CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA
3. A UDITORIA À I NFORMAÇÃO A MBIENTAL D IVULGADA
3.2. Auditoria ao Relatório de Sustentabilidade
De forma a melhorar a credibilidade dos relatórios de sustentabilidade, as organizações
recorrem à validação independente das informações neles contidas, modificando a própria
“forma de comunicar o relatório”.
O nível de aplicação, auto declarado pela entidade relatora, referente à extensão da aplicação
do normativo GRI na elaboração do relatório, por si só, já é um instrumento de fiabilidade da
informação. Contudo, uma validação independente do documento irá proporcionar uma
maior confiança e garantia de fiabilidade aos utilizadores da informação.
Para a validação independente do relatório de sustentabilidade, a organização tem duas
opções:
(a) Solicitar à GRI a validação do nível de aplicação, de acordo com a coerência e
consistência das diretrizes; e/ou
(b) Submeter o relatório a verificação externa por um auditor independente, o qual
emite uma opinião sobre o seu conteúdo, de forma a comprovar a sua autenticidade.
Nos casos em que o relatório de sustentabilidade é auditado por um revisor independente, aos
níveis de aplicação (A, B ou C) é acrescentado o símbolo “+” de modo a distinguir os
relatórios sujeitos a auditoria. A figura 2 sintetiza as condições estabelecidas para cada nível de
aplicação:
Figura 2 - Nível de Aplicação GRI
A GRI recomenda a utilização de um processo externo de garantia de fiabilidade para os
relatórios de sustentabilidade, e refere que um exame do Nível de Aplicação por parte da GRI
não é equivalente a uma verificação externa e não acrescenta o ponto a mais (+).
A verificação externa dos relatórios é realizada por auditores independentes, de acordo com
normativos internacionais, nomeadamente as normas AA1000AS - AccountAbility Assurance
Standard e ISAE 3000- International Standards on Assurance Engagements.
3.2.1. AA1000AS –AccountAbility Assurance Standard
A norma AA1000AS é uma ferramenta aceite internacionalmente, integrante da série
AA100014, do Institute of Social and Ethical Accountabillity, cujo objetivo é descrever os métodos,
processos e critérios no processo de avaliação e aferição da qualidade e fiabilidade das
informações contidas nos relatórios de sustentabilidade. Trata-se de uma referência mundial
em matéria de assurance15 em sustentabilidade.
De acordo com a AA1000AS (2008), e tendo em consideração a abrangência deste processo
de avaliação, existem 2 tipos de assurance ao relato de sustentabilidade:
(a) Tipo 1 - Princípios da AccountAbility - a entidade responsável pelo assurance em
sustentabilidade avalia e proporciona conclusões sobre a natureza e o nível de adesão
da empresa relatora aos 3 Princípios AA1000 da AccountAbility, nomeadamente
Inclusão, Relevância e Responsabilidade. O assurance segundo os Princípios AA1000 da
AccountAbility destina-se a dar uma garantia às partes interessadas relativamente a
gestão estratégica da entidade em matéria de sustentabilidade, e a forma como a
divulga no seu relatório de sustentabilidade, sem verificar a fiabilidade da informação
contida no relatório.
(b) Tipo 2 - Princípios da AccountAbility e Informação Específica de Desempenho - neste tipo de
assurance, para além da aferição do nível de aderência aos Princípios de
Responsabilidade AccountAbility, é verificada a qualidade e a fiabilidade da informação
disponibilizada publicamente em relação ao desempenho sustentável. Para o efeito, o
auditor deverá avaliar os sistemas, processos, registos e dados que serviram de base à
14A Série AA1000 inclui três normativos: a norma AA1000APS - AccountAbility Principles Standard, a norma AA1000AS –
AccountAbility Assurance Standard e a norma AA1000SES - Stakeholder Engagement Standard.
15 Termo original da norma, em Inglês, que corresponde ao processo de assegurar a qualidade e fiabilidade da informação
divulgada.
divulgação de informações relativas ao desempenho em matéria de sustentabilidade.
