• Nenhum resultado encontrado

4 REFERENCIAL TEÓRICO

9) AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA NO ATO DE COMER

Esta família não pratica este exercício. Todos devem comer o que é decidido por Antônio e Carmem.

Família Unida: Dinâmica da Ancoragem

Objetivo: Instalar uma memória de segurança, de conforto em Carol para anular o medo de uma forma geral, que a levava a comer muito.

Procedimentos: aqui foi aplicada a técnica de ancoragem. Uma âncora é uma informação instalada sensorialmente em forma de memória. Esta informação tem a capacidade de desencadear um estado interior que se deseja, pois é uma associação que se estabelece entre um estado e um estímulo. Quando se associa um estado a um estímulo, está-se instalando sensorialmente uma memória, que, uma vez estimulada, desencadeia um determinado estado interno na pessoa. A âncora serve como um

105

recurso importante para fazer lembrar uma habilidade de uma pessoa que se encontra adormecida ou dar a habilidade à pessoa para tal (BUENO, 2002). A técnica envolve a instalação de uma âncora na memória que irá substituir as reações de desconforto após a pessoa passar por uma situação de medo.

Resultados: Esta dinâmica foi realizada somente com Carol. Ela se sentiu confortada e segura. Isto ficou também demonstrado através de sua expressão facial: sorriso maroto, olhos nos meus olhos e um ar de confiança em seu semblante.

Família Buscapé: Dinâmica Conhecendo o Aparelho Digestivo

Objetivo: Explicar qual a função do aparelho digestivo, em especial enfatizando o pâncreas e suas funções, devido à predisposição familiar para Diabetes Mellitus e a presença da obesidade, enquanto fator de risco.

Procedimentos: Em uma folha de papel pardo, desenhou-se a silhueta de uma das participantes. Distribui-se recortes de revista sobre: estômago, intestinos, pâncreas, fígado, vesícula biliar. Solicitou-se às participantes que colassem dentro da silhueta a posição de cada órgão. Após a colagem, explicou-se a função de cada órgão, enfatizando a do pâncreas e a doença Diabetes Mellitus.

Resultados: Nenhuma das participantes acertou a posição correta internamente dos órgãos. Elas posicionaram o fígado do lado esquerdo do corpo e não sabiam onde posicionar a vesícula biliar e o pâncreas. Amanda identificou o intestino delgado e grosso como “as tripas”. Suelen disse que a doença Diabetes Mellitus era “açúcar alto

no sangue”. Aprendeu isso no seu trabalho; ela é auxiliar de serviços gerais num hospital dermatológico. Nenhuma delas soube explicar a conexão entre o pâncreas e a doença, nem o que era insulina e para que servia. Neste dia somente, Suelen e Amanda participaram, pois Ester estava doente, abatida e não se juntou a nós. Durante a dinâmica, as duas riram com as brincadeiras e também consegui perceber um interesse e uma participação maior delas. Questionavam-me a cerca do assunto querendo ir mais além. Também mantinham o olhar em mim.

3° Momento: Brincadeira Laranja no Pé – para todas as famílias

Fechou-se este encontro com a brincadeira da laranja no pé. Todos sentados lado a lado, formando uma fileira, deveriam passar a laranja de pé a pé, sem a ajuda das mãos, para o vizinho. O intuito de concluir as atividades com esta brincadeira foi o de proporcionar entrosamento, diversão, espírito de equipe e alegria aos membros da família, após termos feito as atividades propostas para cada família.

7° Encontro: Complementando os dados de construção- desconstrução e iniciando a reconstrução do significado do ato de comer.

Neste 7° encontro, somente com a família Buscapé trabalhei com uma dinâmica diferente. A partir da dinâmica anterior, percebi a necessidade de se explicar para a família como os nutrientes são metabolizados pelas pessoas com e sem SD. O objetivo principal desta dinâmica foi o de co-relacionar metabolismo e limites na alimentação. 1° Momento: Brincadeira Costa com Costa - para todas as famílias.

Objetivo: Descontrair, alongar e desinibir, preparando-os para a atividade seqüencial. Tempo utilizado: 10 minutos

Procedimentos: Solicitou-se aos participantes que formassem duplas e que ficassem posicionados de costas, costa com costa, bem juntinhos. Em seguida, solicitou-se que cada integrante da dupla pegasse as mãos um do outro, por cima, de modo a ficarem com os braços bem esticados. Segurando as mãos, pediu-se para um deles dobrar bem devagar para frente, ficando com o corpo do parceiro sobre as suas costas. Depois, deveriam trocar a sua função.

107

2° Momento: Dinâmica do Feedback Sanduíche para as famílias Flores, Boaventura e Unida.

O objetivo e os procedimentos desta dinâmica, já descritos anteriormente, foram mantidos para estas famílias.

