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2 OS REFLEXOS DA REFORMA DO PODER

2.6 O PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SANTA

2.6.5 A gestão

2.6.5.4 A atual gestão estratégica

A atual gestão estratégia do TJSC compreende um conjunto de elementos, quais sejam: gestão de projetos, gestão de processos, gestão do conhecimento, planejamento estratégico, mapa estratégico, organograma, cadeia de valor e competências organizacionais (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA, 2014l).

Primeiramente é importante destacar a definição de estratégia, a qual pode ser considerada como o pano de fundo para a ação de determinada organização, ou ainda é um conjunto de alicerces de uma organização, chamados de propósitos, e estes são compostos por “sua visão, missão, abrangência, princípios e valores e opção estratégica”. O propósito é, consequentemente, uma estrutura consistente formada por esses elementos conceituais (COSTA, 2007, p. 35).

Segundo Oliveira (2009, p. 181) a estratégia é definida como uma maneira ou ação formulada e adequada para “alcançar, preferencialmente de maneira diferenciada, as metas, os desafios e os objetivos estabelecidos [...]”.

O próprio TJSC, preocupado com a questão da conceituação de gestão e de estratégica, adotou os seguintes enunciados:

[...] gerir é planejar, organizar, dirigir e controlar, e considerando-se estratégia como sendo a aplicação do conjunto de recursos necessários para que uma organização alcance seus objetivos, pode-se afirmar que, por meio de uma gestão estratégica, é possível planejar o estado futuro que se almeja, estabelecer e monitorar as ações necessárias, permitindo também, conhecer e acompanhar a performance da organização (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA, 2014l).

Além dessa adoção de conceituação de gestão, o TJSC adotou o seguinte para a gestão estratégica:

A gestão estratégica corresponde a um modelo de gestão organizacional com foco em ações estratégicas. Para tanto, utiliza-se de métodos, técnicas e ferramentas de gestão e de avaliação de desempenho para operacionalizar a estratégia organizacional, ao mesmo tempo que, por meio do acompanhamento das atividades da

organização, fornece informações para a tomada de decisões. Dessa forma promove a melhoria do desempenho organizacional, a qual objetiva o atendimento das expectativas e necessidades de seus clientes, externos e internos (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA, 2014l).

Fazendo-se uma análise de conteúdo desses enunciados, percebe-se que há uma preocupação por parte do TJSC na questão específica sobre a gestão em se ter presente um planejamento estruturado, voltado para o futuro, alicerçado em recursos que possibilitem conhecer e acompanhar o desempenho da gestão.

É interessante ressaltar que há por parte do TJSC uma preocupação voltada também para o aperfeiçoamento do seu planejamento estratégico, o qual deverá se valer de métodos, técnicas e ferramentas determinadas que possibilitem a operacionalização da justiça de forma a obter uma melhoria contínua de seu desempenho, bem como obter atendimento das expectativas de seus “clientes” externos e internos.

Há a adoção do termo “clientes” nesse enunciado o que não corresponde ao entendimento de Denhardt e Denhardt (2003, p.45) quando propõem no modelo do Novo Serviço Público o atendimento aos cidadãos, e não aos clientes, já que nesta ótica o “[...] public servise derives, therefore, from the civic virtues of duty and responsability”. Nesse sentido a ótica de “clientes” é aquela voltada para atendimento de expectativas do âmbito empresarial, e não expectativas de cidadãos com virtudes cívicas, possuidores de deveres morais e responsabilidades.

Por outro lado, há a preocupação por parte do TJSC em ter as explicações claras do que quer, de como chegar lá, como medir o desempenho de suas ações, como dar publicidade ao tema em seu sítio institucional. É um sentido mais voltado para uma estratégia corporativa, que de acordo com as palavras de

Mintzberg (2006, p. 78) a referida estratégia é assim conceituada:

[...] é o modelo de decisões de uma empresa que determina e revela seus objetivos, seus propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos para atingir essas metas e define o escopo de negócios que a empresa vai adotar o tipo de organização econômica e humana que ela é ou pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não econômica que ela pretende fazer para seus acionistas, funcionários, clientes e comunidades.

É de se comentar ainda que uma estratégia englobará diferentes desejos, vontades e valores que compõem a cultura organizacional de determinada organização, bem como englobará elementos que caracterizam aquilo que determinada organização gostaria de ser no futuro. A questão dos valores e da cultura deverão se refletir nos relatórios de atividades e relatórios de gestão do TJSC, tendo em vista que cada presidente do TJSC possui suas próprias crenças e valores, convicções e modos diferentes de gestão.

Outra questão interessante que deve ser abordada é sobre a importância que a estratégia possui para determinada organização, tendo em vista que ela é instrumento “facilitador e otimizador das interações da empresa com os fatores externos à empresa, as estratégias também têm forte influência sobre os fatores internos da empresa” (OLIVEIRA, 2009, p. 183). No entanto, elas não são consideradas como único fator determinante do sucesso ou fracasso de determinada organização.

