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3.1 Tipo da pesquisa

4. ESTUDO DE CASO

4.1 Contextualizando o Porto Digital

4.1.6 Considerações sobre o Porto Digital: a construção de uma rede

Para Fleury (2002), a emergência de redes de políticas representaria a tentativa de criação de novas forma de coordenação, que fossem capazes de responder às necessidades e características do contexto atual, onde o poder apresenta-se como plural e diversificado.

Face à multiplicidade de visões sobre a política ideal de C&T, a estratégia adotada pelo Porto Digital sinaliza uma clara opção de conceber uma nova política para o setor, capaz de responder às necessidades e características do contexto atual.

Na análise do Porto Digital, constatam-se alguns princípios que nortearam a construção desse novo modelo e vêm imprimindo à gestão processos próprios das organizações em rede, entre os quais destaca-se: o aumento da flexibilidade na gestão de políticas públicas; a visão holística e integradora sobre essas políticas – formulação, implementação, acompanhamento e avaliação dos projetos como um “único” processo, e a participação como meio para alcançar o desenvolvimento de todos.

Por estar ainda em sua fase inicial, conforme investigado, tanto nas entrevistas realizadas com participantes da rede do Porto Digital, como no próprio levantamento dos dados, e considerando o quadro de desarticulação pelo qual passava o setor de C&T no Estado – na fase anterior ao Projeto, o mesmo tem sido alvo de uma visão um tanto quanto “ufanista” sobre seu futuro.

Tem se disseminado, cada vez mais, na mídia, no meio empresarial e acadêmico que a estratégia adotada pelo Porto Digital seguiu os passos corretos. O tempo e a maturidade do

projeto é que trarão a devida resposta tanto daqueles que têm se pautado pela sua incondicional defesa, quanto por aqueles que ainda permanecem incrédulos. Um fato, no entanto, é consensual entre esses dois grupos: com o Porto Digital foi inaugurada uma nova forma de se exercer a ação pública na área de C& T do Estado.

Como um dos resultados desses esforços, mais de 18.000 mil metros quadrados de área urbana já foram recuperados com a transferência de instituições e de empresas para o Porto Digital. Soma-se a isso o fato de o pólo do Recife já ter dado à luz a cerca de 66 empresas, as quais empregam 1.536 profissionais. Em negócios, significa US$ 200.000.000 de faturamento, ou 1% do PIB de Pernambuco (Isto É, 2003, p.101).

Uma outra questão que demonstra a consolidação do Projeto Porto Digital é o fato de o ecossistema local de Te cnologia da Informação e Comunicação, ao longo desses anos, ter passado a enxergar o Porto como referência geográfica e institucional para localização de seus empreendimentos, fruto do trabalho de marketing e relações públicas implementadas pelo NGPD. Verifica-se que a rejeição dos empresários em levar suas empresas para o Bairro do Recife, que ainda possui graves deficiências em infra-estrutura (que vão desde baixa qualidade nos serviços de eletricidade e telecomunicações, a falta de locais para estacionamento de veículos), está diminuindo.

Alguns empresários ainda destacam como um dos obstáculos ao pleno desenvolvimento do Projeto Porto Digital a carência do ponto de vista imobiliário apresentado pela Ilha do Recife. No entanto, em resposta a essa questão, Valério Veloso, Diretor-executivo do NGPD, garante que existe ainda espaço para crescer e que eles dispõem de mapeamento detalhadíssimo da área o que permite a fácil identificação de espaços disponíveis na Ilha do Recife (JC Informática, 2004).

Cláudio Marinho, Secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, no entanto, não descarta a possibilidade de crescimento para além dos limites do Bairro do Recife do território do Projeto Porto Digital (JC Informática, 2004).

Um outro fator destacado como importante para viabilização do Projeto Porto Digital foi a regulamentação, em julho de 2004, da Lei 16.731, de 2001, que prevê o desconto de 60% no Imposto Sobre Serviços (ISS), que passa a ser de 2 % em vez de 5 % do faturamento para as empresas que se instalarem na Ilha do Recife. As empresas, no entanto só terão a redução no valor do imposto se crescerem. Para pagar 2% de ISS, os empresários terão que cumprir metas trimestrais de crescimento que serão definidas pelo comitê criado por essa Lei, com participantes de representantes da Prefeitura do Recife e do Porto Digital para gerir o processo (JC Informática, 2004).

Justificando a previsão de metas trimestrais e as outras condições impostas para o usufruto do desconto, o atual Prefeito da Cidade do Recife, o Sr. João Paulo de Lima e Silva, elenca a necessidade e a justiça, “numa cidade com mais de um milhão de pessoas em situação de pobreza, a administração municipal não pode simplesmente abrir mão dos impostos. É preciso haver esforço dos dois lados: público e empresarial” (JC Informática, 2004).

O Secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Cláudio Marinho, destaca no entanto como sendo mais relevantes os benefícios intangíveis do decreto: “ As regras reforçam a cultura de cluster, de cooperação e integração entre as empresas do setor”. E ressalta o diretor-executivo do Porto Digital Valério Veloso, “ a grande contribuição está em criar um canal de comunicação com a gestão municipal que o Porto Digital ainda não tinha”.

Segundo ainda Cláudio Marinho, a regulamentação foi importante para tirar do marasmo o Porto Digital, que já corria risco de perder embarcados importantes devido a pressões de parceiros externos. (JC Informática, 07/07/04)

Conforme a percepção dos que fazem o Porto Digital, “[...] os dois anos iniciais do Núcleo de Gestão do Porto Digital foram dedicados à construção das bases conceituais, operacionais, administrativas, da infra-estrutura e dos investimentos complementares necessários para o desenvolvimento do Porto Digital”. Analisando os resultados alcançados neste período, o NGPD acredita que os objetivos foram plenamente atingidos e o PD iniciaria agora então uma

fase mais operacional e administrativa, de consolidação dos resultados obtidos e de expansão destes resultados para outros campos. 22

4.2 Atuação orientada para a Responsabilidade Social – Área