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ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A AUTO-IMAGEM DE MULHERES COM DIAGNÓSTICO DE ANOREXIA E BULIMIA NERVOSA POR MEIO DO MÉTODO DAS MANCHAS DE TINTA DE RORSCHACH

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(1)

MARLEI DE CHAVES ROCHA

ESTUDO COM PARATI VO SOBRE A AUTO- I M AGEM DE

M ULHERES COM DI AGN ÓSTI CO DE AN OREXI A E BULI MI A

N ERVOSA POR M EI O DO M ÉTODO DAS M AN CHAS DE TI N TA DE

RORSCHACH

Pont ifícia Universidade Cat ólica

São Paulo

(2)

MARLEI DE CHAVES ROCHA

ESTUDO COM PARATI VO SOBRE A AUTO- I M AGEM DE

M ULHERES COM DI AGN ÓSTI CO DE AN OREXI A E BULI MI A

N ERVOSA POR M EI O DO M ÉTODO DAS M AN CHAS DE TI N TA DE

RORSCHACH

Trabalho de conclusão de curso com o exigência

parcial para graduação no curso de Psicologia, sob

orient ação da Profª . Drª . Marina Pereira Gom es.

Pont ifícia Universidade Cat ólica

São Paulo

(3)

AGRADECI M ENTOS

Agradeço a Deus por t er m e proporcionado a realização deste sonho.

Aos m eus pais por t erem m e ensinado valores que carregarei com igo

et ernam ente.

À m inha am adíssim a m ãe por ser m inha am iga, conselheira e por est ar ao

m eu lado nos m om entos de dor e tam bém de felicidade.

Às m inhas am igas puquianas: Natália Ferrari, Paula Braga, Carol Vieira e

Andrea Morgant i am igas queridas que aj udaram a tornar esses cinco anos

m ais suaves e felizes.

Às m inhas am igas de t oda a vida: Neide, Nat alia Hirat a, Eliane, Sandra e

Sara pelo carinho, incent ivo, escut a e com preensão.

Aos am igos queridos Silas Melo e Selm a Soldi pelo apoio e confiança de

sem pre.

À Luciana de Ornelas Mont ini por m e aj udar a cam inhar ao encont ro de m im

m esm a.

À equipe de professores da PUC- SP pelo com prom et im ento, dedicação,

respeit o e incent ivo.

À m inha orientadora Prof.ª Dra. Marina Pereira Gom es pela paciência,

delicadeza, zelo e respeit o. Agradeço suas im port antes sugest ões, com

adm iração por sua possibilidade em acolher, com preender e auxiliar na

realização desse t rabalho.

(4)

Rorschach, se não fossem as suas aulas cert am ente não teria m e

apaixonado t ant o por ele.

À Laura e Bia, part icipant es dessa pesquisa, pela confiança dem onst rada,

pront idão com que aceitaram ao convite para part icipar do est udo, pela

coragem e sinceridade dos relat os. Agradeço a cont ribuição que

proporcionaram ao est udo dos t ranst ornos de alim ent ação. Sem a aj uda de

vocês a realização desse t rabalho não seria possível.

(5)

Marleide Chaves Rocha: Est udo com parat ivo sobre a aut o- im agem de

m ulheres com diagnóst ico de anorexia e bulim ia nervosa por m eio do

Mét odo das Manchas de Tinta de Rorschach, 2008.

Orient ador: Profª . Drª . Marina Pereira Gom es

Palavras- chave: t ranst ornos de alim entação; análise t em ática; psicanálise.

RESUM O

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SUM ÁRI O

I nt rodução...0 1

1.1 Caracterização dos t ranst ornos alim ent ares...04

Anorexia Nervosa... 04

a. Hist órico... ...06

b. Et iologia...0 6

c. Epidem iologia... 10

d. Com plicações Clínicas... 11

Bulim ia Nervosa...12

a. Hist órico...14

b. Et iologia...15

c. Epidem iologia...16

d. Com plicações Clínicas...17

1.2. A Psicanálise e os t ranst ornos de alim entação...18

1.2.1. Aut o- im agem ...23

2 . Justificat iva ...2 7

3 . Obje tivo...2 8

4 . M étodo...2 8

4.1. O Mét odo de Rorschach...28

4.2. Part icipantes...3 3

4.3. Convocação das part icipantes e local da pesquisa...33

4.4. I nst rum ent os de avaliação...33

4.5. Procedim ent o de análise...34

(7)

“ Se quer m e seguir, narro- lhe,

não um a aventura, m as experiência,

a que m e induziram , alternadam ent e,

raciocínio e int uições”.

(8)

1

1 . I NTRODUÇÃO

A anorexia nervosa e a bulim ia nervosa est ão ent re os principais

t ranst ornos de alim entação. Acom etem m ulheres j ovens em 90% dos

casos, e apresent am curso crônico, variável podendo levar à m ort e,

principalm ente nos casos de anorexia nervosa, responsável pela m aior

m édia de m ortalidade ent re t ranst ornos psiquiát ricos, cerca de 0,59% ao

ano (Sopezki, 2007) .

Resum idam ente podem os caract erizar a anorexia nervosa com o a

recusa em m ant er norm al o peso corporal e a bulim ia nervosa com o a

ingestão de grande quant idade de alim ent os seguida de com port am ent o

purgat ivo ( indução de vôm it o, uso de laxant es et c.) , excesso de exercícios

físicos e períodos de jej uns. Nas duas m odalidades de t ranst orno exist e a

pert urbação da percepção da im agem corporal e consequentem ente o m edo

excessivo de ganho de peso. Part e dest e decorre do ideal de beleza

dissem inado pela sociedade ocident al cont em porânea, o de que para ser

bonit a a m ulher deve ser m agra.

Em novem bro de 2006, com a divulgação da m ort e de um a m odelo

de 21 anos de idade e de out ras três adolescent es em decorrência de

anorexia nervosa, a problem ática dos t ranst ornos de alim ent ação ganhou

grande dest aque nos m eios de com unicação, virando t em a de report agens,

debates, novelas e t eorias defendidas por especialist as e leigos no assunt o.

A discussão gerada em t orno dos t ranst ornos alim entares, m ais

especificam ent e em t orno da anorexia e da bulim ia nervosa, tem levantado

quest ões sobre a definição do único padrão de beleza – ser m agro – vigent e

na sociedade cont em porânea globalizada, sobre at é que pont o a

dissem inação desse ideal de beleza tem influenciado no cot idiano da

população, m ais especificam ente no cot idiano da m ulher “ com um ” .

(9)

2

out ro lado t odas as form as m idiát icas continuam a reproduzir o m odelo

responsável pela perpet uação da doença. É com um revist as abordarem o

t em a dos t ranst ornos de alim entação no que t ange à sua: caract erização;

risco de vida; influência da m oda; consum ism o exacerbado; depoim entos

de ex-anoréxicas dent re out ros e em cont rapartida, exibirem cam panhas

publicit árias com m odelos de aspecto t ão caquét ico quant o ao quadro

descrit o nas report agens com o um “ perigo a ser evit ado” .

Enquant o se ouve dizer e se tem acesso a casos de óbit os

decorrent es dos t ranst ornos de alim ent ação, cont inua a exibição de corpos

esquelét icos que carregam em si a sim bologia de sucesso, at rat ividade

sexual e autocont role, com o est ilo de vida único e ideal desse novo m undo

unificado; m undo que t ent a se configurar de m aneira hom ogênea, no que

diz respeit o ao t ipo físico ideal, m undo no qual o bem m ais im port ante é o

bem -est ar narcísico. Dessa form a, a busca incessante pelo est ilo de vida

“ saudável” , rom pe a barreira do norm al e chega ao cam po das neuroses.