Ao aceitar um processodo Tipo 2, a entidade responsável pelaavaliação deverá ter em
consideração os assuntos relevantes de modo a que a informação específica abrangida
pelo processo de garantia seja significativa para os potenciais utilizadores dessas
informações.
A entidade responsável pelo assurance deverá emitir uma declaração com o resultado do
processo de verificação, onde evidencie as suas constatações, conclusões e recomendações e
ainda reflita o nível de garantia (elevado ou moderado), bem como o tipo de assurance, o que
proporcionará aos utilizadores um aumento nos níveis de confiança nas informações
divulgadas pelas empresas.
3.2.2. ISAE 3000 - International Standards on Assurance Engagements
A norma ISAE 3000 foi aprovada pelo International Auditing and Assurance Standards Board
(IAASB), a aplicar a partir de janeiro de 2005, aos trabalhos de garantia de fiabilidade dos
relatórios de sustentabilidade.
Este normativo estabelece os princípios básicos e os procedimentos essenciais para projetos
de assurance que não se refiram a auditorias ou revisões de informação financeira histórica.
Proporciona orientação na abordagem e procedimentos que permitem que o projeto seja
desenvolvido de forma sistemática e consistente, em linha com os standards profissionais de
auditoria e respetivos códigos de conduta.
A norma ISAE 3000 exige que sejam executados procedimentos e aplicadas técnicas e
conhecimentos de auditoria, de modo a obter uma adequada compreensão das informações
em análise e que sejam obtidas evidências apropriadas e suficientes para o parecer do auditor.
As conclusões e parecer do auditor podem expressar uma “garantia razoável de fiabilidade” ou
uma “garantia limitada de fiabilidade”, sendo os procedimentos executados mais abrangentes
ou limitados consoante o trabalho de garantia efetuado.
4. Revisão de estudos empíricos
Acompanhando a crescente preocupação das empresas pelas questões sociais e ambientais, a
evolução e implementação de normativos contabilísticos e guias de orientação para a sua
comunicação, muitos autores têm desenvolvido estudos no sentido de analisarem as práticas
de divulgação de informação ambiental por parte das empresas.
Podemos identificar várias linhas de investigação sobre a aferição das práticas de divulgação
ambiental. Encontramos estudos que se preocupam em analisar o relato obrigatório, tendo
por base os normativos legais existentes nestas matérias, outros que estendem a sua
investigação aos aspetos sociais e ambientais de divulgação voluntária e ainda podemos
identificar autores que complementam a sua análise das práticas e nível da informação
divulgada com a identificação dos potenciais fatores explicativos das práticas de divulgação.
4.1. Estudos sobre o relato obrigatório das matérias ambientais
Os estudos que se debruçam sobre o relato obrigatório das questões ambientais (Larrinaga et
al., 2002; Martín et al., 2004; Alciatore et al., 2004; Yeoh, 2005; Freitas et al., 2007; Frost, 2007;
Monteiro e Gúzman, 2010b; Serrat e Alliberch, 2010; Carreira et al., 2011; Mata et al., 2011;
Barros, 2011) preocupam-se em analisar determinados normativos legais, exigidos às
empresas, aquando da sua prestação de contas.
Esta linha de investigação surge no seguimento da publicação, por parte dos principais
organismos, de normas ou recomendações específicas sobre divulgação ambiental, tendo os
autores acima citados como principal objetivo avaliar o grau de cumprimento das exigências
contidas nas normas e/ou medir o impacto provocado pela obrigatoriedade de adoção de
determinado normativo nas práticas e/ou grau de divulgação ambiental.
Em resultado do aumento de regulamentação contabilística, tanto a nível nacional, como
internacional, encontramos estudos desta linha de investigação nos mais diversos países.
Apresentamos, de seguida, uma breve descrição de alguns dos estudos mais recentes.
