Sexo Tipo de Deficiência
4.3 Procedimentos Metodológicos 1 Procedimentos Gerais
4.3.2.1 Avaliação Antropométrica
Os indivíduos da nossa amostra foram sujeitos a dois tipos de testes de avaliação, como já referimos. Relativamente à primeira aferição - avaliação das variáveis antropométricas - foram mensurados o peso, altura, índice de massa corporal (IMC), e percentagem de massa gorda.
Descrevem-se seguidamente e de forma breve as provas utilizadas para a avaliação das componentes antropométricas, segundo Sobral e Silva(2001).
Peso
Esta componente foi medida com o indivíduo descalço, em fato de treino e totalmente imóvel, com uma balança de marca Electronic Personal Scale, modelo JT 116.
75 Estatura
A estatura foi medida entre o ponto superior da cabeça, e o plano de referência do solo. As medidas foram registadas em centímetros com aproximação à primeira casa decimal usando para esse efeito uma fita métrica fixada na parede.
Índice de Massa Corporal (IMC)
O IMC é reconhecido como sendo um padrão internacional para avaliar o grau de obesidade. É determinado pela divisão do peso do indivíduo pelo quadrado de sua altura, onde a massa é expressa em quilogramas (Kg) e a altura em metros (m).
Percentagem de Massa Gorda
Esta percentagem foi medida através de uma balança de referência Fagor BB 200-BF, sendo que o indivíduo permanecia imóvel, segurando a balança com os braços em extensão à frente do peito.
4.3.2.2 Avaliação da Aptidão Física
Quanto à avaliação da AF, medimos a velocidade dos membros superiores, o equilíbrio, a flexibilidade, a força explosiva e estática, a velocidade-coordenação, a força do tronco e a resistência cardiorrespiratória, utilizando para isso vários testes. De todos os testes estudados, a bateria de teste Eurofit (1990), pareceu-nos o instrumento mais adequada à nossa população alvo e cujos testes foram experimentados em mais de 50000 escolas em toda a Europa. No entanto, encontramos autores que enunciaram grandes dificuldades na realização de alguns dos testes contidos nessa mesma bateria. Nesse sentido, optamos por substituir alguns dos testes apresentados na bateria Eurofit, nomeadamente o teste do equilíbrio e da resistência cardiorrespiratória.
Relativamente ao equilíbrio o teste (flamingo), referenciado no manual de AF da Eurofit, revelou-se segundo Sanchez e Vicente (1988), (cit. por Maia, 2002, p. 95), desadequado para a população com SD e com DI, dado que os indivíduos apresentavam frequentemente resultados negativos, pois os alunos
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não conseguiam realizar o teste sem ajuda, quer de um adulto ou mesmo da parede, o que não era permitido segundo o protocolo de realização. O teste de flamingo foi então substituído pelo teste de equilíbrio de Johnson e Nelson (1986), que não oferecia qualquer tipo de contra indicações para ser realizado por uma população com DI e com SD.
No que se refere à componente de resistência cardiorrespiratória, verificamos segundo a revisão da literatura a existência de várias opiniões relativamente à avaliação desta mesma componente. Deste modo, segundo Rintala (1995), (cit. por Maia, 2002, p. 53) é deveras importante que todos os indivíduos tenham um nível mínimo de capacidade cardiorrespiratória para que possam viver saudavelmente. De acordo com Fernhal e Tymeson (1988) e Rintala (1995),(cit. por Maia, 2002, p. 78) indivíduos com DI poderão apresentar uma maior dependência dos seus níveis de resistência cardiorrespiratória comparativamente a indivíduos sem DI. Um adequado nível de capacidade cardiorrespiratória poderá ainda ajudar as pessoas com DI a participarem com sucesso em atividades do dia-a-dia, e de lazer.
