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Na atual conjuntura, a comunicação acontece por meio de vários recursos tecnológicos cada vez mais presentes no nosso dia a dia e que vem causando mudanças na maneira como pensamos ou agimos. Nas palavras de Kenski (2008a, p.69): “sem sentir, adaptamos nossa maneira de agir, de pensar de nos comunicarmos, pela integração desses novos meios aos nossos comportamentos”.

Dentre os diversos suportes midiáticos, abordamos neste estudo o vídeo, sendo visível o seu uso pela grande quantidade de produções realizadas e compartilhadas no site do YouTube.

Perante a este cenário, consideramos pertinente resgatar brevemente a história do vídeo e sua evolução. Para Niemeyer Filho (1997), o surgimento do vídeo é datado no ano de 1955 para atender a necessidade do setor televisivo em gravar os programas, os quais eram realizados ao vivo, principalmente as telenovelas e os programas de auditório. Antes do vídeo, todo o elenco precisava comparecer no horário em que o evento ocorria, isso porque, naquela época, não havia tecnologias que permitissem gravar e editar as cenas para serem transmitidas posteriormente.

Com o passar dos anos, essa tecnologia que tem a função de armazenar imagens passou a evoluir com a chegada das filmadoras caseiras em modelo analógico. Vista como um mercado promissor, os fabricantes realizaram grandes investimentos neste setor com o propósito de criar novas ferramentas para gravar as imagens, como cita Avila (2004).

É diante do quadro de evolução das máquinas de formato analógico para as digitais que apresentamos as diferenças de armazenamento de imagens entre elas: as primeiras criações “funcionavam capturando e armazenando as imagens em fitas magnéticas, fotografando as imagens várias vezes por minuto”. Enquanto que, “as filmadoras digitais armazenam as imagens em formato digital e gravam esta digitalização da mesma forma que os computadores gravam dados”. Para o autor, os vídeos digitais apresentam diferentes tipos de arquivos que podem ser manipulados e editados em computadores pessoais (AVILA, 2004, p.91).

Essas inovações tecnológicas trouxeram mudanças. O número de vídeos caseiros disponíveis na Internet vem aumentando gradativamente, isso porque os aparelhos de captação de som e imagem estão se transformando e se popularizando, conforme aponta Rodrigues (2005) em sua pesquisa sobre documentários. Em um momento anterior, esses aparatos eram utilizados exclusivamente por profissionais da área devido ao alto preço.

Deparamos com um cenário em que o desenvolvimento das tecnologias nos últimos anos barateou os meios de produção da informação e da comunicação, aumentando a venda, assim como, o consumo desses produtos pela população. Dessa maneira o que era acessível somente a um determinado público, as grandes produtoras, passa a ser utilizado pelas pessoas de um modo geral.

A popularização das tecnologias móveis é vista por Ricciardi (2011) como possibilidade do cidadão comum produzir e divulgar vídeos com o uso, por exemplo, de celulares com câmeras.

Essa facilidade de produzir vídeos, também, ocorre no momento da divulgação. Há diversos sites que permitem a publicação de vídeos, porém, citamos o site mais conhecido e acessado pela grande maioria de usuários, o YouTube, que é “um dos mais valorizados sites da internet em termos financeiros, e, no momento presente, a maior comunidade mundial de compartilhamento de vídeos, excedendo 2 bilhões de exibições por dia”. O site também está disponível para celulares desde o ano de 2007, “uma contribuição à portabilidade e à mobilidade que permitiram assistir e postar vídeos de qualquer lugar” (RICCIARDI, 2011, p.88).

O YouTube se caracteriza em um site de livre acesso que permite a qualquer pessoa postar o vídeo que deseja, pois não há seleção do conteúdo. Dessa forma, destacamos a facilidade que nos é dada em dias atuais de produzir vídeos com o uso de pequenos aparelhos móveis (máquinas digitais, celulares, tablets e outros) e de compartilhar a produção em repositórios da Internet.

Portanto, devido aos consideráveis avanços tecnológicos, o que era inimaginável há quinze anos ganhou materialidade nos dias atuais, como é o caso dos aparelhos celulares- os smartphones- cada vez mais completos em suas funcionalidades.