Nos Estados Unidos, Alciatore et al., (2004) analisou o nível de cumprimento do normativo
ambiental por parte das empresas cotadas, pertencentes ao setor de Petróleo e Gás, num
período de progressiva regulamentação. Foram analisados as contas anuais do período de 1989
e 1998, tendo-se verificado um aumento significativo dos passivos ambientais, custos de
desmantelamento entre estes dois períodos, como consequência da aplicação das normais
ambientais.
Yeoh (2005), recorrendo a uma amostra de 48 empresas cotadas na Bolsa de Valores da Nova
Zelândia, efetuou um estudo descritivo do cumprimento das divulgações ambientais
obrigatórias, concluindo pela existência, no período 2006-2008, de um elevado grau de
conformidade com as informações exigidas e um aumento do nível da divulgação.
Na Austrália, 71 empresas cotadas, pertencentes a setores mais sensíveis ao meio ambiente,
foram alvo do estudo de Frost (2007) que, analisando as práticas de divulgação ambiental nos
2 períodos antes e após a introdução de regulamentação contabilística, detetou um impacto
positivo bastante significativo da implementação do normativo na quantidade de informação
divulgada.
No contexto espanhol, Larrinaga et al. (2002) aferiu o cumprimento do Plan General de
Contabilidad (PGC) no que respeita a informações ambientais, em 70 empresas industriais
espanholas, no período de 1997 a 1999. Martín et al. (2004), com reporte ao ano de 2002,
analisou o grau de aplicação da resolução do Instituto de Contabilidad y Auditoria de Cuentas
(ICAC), relativa a matérias ambientais, em 8 empresas da Associação de indústrias Químicas
de Huelva16. Ambos os estudos detetaram fracos níveis de divulgação ambiental e o
incumprimento do normativo espanhol por parte da maioria das empresas. Contrariamente,
Serrat e Aliberch (2010), analisaram as contas anuais e relatórios de sustentabilidade, em 2008,
das empresas cotadas pertencentes aos setores considerados poluentes e constataram que 48%
das empresas cumprem a regulamentação contabilística e apresentam diversas informações
ambientais no Anexo.
A nível nacional, entre outros estudos, podemos destacar a investigação efetuada por
Monteiro e Gúzman (2010b), que procurou verificar o impacto da introdução do normativo
contabilístico (DC nº 29), nas contas anuais do período de 2002 a 2004, numa amostra de
grandes empresas pertencentes a sectores potencialmente mais contaminantes. Os resultados
obtidos apontam para um aumento das divulgações ambientais com a implementação daquele
instrumento legal. De forma similar, Barros e Monteiro (2011) analisaram as práticas e nível de
16 Espanha foi um dos países da UE pioneiros na regulação contabilística das matérias ambientais com a aprovação em 1998
do Real Decreto 437/1998, de 20 de março, relativo à adaptação do Plan General de Contabilidad às empresas do sector eléctrico
(e posteriormente a outros setores de atividade), sendo obrigatória para todas as empresas espanholas a apresentação de
informação ambiental nas contas anuais, em particular no anexo. Posteriormente, e na sequência da Recomendação Europeia
(2001), o Instituto de Contabilidad y Auditoria de Cuentas (ICAC) publicou a Resolução de 25 de março de 2002, relativa ao
reconhecimento, mensuração e divulgação dos aspectos ambientais nas contas anuais de todo tipo de organizações, incluindo
do sector não lucrativo (Monteiro, 2006).
divulgação ambiental nas contas anuais de 2008 de grandes empresas do sector de
metalomecânica e metalurgia de base, tendo por base os requisitos exigidos pela DC 29,
observando que a maioria (76,9%) das empresas da amostra não fornece qualquer tipo de
informação de carácter ambiental no anexo. Não obstante, centrando a sua análise apenas nas
empresas divulgadoras verifica um razoável cumprimento dos requisitos da norma, em
particular nas empresas certificadas.