Resultados:

1) O HÁBITO CRIANDO A ROTINA PELA REPETIÇÃO

Família Flores: O gosto e preferência pelos alimentos doces, como, chocolate, bolacha recheada, brigadeiro é observado em Regina e repetido por Bárbara. Sérgio não come saladas, seu filhos também não. Regina é a pessoa responsável pelo cardápio familiar. Ela que decide o que comer. Se ela não quiser cozinhar, todos irão comer em restaurante ou um lanche rápido. Todos os membros comem quatro vezes ao dia. Família Boaventura: Lessa não tem o hábito de comer frutas diariamente. Festival de Dança também não. Lessa come três vezes ao dia, seu pai também o fazia. Festival de Dança e Bela seguem este ritmo. Lessa atualmente come peixe, pois Bela introduziu-o em sua alimentação. Ela começou a comê-lo depois que morou um tempo com seus avós. Atualmente nesta família, o almoço não é realizado conjuntamente. Seus integrantes comem de três a quatro vezes ao dia.

Família Unida: Carol come por ansiedade. Este comportamento foi adquirido na sua infância quando permanecia longos períodos em casa, sozinha com a irmã. Por não ter nada o que fazer, comia. Nesta época, também passou por uma situação de medo que fez com que registrasse em seu cérebro esta associação: estou com medo, como. Seu filho Everton também repete seu comportamento, especialmente à noite. Carol é quem decide o que comer, onde comer. Entretanto, seus filhos decidem o quanto comer. Carol come três vezes ao dia, Duda quatro e Everton seis (duas refeições na escola). 2) O CÉREBRO E O INUSITADO: DRIBLANDO A ROTINA

Família Boaventura: Festival de Dança também gosta da rotina e precisa dela, pois se a mesma for quebrada, fica irritado, sem rumo. Lessa também gosta da rotina. É

uma pessoa rotineira, criado por uma mãe também rotineira, inclusive quanto ao hábito de comer. Assim, eles não conseguem sair desta rotina.

Família Flores: Regina expressou se descontentamento para com as rotinas domésticas (lavar, passar, limpar, entre outras). E colocou a culpa nelas por não poder fazer coisas para seu benefício (estudar).

Família Unida: Esta família não se manifestou sobre as rotinas diárias. 3) A ROTINA ALIMENTAR E A CONCEPÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Família Unida: Carol também falou que às vezes come por obrigação, por necessidade, porque senão, não consegue viver.

As famílias Boaventura e Flores não têm esta concepção sobre o ato de comer. 4) A MÍDIA INTERFERINDO NA ROTINA FAMILIAR

Família Flores: Esta família admitiu que seu filhos usam a televisão e o computador com muita freqüência. Desta forma, as refeições são feitas de maneira muito rápida, pois Osvaldo e Bárbara precisam usar o computador, ver a televisão. Quais os sites que acessam? Com quem conversam? Sobre o quê? E os programas de TV, contribuem ou não para o desenvolvimento sadio deles? Esta utilização exagerada destes instrumentos comunicacionais não impede o diálogo entre pais e filhos? Ou será que é isso mesmo que os pais desta contemporaniedade desejam?

Já nas famílias Família Unida e Boaventura, este comportamento não é evidenciado. 5) O ESTIGMA DE SER “DIFERENTE” E A PERMISSIVIDADE ALIMENTAR Família Flores: Esta família disse que usa o alimento como forma de compensação para com seu filho Osvaldo. Até sua avó usa o alimento preferido dele para acalmá-lo, quando vai buscá-lo na escola.

As famílias Unida e Boaventura não se utilizam deste recurso para mostrar a seus filhos com Down que não são “diferentes”

109

6) CRENÇA SOBRE O GANHO DE PESO

Família Flores: Para esta família, o motivo que levou Osvaldo começar a ganhar peso foi a introdução dos alimentos sólidos.

Família Boaventura: Para Bela, Festival de Dança começou a ganhar peso na época em que foi diagnosticado o hipotiroidismo. Entretanto, outro fato, que também contribuiu para isto, no mesmo período, e que ficou mascarado pela doença, foi o fato dele ter saído da escolinha da professora Deise, com a qual mantinha um vínculo afetivo muito grande. O emocional e o físico se complementaram para decretarem o aumento de peso.

Família Unida: Carol relatou que começou a ganhar peso faz três anos. Neste período seu marido acidentou-se de caminhão. De lá para cá, começou a aumentar o peso. 7) A FALTA DE LIMITES

Família Flores: Esta família admitiu que é difícil colocar limites nos filhos, porque Sérgio e Regina têm educações diferentes.

Família Boaventura: Esta família também admitiu que se utiliza da estratégia da chantagem com Festival de Dança, quando precisa que ele os obedeçam. Ela acontece em várias situações do seu quotidiano, como por exemplo, na situação de ir à escola, ir visitar alguém que ele não queira e, inclusive com os alimentos.

A família Unida não usa deste artifício para pôr limites a todos que a compõem. Nela, a educação dada tem base no limite e, sobretudo, quando a atitude de um prejudica o todo.

8) A INSACIEDADE DAS PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN

As famílias Unida e Boaventura têm problemas com relação à saciedade alimentar de seus filhos. Everton solicita mais alimentos após jantar e sua mãe tem que controlar sua quantidade de alimentos. Os pais de Festival de Dança também admitiram que o advertem quando abusa da quantidade de comida.

9) AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA NO ATO DE COMER