• Nenhum resultado encontrado

Encontros com o Professor Orientador

No documento UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (páginas 169-171)

CAPÍTULO 4. Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade:

4.2 PARTICULARIDADES: ESTRUTURA, MODALIDADE DE CONVÊNIOS E

4.2.3 Estágios Supervisionados

4.2.3.2 Encontros com o Professor Orientador

Como anunciado nos documentos oficiais, estava previsto que a IES indicava um professor orientador para acompanhar um grupo de até 40 alunos-pesquisadores do Programa. “Agora, o aluno ele levava para o professor orientador, nós tínhamos que ter encontros semanais, tinha uma carga horária.

O aluno tinha que cumprir uma carga horária na escola e ele tinha que cumprir uma carga horária de formação na própria faculdade, uma formação específica, para atuar no programa.”

(Excertos extraídos da Entrevista 1 – Beatriz)

A professora orientadora que participou desta pesquisa relatou que semanalmente promovia encontros com os alunos-pesquisadores, nos quais compartilhava as orientações recebidas durante a formação específica do Programa que realizava, promovida pela SEE-SP e pela FDE. Importante ressaltar que a presença dos alunos-pesquisadores nos encontros e a presença do professor orientador nas atividades acima descritas era obrigatória, pois fazia parte das exigências estabelecidas pelo Programa.

[...] Bom, então, essa aluna, me disse assim: ‘olha, me deram um aluno que ele é cego, e esse aluno não aprendia a ler e escrever, esse aluno não aprendia nada, ele ficou cego em função de uma doença, ele fez uma cirurgia no cérebro e ficou cego por causa disso e ninguém queria ficar era um empurra ... empurra... Ai eu cheguei lá, olha é com você é seu’.

E ela falou ‘assim, eu tive que desenvolver, o que que eu vou fazer com um aluno que é cego’, aí ela chegou aqui, voltou para a formação, faço o quê? Faço o quê? E pesquisa, vai e volta, e atende esse aluno, não sabe o que faz, aí ela encontrou uma forma de trabalhar com ele.

O que ela fez? A gente aqui desenvolve um trabalho que é com jogos e atividades lúdicas. O que que ela fez? Ela começou a fazer coisas inspiradas em braile: ‘vou fazer coisa pensando em Braile, eu vou fazer um joguinho, vou fazer uma coisa que ele possa apalpar, eu vou fazer, só construir isso’. (Excertos extraídos da Entrevista 1 – Beatriz)

Assim entre as atribuições que foram estabelecidas no Plano de Trabalho, constava que os alunos-pesquisadores participassem de encontros com o professor orientador. Tais encontros tinham por finalidade preparar o aluno-pesquisador para desenvolver uma investigação

didática, ações que possibilitem uma intervenção pedagógica em conjunto com o professor regente na sala de aula e também refletir sobre a dimensão da relação teoria e prática.

“Porque cada uma dessas professoras, cada uma dessas coordenadoras, representantes dessas instituições, também eram responsáveis não só por acompanhar os alunos, eram responsáveis, também, por cuidar da formação deles.

[...] eu fazia essa ponte de receber a informação, uma vez por mês e depois passar para os alunos que estavam atuando em sala de aula, de passar para eles essas mesmas orientações.”

(Excertos extraídos da Entrevista 1 – Beatriz, grifo nosso)

Constatamos a relevância dos encontros entre os alunos-pesquisadores e o professor orientador no que diz respeito à formação e discussão de temas essenciais para a futura atuação profissional, tendo como destaque o processo de alfabetização.

Então, por exemplo, os momentos de formação que os alunos tinham do Bolsa Alfabetização e têm, por exemplo, no Pibid, eles favorecem essa troca e a reflexão dos alunos, porque eles trazem do que eles estão vivendo lá, ninguém que contou, não está escrito no livro, eles viram eles passaram por aquilo, eles trazem as experiências, a própria experiência de troca entre eles, olha eu estou fazendo isso, eu fiz isso, deu certo ou não deu.