Por sua vez, Carreira et al., 2011, confinando a sua amostra às empresas pertencentes ao índice
PSI 20, pretendeu determinar o cumprimento do quadro normativo contabilístico
internacional (IASB), na vertente ambiental e verificou que 70% da amostra divulga
informação ambiental, muito embora o teor dessa informação seja escasso na maioria das
empresas.
De um modo geral, os resultados dos estudos apontam para um impacto positivo da
introdução dos normativos contabilísticos no nível das informações ambientais divulgadas por
parte das entidades (Frost, 2007; Monteiro e Guzmán, 2010b). No entanto, quando analisada a
amplitude do cumprimento das exigências de determinada norma ambiental, há autores, como
Yeoh (2005) e Serrat e Aliberch (2010), que aferem um razoável cumprimento e
implementação dos normativos, enquanto outros concluem por uma baixa adoção dos
requisitos de divulgação (Larrinaga et al., 2002; Martin et al., 2004; Carreira et al., 2011; Barros e
Monteiro, 2011).
4.2. Estudos sobre o relato voluntário das matérias ambientais
Quanto aos estudos que se debruçam sobre o relato voluntário (Moneva e Llena, 2004;
Clarkson et al., 2008; KPMG, 2008; Dias, 2009; Ribeiro e Bellen, 2010; Galera et al., 2011;
García-Martínez et al., 2011; Jorge et al., 2011), a análise abrange, regra geral, as informações
divulgadas fora das demonstrações financeiras e que não se encontram reguladas pelos
princípios e normas contabilísticas17. Deste modo, a investigação extravasa os aspetos
financeiros e contabilísticos das matérias ambientais, alargando-se também aos aspetos não
financeiros, maioritariamente voluntários, sejam eles quantitativos (e.g emissões, consumos)
ou qualitativos (e.g medidas de proteção ambiental, eficiência energética).
17 Segundo Larrinaga et al. (2002) as contas anuais recolhem não só informação ambiental (quer financeira, quer não
financeira) que obrigatoriamente tem de ser divulgada, mas pode também incluir informação com carácter voluntário (por
exemplo, na Carta do Presidente). Todavia, quando as empresas divulgam informação ambiental voluntária, regra geral, optam
por elaborar um relatório ambiental e/ou de sustentabilidade autónomo, sobretudo para relatar informação de carácter não
financeiro.
Estes estudos emergem da nova forma das empresas tornarem público as suas atuações sociais
e ambientais, muito fruto do papel das organizações não-governamentais na promoção das
práticas de responsabilidade social e ambiental e da comunicação dessas práticas.
As diretrizes da GRI, os princípios da UNGC, bem como outras cartas ou declarações, são
referenciais normalmente utilizados para medir as práticas de divulgação social e ambiental das
empresas. Neste sentido, é crescente o número de estudos que procuram investigar sobre o
estado da arte do relato da sustentabilidade empresarial (nas vertentes económica, social e
ambiental), mediante a análise de conteúdo dos relatórios de sustentabilidade publicados
(Moneva e Lameda, 2004; Moneva et al., 2005; Ochoa Laburu e Aragunen Gómez, 2005;
Bilbao et al., 2006; KPMG, 2008; Dias, 2009; Galera et al., 2011; Jorge et al., 2011).
O estudo mais recente da KPMG (2008), que abrange as organizações incluídas no índice
Global Fortune 250 (G250) e as 100 maiores empresas nacionais (N100) de 22 países
industrializados (incluindo, pela primeira vez, Portugal), conclui que 83% das empresas do
grupo G250 divulgam regularmente informação sobre temas ambientais, sociais e de
governação corporativa, o que representa um aumento significativo face ao estudo anterior
(KPMG, 2005), onde o valor rondava os 50%. A maioria das empresas (79%) opta por
produzir relatórios autónomos e apenas 4% integram este tipo de informação nos seus
relatórios anuais. No grupo das 100 maiores empresas nacionais, quase metade das empresas
elabora relatórios autónomos (45%, por comparação a 33% em 2005), sendo que nas
empresas portuguesas é notório um incremento bastante significativo (49% contra apenas
10% em 2005). Outro facto importante a realçar é que a maioria das empresas recorre às
diretrizes GRI para a elaboração e definição do conteúdo dos seus relatórios.
