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Atuação do coordenador pedagógico juntos aos professores

2 A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E SUA RELAÇÃO COM A INCLUSÃO

2.2 DESAFIOS PARA A PRÁTICA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

2.2.1 Áreas de Atuação do Coordenador Pedagógico

2.2.1.1 Atuação do coordenador pedagógico juntos aos professores

Uma das áreas fundamentais de atuação do Coordenador Pedagógico na escola se efetiva junto aos professores, voltando-se ao centro do seu trabalho que é o aluno e o conhecimento. Dessa forma, ao desenvolver seu trabalho com o grupo de professores, o Coordenador Pedagógico tem também o foco no aluno (DOMINGUES, 2014).

É importante ressaltar que, nesse contexto de trabalho com os professores, não há relação com processos de fiscalização e controle, mas, sim, com o reconhecimento da ação docente frente ao ensino e à aprendizagem, e, em decorrência disso, com o desenvolvimento de um trabalho coletivo.

A atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento de seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula. (LIBÂNEO, 2010, p. 61).

Sua contribuição para com os professores como suporte organizacional e pedagógico pode auxiliar de maneira mais eficaz a aprendizagem dos alunos do que se ele atuasse diretamente com eles. Muitas vezes, o professor sente-se sozinho em sua atuação em sala de aula, porém, se o Coordenador Pedagógico se posiciona como um mediador das práticas docentes, pode favorecer com que o PPP se concretize e o professor se sinta amparado (PINTO, 2011).

Para auxiliar o professor, Libâneo (2010) aponta que o Coordenador Pedagógico não precisa ser um detentor de todos os conhecimentos que serão lecionados em sala de aula, pois o seu apoio é didático-pedagógico; assim,

[...] sua contribuição vem dos campos do conhecimento implicados no processo educativo-docente, operando uma intersecção entre a teoria pedagógica e os conteúdos-métodos específicos de cada matéria de ensino, entre o conhecimento pedagógico e a sala de aula. (LIBÂNEO, 2010, p. 62).

O trabalho do Coordenador Pedagógico desenvolve-se com os professores, compartilhando dificuldades, problematizações, limites, visando a promoção do PPP tanto em sua elaboração quanto em seu desenvolvimento (PINTO, 2011). Como essa relação se desenvolve para o aluno e sua aprendizagem, o Coordenador Pedagógico potencializa e medeia questões que são inerentes à intencionalidade educativa, na articulação do trabalho docente em função dessas intencionalidades.

Orsolon (2002) aponta o Coordenador Pedagógico como alguém que pode promover e articular transformações no ambiente educativo, como mediador das práticas docentes, pois é inerente à função do Coordenador apresentar propostas, discutir e rever práticas junto aos professores por meio de um diálogo constante, que considera suas experiências, assim como seus saberes e suas concepções educativas. Devido a isso, uma das grandes áreas de atuação do Coordenador Pedagógico junto aos professores é a área de formação continuada, pois a escola é percebida como um espaço que pode viabilizar reflexões formativas advindas das necessidades da prática docente, ao se considerar que a formação inicial não consegue contemplar todas as questões que perpassarão o dia a dia da escola.

Na mesma direção, Souza, V. (2002) ressalta a necessidade de formação continuada no ambiente escolar, para os professores, pois é um ambiente rico para o seu desenvolvimento, e o Coordenador Pedagógico é o profissional que irá favorecer que ela ocorra. A formação desenvolve-se em um ambiente coletivo, mas a autora destaca que o grupo de profissionais da escola não se constitui como um coletivo apenas pelo fato de estar no mesmo espaço educativo. Ela ressalta que é preciso considerar que

[…] não basta uma somatória de pessoas para existir um grupo e, tendo em vista que os professores devem ser liderados pelo coordenador pedagógico, necessário se faz pensar em como possibilitar a construção do grupo, para desenvolver um trabalho coletivo rumo à superação das fragmentações hoje comuns nas escolas. (SOUZA, V. 2002, p. 27).

O Coordenador Pedagógico constrói junto ao grupo a coletividade pretendida, compreendida como uma ação essencial para a tomada de decisões democráticas. Essa coletividade, segundo Souza, V. (2002), está diretamente relacionada ao conflito. Considerando-se as especificidades humanas e a heterogeneidade dos sujeitos, o conflito fará parte das construções e as enriquecerá, por isso é importante que o Coordenador Pedagógico facilite a percepção de que o discordar enriquece o processo democrático. As opiniões divergentes devem ser debatidas e os pontos de vista, considerados, sempre com vistas à objetivação da finalidade do processo formativo: a melhoria do ensino e da aprendizagem.

Sobre a formação docente, Domingues (2014, p. 66, grifos da autora) considera “[...] a expressão formação contínua […] como um continuum formativo que tem sua origem na formação inicial, compreendendo um processo que acompanha toda a vida do educador”. É, assim, uma necessidade de o professor desenvolver-se profissionalmente ao longo de sua carreira, pois a dinamicidade de seu trabalho lhe exige isso. O Coordenador Pedagógico tem a responsabilidade de encaminhar os processos formativos na escola, coordenando “[…] um grupo de pessoas, homens e mulheres que se dispuseram a pensar coletivamente sobre o seu fazer e o espaço social em que esse fazer se desenrola” (DOMINGUES, 2014, p. 68).

Promover um espaço formativo na escola é uma responsabilidade relevante do Coordenador, é inerente ao pedagógico que ele coordena, pois “[...] cabe ao coordenador fazer interlocuções com os professores, ajudando-os a amadurecer suas intuições e superar as contradições entre o que pensam, planejam e as respostas que recebem dos alunos” (CLEMENTI, 2002, p. 54).

Nessa perspectiva cabe à coordenação pedagógica coordenar as atividades de modo a promover uma consciência de si e do outro, ligadas por um projeto coletivo que estabeleça objetivos e metas comuns. Essa articulação crítica entre os professores (seus fazeres e saberes), seus contextos (sociais e culturais) e entre teoria e prática constitui-se, como ressaltado, em uma parte importante da atuação pedagógica, que tem como meta a legitimação de um ensino de qualidade. (DOMINGUES, 2014, p. 114).

O trabalho de maior importância para a coordenação pedagógica é a coordenação do grupo de professores e a sua atuação sobre o pedagógico, remetendo suas ações às questões reflexivas, mediadoras, articuladoras, formadoras, de relação entre teoria e prática para desenvolver o processo de ensino e de aprendizagem voltado aos alunos e às suas necessidades.