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Atualidades: plano de reorganização da atenção primária à saúde no DF

3.5. O SISTEMA DE SAÚDE NA SES/DF COM ÊNFASE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

3.5.2. Atualidades: plano de reorganização da atenção primária à saúde no DF

O Plano está estruturado em quatro eixos norteadores, com seus respectivos componentes e ações estratégicas, a serem desenvolvidos em fases, considerando o período de 2010 a 2014133:

• Eixo I – Estruturação da Gestão e dos Serviços da Atenção Primária à Saúde no DF (espaço físico, equipamentos e recursos humanos);

• Eixo II – Organização do processo de trabalho das Equipes de Saúde da Família no DF e das equipes de apoio – Núcleos de Apoio à Saúde da Família, Saúde da População de Rua, Saúde Prisional e Atenção Domiciliar; • Eixo III – Monitoramento e Avaliação das ações de saúde desenvolvidas nos

serviços de APS;

• Eixo IV – Desenvolvimento de estudos e pesquisas em APS no DF.

Em relação à área administrativa, até agosto de 2010, a gestão da Atenção Primária na Secretaria de Saúde do Distrito Federal estava estruturada, no nível central, como uma diretoria (DIAPS) diretamente subordinada a Subsecretaria de Atenção à Saúde (SAS). No âmbito das regionais de saúde, a gestão da APS era

constituída por Núcleos de APS e Saúde da Família (NAPESF) ou Gerências de APS e Saúde da Família (GAPESF), subordinadas à Diretoria de Atenção à Saúde (DAS) e essa, por sua vez, subordinada à Diretoria Geral de Saúde – DGS, também diretamente subordinada a SAS133.

Como parte do Plano para o alcance dos objetivos, foram necessárias mudanças na estrutura organizacional. No nível central da SES/DF, a DIAPS é elevada a status de Subsecretaria de Atenção Primária em Saúde (SAPS). Nos níveis regionais, os NAPESF ou GAPESF foram substituídos e elevados para Diretorias de Atenção Primária à Saúde (DIRAPS) subordinadas, agora diretamente, às Coordenações Gerais de Saúde (CGS), antigas DGS134.

Sob o ponto de vista assistencial, portanto, a SES/DF está constituída em 7 Regiões de Saúde (Centro-Sul, Centro-Norte, Oeste, Norte, Leste, Sudoeste e Sul), considerando para tanto, os limites territoriais, as identidades culturais, econômicas e sociais, as redes de comunicação e a infraestrutura de transportes. Tais Regiões se conformam segundo agrupamentos das 15 CGS que, por sua vez, se constituem de agrupamentos de 31 Regiões Administrativas130, 132.

Figura 5 - Mapa das Regiões de Saúde no PDR da SES/DF. Fonte: Plano Diretor de Regionalização - SES/DF, versão 2007.

Em 2012, a APS do DF estava composta por: 84 (oitenta e quatro) equipes urbanas e 26 (vinte e seis) rurais da ESF (cerca de 14 % de cobertura de população total); 64 (sessenta e quatro) centros de saúde tradicionais (UBS); 04 (quatro) Centros de Atenção Psicossocial; 12 (doze) hospitais regionais de nível

secundário/terciário; 01 hospital de apoio, 01 terciário - Hospital de Base do Distrito Federal132.

O Hospital Universitário de Brasília, pertencente à rede própria de hospitais escolas do Ministério da Educação, também recebe incentivos e integra-se à rede da SES, provendo assistência médico-hospitalar e o atendimento psicossocial132.

Foi observado um aumento da cobertura da população pelas equipes da Estratégia Saúde da Família em 2011, totalizando 31,99% da população do Distrito Federal132.

Figura 6 - Cobertura populacional da Estratégia Saúde da Família. Fonte: SIAB/DATASUS e PNAD/IBGE – 2011.

(*) dado do censo IBGE.

(**) dado obtido a partir da estimativa populacional para o DF em 1º. De julho de 2011(IBGE).

No entanto, o DF ainda possui baixo desempenho em indicadores sanitários. O Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) é um indicador síntese que faz uma aferição contextualizada do desempenho do Sistema de Único de Saúde (SUS) quanto ao acesso e à efetividade da Atenção Básica, da Atenção Ambulatorial, Hospitalar e das Urgências e Emergências135.

Durante a análise foi verificada a infraestrutura do setor, além de analisar se os serviços ofertados têm capacidade de dar as melhores respostas aos problemas de saúde da população. A ferramenta leva em consideração as análises de Desenvolvimento Socioeconômico (IDSE), de Condições de Saúde (ICS) e de Estrutura do Sistema de Saúde do Município (IESSM)135.

O IDSUS avaliou entre 2008 e 2010 os diferentes níveis de atenção do SUS, sendo que o DF alcançou a média de 5,09. Referente à cobertura estimada das ESF, que mede a cobertura das equipes básicas de saúde o DF (ESF ou clínica

médica, ginecologia, pediatria) alcançou 4,26. Uma maior cobertura indicaria maior oferta de serviços das clínicas básicas e facilidade de acesso135, 136.

Em relação à razão de procedimentos ambulatoriais selecionados de média complexidade -, que mede a relação entre a produção de procedimentos de média complexidade com financiamento pelo SUS e a população residente na mesma área geográfica, indicando o acesso obtido ou cobertura realizada para tais procedimentos- o DF alcançou 3,74135,136.

Em relação a proporções de internação sensíveis à atenção primaria, ou seja, percentual das internações sensíveis à atenção básica (ISAB) da população residente, dividido pelo total de internações clínico-cirúrgicas, o DF alcançou 9,29. Resultado elevado significa que as internações sensíveis representam a maioria internações de média complexidade e indiretamente mede a baixa resolubilidade da atenção básica135, 136.

Hoje, grande parte das Unidades Básicas de Saúde necessita de adequações físicas e renovação de equipamentos e mobiliários para o adequado desempenho de suas funções. A manutenção predial e de equipamentos dos serviços que compõem a APS é insuficiente frente às necessidades. Acrescente-se a essas dificuldades, a grande precariedade do sistema de transporte às Equipes Saúde da Família, tanto no deslocamento de seus profissionais, quanto no apoio ao desenvolvimento das ações nas localidades, bem como no translado de usuários que necessitem da ida a serviços de referência à APS133.

A Estratégia Saúde da Família no DF foi implantada de maneira pulverizada e insuficiente, em áreas com baixíssima cobertura por serviços de saúde, de forma que, em sua maior parte, excedem sua capacidade de adscrição de clientela, que é de até 4.000 pessoas por equipe da ESF, não conseguindo realizar o modelo proposto que contempla a integralidade da atenção – promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, numa abordagem tanto individual quanto coletiva, reconhecendo o papel fundamental dos sujeitos e sua comunidade como corresponsáveis pela saúde e qualidade de vida. Nesse contexto, algumas equipes passaram a atuar na lógica de atendimento fragmentado, centrada em queixa conduta individual e voltada para episódios agudos133.