Especificamente centrado nas empresas portuguesas, a KPMG, com o apoio do BCSD
Portugal e da Informa D&B, realizou um estudo sobre a publicação de Relatórios de
Sustentabilidade em Portugal no ano de 2006. O estudo consistiu na realização de um
inquérito online às 536 maiores empresas nacionais, tendo em vista a identificação de
informação relativa à sustentabilidade em Portugal, através de relatórios independentes,
capítulo do Relatório e Contas ou site da empresa. Do universo inicial apenas 103 empresas
responderam ao inquérito, das quais apenas 34% publicam informação relativa à
sustentabilidade e 60% publicam relatórios independentes. O processo de selecção dos
conteúdos baseia-se essencialmente nas diretrizes GRI.
Na comunidade científica em Portugal, há a destacar o estudo de Dias (2009) que, numa
analisou a quantidade e qualidade das informações empresariais divulgadas nos exercícios de
2006 e 2007, seguindo as diretrizes GRI (2002). Os resultados obtidos sugerem que o relato
empresarial da sustentabilidade não é uma prioridade para os decisores das empresas, já que
apenas 45% das empresas divulgam voluntariamente informação relacionada com a
sustentabilidade empresarial.
De forma idêntica, Domingos (2010) analisou os relatórios e contas e os Relatórios de
Sustentabilidade publicados, nos anos de 2006, 2007 e 2008, de 53 empresas cotadas na
Euronext Lisboa. Dos resultados obtidos, concluiu-se que a divulgação voluntária de
informação por parte das empresas é ainda reduzida nas áreas dos desempenhos ambiental e
social, apesar de ter tido uma evolução positiva no período em estudo. Dos 79 indicadores
analisados, apenas 30 são divulgados por estas empresas, revelando assim uma reduzida
adesão à divulgação voluntária de informação segundo a estrutura da GRI.
Centrando a sua amostra em empresas não só de Portugal, mas também do Brasil e EUA,
Silva (2010) procedeu à análise de conteúdo dos relatórios de sustentabilidade, relatórios de
contas e websites de 24 das 30 maiores empresas, do sector da construção civil daqueles países.
Os resultados apontam para uma divergência na divulgação entre as empresas, consoante o
país de localização, mostrando-se ainda incipiente e frágil em relação ao nível de fiabilidade e
comparabilidade das informações divulgadas.
4.3. Estudos sobre os determinantes das divulgações ambientais
Os estudos sobre os fatores explicativos da divulgação ambiental representam um número
bastante significativo na investigação sobre environmental disclosure, tendo por base quer o relato
obrigatório das questões ambientais quer o relato voluntário.
Na realidade, são já vários os estudos que, para além da análise às práticas de divulgação
ambiental, investigam dos seus potenciais determinantes (Deegan e Gordon, 1996; Hackston e
Milne, 1996; Adams et al.,1998; Teoh et al., 1998; Choi, 1999; Wilmshurst e Frost, 2000; Archel
e Lizarraga, 2001; Ahmad et al., 2003; García-Ayuso e Larrinaga, 2003; Archel, 2003; Llena et
al., 2007; Clarkson et al. 2008; Trebucq, Evraert e Nassif, 2008, Liu e Anbumozhi, 2008; Rover
et al., 2009;Vormedal e Ruud, 2009; Santana e Gonçalves, 2009; Zeng et al., 2010; García e
Ayala, 2010; Domingos, 2010; Reis e Lopes, 2011; Barros e Monteiro, 2011; Galani et al.,
Na maioria destes estudos, a metodologia de investigação assenta na criação de índices de
divulgação para medir o relato das informações, construídos a partir itens de informação
exigidos por normativos contabilísticos ou por indicadores referenciados/recomendados em
diretrizes e princípios desenvolvidos para o relato da sustentabilidade. Esta metodologia, para
além de facilitar a comparabilidade dos resultados, objetiva as informações de modo a melhor
avaliar a relação entre a divulgação e determinados fatores/variáveis consideradas na análise.