Est udos epidem iológicos apont am para a alt a incidência de

t ranst ornos de alim ent ação ent re as m ulheres – bulim ia nervosa: 28,8 em

100 m il; anorexia: 18,5 por 100 m il aproxim adam ente (Hay, 2002) – e

coloca os t ranst ornos de alim entação com o um problem a de saúde pública,

o que j ust ifica a invest igação da dinâm ica psicológica subj acent e a esses

t ranst ornos, para além da m era enunciação de sintom as dos m anuais

psiquiát ricos.

Por out ro lado, há um grande núm ero de m ulheres, expost as a

m esm a determ inação cult ural, ideal de m agreza, que não desenvolvem

t ranst ornos de alim ent ação. Est e seria m ais um m ot ivo para um a

invest igação m ais profunda para entender qual t ipo de personalidade é m ais

suj eit a a essa pressão, desenvolvendo os sint om as de anorexia e bulim ia

nervosa.

(10)

3

assim , cont ribuir de m aneira eficaz para os trat am ent os propostos além de

auxiliar na prevenção de suj eit os j ovens com t endências a esses

t ranst ornos.

No Brasil, é vast a a lit erat ura e pesquisas sobre os t ranst ornos de

alim entação, m as ainda são poucos os est udos realizados que buscam ,

at ravés de técnicas de invest igação da personalidade, est abelecer crit érios

de diagnóst ico para t ranst ornos de alim ent ação.

A abundante literat ura sobre a t em át ica dos t ranst ornos de

alim entação rest ringe-se, em sua m aioria, aos aspect os biológicos, sociais e

com port am entais. Focaliza a inibição dos sint om as com o form a de

“ correção” dos t ranstornos que afetam o com port am ent o alim entar do

indivíduo. Poucos são os est udos que buscam a com preensão do que esses

sint om as significam .

(11)

4

1 .1 .

CARACTERI ZAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALI M ENTARES

“ Não sinto o espaço que encerro nem as linhas que proj eto; se m e olho a um espelho, erro; não me acho no que projeto”.

Mário de Sá Carneiro

ANOREXI A NERVOSA

A anorexia nervosa é caract erizada pela rest rição volunt ária à

ingestão de alim ent os, levando o indivíduo a perda ext rem a de peso,

acarret ando conseqüências severas à sua saúde física e psíquica. O

indivíduo acaba por ut ilizar recursos ext rem os t ais com o: longos períodos

de jej um , exercícios físicos em excesso, vôm itos volunt ários, laxant es,

diurét icos ou m oderadores de apet ite com o int uit o de forçar um a perda de

peso cada vez m aior.

Exist e t am bém a dist orção da im agem corporal e, no caso de

m ulheres a interrupção dos ciclos m enst ruais de no m ínim o t rês m eses

( am enorréia). É um t ranst orno que acom ete geralm ente m eninas

adolescent es após a puberdade. Em decorrência da inanição, o indivíduo

apresent a com plicações com o a desnut rição, que acarret a conseqüências

fisiológicas graves, podendo levá-lo à m ort e.

Cabe salientar que os m ecanism os sócio- cult urais vigentes, o cult o à

m agreza

,

contribuem para que a população, sobret udo j ovem e fem inina,

est ej a m ais vulnerável a esse t ipo de t ranst orno de alim entação.

(12)

5

pressão de valores present es na cultura, supervaloriza seu tam anho corporal, o que pode levá- la a práticas danosas à sua saúde ( Nunes et al., 2001,p.22)

“ O t erm o anorexia, etim ologicam ente, deriva do grego "an",

deficiência ou ausência de, e "orexis", apet it e, t am bém significando aversão

à com ida, enj ôo do est ôm ago ou inapetência.” ( Sopezki, 2007, p.11).

Cont udo, o sent ido etim ológico do term o anorexia nervosa não é ut ilizado

at ualm ente, um a vez que, at é os est ágios m ais avançados da doença, os

pacientes não apresentam real perda de apet ite, m as sim um a recusa

alim entar deliberada, com int uit o de em agrecer ou por m edo de engordar

( Cordás & Claudino, 2002) .

O DSM – I V est abelece os seguintes crit érios para diagnóst icos de

anorexia nervosa:

Recusa em m anter o peso igual ou superior ao m ínim o norm al

adequado à idade e à alt ura ( perda de peso, levando a m anut enção

do peso corporal 15% abaixo do esperado) ;

Medo intenso de ganhar peso ou de se t ornar gordo, m esm o

est ando abaixo do peso esperado;

Pert urbação de vivenciar o peso corporal, t am anho ou form a,

sendo m arcant e a influência do peso e form a sobre a aut o-avaliação

ou recusa em reconhecer o risco do at ual peso corporal;

Nas m ulheres, a ocorrência de am enorréia, ist o é, a ausência de

pelo m enos t rês ciclos m enst ruais consecut ivos.

(13)

6

a) Hist órico

É possível afirm ar que a anorexia nervosa com eçou a se t ornar

visível no início da I dade Moderna, após a ocorrência de séculos de pobreza

na Europa, durant e um período de prosperidade. Os m em bros das classes

m ais elevadas passaram a se vest ir e a m orar bem e, no caso da

alim entação, passaram a com er m elhor e em m aior quantidade. “A gordura

era sinal de prosperidade e, nas m ulheres, de beleza. Est a exuberância

suscit ou prot est os que, sobret udo ent re religiosas j ovens, t om aram a form a

de recusa do alim ent o.” ( Scliar, 2007) . Algum as religiosas que nesse

período apresentavam sint om as de anorexia nervosa foram Sant a Catarina

de Siena. ( 1347- 1380), Maria Madalena de Pazzi (1566- 1607) Sant a

Verônica Giuliana (1660- 1727) .

Foi Richard Mort on, que em 1694, fez a prim eira descrição m édica

do t ranst orno, ao expor o quadro de um a pacient e com em agrecim ento

aut o-induzido. Mas foi só após a apresentação do t rabalho de Sir William

Gull na English Medical Societ y, em 1868, que a anorexia nervosa adquiriu

st at us de ent idade clínica. Na ocasião, Gull apresent ou o caso de t rês

pacientes com idades ent re 14 e 18 anos que apresentavam sint om as

t ípicos da pat ologia ( Cordás, 1996, p.187) .

b) Et iologia

A anorexia nervosa e os dem ais t ranst ornos alim ent ares podem ser

descrit os com o produt os de um a com plexa inter-relação ent re aspect os

biológicos, psicológicos e sócio-culturais; est udos indicam a im possibilidade

de se apont ar um único aspect o com o o causador do t ranst orno.

(14)

7

Dist inguem - se os fat ores dos transt ornos alim entares em

predisponentes, precipit antes e m antenedores. Morgan et al (2002)

descrevem t ais fat ores da seguinte m aneira:

Predisponent es: caract erizados com o aqueles que aum entam a

chance de aparecim ent o do t ranstorno alim entar, m as não o t ornam

inevitável;

Precipit antes: são aqueles que m arcam o aparecim ent o dos

sint om as dos t ranstornos alim entares;

Mant enedores: determ inam a perpet uação ou não do t ranst orno.

No que se referem aos fat ores predisponentes os aut ores ressalt am a

exist ência de duas classes de fat ores de risco: um a classe para t ranst ornos

psiquiát ricos gerais e out ra específica para os t ranst ornos alim entares. A

classe dos t ranst ornos psiquiát ricos gerais inclui: a com orbidade com

out ras pat ologias psiquiát ricas, a hist ória de t ranst ornos psiquiátricos na

fam ília, abuso sexual ou físico e adversidades na infância. A classe

específica para os t ranst ornos alim ent ares inclui: os t raços de

personalidade, o risco para o desenvolvim ent o da obesidade e a realização

de um a dieta calórica rest rit iva.

