissional também participava dos encontros promovidos pela SEE-SP e a FDE no que diz respeito a prestação de contas.

“Nessa reunião mensal, tinha uma parte que era direcionada para o representante da instituição, o representante que tratava mesmo da parte financeira, da documentação. E tinha uma outra reunião, que elas aconteciam concomitantemente no mesmo dia e horário, que era o pedagógico.”

4.2.1.8.4 Aluno-Pesquisador

Cada IES selecionava os alunos inscritos para participar do Programa.

Inicialmente não havia critérios pré-estabelecidos pelo Programa, bastando às IESs assegurarem a frequência dos alunos-pesquisadores. Nos documentos norteadores, uma das orientações estabelecidas era que se em algum momento o aluno-pesquisador deixasse de participar do Projeto era responsabilidade da IES substituí-lo imediatamente, o que revela que a escola da rede pública contava com a presença do aluno-pesquisador para acompanhar o professor regente do 2º Ano.

Nesse sentido, a entrevista realizada com uma professora orientadora que acompanhou o Programa desde o início da implantação revela que:

“Inicialmente, quando o programa começou, é como estou dizendo, a impressão que dava, e não era somente uma impressão, isso era dito para a gente até na reunião pelos representantes do programa: ‘olha só, isso a gente está montando ainda, a gente está construindo’. Então, no começo não tinha tanto critério assim, até porque no início não foram muitas as faculdades que aderiram ao projeto de cara no primeiro ano.”

(Excertos extraídos da Entrevista 1 – Beatriz)

4.2.1.8.5 Vagas disponíveis

Em relação às vagas oferecidas pela IES, inicialmente o critério tomava como base o número de vagas solicitadas pelo Plano de Trabalho. Posteriormente foram inseridos, pela SEE- SP, novos critérios, a saber: adequação ao Plano de Trabalho, localização geográfica da IES e bom desempenho no atendimento às classes nos anos anteriores (SÃO PAULO, 2011).

Em síntese, o eixo temático Atribuições das IESs e Plano de Trabalho retrata principalmente a atuação dos atores e as responsabilidades das instituições durante a vigência do Programa, sendo que estamos considerando, nesse eixo temático, como atores, os alunos- pesquisadores, os professores orientadores e os interlocutores administrativos.

Mais diante, quando estivermos discutindo a segunda categoria, Estágio Supervisionado, será retomado o item que se refere aos alunos-pesquisadores e ao professor orientador. Mas podemos anunciar que tanto o aluno-pesquisador como o professor orientador tiveram importantes papéis desempenhados no Programa.

Outro aspecto relevante da análise é o fato de que as vagas estavam relacionadas ao bom desempenho no atendimento ao Programa, o que demonstra um acompanhamento sobre o

154 Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade: contexto social, econômico, histórico e

particularidades

Programa por parte da SEE-SP e também das próprias IESs, dado o seu interesse em permanecer no Programa.

No documento UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (páginas 150-155)