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Avaliação da aprendizagem dos alunos

2. OS CICLOS NO BRASIL

2.1. Principais interesses de investigação acadêmica sobre a temática dos ciclos no

2.1.3. Avaliação da aprendizagem dos alunos

Os pesquisadores que se esforçaram em investigar no período de 2000 a 2011 a relação entre aprendizagem e organização curricular em ciclos seguindo o levantamento realizado foram: Núbia Aparecida Imaculada Alcântara, Rosalva Pereira de Alencar, Ana Maria Bezerra de Almeida, Maria Clara Ede Amaral, Rayssa Lopes Bastos, Renata Cristina Cabrera, Ana Carolina Christofari, Emmanuel Ribeiro Cunha, Vaneide Correa Dornellas, Inês Porto Farias, Ana Cristina Corrêa Fernandes, José Luiz Saldanha da Fonseca, Suzana dos Santos Gomes, Adriane Knoblauch, Virgínia Cecília da Rocha Louzada Launé, Jussara Margareth de Paula Loch, Regina Sandra Marchesi, Maria

Noraelena Rabelo Melo, Cíntia Metzner, Sonia Maria de Souza Fabrício Neiva, Maria Susley Pereira, Lenine Antônio dos Reis, Silvany Bastos Santiago, Cláudia Nazaré Gonçalves de Souza, e, por fim, Ana Paula Russo Villar.

O trabalho de Alcântara (2002) visou analisar a aprendizagem dos alunos do ensino fundamental que freqüentavam a escola no período noturno em Uberlândia após a implantação do Sistema de Ciclos nas Escolas da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais. A coleta de dados para a pesquisa foi realizada mediante a utilização de questionários abertos aplicados para vinte e sete docentes em sete Escolas Estaduais da cidade de Uberlândia/MG que possuem o ciclo avançado no período noturno chegando a autora a três diferentes constatações: primeira – a proposta dos ciclos seria mais coerente que a seriada para a realidade desigual brasileira, segunda – a metodologia do Estado foi inadequada porque não levou em consideração as especificidades da clientela noturna e terceiro – o não entendimento de administradores e docentes sobre a proposta dos ciclos.

Alencar (2006), realizando um estudo de caso coletando dados por meio de entrevistas com docentes, diretora e coordenadores pedagógicos sobre a primeira fase do segundo ciclo, procurou analisar a concepção de ciclos de formação e sua repercussão na prática pedagógica e na avaliação da aprendizagem na escola ciclada de Cáceres-MT, ressaltando a permanência de uma cultura escolar seriada, o que dificulta o processo de organização curricular por ciclos de aprendizagem. Amaral (2006) também investigou professores do 1° e 2° ciclos do ensino fundamental de duas escolas estaduais de Cáceres/MT com a finalidade verificar a viabilidade ou não do modelo de avaliação escolhido com o uso de relatórios descritivos.

Adotando como metodologia de pesquisa a entrevista compreensiva, fundamentada nos pressupostos sociológicos do francês Jean Claude Kaufmann, Almeida (2008) entrevistou quinze professoras de quinze escolas da rede estadual de ensino de Fortaleza com a finalidade de entender os sentidos atribuídos pelas professoras que vivenciam os ciclos em escolas de Fortaleza-CE sobre avaliação da aprendizagem.

Bastos (2007) em sua dissertação de mestrado propôs-se a entender como as docentes de uma escola pública estadual organizada em ciclos, localizada em de Juiz de Fora, Minas Gerais, interpretam a proposta desse modelo de organização curricular e como as mesmas constroem as suas práticas pedagógicas avaliativas e o que estas práticas representam. Para tanto, a pesquisadora utilizou-se de observação participante

junto a nove Conselhos de Classe em 2006 e a seis em 2007, bem como foram aplicados entrevistas e questionários a quinze professoras que atuam na primeira fase do ensino fundamental.

Por meio da coleta de dados em forma de entrevistas realizadas a sete docentes de uma escola da rede estadual de ensino localizada no município de Cuiabá – MT, Cabrera (2004) procurou identificar as práticas avaliativas na unidade escolar investigada que organiza a sua estrutura curricular por ciclos, verificando que a prática de reprovação ainda se estabelecia entre os ciclos, porém, tendo que ser justificada pelos docentes as práticas pedagógicas realizadas em sala de aula para atender as necessidades de aprendizagem dos alunos retidos. Christofari (2008), realizando a sua pesquisa em uma escola da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, também possui como objeto de sua investigação, relatar e entender como as práticas pedagógicas de avaliação nessa unidade escolar organizada em ciclos foram re-elaboradas com a introdução dessa proposta de estrutura curricular, afirmando que as mesmas intercalavam práticas classificatórias do sistema seriado e práticas que tentavam romper com essa lógica

avaliativa.

Cunha (2003) propôs-se a investigar as práticas pedagógicas de duas docentes consideradas pelo grupo de profissionais da “Escola Cabana”, da qual também fazem parte, e são bem sucedidas em suas ações pedagógicas. A proposta de organização curricular dessa unidade escolar, como já mencionado em outros momentos, é por Ciclos de Formação. Desse modo, a tese de Cunha (2003) buscou oferecer com os seus resultados dados que beneficiem a profissionalização do professor. Para isso, sua pesquisa teve como objetivo central caracterizar as práticas pedagógicas e as representações dessas professoras, bem como o entendimento das mesmas em relação ao ensino e à avaliação.