No m esm o est udo os aut ores cat egorizam t rês grupos de fatores

predisponentes

dos

transt ornos

de

alim entação:

individual,

fam iliar/ heredit ário e sociocult ural.

(15)

8

Além disso, a tendência a obesidade pode ser associada aos

t ranst ornos alim entares, um a vez que aum enta as brincadeiras

relacionadas ao peso, especialm ente no período da adolescência, o que

aum ent a t am bém a pressão social para o em agrecim ent o.

Alterações em vias noradrenérgicas e da serot onina (5-HT) tam bém

podem exercer papel predisponente para o desenvolvim ent o de t ranst ornos

alim entares de m odo geral (Spoont,

apud

Morgan et al, 2002).

Fat ores fam iliares / heredit ários –

Est udos apresent am

result ados de que parentes em prim eiro grau de port adores de anorexia

nervosa apresent am um a chance onze vezes m aior de desenvolver o

t ranst orno do que parentes de indivíduos saudáveis.

Assim , vários est udos sugerem a exist ência de um a predisposição

genét ica para o desenvolvim ent o do t ranst orno. Est udos realizados com

gêm eos apont am que t axas de concordância para a doença são de 50-60%

ent re gêm eos hom ozigót icos e 5- 10% ent re gêm eos dizigót icos. ( Córdas,

1996) .

Com relação à est rut ura fam iliar, est udos apontam que as fam ílias

de indivíduos anoréxicos são m ais rígidas, int rusivas e tendem a evit ar

conflit os ( Morgan et al,

2002) . Logo, aspect os da est rut ura e da dinâm ica

fam iliar são ident ificados com o fat ores predisponentes do t ranst orno.

De acordo com Bruch ( 1974), a vivência inapropriada da relação

prim ária entre m ãe e filha é um fat or que influencia nesse t ranst orno, por

ser a relação prim ária a responsável por part e da est rut uração da

personalidade e m at riz sobre a qual os indivíduos se desenvolvem .

(16)

9

m ulheres recorrem a variadas t écnicas para atingir o “ corpo perfeit o” sem

levar em consideração os lim ites do próprio corpo.

Vindo ao encontro destes valores, as dietas restritivas e cirurgias plásticas tr ansm item a ilusão de que o corpo é infinitam ent e m aleável. Um a vez que o ideal de m agreza proposto é um a im possibilidade biológica para a m aioria das mulheres, a insatisfação corporal t em se tornado cada vez m ais comum (Pinhas, 1999) .

Assim , a busca pelo corpo perfeit o, propagado pela m ídia,

obscurece a t ênue linha divisória ent re os cuidados para a m anutenção de

um corpo saudável e a inst alação de doenças narcísicas ( Andrade e Bosi,

2003) .

É necessário t am bém considerar a influência da globalização nesse

processo, um a vez que esse sist em a tem responsabilidade pelo m ovim ento

social, com port am ental e cult ural que vigora at ualm ente no m undo (

fast-food

cult ural) , que despersonaliza cult uras locais, gera a necessidade em

com preender e pertencer a um det erm inado local, à prim eira vist a

het erogêneo, m as que leva a t odos a agirem e serem da m esm a m aneira.

Quant o aos fat ores precipitant es, é possív el dest acar a diet a para

em agrecer com o o m ais freqüente na anorexia e nos t ranst ornos

alim entares em geral; m as para isso ela deve int eragir com out ros fat ores

de risco e não é possível apontá- la isoladam ente com o a desencadeadora

dos t ranst ornos. Além da dieta para em agrecer, event os est ressores com o

doenças, abuso sexual ou físico podem cont ribuir para o início dos

sint om as.

(17)

10

No caso da anorexia nervosa, a desnut rição causa alt erações

neuroendócrinas que acabam por cont ribuir para a m anutenção dos

sint om as do t ranst orno com o, por exem plo, o aum ento do cort isol e da

at ividade do horm ônio liberador da cort icot ropina ( CRH), alterações dos

níveis plasm át icos de lept ina et c. ( Morgan et al, 2002) .

Além disso, devem os considerar elem ent os cult urais e int erpessoais

que influenciam na perpetuação da anorexia e dem ais t ranst ornos, um a vez

que, conform e m encionado, m anter-se m agro é sinal de sucesso e

aut ocont role.

c) Epidem iologia

Os t ranst ornos alim ent ares, inclusive a anorexia nervosa, são m ais

freqüentes em m ulheres j ovens e adult as, ent re 18 e 30 anos, e afet am

3,2% dessa população. Quant o à prevalência, na anorexia nervosa é de

0,3% e nas síndrom es parciais ( quando o indivíduo tende ao

desenvolvim ent o da anorexia nervosa, m as falt a pelo m enos um crit ério

diagnóst ico para caract erizá-la) t em prevalência de ent re 0,37% e 1,3% da

população ( Cordás et al., 2007) .

No que se refere à incidência m édia anual de m ulheres com

anorexia nervosa na população a incidência é de aproxim adam ent e 18,5 por

cem m il, j á ent re os hom ens é de m enos de 2,25 por cem . Porém é possível

que a incidência sej a m aior, um a vez que apenas os casos m ais graves

chegam aos cent ros de referências e assim são cont abilizados ( Cordás,

1996) .

A evolução do quadro clínico é variável e pode ir de um único

episódio com recuperações de peso e psicológica com pleta, até episódios

inint errupt os que podem levar a m ort e.

(18)

11

doenças psiquiát ricas e seu prognóst ico parece não ter m elhorado durant e o

século XX. O suicídio e as com plicações decorrent es da desnut rição

aparecem com o as form as m ais com uns de m ort e ent re as m ulheres. Essas

m ulheres t êm 12 vezes m ais chances de m orrer do que m ulheres

consideradas norm ais ( Cordás et al, 2007) .

De acordo com os aut ores, est udos nessa área m ost ram que apenas

44% dos pacientes com anorexia, que recebem t rat am ento apropriado, têm

um a recuperação satisfat ória; 28% t êm um a recuperação m oderada e 24%

evoluem insat isfat oriam ente. Além disso, esses est udos m ost ram que dois

t erços dos pacient es, m esm o após o t rat am ento, têm preocupações

m órbidas relacionadas ao peso e aos alim ent os e até 40% desenvolvem

sintom as e com port am ent os bulím icos.

d) Com plicações clínicas

Muit as podem ser as com plicações clínicas decorrent es da anorexia,

ent re as quais Cordás ( 2007) destaca:

Desequilíbrios

elet rolít icos:

hipocalem ia,

hipom agnesem ia,

hipofosfat em ia;

Sist em a cardiovascular: hipot ensão, pulso irregular, bradicardia,

parada cardíaca;

Sist em a gast rint est inal: constipação, retardo no esvaziam ent o

gást rico, form ação de gases, vôm it os;

Sist em a endócrino: fadiga, hipercolest erom ia, hipoglicem ia,

irregularidades ou ausência de m enst ruação, alterações horm onais;

Deficiências

nut ricionais:

desnut rição

e

deficiências

de

m icronut rient es;

(19)

12

BULI M I A NERVOSA

A bulim ia nervosa é caract erizada com o um a sensação de com plet a

perda de cont role alim entar, em que o indivíduo ingere indiscrim inada e

com pulsivam ent e grandes quant idades de alim entos em um período de

t em po breve, o cham ado episódio bulím ico. Após a ingest ão, o indivíduo é

t om ado por um sent im ent o de culpa, vergonha e m edo de engordar, o que

acaba por levá-lo a induzir o vôm it o ( geralm ente isso ocorre diversas vezes

ao dia) . Além do vôm ito exist e o uso indiscrim inado de laxantes, diurét icos

ou inibidores de apetit e e a prát ica exagerada de exercícios físicos.