Shepard (1990), aponta problemas secundários na realização dos teste de aptidão cardiorrespiratória, nomeadamente o não entendimento das regras do teste, a falta de motivação e até o fato de os indivíduos não saberem lidar com a fadiga. Seidl e colaboradores, (1987), Lavay e colaboradores, (1990) e Rintala (1995), (cit. por Maia, 2002, p. 79), citam ainda outros fatores que poderão afetar a avaliação dos testes de resistência cardiorrespiratória em indivíduos com DI entre eles: i) o julgamento da terminação dos testes por parte dos indivíduos com deficiência e a dificuldade em aderir à cadência; ii) a eficiência fisiológica; iii) a motivação; iv) e o entendimento dos testes realizados pelos indivíduos. Todos estes fatores devem ser tidos em conta quando se planeiam testes, mas a motivação para um máximo desempenho é a chave de sucesso, e não pode ser suprimida. Desta forma, a seleção do nosso teste de avaliação de resistência cardiorrespiratória teve como objetivos proporcionar um teste que fosse motivador, de fácil compreensão e aplicação, e que não demorasse tempo demasiado, evitando assim que os indivíduos entrassem em fadiga. O teste selecionado é designado como corrida estacionária de um
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minuto (F. Sobral & M. Silva, 2001a). O teste referido foi desenvolvido e realizado por Sobral (1986) e mais tarde realizado por Ferreira (1997).
Após o exposto passamos a referenciar as provas utilizadas para o nosso estudo. Elas foram constituídas pelas seguintes componentes e respetivos fatores: equilíbrio (equilíbrio geral), velocidade (velocidade dos membros), força (explosiva e estática e do tronco), flexibilidade, velocidade (velocidade- coordenação), resistência cardiorrespiratória. À exceção da prova de equilíbrio, e resistência cardiorrespiratória, todos foram efetuados de acordo com o protocolo de AF da Eurofit.
Todos os registos foram recolhidos numa grelha elaborada para o efeito (Anexo 4).
Passamos de seguida à descrição sumaria das provas utilizadas neste estudo para avaliação da AF. A sua descrição pormenorizada encontra-se no anexo 3. Equilíbrio - Equilíbrio geral (Johnson & Nelson, 1986)
Descrição do teste: a partir do pé da perna dominante, coloque o outro pé no lado interior do joelho apoiado e coloque as mãos nos quadris. Ao sinal, eleve o calcanhar do chão e mantenha o equilíbrio sem mover o pé de apoio da sua posição inicial.
Resultado: o resultado foi obtido com base no tempo que o indivíduo conseguir manter a posição descrita. O equilíbrio foi realizado em três tentativas com o pé preferido. Só o melhor resultado foi registado.
Velocidade dos membros (Eurofit, 1990)
Descrição do teste: bater rápida e alternativamente em dois discos com a mão escolhida.
Resultado: o tempo necessário para o indivíduo tocar em cada disco 25 vezes. Anotou-se o melhor resultado obtido em décimos de segundo.
Flexibilidade (Eurofit, 1990)
Descrição do teste: em posição sentada, flexão para a frente o mais longe possível.
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Resultado: foi registado o melhor dos dois resultados, e foi expresso pelo número de centímetros atingidos na escala desenhada na parte superior da caixa.
Força explosiva (Eurofit, 1990)
Descrição do teste: salto em comprimento a partir da posição em pé.
Resultado: o melhor dos dois resultados foi registado e anotado em centímetros.
Força estática (Eurofit, 1990)
Descrição do teste: Com um dinamómetro manual exercer a maior pressão de modo progressivo e contínuo, afastado do corpo, e pelo menos durante dois segundos.
Resultado: foi registado o melhor dos dois resultados obtidos em quilogramas (grau de precisão: 1 kg).
Força do tronco (Eurofit, 1990)
Descrição do teste: efetuaram, em 30 segundos, um número máximo de flexões a partir da posição de sentado.
Resultado: foi registado o número total de flexões corretas e completamente executadas.
Velocidade - coordenação (Eurofit, 1990)
Descrição do teste: realizou-se um teste de corrida de ida e volta a uma velocidade máxima.
Resultado: o tempo registado foi o tempo necessário para percorrer 5 ciclos, expresso em décimos de segundos.
Resistência cardiorrespiratória (F. Sobral & M. Silva, 2001a)
Descrição do teste: foi utilizado um metrónomo para marcar o ritmo de corrida em 180 batimentos por minutos (bpm). Determinou-se a FC antes do início da prova de esforço. O executante correu no mesmo lugar elevando as coxas até à horizontal. Assim que terminava a prova era realizado um novo registo da FC.
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Resultado: foram feitas as recolhas de FC antes do esforço (Pr), imediatamente após o esforço (P1) e um minuto após a sua conclusão (P2). Obtivemos portanto, três medidas diretas da FC e um valor que representava a recuperação cardíaca, a diferença R entre P2 e P1.
O metrónomo utilizado foi da marca Musedo, Modelo Metro-tuner MT- 30.