Quanto ao processo de planejar, o autor Oliveira (2009, p. 5) ressalta que tal processo envolve um modo de “pensar; e um salutar modo de pensar envolve indagações; e indagações envolvem questionamentos sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde”.

De acordo com os conceitos revisitados planejar é vislumbrar um olhar para o futuro em planos sólidos de condução das atividades meio, sem as quais não se consegue atingir resultados satisfatórios. Além disso, a palavra está intrinsecamente ligada à palavra planejamento. Esse “olhar para o futuro” conectado com as ferramentas para operacionalizar as atividades já foram comentados pelas premissas que o TJSC imprime na sua gestão estratégica.

Segundo Oliveira (2009, p. 42) ele é uma “metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida [...] visando o maior grau de interação com o ambiente”. Já para Rezende (2008, p. 18) o planejamento estratégico da organização “é um processo dinâmico, sistêmico, coletivo, participativo e contínuo para determinação dos objetivos, estratégias e ações da organização.”

Logo, o planejamento estratégico deve ser parte de toda a instituição, abordando a organização como um todo, e necessita de uma estrutura metodológica para seu desenvolvimento e implementação.

Nesse sentido, para operacionalizar a gestão, o TJSC adotou o Planejamento Estratégico como ferramenta para conduzir suas atividades. O modelo adotado dentro desse PE foi o Balanced Scorecard – BSC, um sistema que considera indicadores não somente financeiros, mas também não- financeiros, oriundos da estratégia da organização. Seu diferencial é a capacidade de comunicar a visão e a estratégia por meio de indicadores de desempenho originários de objetivos estratégicos e metas que interagem em meio a uma estrutura lógica de causa e efeito (KAPLAN e NORTON, 1997).

O TJSC definiu, após o âmbito do Poder Judiciário Nacional, a sua missão, visão, objetivos estratégicos e atributos de valor para a sociedade que pode ser observado no seguinte mapa estratégico:

Figura 07: Mapa estratégico TJSC

Fonte: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA (2014m) Ficaram definidos no referido mapa:

Missão: realizar justiça, assegurando a todos o acesso, com efetividade na prestação jurisdicional

Visão: Ser reconhecido como um Judiciário eficiente, célere e respeitado pela Sociedade.

Além de expressar a missão e a visão do TJ, o mapa estratégico do TJSC traduz os parâmetros do planejamento estratégico e está estrutura em quatro perspectivas: sociedade, procedimentos internos, aprendizado e crescimento e planejamento e orçamento.

Essas perspectivas representam o encadeamento lógico da estratégia de atuação do TJSC. Cada uma engloba um

conjunto de objetivos estratégicos que retratam os principais desafios a serem enfrentados pelo TJ no alcance de sua visão de futuro e no cumprimento de sua missão institucional.

Deve-se ressaltar que este mapa estratégico possui hiperlinks em todos os objetivos estratégicos dos quatro parâmetros.

Assim, no parâmetro sociedade, por exemplo, é possível acessar o conteúdo do primeiro objetivo, que é: Promover a cidadania, priorizando ações de natureza social. Após são mostrados dois indicadores para atingir referido objetivo: SO1.1 e SO1.2:

Tabela 04: Objetivos estratégicos

Fonte: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA (2014m) Após acessar os indicadores, são apresentados os seguintes quesitos do Indicador SO 1.1:

Perspectiva: Objetivo: Indicadores:

Sociedade Promover a

cidadania, priorizando

ações de

natureza social

SO 1.1 - Tempo para resolução de ações de maior impacto social SO 1.2 - Número de pessoas atendidas por serviços ou projetos sócio jurídicos

Gráfico 01: Indicador SO 1.1

Fonte: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA (2014p) Percebe-se que o detalhamento para cada indicador dos objetivos indica: o que medir, por que medir, como medir, quem mede, qual a periodicidade e qual a tendência do resultado.

Esse indicador SO 1.1 chamou a atenção por ser aquele indicador que vai determinada o tempo médio para que o jurisdicionado receba do poder judiciário uma resposta para a sua demanda.

Referido indicador trata das ações de maior impacto social, quais sejam: demandas de matéria oriunda do Direito de Família, Infância e Juventude, Direito Criminal, Ações Constitucionais (controle social): Ação Popular e Ação Civil Pública, Direito Previdenciário, Direito dos Órfãos, dentre outros.

Assim, é de se ressaltar que o mapa estratégico6 é elemento essencial da ferramenta planejamento estratégico, pois este é o item inicial do processo da administração estratégica, pois, sem que haja primeiramente um planejamento, não há o que organizar dirigir ou controlar. Sem um planejamento não há como cumprir as metas a curto, médio ou longo prazo.

A seguir serão comentados nos procedimentos metodológicos os pormenores científicos para o atingimento dos objetivos propostos nesta pesquisa.

6 Para aprofundamento do estudo sobre os indicadores, o Mapa Estratégico do TJSC está disponível no seguinte endereço: <http://portal.tjsc.jus.br/web/gestao-estrategica/planejamento-

estrategico/mapa-estrategico> e possui acesso direto aos links dos indicadores de cada objetivo estratégico das quatro perspectivas existentes.

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