O nom e do t ranst orno vem da união dos t erm os gregos

boul

( boi)

ou

bou

( grande quant idade) com

lem os

( fom e) , ou sej a, fom e intensa ou

suficient e para devorar um boi.

Assim com o na anorexia nervosa, a

cult ura da m agreza

cont ribui

para o desenvolvim ent o dessa m odalidade de transtorno alim entar.

Out ra caract eríst ica m arcant e na bulim ia nervosa é a percepção da

form a e do peso corporal bast ant e alterada. Apesar de não apresentar a

m esm a obsessão pelo em agrecim ent o, com o ocorre com os pacientes

anoréxicos port adores de bulim ia, apresent am m edo de ganhar peso e

desej o de perder alguns quilos. Cabe salient ar que indivíduos com esse t ipo

de t ranst orno apresent am geralm ente peso norm al ou sobrepeso m oderado.

Dist ingue- se t am bém dos quadros de anorexia nervosa, no que se

refere às alt erações no ciclo m enst rual, que podem ocorrer, m as

dificilm ente a com plet a suspensão dos ciclos m enst ruais ( am enorréia) com o

é com um nas anoréxicas.

(20)

13

dinâm ica do com port am ent o do pacient e bulím ico é a culpa, um a vez que

os episódios de com pulsão violam os parâm et ros est ipulados na dieta

rest rit iva o que acaba por desencadear o com port am ent o de

com pulsão/ purgação.

O DSM – I V est abelece os seguintes crit érios para diagnóst icos de

bulim ia nervosa:

Episódios recorrent es de com pulsão alim entar (episódios

bulím icos) : ingest ão de quantidade de com ida m aior do que a m aioria

das pessoas com eria, em curt o int ervalo de t em po ( por exem plo, em

duas horas) , sensação de perda de cont role sobre o que e quant o se

com e;

Com port am ent os com pensat órios inapropriados para prevenir

ganho de peso, com o vôm it o aut o-induzido, laxantes, diurét icos ou

out ras drogas, dieta rest rit iva ou jej um ou, ainda, exercícios físicos

excessivos;

Os episódios bulím icos e os com portam ent os com pensat órios

ocorrem , em m édia, duas vezes por sem ana, por pelo m enos t rês

m eses;

A aut o- avaliação é indevidam ent e influenciada pelo peso e form as

corporais.

Quando aos subt ipos da bulim ia, o DSM – I V classifica em :

purgat ivo: aut o- indução de vôm itos, uso indevido de laxantes e diuréticos;

não-purgat ivo: prát ica de exercícios excessivos ou j ej uns e sem prát icas

purgat ivas.

(21)

14

a) Hist órico

Na Ant iguidade o com port am ento de forçar o vôm it o era t ido com o

prát ica com um : diferentes povos faziam uso do vôm it o induzido para

prevenir ou curar doenças, poder aliviar-se de banquetes, ent re out ros

( Cordás, 2004) .

A bulim ia nervosa foi reconhecida com o transt orno alim entar

recent em ent e em bora, com o sint om a da anorexia nervosa, fosse conhecida

há séculos. Exist em relat os do com port am ent o bulím ico ent re pacientes

anoréxicas desde 1874.

Apenas por volt a de 1940 aparecem est udos específicos sobre esse

t ranst orno. Ent re os prim eiros est udos realizados, dest aca- se um t rabalho

apresent ado na França em 1963, quando Paul Abely proferiu palest ra sobre

15 casos de j ovens m ulheres com preocupação com a aparência física, que

apresent avam com port am ent o bulím ico ( Nunes et al, 1998, p.19) .

A part ir disso, m édicos com eçaram a cogit ar a possibilidade de ser

est a um a nova m odalidade de t ranst orno alim ent ar, um a vez que o padrão

alim entar apresent ado por esse t ipo de pacient e não se enquadrava em

nenhum a out ra categoria diagnóst ica.

(22)

15

Antes de se chegar a essa nom enclat ura, o t erm o bulim ia nervosa

foi cham ado de: hiperoanorexia, disorexia, bulim arexia, síndrom e do caos

diet ético dent re out ros.

Acreditou- se durant e m uit o t em po que a bulim ia nervosa fosse o

lado opost o da anorexia, porém a passagem do quadro anoréxico ao quadro

bulím ico é m ais recorrent e do que o opost o.

b) Et iologia

Assim com o ocorre nos casos de anorexia nervosa e dem ais

t ranst ornos alim ent ares, a bulim ia nervosa apresent a etiologia m ult ifat orial

( aspect os biológicos, psicológicos e sócio- cult urais) .

Com relação aos t raços de personalidade, segundo Morgan et al

( 2002), indivíduos bulím icos apresent am : com port am ento gregário, de risco

e im pulsividade, caract eríst icas essas consist ent es com o descont role e a

purgação. Os t raços de im pulsividade e inst abilidade afetiva constit uem

aspect os cent rais do t em peram ent o de pacient es bulím icos. A depressão

t am bém aparece com o fat or de risco para o quadro de bulim ia nervosa.

Pesquisas sugerem a puberdade precoce com o fat or de risco para o

desenvolvim ent o do t ranst orno. Segundo Morgan et al (2002) “ o aum ent o

im port ante da gordura corporal em m eninas adolescent es requer um a

reorganização da im agem corporal e pode reforçar a preocupação com o

peso” ( p.19).

Assim , a tendência à obesidade e as diet as surgem com o fat ores

cont ribuint es para o desenvolvim ent o da bulim ia nervosa, um a vez que o

sobrepeso pode t ornar o indivíduo m ais sensível à sua aparência e optar por

iniciar diet as.

(23)

16

predisponente para o desenvolvim ent o da bulim ia nervosa ( Spoont

apud

Morgan et al, 2002).

O t raum a sexual t am bém pode cont ribuir para o progresso de

quadros bulím icos, assim com o dem ais event os est ressores (doença,

violência física et c.).

Com relação aos fat ores fam iliares, est udos apont am que essa

m odalidade de t ranst orno alim entar t am bém é m ais freqüente em parentes

em prim eiro grau de indivíduos com t ranst ornos alim entares, ou sej a,

parentes em prim eiro grau de indivíduos com bulim ia nervosa apresent am

um a chance 44 vezes m aior de desenvolver o transtorno do que parentes

de indivíduos saudáveis ( St rober,

apud

Morgan et al, 2002) .

Podem os supor que de algum a m aneira exist e um a disposição para

a transm issão da doença dent ro da fam ília. No que refere à organização

fam iliar, os bulím icos descrevem suas fam ílias com o pert urbadas e

desorganizadas, além de apresent arem carência de cuidados e de afet o;

cont udo, de acordo com Morgan et al ( 2002, p.20) não é possível afirm ar se

t ais aspect os aparecem antes do est abelecim ent o do transtorno.

Problem as de relacionam ent o afet ivo com as figuras parent ais

t am bém aparecem com o caract eríst ica m arcant e nos pacient es bulím icos.

A urbanização surge com o um fator sócio- cult ural que influencia o

desenvolvim ent o de t ranst ornos alim ent ares em geral, um a vez que, além

de provocar m udanças no hábito alim entar, com o advento dos

fast foods

e

o sedentarism o

,

aum enta a exposição das pessoas ao ideal de m agreza

dissem inado pela cult ura do consum o.

c) Epidem iologia

(24)

17

4,2% . Os sint om as t endem a iniciar ent re 16 e 19 anos, geralm ente o

paciente busca auxílio m édico cinco anos após o início dos sint om as.

