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3.1 Tipo da pesquisa

4. ESTUDO DE CASO

4.2 Atuação orientada para a Responsabilidade Social – Área Social do NGPD

4.2.1 Princípios da Responsabilidade Social na Missão, Valores e

Visão.

Alem de negócios, empreendedorismo, inovação e tecnologia, o Porto Digital sintonizado com a nova tendência de responsabilidade social, está colocando em prática seu Programa de Responsabilidade Social, cujo objetivo geral é promover a ampliação da qualidade de vida e do bem-estar social através da utilização das tecnologias da informação e comunicação (TIC).

Para tanto, como mencionado, já na criação do Porto Digital previa-se como um dos seus objetivos promover a qualidade de vida em toda a sociedade, além de contribuir para a redução da pobreza e desigualdades sociais através da ciência, da tecnologia e da inovação. Para fortalecer sua atuação na área social em novembro de 2001 foi criado o Instituto Porto Digital qualificado como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Federal, organização para desenvolvimento de projetos sociais.

Segundo se pode depreender da fala do Secretário de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente, Cláudio Marinho, a motivação para o Porto Digital criar uma área de inclusão social surgiu a partir da percepção de que, apesar da aparente vastidão das tecnologias de informação e comunicação, a tendência é que apenas grupos privilegiados adquiram e usem a tecnologia efetivamente e, pelo fato de a tecnologia beneficiá- los de uma forma exponencial, a tendência é de que se tornem ainda mais privilegiados ( JC, Cidades, 27/09/2000).

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Assim, o Porto Digital entende que sua missão social não se resume a prover acesso à tecnologia, embora seja uma componente crítica, e deve ser entendida como mais que acesso físico. Computadores e conexões são insuficientes se a tecnologia não é usada efetivamente. Torna-se necessário, então, prover acesso real, que vá além de acesso físico e possibilite às pessoas usarem a tecnologia de modo efetivo para melhorar sua qualidade de vida.

Conforme Claudio Marinho, “O Porto Digital vai trazer tecnologia para a área do Pilar, mas ao mesmo tempo proporcionará cultura e a inclusão social da comunidade. Vamos desenvolver um trabalho de integração social da população carente do Pilar com a nova economia que está se instalando no Bairro do Recife, o Porto Digital”. (Porto Digital financiará urbanização do Pilar, Caderno Cidades, p. 5, 27/09/2000)

Como se vê, então, a área social do NGPD tem por objetivo promover a qualidade de vida e o bem estar social através da utilização sustentável das tecnologias da informação e comunicação. Para consecução de seus objetivos, desenvolve ações de cidadania, educação, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, inovação, revitalização do patrimônio histórico e arquitetônico, preservação do meio ambiente, promoção do desenvolvimento sustentável e da inclusão social.

Com essa finalidade a organização promove a alfabetização digital, a formação de capital humano em TIC em comunidades de baixa renda, além de apoiar ações de urbanização e ampliação da qualidade de vida da Comunidade do Pilar, situada no Bairro do Recife, por meio da construção de parcerias com organizações não-governamentais e governamentais. 23

A área social tem demonstrado resultados extremamente positivos, tendo a maioria das metas estabelecidas (Plano Bi-Anual 2001-2002) sido atingidas, e sendo nas palavras do Diretor Presidente do NGPD, Sr. Píer Carlo Sola, a mais exitosa das quatro áreas de atuação (Entrevista concedida à pesquisadora).

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Conforme estabelecido no Art. 4, do Capítulo II, do Titulo I. Disponível em www.portodigital.org.. Acesso 09 dez. 2002.

4.2.3 Contexto de atuação da área social do NGPD

O público relacional da área social do Porto Digital é constituído por todos os agentes com os quais ele deve se relacionar para legitimar sua atuação, captar recursos financeiros ou materiais, obter adesão ao seu trabalho, assegurar apoio institucional, obter suporte legal e captar força voluntária de trabalho.

Com essas características, figuram em seu portfólio alguns agentes que, em termos reais ou potenciais, ora são portadores de demandas, ora são fornecedores de insumos no relacionamento com a entidade. No Quadro 4.2.2 (1), estão listados os principais atores envolvidos com a área social do Porto Digital, distribuídos por segmentos de atuação.

Quadro 4.2.3 (1) – Segmentos e Stakeholders da área social do NGPD

SEGMENTO DE ATUAÇÃO STAKEHOLDERS

Congêneres ? CDI; Casa de Passagem; Auçuba; AED;

LTNet Brasil

Universidade ? Centro de Informática da UFPE.

Corporativo ? Empresas patrocinadoras: César; IBM; Microsoft.

Voluntariado ? Voluntários

Comunidade ? Cidadão – usuário

? Cidadão – participante ? Crianças e jovens carentes

Mídia ? Jornal do Commercio; Diário de

Pernambuco; formadores de opinião em geral.

Estado ? PCR, FUNDAJ, Governo de

Pernambuco.

Financiadores ? USAID, Infodev (Banco Mundial).

Cruzada de ação social.

Fonte: Elaborado pela autora com dados oriundos das entrevistas e documentos fornecidos pelo NGPD.