Para a definição de tecnologias móveis (celulares, tablets, dentre outros) utilizamos as Diretrizes de Políticas para a aprendizagem móvel da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a qual foi elaborada, por diversos profissionais especialistas, com a finalidade de proporcionar aos formuladores de políticas maior compreensão acerca da aprendizagem móvel e os seus benefícios singulares para serem usados como recursos em direção a uma Educação para todos3.

O referido documento da UNESCO (2014, p.8) apresenta o conceito de tecnologias móveis de maneira abrangente, como:

[...] digitais facilmente portáteis, de propriedade e controle de um indivíduo e não de uma instituição, com capacidade de acesso à internet e aspectos multimídia, e podem facilitar um grande número de tarefas, particularmente aquelas relacionadas à comunicação.

Portanto, a possibilidade que nos é ofertada em manipular os vídeos deve ser pensada no plano da educação. Moran (2013) aponta esse recurso como tecnologia para comunicação e publicação, sendo interessante para o aluno participar da produção da informação ao invés de ficar apenas acessando materiais prontos.

O vídeo apresenta uma linguagem audiovisual que agrega sons, imagens e movimentos, apresentando uma distância da linearidade dos textos normalmente trabalhados em sala de aula, além de despertar a atenção da nova geração (ALMEIDA, 2005a).

De acordo com Moran (2013, p.47), as crianças demonstram interesse pelo vídeo e geralmente acabam usando essa tecnologia para contar histórias até mesmo por meio de um aparelho simples, como o celular. O autor destaca a relevância do uso do vídeo na educação ao afirmar que: “qualquer um pode ser produtor e divulgador de materiais audiovisuais. A escola ainda não acordou para a importância do incentivo ao vídeo, tanto institucional como didático”.

Dessa maneira, apresentamos as possibilidades de uso dos celulares no desenvolvimento de atividades em sala de aula que transformam os alunos em autores:

3 Seria possível num país como o nosso, de grande extensão territorial onde há regiões de difícil locomoção, ampliar a educação para um grande número de pessoas se o “potencial educacional das redes” fosse aproveitado, uma vez que a maior parte dos brasileiros tem acesso à Internet por meio das tecnologias móveis, conforme aponta Kenski (2015, p.141).

Os celulares mais avançados, como os smartphones, permitem que um aluno ou um professor filmem ao vivo, editem cada vídeo rapidamente e o enviem ao YouTube ou a outro site, como o Ustream, imediatamente. É muito fácil, rápido e divertido ser produtor e transmissor de vídeo digital com tecnologias móveis hoje. As escolas não estão aproveitando todo o potencial que essas tecnologias trazem para que os alunos se transformem em autores, narradores, contadores de histórias e divulgadores (MORAN, 2013, p.48).

Nesta perspectiva, concordamos com o uso de aparelhos móveis voltados para a exploração pedagógica já que estes apresentam multifunções a serem aproveitadas na produção de informações e conhecimentos. Assim, os celulares, máquinas fotográficas digitais, dentre outros dispositivos digitais de comunicação concedem ao aluno a oportunidade de produzir algo e ao público de interagir com essa produção, como já citamos anteriormente, no caso do YouTube. Tal possibilidade se concentrava nas mãos de poucos e hoje os alunos podem se apoderar dessa conquista.

Na sua constituição, o vídeo “pode trazer informações contextualizadas, por meio de uma linguagem própria, constituída pelo dinamismo de imagens e sons”. Para utilizar o seu potencial no processo de ensino e aprendizagem é preciso que haja a intervenção do professor, bem como, “conhecer as implicações envolvidas na produção de um vídeo, que vão além da operacionalização de uma câmera”, como destaca Prado (2005, p.10).

Portanto, cabe ao professor saber aproveitar o potencial das tecnologias, em especial o vídeo, para que o aluno possa dar sentido a grande quantidade de informações, que é acessada e compartilhada em fração de segundos, e deixe de ser receptor para se tornar produtor.