Quant o à incidência, na bulim ia nervosa os núm eros são bast ante

elevados, sendo 28,8 em 100 m il m ulheres e 0,8 em 100 m il hom ens por

ano (Cordás, 2007, p.13) . O aut or afirm a ainda que, t ant o para os quadros

de bulim ia nervosa quanto para os dem ais t ranst ornos de alim entação, os

est udos epidem iológicos são lim it ados, m uit o provavelm ente devido à

recusa das pessoas em procurar auxílio ou a procura por t rat am ent o apenas

nos casos ext rem os e a negação dos sint om as. I sso contribuiria para a

prevalência subest im ada dos transt ornos alim entares

O curso e a evolução dos quadros de bulim ia nervosa são descrit os

por Cordás (2007) com o m ais favoráveis em com paração aos quadros

anoréxicos. “ De form a geral, ent re os pacient es que receberam t rat am ent o,

50% apresent am bons result ados e os m ant êm , enquant o 30% m antêm

síndrom es parciais” ( p.13) .

d) Com plicações clínicas

Com o ocorre nos quadros de anorexia nervosa, m uitas são as

com plicações clínicas decorrent es da bulim ia nervosa, as principais delas

seguem abaixo, conform e Cordás (2007) :

Desequilíbrios elet rolíticos: hipocalem ia, hipom agnesem ia;

Sist em a cardiovascular: arrit m ias, palpitações;

Sist em a gastroint est inal: const ipação, retardo no esvaziam ent o

gást rico,

saciedade

rápida,

esofagite,

flatulência,

refluxo

gast roesofágico, sangram ent os gast roint est inais;

(25)

18

Deficiências nutricionais: variáveis;

Sist em a ósseo: cáries, erosões dent árias.

De acordo com o m esm o aut or, as variações dos sinais clínicos se

dão conform e cada indivíduo e seu com prom etim ent o, seja no quadro de

anorexia ou bulim ia nervosa.

1 .2 . A PSI CANÁLI SE E OS TRANSTORNOS DE ALI M ENTAÇÃO

Em 1893, no t ext o

Um caso de cura por hipnose

, Freud apresent a o

caso de um a m ulher que desenvolve os sint om as de anorexia após o

nascim ent o de seu prim eiro filho, o que faz com que a am am entação da

criança sej a int errom pida. Na ocasião Freud ut iliza de sessões de hipnose

para t rat ar a pacient e, que faz os sint om as cessarem e a m ãe volta a

am am ent ar seu bebê. A m ulher apresenta novam ent e quadro anoréxico nas

gest ações de seu segundo e terceiro filho.

Freud caract eriza esse caso com o histeria e aponta para a presença

do com ponent e m elancólico no quadro da pacient e.

É possível pensar que, nesse caso, a vivência do part o e a

possibilidade de am am ent ação do bebê sej am apontadas com o agentes

desencadeadores dos sintom as. Com o nascim ent o do bebê o corpo

fem inino assum e um a nova função: a de alim ent ar out ro ser. Assim , a

função de alim entar im plica diret am ente o corpo e a fem inilidade e t alvez

essa especificidade do corpo fem inino, possa influenciar na predom inância

dos casos de t ranst ornos alim entares ent re a população fem inina, um a vez

as t ransform ações sofridas durant e a puberdade rem et am a m ulher à

possibilidade de engravidar e am am entar, identificando-a assim com o

corpo m at erno (Fernandes, 2006) .

(26)

19

A neurose alim entar par alela à m elancolia é a anorexia. A anorexia das j ovens, que é um problem a bem conhecido, apar ece, após um a observação rigorosa, com o um a form a de m elancolia nos sujeitos com a sexualidade ainda inacabada. A paciente assegura não com er simplesm ent e porque ela não tem fome. Perda de apetite e, no domínio sexu al, perda da libido. ( p.93)

Dois anos após apresent ar esse caso, Freud publica o caso de

Em m y Von N., um a j ovem com quadro de anorexia, fobia de ingerir água e

queixas de dores no est ôm ago. Nas sessões de hipnose a j ovem evoca

lem branças precoces que est ariam associadas aos seus sint om as, com o por

exem plo, relação conflit uosa com a m ãe, que a obrigava a se alim entar

m esm o sem vont ade para fazê- lo e o m edo de cont am inação de doenças

at ravés da ingest ão de alim ent os. Ao discut ir est e caso, Freud atent a para

as m odificações de hum or e para a as fobias de Em m y, sendo essas

relacionadas aos event os t raum át icos em sua infância (Freud, 1895) .

Além da hipnose, Freud prescreve com o trat am ent o: banhos

quentes, m assagens et c., m as não obt ém sucesso ao prescrever a j ovem o

aum ent o da ingest ão de água e alim ent os. Sobre esse aspect o salient a

Fernandes ( 2006) :

A cer teza de um saber sobre o funcionam ento de seus corpos, particularm ente no que diz respeito às funções que envolvem o processo de alim entação, par ece não aceitar interferência, nem discussão. Se, por um lado, essa cert eza pode parecer exasper ante par a quem vai se ocupar desses casos, por outro, mostra o sistem a fechado no qual essas jovens se encontram e a inutilidade de enfrentá- los diretam ente. ( p. 102)

(27)

20

De acordo com Fernandes (2006) ao pensarm os a quest ão da

bulim ia segundo m odelo das neuroses at uais, at ravés da ingest ão

acent uada e com pulsiva de grandes quantidades de com ida e o uso de

m ecanism os com pensat órios, a im pulsão do at o bulím ico seria um a

t ent ativa de evacuar as t ensões geradas pelas pulsões sexuais.

Em 1926, ao escrever o t ext o

I nibição, sint om a e angúst ia

, Freud

direciona para a t eoria da libido as questões relacionadas à função

alim entar, caract erizando a inapet ência alim ent ar com o conseqüência de

um a ret irada da libido e o vôm it o com o m ecanism o de defesa hist érica

cont ra a alim ent ação (Fernandes, 2006) .

Em linhas gerais é possível dizer que, para Freud, a anorexia é

com preendida at ravés do m odelo de hist eria, dest acando o papel da

oralidade na organização da sexualidade e a relação do quadro anoréxico

com a m elancolia. São lim it adas suas referências à bulim ia nervosa, porém

podem os nos basear nos seus est udos sobre neurose e sobre os

m ecanism os de descarga da excit ação pulsional para o ent endim ento dessa

m odalidade de transtorno alim entar.

Dent re os t eóricos que seguiram a Freud tam bém se ocuparam da

t em át ica dos t ranst ornos de alim entação, dest acam os: Winnicot t ( 1978,

1994) , Lacan (1999) e Dolt o ( 1984) .

Lacan, em sua t eorização acerca da im port ância da função paterna

cont ribuiu significat ivam ent e para a elucidação do t em a. Para o autor, é

função paterna int ervir na relação dual m ãe e bebê, nom eando a falt a,

legalizando a diferença e funcionando com o suporte da função sim bólica

( Fernandes, 2006) .

(28)

21

Sua t eorização acerca do est ádio do espelho com o um a experiência

inaugural e prim ordial no processo de form ação da identidade no suj eit o,

nos conduz a um a reflexão sobre as origens dos t ranst ornos de

alim entação, do que est aria subj acent e aos sint om as apresent ados por

suj eit os acom et idos por esses t ranst ornos.

Winnicot t ( 1994) apont a para a relação inicial est abelecida ent re a

m ãe e o bebê com o fundam ental para o adequado desenvolvim ent o

psíquico da criança. De acordo com o autor no m om ent o inicial da relação

m ãe e bebê, a m ãe encontra-se num est ado de consciência alt erado,

preocupação m aterna prim ária, que possibilit a a ela um a t ot al ident ificação

com o seu bebê, um envolvim ent o t ot al com os cuidados que dedica a ele. É

at ravés do

holding

(segurar) oferecido pela m ãe que o bebê terá condições

de int egrar experiências, de sent ir- se real e cont inuar o seu processo de

m at uração.