A gente percebe que há entre os alunos um desenvolvimento bastante grande, eu tenho visto as experiências que eu tive à frente aí de projeto como esses, me mostraram que para os alunos que ainda estão na sua formação inicial, que ainda vão ter lá na frente ainda como está o contato mesmo com a prática, ser professora mesmo é só quando terminar o curso, mas essa experiência que estou tendo aqui já me dá um gostinho, já me mostra um pouco como que é de verdade.

(Excertos extraídos da Entrevista 1 – Beatriz, grifo nosso)

A professora orientadora revela da importância das reuniões com alunos-pesquisadores favorecendo a troca de experiências por meio da reflexão e da experiência com o professor regente.

Desse modo, observamos que os documentos norteadores do Programa relacionavam os aspectos esperados a ser discutidos e desenvolvidos nos encontros com os alunos- pesquisadores, a saber:

a) aprender a concepção de aprendizagem adotada, bem como o modelo de ensino em que o Programa Ler e Escrever está fundamentado; ser leitores e produtores de textos; b) estudar a psicogênese da língua escrita; c) discutir as situações didáticas – condições gerais e especificas de aprendizagem; d) entender a sondagem como avaliação inicial dos alunos para saberem o que sabem. O ensino do professor deve partir daquilo que os alunos sabem, e não do que ainda não sabem; e) conhecer e discutir a Didática da Alfabetização; f) aprender a heterogeneidade; g) aprender os gêneros textuais – seus usos e finalidades; h) discutir o papel fundamental da intervenção pedagógica; i)

170 Programa Bolsa Formação – Escola Pública e Universidade: contexto social, econômico, histórico e

particularidades

estudar, analisar, avaliar as teorias da educação, a fim de elaborar propostas educacionais que favoreçam as condições de aprendizagem; j) aprender a trabalhar em equipe, estabelecendo diálogo entre os sujeitos envolvidos na unidade escolar: professor, aluno, professor-coordenador, diretor; na IES, estabelecer diálogo com professor orientador e entre os pares; k) discutir questões atinentes à ética no contexto do exercício profissional; l) aprender avaliação processual; m) aprender a fazer uso do instrumento do registro como fonte de organização e planejamento; n) diferenciar atividades de boas situações de aprendizagem (SÃO PAULO, 2007d, Resolução Nº 83).

Nesse sentido, acreditamos que os conteúdos acima relacionados são essenciais para a formação inicial de professores, inclusive para os estudantes universitários que não estavam inseridos no Programa.

Verificamos que, após um ano da vigência do Programa, a SEE-SP publicou outras orientações relacionadas aos encontros entre alunos-pesquisadores e professor orientador. Entre as orientações, estão presentes os aspectos que envolvem a entrada e a postura do aluno- pesquisador na escola e na IES, bem como a apropriação dos papéis desempenhados pelo aluno- pesquisador e pelo professor orientador. Outros aspectos a serem destacados dizem respeito ao olhar mais abrangente sobre a sala de aula, bem como a relação entre a teoria e a prática pedagógica e a relação entre o aluno-pesquisador e o professor regente (SÃO PAULO, 2008a, Resolução nº 90).

Pressupondo o avanço estabelecido na efetividade dos vínculos entre os alunos- pesquisadores, o professor regente e o professor orientador, os alunos-pesquisadores foram orientados a buscar conhecer e refletir sobre a rotina de leitura e escrita na escola, o papel da leitura como atividade essencial e diária e o equilíbrio entre as atividades de leitura e escrita. Desse modo, esperava-se um aprofundamento nos temas que se relacionavam ao processo da leitura e escrita, como também uma reflexão teórica e prática a respeito da atuação profissional do professor e sobre o processo de alfabetização (SÃO PAULO, 2008a, Resolução nº 90).

No documento UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (páginas 169-171)