Como podemos observar do Quadro 4.2.2 (1) fazem parte da rede da área social do NGPD um numero grande e diversificado de entidades, com os mais diversos perfis, temos desde representantes do Estado a ONGs internacionais. Essa diversidade de interlocutores demanda por parte do NGPD grande esforço de motivação e articulação.

A área social do NGPD desenvolve atualmente quatro 4 subprogramas, o Programa para o Futuro, o Projeto Informar, a Biblioteca e Infocentro e os Projetos especiais.

Os dados colhidos na pesquisa permitem identificar como universo prioritário de trabalho de inclusão social, jovens e adolescentes de baixa renda, preparando-os melhor para ingressarem no mercado de trabalho. No entanto, a partir das entrevistas e observações feitas nos ambientes dos vários projetos, pode-se afirmar que se beneficia m da atenção do Porto Digital, uma gama extremamente ampla de atores sociais.

Segundo Maria das Graças, Coordenadora de Atividades Culturais, freqüentam a Biblioteca do Porto Digital, pescadores, moradores da Comunidade do Pilar, empregados das atividades comerciais localizadas no bairro, alunos de escolas públicas dos bairros do entorno e funcionários públicos (Entrevista concedida à pesquisadora).

Com relação ao Programa Informar, o público beneficiário são jovens em situação de risco com idade entre 14 e 24 anos, moradores da Comunidade do Pilar, assentamento popular localizado no Bairro do Recife, carente de reversão urgente do quadro de precariedade e de marginalidade das condições de vida local.

Sobre a Comunidade do Pilar, pesquisa realizada pela Prefeitura da Cidade do Recife – DIUR/URB, em outubro de 2002, informa a existência de uma população total de 1.052 pessoas, residindo em 419 habitações em condições subnormais de habitabilidade, desagregadas e sem representação social (PCR-DIUR/URB, 2002).

Foi detectado, também ao longo dos anos, um movimento de ampliação do número de moradores desse assentamento, uma vez que pesquisas anteriores identificaram em 1987, a existência de 87 edificações; em 1997, 370 edificações; e em 2001, 463 edificações, causando problemas que exigem medidas urgentes.

O estudo elaborado pela Prefeitura da Cidade do Recife para embasar o Projeto de requalificação da Comunidade evidencia a predominância do trabalho informal e do

baixíssimo nível de renda. A partir de relatos da comunidade local foi possível perceber o grande descrédito com a atuação do poder público. Como demonstra a fala de uma usuária da Biblioteca do Porto Digital. “A gente mora aqui na Ilha do Recife, perto da Prefeitura, perto do Tribunal, mas a gente nunca é beneficiado, a prefeitura só faz prometer e não acontece nada” (Entrevista concedida à pesquisadora).

No entanto, é interessante observar que apesar dessa realidade social extremamente adversa, alguns aspectos potenciais se destacam, (i) o baixo índice de analfabetismo, (ii) o alto percentual da população com idade abaixo de 30 anos, e (iii) o percentual de mais de 70% dos trabalhadores da comunidade atuando no Bairro do Recife. O que revela condições propícias ao desenvolvimento de ações voltadas para a educação e a inserção no mercado de trabalho (DIUR/URB/PCR, 2002).

Destaca-se também dos dados identificados na pesquisa, conforme Tabela 4.2.2(1) o percentual de 35,9% da comunidade que se interessa por aprender informática.

Tabela 4.2.3 (1) – Indicadores Sociais da Comunidade do Pilar – out.2002 Indicadores Sociais da Comunidade do Pilar

• População – 1052 pessoas morando em 419 habitações; • Origem – 42,5 % são originários de outros bairros da cidade; 24,8 % são da área do Pilar;

12,4 % são de outras cidades. • Idade – 63,6 % da população tem até 30 anos;

• Família – Quase a metade dos chefes de família vive sem companheiro(a); • Educação escolar – 7,3 %, são analfabetos;

• Computação – 35,9 %, querem aprender informática; • Uso do imóvel – 79,9% moradia;

9,5% comércio (64% bares); 9, 5% misto.

• Trabalho – 72,4 % trabalham no Bairro do Recife • Habitação – 43,0 % das habitações são em alvenaria; 55,9 % das habitações só têm um cômodo.

• Renda – 64,8% dos trabalhadores ganha até dois salários mínimos. • Permanência – 56,0 % dos moradores querem ficar no Pilar

Fonte: Programa de Requalificação Urbanística e Inclusão Social da Comunidade do Pilar – DIUR/URB/PCR, (2002).

Ciente desse quadro, o Porto Digital não poderia virar as costas a essa realidade, passando a desenvolver em parceria com o Governo do estado e a Prefeitura da Cidade do Recife, Projeto de Requalificação Urbanística.

Com relação ao Programa para o Futuro, o público alvo constitui-se de jovens desfavorecidos de comunidades de baixa renda do Recife com idade entre 16 e 21 anos.

4.2.2 Organização e Dinâmica Funcional da área social do NGPD

A equipe da área social do NGPD começou em 2001 a atuar com um quadro bem pequeno, constituído por quatro funcionários e 35 voluntários, distribuídos conforme o Gráfico 4.2.2 (1).

Gráfico 4.2.2 (1) – Organograma da área social do NGPD

Gerente de Área