No m om ent o inicial, período da dependência absolut a, a m ãe

funciona com o ego auxiliar do bebê, e “ o apoio do ego m at erno facilita a

organização do ego do bebê”

(Winnicot t , 1994, p.09) . Gradualm ente o bebê

vai saindo da posição de onipotência (de que não exist e nada além dele

próprio) por disponibilizar de m ecanism os que lhe perm item conviver com a

desilusão e frust ração.

Winnicot t ( 1994) introduz o t em a da am am entação com o um fat or

que integra o am bient e facilitador que cont ribui para o desenvolvim ent o

saudável do indivíduo, com o um a form a de com unicação ent re a m ãe e seu

bebê, m as com preende o t em a com o algo m ais am plo do que o cont at o da

boca do bebê com o seio da m ãe.

(29)

22

O opost o disso, ou sej a, falhas ocorridas no est abelecim ento da

sit uação de alim entação, pode fazer com que o bebê vivencie essa sit uação

com t em or.

At ent a ainda para a o fat o de o bebê colocar os acont ecim ent os da

fant asia no seu interior e identificá- los com o coisas que ocorrem dent ro de

seu corpo. Nesse sent ido o aut or afirm a:

Nenhum caso de cólica infantil, de vômito ou de diarréia, de anorexia ou constipação, pode ser com pletam ente explicado sem r efer ência às fant asias conscientes e inconscientes da criança acer ca do interior do corpo. ( Winnicott , 1978, p. 113)

Dolt o (1984) t am bém at enta para a influência das figuras parent ais

no desencadeam ent o dos t ranst ornos de alim entação, m ais especificam ente

nos quadros de anorexia nervosa.

Para a aut ora a vivência desses t ranst ornos deve ser considerada

num m om ento anterior ao Édipo. Considera que o Édipo apenas rem onta à

vivência da m enina ao m om ent o da cast ração prim ária, quando ela passa a

t er ciência de sua pert inência sexual e ident ifica- se com a sua m ãe, nesse

m om ent o tam bém , segundo a autora, é que surge o pai com o

represent ante fálico de valor em t orno do qual t oda a sexuação da m enina

se organiza.

Sobre a anorexia, a autora define:

(30)

23

Est a fala est aria relacionada, de acordo com Dolt o, ao conflit o de

am or e desej o da m enina frent e ao pai e ao conflit o de fem inilidade rival

com a m ãe.

Podem os concluir que, para a psicanálise, os t ranst ornos de

alim entação não se referem apenas à relação est abelecida ent re o suj eit o e

o alim ent o em si, m as às represent ações sim bólicas que o alim ent o tem

para o suj eit o que acabam por influenciar no funcionam ento de seu

psiquism o. Sendo assim , não bast a a com preensão da relação ent re a

m ulher, suj eit o ao qual est e est udo elegeu, e o alim ento, m as a

com preensão da relação que a m ulher est abelece com o out ro e com o seu

próprio corpo e os seus desdobram entos nos casos de t ranst ornos de

alim entação.

1 .2 .1 AUTO- I M AGEM

De acordo com Fisher (1990) o neurologist a Henry Head foi o

prim eiro a adot ar o t em a ‘esquem a corporal’ e afirm ar que “ cada indivíduo

constrói um m odelo ou figura de si m esm o que const it ui um padrão cont ra

os j ulgam ent os da postura e dos m ovim entos corporais” ( p.05) .

Os est udos de Paul Schilder foram os que m ais cont ribuíram nessa

área. Para Schilder ( 1999) a im agem corporal é um fenôm eno

m ultifacet ado, caract erizado com o a represent ação do corpo form ada na

m ente.

O esquem a corporal é a im agem tridim ensional que todos têm si mesmo. Podemos cham á- la de im agem corporal. Esse ter m o indica que não est amos trat ando de um a m er a sensação ou imaginação. Existe um a apercepção do corpo. I ndica t am bém que, em bora nos tenha chegado atr avés dos sentidos, não se trat a de um a m er a percepção. ( Shilder, 1999, p.07)

(31)

24

Torna- se necessário t am bém considerar a personalidade que

experim ent a a percepção. Não é apenas o processo fisiológico que est á

envolvido nessa percepção, m as t am bém a personalidade e as em oções

exercem um papel im port ante na const it uição da im agem corporal ( Shont z,

1990) .

Quest ões relacionadas ao est ado de saúde t am bém influenciam na

constit uição da aut o- im agem corporal, não som ent e pelo aspect o fisiológico,

m as t am bém psíquico. Shilder at ent a ainda para o fato das pert urbações da

im agem corporal est arem relacionadas aos m ovim ent os de econom ia

libidinal.

Além disso, a im agem -corporal extrapola os lim ites do corpo,

influências sócio- cult urais t am bém cont ribuem para a const rução dessa

im agem . No processo de est rut uração da im agem corporal as experiências e

sensações obt idas por ações e reações dos out ros em nossas relações

sociais são part e int egrant e do processo e da const rução da im agem

corporal (Silva et al., 2004) . Sim ult aneam ente o indivíduo const rói sua

im agem e t am bém a im agem daqueles que o cercam . De acordo com

Schilder ( 1999) “ há um int ercâm bio cont ínuo ent re nossa própria im agem

corporal e a im agem corporal dos out ros. O que encont ram os em nós pode

ser vist o nos out ros” ( p.251)

Nesse sent ido, cabe atent ar para o fat o de que os ícones fem ininos

exibidos na m ídia têm se t ornado cada vez m ais m agros no decorrer dos

anos. Esse fat or influencia negativam ente o com port am ent o dos indivíduos,

m ais precisam ent e m ulheres j ovens propensas aos t ranst ornos de

alim entação, que se sent em pressionadas em dem asia para serem m agras e

acabam por aderir a m étodos não saudáveis para controle ou perda de

peso, conform e m encionado na caract erização dos quadros de anorexia e

bulim ia nervosa.

(32)

25

dicot ôm ico (pensa em ext rem os com relação à sua aparência, ou é m uito

severo na crít ica da aparência) ; com paração inj ust a de sua im agem com

padrões ext rem os; atenção cent rada em um aspect o de sua aparência e

erro cognit ivo (crê que os dem ais percebem o m esm o que ele em relação à

sua im agem ) .

Dolt o ( 1984) fala da im agem inconscient e do corpo, im agem que,

segundo a aut ora, vai sendo m oldada desde as prim eiras relações

est abelecidas ent re o bebê e as figuras parent ais. Assim com o Lacan, Dolt o

define o est ágio do espelho com o experiência prim ordial.

Para a aut ora é som ent e após a experiência do espelho que a

criança com eça a apropriar- se de seu corpo.

Dolt o ( 1984) propõe a dist inção de t rês m odalidades const it ut ivas

da im agem corporal: im agem de base, im agem funcional e im agem

erógena, essas t rês m odalidades são cont inuam ente associadas ent re si

form ando a im agem dinâm ica, definida pela aut ora com o o “ desej o de ser”,

desej o est e que por estar “ abalado pela falt a, est á sem pre abert o para o

desconhecido, corresponde a um a intensidade da expect at iva de at ingir o

objet o” ( p. 45) .

A quest ão da dist orção da im agem corporal é um dos fat ores

apontados por Brunch ( 1974) para o desenvolvim ent o da anorexia. A aut ora

aponta esta com o a caract erística m ais im port ante dessa m odalidade de

t ranst orno alim entar e salienta que a ausência de um a ação para a correção

da dist orção t orna o prognóst ico desfavorável. Considera t am bém o fat o de

as necessidades corporais nos quadros de transt orno de alim entação serem

m al percebidas, m al reconhecidas e m al integradas pelo indivíduo.

