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C AUSAS DOS SOBRECUSTOS – AS NOVAS CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO

5. RECLAMAÇÕES DECORRENTES DA EXECUÇÃO DE

6.5. C ONSEQUÊNCIAS AO NÍVEL DOS S OBRECUSTOS

6.5.1. C AUSAS DOS SOBRECUSTOS – AS NOVAS CONDIÇÕES DE EXECUÇÃO

Como resulta do anteriormente exposto, verificou-se uma profunda modificação das condições de execução dos trabalhos em relação ao que era contratualmente previsível, em especial quanto à consignação da obra e às escavações arqueológicas.

A realidade foi bem diferente das expectativas criadas.

Conforme já referido, o Adjudicatário não pôde implementar o Planeamento Contratual em resultado de um conjunto de circunstâncias que não lhe são imputáveis – a saber, condicionalismos que perturbaram a execução dos trabalhos, e que constituem fonte de prorrogação legal do prazo da Empreitada.

Por seu lado, e como é sabido, a qualquer Plano de Trabalhos está subjacente uma determinada racionalidade e economicidade.

Com efeito, um dos aspectos fundamentais para a gestão optimizada desta Empreitada prendia-se com a possibilidade de execução sequencial das actividades, sem interrupções, e com equipas especializadas, afectas a cada actividade em que se desdobrava a obra, com rendimentos crescentes. Sublinhe-se que o Planeamento Contratual decorre um acervo de condições cujo cumprimento, rigoroso e atempado, era fundamental para que o Empreiteiro pudesse:

 Preparar devidamente os seus trabalhos, numa perspectiva técnica e económica;  Coordenar globalmente os trabalhos da sua Empreitada;

 Aproveitar da melhor forma as suas equipas e os seus equipamentos;

 Escolher os subcontratados com tempo e inerente capacidade negocial, e de acordo com as condições de execução normais e expectáveis.

Na medida em que ocorreram dificuldades e incidências várias, desconformes com os pressupostos que conduziram ao Plano de Trabalhos, o Adjudicatário sofreu os efeitos correspondentes ao nível do planeamento da obra, e da execução dos trabalhos, com reflexos na Empreitada, seu prazo e seu custo. De facto, a realidade da obra veio a revelar-se bem diferente da expectável, inviabilizando a concretização daqueles que foram os pressupostos do preço proposto pelo Adjudicatário, como já se assinalou. A multiplicidade de factos e situações ocorridas, e que condicionaram fortemente o

desenvolvimento dos trabalhos, consta da documentação já referida produzida pelas Partes ao longo do Contrato.

Essa realidade veio revelar várias circunstâncias prejudiciais para a gestão da obra e para a rentabilização dos meios afectos à sua execução, como por exemplo:

 Execução de trabalhos de modo “retalhado”, e não com a sequência (lógica) preconizada;  Paralisação em várias frentes de trabalho, por períodos significativos;

 Frequentes afectações e desafectações de equipas, relativamente a trabalhos que, contratualmente, era suposto realizar em contínuo, e com optimização de recursos.

Assim, não foi possível adoptar uma lógica “industrial”, de realização racionalizada e crescentemente produtiva das várias tarefas em que se desdobrava a execução da Obra, lógica essa que caracterizava o Plano de Trabalhos inicial, passando a ser necessário implementar outro tipo de abordagem – um desenvolvimento dos trabalhos à medida, e ao ritmo, em que fossem disponibilizados os locais, e criadas as necessárias condições, a montante. Isso justificou um acentuado incremento das despesas com que o Adjudicatário teve de arcar, sem que as mesmas fossem compensadas pelas receitas, como se demonstrará neste documento.

Com efeito, face às legítimas expectativas do Adjudicatário, quando lhe foi adjudicada a Empreitada, e ao acervo de eventos imprevistos que caracterizou, quase em permanência, a realização da obra, é fácil concluir que o Adjudicatário arcou com avultados custos não esperados, e por isso não incluídos no preço inicial da Empreitada – usualmente designados, por isso, por sobrecustos.

Na realidade, e conforme já se constatou, foram várias as razões que impediram a materialização das opções, economicamente racionais, que estiveram subjacentes ao preço proposto pelo Adjudicatário, nomeadamente as paralisações, as intermitências e a impossibilidade de impor um ritmo contínuo e compatível com a gestão optimizada dos meios em obra.

Sofrendo o “Direito à Gestão da Obra”, de que é titular o Adjudicatário, particulares restrições, torna- se imperioso corrigir o Preço Global inicialmente ajustado, por intermédio de indemnizações.

Com efeito, perante o circunstancialismo exposto – progressão dos trabalhos extremamente condicionada pelos factos anteriormente invocados imputáveis ao Dono da Obra -, o Adjudicatário teve nomeadamente, de suportar encargos de subprodutividade com que não contava e manter meios afectos à Obra para além do prazo contratual. Ou seja, sofreu diversos prejuízos que extrapolam os custos inicialmente contabilizados para a Obra.

A demonstração do vincado contraste entre as projecções e previsões consubstanciadas contratualmente, por um lado, e a realidade da obra, por outro lado, foi patenteada, de modo sistemático e desenvolvido, nos capítulos anteriores.

Bem assim, foram evidenciadas as consequências das modificações introduzidas ao nível do Plano de Trabalhos e do prazo de execução da obra.

Aqueles factos e a determinação dos respectivos efeitos ao nível do Plano de Trabalhos e do prazo constituem o suporte em que assenta a valorização dos sobrecustos que fundamenta o pedido concreto de reequilíbrio financeiro da Empreitada.

Cabe, portanto, proceder à quantificação dos sobrecustos que, reconhecidamente, o Adjudicatário suportou em resultado das realidades resumidas e analisadas nesta exposição.

Os efeitos produzidos pelas causas aludidas, e pela sua conjugação, na economia do Contrato, traduzem-se, como se sabe, em danos emergentes e lucros cessantes, verdadeiros prejuízos não cobertos pelo preço proposto pelo Empreiteiro quando concorreu a esta Empreitada.

Em síntese, uma das consequências das modificações de planeamento e das condições de execução impostas pelo Dono da Obra, mais difíceis que as previstas, foi a existência de sobrecustos na empreitada que urge ressarcir e que adiante serão explicados.