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Ausência de problemas de integração

5. Perigos e Críticas ao Renovamento

1.2 Ausência de problemas de integração

No ponto anterior, foram apresentados os problemas que o movimento teve de enfrentar para se integrar nas estruturas eclesiais existentes. Neste tema, vamos analisar as respostas das Equipas concluíram que “não houve problemas de integração dos Grupos de Oração do Rev.º Car. Cat.º” (doc. 1).

Ora, os problemas de integração prendiam-se, essencialmente, com a atitude dos sacerdotes, que na sua maioria são os próprios párocos onde residem os grupos de oração, perante o Renovamento. Apesar de as Equipas Serviço Diocesanas sentirem que não foram bem acolhidas pelos sacerdotes, estes concluem que o movimento “sempre foi aceite pelos Srs. Bispos” (doc. 7). Nesta linha, lê-se, também, no doc. 4, que o “Renovamento Carismático Católico tem sido muito bem acolhido pelo Sr. Bispo” e pela restante estrutura hierárquica.

Assim, são quatro o número de dioceses que não tiveram problemas de integração do movimento carismático nas estruturas eclesiais existentes,

219 Cf. páginas 76-85.

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“embora de início tenha enfrentado algumas reservas e incompreensões por parte de alguns clérigos e leigos, muito fruto do desconhecimento da verdadeira essência do Renovamento Carismático, suas estruturas, objetivos e meios, o Movimento tem vindo, ao longo dos tempos, a integrar-se progressivamente na vida Pastoral da Diocese e das Comunidades onde se tem implantado. O Movimento tem vindo a integrar-se de forma natural, serena e tranquila, na vida normal das Comunidades e da Diocese” (doc. 5).

Posto isto, o doc. 5 refere, ainda, que

“embora continue a haver, por parte de determinados clérigos e leigos, uma visão de certa forma distorcida do que é o Movimento Carismático, o Movimento convive com naturalidade com todas as estruturas eclesiais e por todos é respeitado. Embora, por vezes, seja olhado com certa desconfiança e receio, o Movimento Carismático tem merecido respeito e acolhimento e tem registado uma progressiva abertura por parte, quer das estruturas eclesiais, quer das Comunidades e mesmo de clérigos e leigos: há um respeito e aceitação mútuos. Não temos registado problemas de maior ao nível da sua integração, antes pelo contrário”.

Das respostas presentes no doc. 6 verificamos que “não têm notado problemas de integração. Há paróquias onde é mais aceite do que em outras, (embora não esteja em todas as paróquias), mas não existem problemas de maior”.

O doc. 9 assevera que “a relação do R.C.C. com os Padres nas paróquias está a evoluir positivamente; a desconfiança gerada muitas vezes por maus testemunhos de participantes do RCC está a dar lugar a um clima de confiança e de colaboração”.

No doc. 10, lê-se que “onde existem grupos de oração do Renovamento Carismático, são os párocos que melhor aceitam este movimento”.

Tendo em conta estas duas últimas respostas, pode-se concluir que, nos primórdios do renovamento carismático nestas dioceses, a relação do movimento com as estruturas eclesiais não foi a mais fácil, mas, atualmente, estas dioceses não têm problemas de maior que impossibilitem a integração e aceitação do movimento nas suas estruturas.

93 Posto isto, analisemos, ainda, os seguintes comportamentos apontados por cinco Equipas de Serviço Diocesanas: Primeiro, “para conhecê-lo bem é necessário abordá-lo sem preconceitos, com objetividade e ter a preocupação de não confundir a árvore (um ou outro desvio) com a floresta” (doc. 2).

Além disso, “nas celebrações organizadas pelo R.C.C. percebe-se que por vezes pode causar algum “espanto”, mas acaba por ser bem aceite” (doc. 6).

Importa ainda referir que “os Estatutos têm vindo a permitir uma aceitação gradual e evidente por parte das estruturas eclesiais, o que é de saudar”. “Com a nomeação do Assistente Eclesiástico em 2007, e que se mantém, passou a haver maior facilidade de diálogo e interesse por parte dos Párocos” (doc. 7).

Note-se ainda o seguinte: “Foi há cerca de 18 anos que o Bispo diocesano nomeou o seu assistente espiritual, altura em que passa a ser mais bem aceite pelo clero em geral” (doc. 10).

Ou ainda: “aqueles que conhecem o R.C.C. e acolhem-no bem” (doc. 9).

Por meio destas cinco respostas, conclui-se que a integração pode dar-se, e dá-se, por meio da abordagem que se deve ter para com a espiritualidade do renovamento, do respeito pelas “celebrações organizadas” por este movimento, pela atual presença dos estatutos e de um assistente eclesiástico e pelo conhecimento pleno da realidade deste movimento.

Assim sendo, o Renovamento Carismático não é, nem deve ser, “algo estranho nem periférico à Igreja: está no seu próprio centro e, sem ela, seria uma seita”221. Portanto, o

Renovamento Carismático deve estar integrado na estruturas eclesiais existentes, nomeadamente, na paróquia e na diocese, e sob os pastores da Igreja, seus responsáveis natos,

221 Ibidem, 103.

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porque “quanto maior for a ligação com a Igreja, melhor realizará a obra renovadora para a qual foi suscitado pelo Senhor”222.

No entanto, a integração tanto na diocese como nas paróquias deve ser cautelosa de modo a não desvirtuar nem a debilitar a “identidade” própria do Renovamento Carismático. Por muita dificuldade que haja no processo de inclusão, não se pode esperar que cada pároco acolha o Renovamento com a máxima benevolência, simpatia e abertura que é desejada. Não obstante, o movimento deve estar pronto a pôr discretamente, da sua parte, meios mais oportunos para que essa inserção vá ocorrendo, salvando a própria identidade223.

Neste sentido, o Papa João Paulo II, no IV Encontro Internacional de maio de 1981, em Roma, disse aos sacerdotes e seculares, coordenadores do Renovamento, que deviam dar testemunho da “mútua união em Cristo e ter como modelo dessa colaboração efetiva a exortação do Apóstolo: «aplicai-vos em guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só espírito, do mesmo modo que a vossa vocação vos chamou a uma só esperança» (Ef 4, 3-4)”224.

Partindo desta convicção, os estatutos da CNRCC, no art. 36, al. 3, apelam à união entre o coordenador leigo de cada grupo de Oração e o pároco e que a “participação dos sacerdotes nos grupos de Oração deverá orientar-se pela comunhão com os crentes em identidade de prepósitos, no respeito mútuo dos filhos de Deus” (al. 5).