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De acordo com Fisher (1990) o neurologist a Henry Head foi o prim eiro a adot ar o t em a ‘esquem a corporal’ e afirm ar que “ cada indivíduo constrói um m odelo ou figura de si m esm o que const it ui um padrão cont ra os j ulgam ent os da postura e dos m ovim entos corporais” ( p.05) .

Os est udos de Paul Schilder foram os que m ais cont ribuíram nessa área. Para Schilder ( 1999) a im agem corporal é um fenôm eno m ultifacet ado, caract erizado com o a represent ação do corpo form ada na m ente.

O esquem a corporal é a im agem tridim ensional que todos têm si mesmo. Podemos cham á- la de im agem corporal. Esse ter m o indica que não est amos trat ando de um a m er a sensação ou imaginação. Existe um a apercepção do corpo. I ndica t am bém que, em bora nos tenha chegado atr avés dos sentidos, não se trat a de um a m er a percepção. ( Shilder, 1999, p.07)

Podem os pensar que essa im agem corporal não é est ática, se m odifica a t odo inst ant e perm anecendo em const ant e est ado de const rução. Assim , qualquer coisa que part icipe do m ovim ent o conscient e do nosso corpo é acrescent ada ao m odelo de nós m esm os ( Schilder, 1999) .

24 Torna- se necessário t am bém considerar a personalidade que experim ent a a percepção. Não é apenas o processo fisiológico que est á envolvido nessa percepção, m as t am bém a personalidade e as em oções exercem um papel im port ante na const it uição da im agem corporal ( Shont z, 1990) .

Quest ões relacionadas ao est ado de saúde t am bém influenciam na constit uição da aut o- im agem corporal, não som ent e pelo aspect o fisiológico, m as t am bém psíquico. Shilder at ent a ainda para o fato das pert urbações da im agem corporal est arem relacionadas aos m ovim ent os de econom ia libidinal.

Além disso, a im agem -corporal extrapola os lim ites do corpo, influências sócio- cult urais t am bém cont ribuem para a const rução dessa im agem . No processo de est rut uração da im agem corporal as experiências e sensações obt idas por ações e reações dos out ros em nossas relações sociais são part e int egrant e do processo e da const rução da im agem corporal (Silva et al., 2004) . Sim ult aneam ente o indivíduo const rói sua im agem e t am bém a im agem daqueles que o cercam . De acordo com Schilder ( 1999) “ há um int ercâm bio cont ínuo ent re nossa própria im agem corporal e a im agem corporal dos out ros. O que encont ram os em nós pode ser vist o nos out ros” ( p.251)

Nesse sent ido, cabe atent ar para o fat o de que os ícones fem ininos exibidos na m ídia têm se t ornado cada vez m ais m agros no decorrer dos anos. Esse fat or influencia negativam ente o com port am ent o dos indivíduos, m ais precisam ent e m ulheres j ovens propensas aos t ranst ornos de alim entação, que se sent em pressionadas em dem asia para serem m agras e acabam por aderir a m étodos não saudáveis para controle ou perda de peso, conform e m encionado na caract erização dos quadros de anorexia e bulim ia nervosa.

Cordás et al (2004) apont a com o dist orções relacionadas à aut o- im agem em indivíduos com t ranst ornos alim ent ares: pensam ent o

25 dicot ôm ico (pensa em ext rem os com relação à sua aparência, ou é m uito severo na crít ica da aparência) ; com paração inj ust a de sua im agem com padrões ext rem os; atenção cent rada em um aspect o de sua aparência e erro cognit ivo (crê que os dem ais percebem o m esm o que ele em relação à sua im agem ) .

Dolt o ( 1984) fala da im agem inconscient e do corpo, im agem que, segundo a aut ora, vai sendo m oldada desde as prim eiras relações est abelecidas ent re o bebê e as figuras parent ais. Assim com o Lacan, Dolt o define o est ágio do espelho com o experiência prim ordial.

Para a aut ora é som ent e após a experiência do espelho que a criança com eça a apropriar- se de seu corpo.

Dolt o ( 1984) propõe a dist inção de t rês m odalidades const it ut ivas da im agem corporal: im agem de base, im agem funcional e im agem erógena, essas t rês m odalidades são cont inuam ente associadas ent re si form ando a im agem dinâm ica, definida pela aut ora com o o “ desej o de ser”, desej o est e que por estar “ abalado pela falt a, est á sem pre abert o para o desconhecido, corresponde a um a intensidade da expect at iva de at ingir o objet o” ( p. 45) .

A quest ão da dist orção da im agem corporal é um dos fat ores apontados por Brunch ( 1974) para o desenvolvim ent o da anorexia. A aut ora aponta esta com o a caract erística m ais im port ante dessa m odalidade de t ranst orno alim entar e salienta que a ausência de um a ação para a correção da dist orção t orna o prognóst ico desfavorável. Considera t am bém o fat o de as necessidades corporais nos quadros de transt orno de alim entação serem m al percebidas, m al reconhecidas e m al integradas pelo indivíduo.

Para pensar a est rut ura libidinal da im agem corporal ret om arem os aos est udos de Paul Schilder ( 1999) que inicialm ente recorreu aos escrit os de Freud sobre o narcisism o para entender com o se dá essa est rut uração.

26 Ao considerar a relação exist ente entre narcisism o e im agem corporal o aut or pont ua que qualquer libido só pode aparecer em conexão com um objet o; um a vez que est am os no m undo, e obj etos fazem part e dele, a libido não pode exist ir isoladam ente. O fluxo libidinal de energia t em influência direta na construção da im agem do corpo.

Nesse sentido é necessário considerar a influência em ocional que pode alt erar o valor relat ivo à clareza das diferent es part es da im agem corporal, segundo tendências libidinais e essas alt erações podem se dar na part e ext erna ou interna do corpo.

Considerar a vida pregressa do suj eit o é de fundam ent al im port ância, pois de acordo com Schilder (1999) , “ a vida pregressa do paciente quase sem pre determ inará o quant o a est rutura libidinal da im agem corporal pode influenciar a função e a est rut ura reais do corpo” (p. 190).

Da m esm a m aneira, o interesse que as pessoas dem onst ram pelos corpos daqueles que as rodeiam influencia no suj eit o o int eresse pelo seu próprio corpo. Torna- se necessário dest acar a quest ão da identificação e um a reflexão sobre a influência que t odas as form as m idiáticas exercem sobre a população, m ais especificam ente sobre a população fem inina j ovem , com a dissem inação de um único padrão de beleza possível – ser m agra.

Podem os pensar nas roupas e acessórios com o um a ext ensão da im agem corporal com influência diret a na const rução dessa im agem . Shilder ( 1999) at enta t am bém para as t ent ativas de m odificação da im agem corporal e apont a a tat uagem , m aquiagem e pent eado com o recursos para essa t ent at iva de m odificação.

Com relação aos processos de const rução da im agem corporal, Schilder ( 1999) afirm a que “ não se dão apenas no cam po da percepção, m as t am bém têm paralelos com a const rução no cam po libidinal e em ocional. Os obj et os de am or ext ernos, nossas relações com eles e suas

27 at it udes em relação a nós t êm grande im port ância” ( p. 192) . Segundo o aut or, no cam po da percepção, a const rução da im agem corporal depende do m undo em seu est ado inanim ado e, no cam po libidinal, a const rução da im agem corporal depende de nossas at it udes em relação ao objet o de am or. Assim , oscilações ou pert urbações da im agem corporal sugerem relação com m ovim entos de econom ia libidinal.

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