(33)

26

Ao considerar a relação exist ente entre narcisism o e im agem

corporal o aut or pont ua que qualquer libido só pode aparecer em conexão

com um objet o; um a vez que est am os no m undo, e obj etos fazem part e

dele, a libido não pode exist ir isoladam ente. O fluxo libidinal de energia t em

influência direta na construção da im agem do corpo.

Nesse sentido é necessário considerar a influência em ocional que

pode alt erar o valor relat ivo à clareza das diferent es part es da im agem

corporal, segundo tendências libidinais e essas alt erações podem se dar na

part e ext erna ou interna do corpo.

Considerar a vida pregressa do suj eit o é de fundam ent al

im port ância, pois de acordo com Schilder (1999) , “ a vida pregressa do

paciente quase sem pre determ inará o quant o a est rutura libidinal da

im agem corporal pode influenciar a função e a est rut ura reais do corpo” (p.

190).

Da m esm a m aneira, o interesse que as pessoas dem onst ram pelos

corpos daqueles que as rodeiam influencia no suj eit o o int eresse pelo seu

próprio corpo. Torna- se necessário dest acar a quest ão da identificação e

um a reflexão sobre a influência que t odas as form as m idiáticas exercem

sobre a população, m ais especificam ente sobre a população fem inina

j ovem , com a dissem inação de um único padrão de beleza possível – ser

m agra.

Podem os pensar nas roupas e acessórios com o um a ext ensão da

im agem corporal com influência diret a na const rução dessa im agem . Shilder

( 1999) at enta t am bém para as t ent ativas de m odificação da im agem

corporal e apont a a tat uagem , m aquiagem e pent eado com o recursos para

essa t ent at iva de m odificação.

(34)

27

at it udes em relação a nós t êm grande im port ância” ( p. 192) . Segundo o

aut or, no cam po da percepção, a const rução da im agem corporal depende

do m undo em seu est ado inanim ado e, no cam po libidinal, a const rução da

im agem corporal depende de nossas at it udes em relação ao objet o de

am or. Assim , oscilações ou pert urbações da im agem corporal sugerem

relação com m ovim entos de econom ia libidinal.

2 . JUSTI FI CATI V A

As est at íst icas t êm dem onst rado que a alt a incidência ent re as

m ulheres (bulim ia nervosa: 28,8 em 100 m il; anorexia: 18,5 por 100 m il

aproxim adam ent e), coloca os t ranst ornos de alim ent ação com o um

problem a de saúde pública, o que j ust ifica a invest igação da dinâm ica

psicológica subj acent e a esses transt ornos, para além da m era enunciação

da sintom atologia.

É consenso que os t ranst ornos de alim ent ação são com plexos e

apresent am inúm eras im plicações psicológicas. Logo, invest igar e

com preender os aspect os relacionados à aut o-im agem das m ulheres

acom et idas por esses t ranst ornos, fornecerá subsídios im port ant es que

poderão cont ribuir para a prom oção de saúde dessas m ulheres.

As t écnicas de investigação da personalidade t ornam - se um a

ferram enta im port ant e nesse processo, um a vez que perm it em um a

com preensão subj acent e a sint om atologia dos t ranst ornos podendo assim ,

cont ribuir de m aneira eficaz para os trat am ent os propost os, além de

auxiliar na prevenção de suj eitos j ovens com t endências a t ranst ornos de

alim entação, m ais especificam ent e anorexia e bulim ia nervosa.

(35)

28

virt ude de seus índices de fidedignidade, confiabilidade e validade”

( Nascim ent o, 2001, p.86) .

3 . OBJETI VO

Est e t rabalho t em com o objet ivo, at ravés do est udo de casos,

invest igar e com parar a aut o- im agem de m ulheres com diagnóst ico de

anorexia nervosa e bulim ia nervosa subj acent e à sint om at ologia descrit a

nos m anuais de psiquiat ria.

No Brasil são escassos os est udos realizados que buscam , at ravés

da utilização de técnicas de invest igação da personalidade, m ais

especificam ent e at ravés da análise tem ática do Mét odo de Rorschach, um a

m aior com preensão dos aspect os relacionados à aut o-im agem de m ulheres

com diagnóst ico de anorexia e bulim ia nervosa. Esse est udo pretende

t am bém contribuir para a am pliação da discussão sobre o uso desse recurso

na com preensão da dinâm ica de personalidade de m ulheres diagnost icadas

com essas m odalidades de t ranst orno de alim entação.

4 . M ÉTODO

4 .1 . O M ÉTODO DE RORSCHACH

Originariam ente int it ulado

Psychodiagnost ik

,

o m ét odo desenvolvido

por Herm ann Rorschach foi publicado pela prim eira vez em 1921; desde

ent ão, tem gerado inúm eras pesquisas para validá- lo. At ualm ent e o Método

das Manchas de Tint a de Rorschach é um dos inst rum entos m ais ut ilizados

para a avaliação da personalidade de acordo com levantam ent o feit o pela

revist a

Rorscharchiana

, da Sociedade I nt ernacional de Rorschach (Pasian,

2002) , conhecido e ut ilizado por profissionais do m undo t odo.

(36)

29

t em po, reconhecer que são apenas m anchas de t inta. A codificação das

respost as considera vários aspect os específicos da percepção visual ( área

da m ancha envolvida na respost a; at ribut os físicos do est ím ulo com o form a,

cor, som breado) e o cont eúdo das respost as ( o quê o suj eit o ident ifica).

Para Piot rowski ( 1957) , “Um a sínt ese da análise form al dos percept os e da

análise do cont eúdo é um pré-requisit o para conclusões válidas” (p. 08) .

Um a vez que as respost as dadas pelo suj eit o ao que seriam as

m anchas de t int as reflet em o m odo com o possivelm ente vê e responde a

out ras sit uações que se apresent am de form a pouco est rut urada, e com o o

inst rum ent o não considera apenas a percepção, m as t am bém a associação

que o suj eit o faz frente ao est ím ulo das m anchas de t inta, pode revelar

com o o suj eit o pensa e sent e a sua experiência de vida, sendo possível

dessa form a, ident ificar aspect os de sua personalidade.

O Mét odo pode cont ribuir com o diagnóst ico diferencial de diversas

sit uações que cont em plem padrões específicos de funcionam ent o da

personalidade, além de ser um inst rum ent o facilit ador no diagnóst ico de

condições que sej am determ inadas por caract eríst icas dist int as da

personalidade; pode ser ainda um recurso im port ant e no prognóst ico de

com port am ent os. Nesse sent ido, quant o m ais um a at it ude for determ inada

por t raços da personalidade ou sofrer influência do m eio ext erno, m aior

será a probabilidade de que as variáveis do Mét odo ofereçam um a previsão

dessas at it udes ( Weiner, 2000).

Por trat ar- se de um m étodo de estudo da personalidade baseado na an álise de respost as a est ímulos não estruturados, ser ve de base par a a observação de fenôm enos psíquicos complexos relacionados com os processos de percepção, associação, proj eção e também da comunicação e expr essão verbal. Daí provém a riqueza das análises feitas sobre o m at erial colet ado, a profundidade e o alcance das observações e conclusões obtidas... ( Am ar al, 2004, p.74)

(37)

30

aspect os com o: at enção, percepção, t om ada de decisão e análise lógica.