Os fatores explicativos da divulgação ambiental são diversos e estão normalmente,
relacionados com características das próprias entidades (dimensão; setor de atividade), o
desempenho económico-financeiro (nível de rendibilidade; grau de endividamento), fatores
contextuais internos da organização (existência de comité de responsabilidade social; posse de
certificação ambiental) ou fatores contextuais externos (país de origem, pressões exercidas
pelos media e restantes stakeholders) (Archel e Lizarraga, 2001).
Na medida em que o presente estudo se identifica com esta linha de investigação e, de modo a
facilitar a posterior comparação com os nossos resultados, apresentamos no quadro 6 um
resumo de alguns destes estudos e as suas principais conclusões.
Quadro 6- Estudos sobre os determinantes da divulgação ambiental
Autores Objetivos Amostra Metodologia e Período de
Análise Resultados
Práticas de divulgação Fatores explicativos
Barros e
Monteiro
(2011)
Analisar as práticas e grau
de divulgação de
informação ambiental,
tendo por base os
requisitos legais exigidos
pela DC n.º 29 – Matérias
Ambientais, e identificar os
fatores explicativos do
grau de divulgação.
39 Empresas dos setores da
metalomecânica e
metalurgia de base a operar
em Portugal, constante da
lista das 500 maiores e
melhores empresas
portuguesas, publicada na
revista Exame Especial
2009
Metodologia: Análise de
conteúdo, às contas anuais,
através da criação de um
índice de divulgação.
Período de análise: 2008.
Constatam que 76,9% das empresas
fornecem algum tipo de informação
ambiental, segundo os requisitos da DC
29. Quanto às empresas divulgadoras
verificam um razoável cumprimento dos
requisitos do normativo contabilístico
(IDA ± 0,5), destacando-se as
divulgações sobre dispêndios de carácter
ambiental (capitalizados ou reconhecidos
como gasto).
Obtiveram evidência empírica de
existência de uma associação positiva
entre o nível de divulgação e o facto de a
entidade possuir certificação ambiental.
Não é demonstrada qualquer associação
entre o grau de divulgação ambiental e o
tamanho da empresa, o controlo capital
estrangeiro e o facto da empresa estar
cotada no mercado de capitais.
Reis e
Lopes
(2011)
Analisar o nível e
qualidade das divulgações
das matérias ambientais e
identificar os fatores
económicos e financeiros
que influenciam a
qualidade da informação
divulgada.
Empresas cotadas na
Euronext Lisboa que
tenham Títulos de Emissão
de Gases com Efeito de
Estufa.
Metodologia: Análise de
conteúdo aos Relatórios e
Contas e Relatórios de
Sustentabilidade, através da
utilização de um índice de
divulgação.
Período de análise:2004-2009
Verificam um aumento das divulgações
entre os períodos em análise. A média do
índice de qualidade da informação
ambiental atinge os 17 pontos, numa
escala entre 0 e 41 pontos.
Comprovam empiricamente que a
dimensão da entidade, a concentração da
titularidade do seu capital, a sua condição
financeira e a pressão dos media
determinam a qualidade e nível das
informações relatadas.
Zeng et al.
(2010)
Analisar o estado e níveis
de divulgação de
informação de carácter
ambiental.
Investigar os fatores
determinantes do nível de
divulgação.
871 empresas industriais
chinesas cotadas nas bolsas
de Shanghai e Shenzhen.
Metodologia: Análise de
conteúdo aos relatórios e
contas anuais, através de um
índice de 10 itens (monetária
e não monetária).
Período de análise:2006-2008
Há uma melhoria significativa na
divulgação da política, da estratégia e
No documento
A Divulgação da Responsabilidade Ambiental: O Caso das Empresas Cotadas em Portugal
(páginas 42-113)