Esses aspect os caract erizam o Rorschach com o um a t arefa de est rut uração

cognit iva e conferiu ao Mét odo um carát er obj et ivo sob vários aspect os,

segundo Weiner ( 2000) . Segundo o m esm o aut or, o Mét odo invest iga o

funcionam ent o da est rut ura e da dinâm ica da personalidade:

...estrutura da per sonalidade r efer e- se à natureza do indivíduo, conforme definida por seus pensam entos e sentim entos atuais, que constituem est ados de personalidade, e as suas disposições m ais per m anentes de conduzir- se de det erminada m aneira... A dinâmica da personalidade refere- se à natureza da pessoa, conform e definida pelas necessidades, atitudes, conflitos e preocupações subj acentes que influenciam o m odo com o pensa, sent e e age de det erm inadas m aneiras em momentos específicos e em circunstâncias particulares...” (Weiner, 2000, p.18)

A prevalência de inform ações sobre a est rut ura ou dinâm ica da

personalidade no prot ocolo de Rorschach dependerá de com o o suj eit o se

valerá dos recursos de sua personalidade para responder às necessidades

do m eio ext erno (am bient e) e interno ( seu m undo interior) .

Piot rowski ( 1957) e Weiner (2000) dest acam a im port ância dos

aspect os proj et ivos do cont eúdo das respost as que, subm et idos à

int erpretação t em ática, cont ribuem para um a com preensão m ais

abrangente da personalidade dos exam inandos. Am bos, porém alert am para

os riscos que essa est rat égia envolve. Weiner alert a para a fragilidade das

int erpretações que relacionam associações incert as, rem ot as, vagas ou t ão

abrangentes que possam ser aplicadas a qualquer pessoa. Ao recom endar

prudência no levant am ento de inferências, o aut or insist e em que se dê

m aior crédit o aos significados m ais claros, m enos am bíguos e que t enham

fundam ent ação m ais im ediata e em basam ent o lógico sólido.

(38)

31

A partir dest a per spectiva psicanalítica, a produção das respost as do Rorschach envolve os processos de associação, atribuição e simbolização. Esses processos levam o suj eit o a atribuir, a seus perceptos, car act erísticas que extr apolam as qualidades reais do estím ulo... Da m esm a form a, descrições do estím ulo podem envolver associações decorrentes do que é per cebido. ( p.17)

De acordo com essa perspect iva, as m anchas são consideradas

com o um est ím ulo à fant asia, que fornece dados relevantes do m undo

int erno do suj eito. Por se trat ar de um inst rum ent o pouco est rut urado, o

Mét odo das Manchas de Tint as favorece ao suj eit o proj etar seu m undo

int erno, suas at it udes, preocupações int ernas e seus sent im ent os pessoais.

Na prova de Rorschach a proj eção pode ser observada principalm ent e

nas respost as de m ovim ent o e nas respost as de form a dist orcida que,

quando são m uit o significat ivas podem est ar at reladas aos im pulsos,

necessidades e estado em ocional do suj eit o. As superelaborações

( com ent ários e at ribut os adicionais à ident ificação do percepto) t am bém

cost um am ter aspect os proj etivos. O nível de projeção é variável de suj eit o

para suj eit o, pois depende da riqueza na área da fant asia e da t endência de

o indivíduo revelar seus cont eúdos com m aior facilidade (Weiner, 2000) .

Diant e ao expost o, j ust ifica- se a escolha do Mét odo das Manchas de

Tinta de Rorschach com o inst rum ent o de avaliação dest e est udo, um a vez

que, no que se refere à descrição da personalidade, ele oferece subsídios

consist ent es e validados para descrever aspectos da est rut ura e da

dinâm ica de personalidade.

(39)

32

Nest e est udo serão analisadas as respost as com elem entos

proj et ivos, com base nos critérios propost os por Piot rowski ( 1957) e Weiner

( 2000) – qualidade form al dist orcida, m ovim ent o e superelaborações – com

ênfase nas pranchas V, I e X.

Por apresent arem est ím ulos que favorecem as represent ações de si

m esm o, a análise tem át ica das pranchas V, I e X torna- se necessária para a

com preensão da questão da aut o-im agem , foco desse est udo.

De acordo com Chabert ( 2004) a prancha V pode ser considerada a

prancha da ident idade e da represent ação de si m esm o. Para a aut ora, os

est ím ulos dessa prancha rem et em à problem át ica de ident idade do

exam inando, no sent ido psíquico da noção de

self

, “

m ostrando a estr eita interdependên cia que solda a r epr esent ação de si e a relação com objetos ext ernos” ( p.62) .

Weiner ( 2000) por sua vez, apont a que os cont ornos relat ivam ente

definidos da prancha e suas duas respost as populares ( m orcego e

borbolet a) podem fazer dessa um a prancha relat ivam ente fácil para m uitas

pessoas, funcionando com o um m om ent o de alívio frent e aos est ím ulos

present es nas pranchas ant eriores.

(40)

33

4 .2 . PARTI CI PAN TES

Duas m ulheres, com diagnóst ico de anorexia e bulim ia nervosa

respect ivam ente, conform e quadro a seguir:

N OME I DADE ESTADO CI V I L

FORMAÇÃO PROFI SSÃO DI AGN ÓST I CO

Ca so 0 1

Laura 31 Casada Superior

( Econom ia)

Gerente Financeiro

Anorexia Nervosa

Ca so 0 2

Bia 37 Solteira Superior

( Adm . Em presas)

Estilista Bulim ia Nervosa

4 .3 . CONVOCAÇÃO DAS PARTI CI PANTES E LOCAL DA PESQUI SA

Diant e as dificuldades encont radas para est abelecer cont at o com os

serviços de saúde do est ado de São Paulo que atendem a população

acom et ida por transtornos de alim ent ação, opt ou-se por buscar as

part icipantes desse est udo em

sit es

,

chat s

e

blogs

da int ernet que abordam

o t em a dessas m odalidades de t ranst orno.

Os procedim ent os desse est udo, ent revist a psicológica e a aplicação

da prova de Rorschach foram realizados na Clínica Psicológica Ana Maria

Poppovic – PUCSP em dia e horário previam ente agendados. As

part icipantes leram e assinaram o Term o de Consentim ent o Livre e

Esclarecido, que se encont ra sob responsabilidade da pesquisadora.

Cuidados Ét icos

Esta pesquisa foi subm etida ao Com itê de Ét ica e Pesquisa da

PUC-SP sede Cam pus Mont e Alegre, conform e prot ocolo de pesquisa

nº 104/ 2008.

4 .4 . I NSTRUM ENTOS DE AV ALI AÇÃO

(41)

34

Ent revist a Psicológica com o int uit o de identificar o suj eito e

construir um enquadre, além de est abelecer um a sit uação confort ável

para a realização da prova;

Aplicação da prova - Mét odo das Manchas de Tint a de Rorschach;

Ent revist a devolut iva sobre os dados analisados na prova, no que

diz respeito à auto- im agem das part icipant es.

4 .5 . PROCEDI M ENTO DE AN ÁLI SE

Conform e m encionado anteriorm ente, optou-se nesse est udo pela

realização de um a análise tem át ica das respost as com carga proj etiva com

ênfase nas pranchas V, I e X do Mét odo de Rorschach, dada as inform ações

acerca da represent ação de si m esm o que as respost as a essas pranchas

evocam . Acredita- se que esse t ipo de análise pode propiciar um a

com preensão profunda sobre a quest ão da aut o-im agem , objet ivo desse

est udo

Os dados est rut urais do Mét odo foram classificados com a aj uda do

soft ware Rorschach I nt erpretat ion Assist ance Program Versão 5 ( RI AP 5) ,

2005.

O rot eiro para a análise tem át ica dos cont eúdos baseia- se nos

crit érios propost os por Weiner ( 2000) para definição das respost as com

carga de proj eção. Ut iliza-se ainda inform ações do rot eiro para análise

t em át ica do Rorschach elaborado por Maria Cecília de Vilhena Moraes Silva

( com unicação pessoal, 2006) que tam bém j ust ificam a escolha das

pranchas a serem analisadas.

Leit ura de t odas as respost as;

Referências

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