Relacionando a temática da organização em ciclos e aprendizagem, Dornellas (2003) em sua dissertação de mestrado buscou analisar a experiência dos Ciclos de Formação Básica implantada na rede estadual de ensino de Minas Gerais, no final dos anos 90, centrando sua atenção na questão dos processos de avaliação. Argumentando que tal proposta em Minas Gerais fundamentou-se em pressupostos construtivistas e sócio-interacionistas, Dornellas (2003) procurou entender o conceito de avaliação presente na proposta pedagógica dos Ciclos de Formação Básica, verificar os elementos que contribuem para a adesão e recusa de tal proposta de ação de ensino e, por fim, analisar as modificações que tal implantação causou na prática docente, principalmente, no que concerne à avaliação.

Farias (2004), também voltando a sua atenção para a questão da avaliação em organizações curriculares em ciclos, buscou na sua dissertação de mestrado identificar as condições que fundamentavam os procedimentos de avaliação desenvolvidos por quatro docentes de uma unidade escolar organizada por Ciclos de Formação na Rede Pública do Município de Porto Alegre. Nesse mesmo sentido, centrando a sua atenção na questão da avaliação dentro do processo de ensino-aprendizagem, Fernandes (2006) procurou levantar os sentidos atribuídos por professoras do primeiro ciclo de formação sobre avaliação, identificados por meio de registros de classe realizados pela Secretaria Municipal de Educação do município do Rio de Janeiro, bem como das “falas” dessas docentes. E ainda, com a mesma intenção, Fonseca (2003) também buscou levantar as concepções de docentes que ministram aulas sobre o conteúdo curricular de Ciências no terceiro ciclo de formação da Rede Municipal de Belo Horizonte – MG, sobre avaliação na perspectiva da proposta pedagógica “Escola Plural” que organiza o seu currículo por ciclos de aprendizagem.

Preocupado em investigar a permanência ou não da lógica do sistema curricular seriado em uma escola pública localizada na cidade de Curitiba que adotou a proposta dos ciclos como organização curricular, Knoublach (2006) observou quatro turmas, por meio de entrevistas com as docentes e com a equipe pedagógica e administrativa da escola, bem como teve acesso aos registros das avaliações elaborados pelas professoras, verificando que a lógica do sistema seriado não teria sido totalmente superada, mas que também não se apresentou intacta, pois a unidade escolar por meio da sua própria cultura buscou procurar respostas que contemplasse de maneira coerente a proposta curricular dos ciclos, apresentando elementos dos dois tipos de organização.

Launé (2006), tendo como fonte de dados a sua própria experiência como docente, em sua dissertação de mestrado se propôs a analisar a convivência da organização curricular em ciclo e seriada no sistema educacional público carioca, dando maior enfoque à questão da avaliação no 1º Ciclo de Formação no município do Rio de Janeiro. Também levando em consideração a própria experiência profissional como docente, Loch (2006) buscou detectar as processos de exclusão a que são sujeitados alunos de classes populares no processo de avaliação, oriundos de uma escola municipal localizada na periferia de Porto Alegre que possui como proposta pedagógica a Escola Cidadã por Ciclos de Formação.

Utilizando-se de entrevistas com roteiros semi-estruturados, Marchesi (2003) coletou dados junto a vinte e dois alunos do IV ciclo, seis professores que ministravam

aulas para esses alunos e para uma pedagoga. As entrevistas aplicadas tiveram como objetivo analisar a prática da avaliação realizada pela unidade escolar da rede municipal de Vitória /ES - “José Áureo Monjardim”. Nessa investigação, a pesquisadora constatou que a escola reestruturou o seu projeto político-pedagógico modificando a prática da avaliação em todos os ciclos, prática essa que a autora denominou de avaliação diagnóstica mediadora. Realizada por meio de entrevistas e dados documentais, a uma das unidades escolares da rede pública estadual localizada em Fortaleza – CE, também com o objetivo de analisar a prática pedagógica da avaliação na organização curricular em ciclos, implantada no Estado do Ceará desde 1998, a investigação de Melo (2006) já mostrou que a prática da avaliação no primeiro e segundo ciclos de formação nessa unidade escolar não sofreu as alterações que a proposta oficial dos ciclos almejava, permanecendo em um processo avaliativo centralizado na nota e na classificação.

Também investigando a questão da avaliação no programa “Escola Sem Fronteiras” organizado em ciclos, Metzner (2003) procurou, em dissertação de mestrado, analisar a metodologia de avaliação da aprendizagem denominada de “pareceres descritivos”. Esses pareceres são documentos elaborados trimestralmente pelos docentes de cada ciclo com o objetivo de analisar e interpretar os avanços da aprendizagem de cada aluno. Metzner (2003) analisando essa metodologia de avaliação procurou demonstrar possíveis limitações, avanços e sugestões de encaminhamentos para a formação continuada de professores que atuam em escolas organizadas por ciclos.

Estabelecendo relação entre o currículo por ciclos e a aprendizagem, Neiva (2003) investigou a prática pedagógica de avaliação de três professoras que atuavam respectivamente no segundo ano do ciclo básico, terceiro ano ciclo básico e terceiro ano do ciclo intermediário, de uma escola de educação fundamental no município de Paracatu/MG organizada em ciclos de formação. Foram entrevistadas as professoras já anunciadas, a diretora e vice-diretora da unidade escolar e supervisoras, bem como analisados os documentos que forneciam as diretrizes para a escola se organizar em ciclos. Os resultados da pesquisa verificaram a não presença de um consenso sobre o entendimento da escolaridade organizada em ciclos por parte dos entrevistados, e ainda permitiram observar que as docentes, embora procurassem organizar a avaliação de uma maneira diferente, faziam prevalecer ainda o modelo da avaliação do sistema seriado.

Pereira (2008) teve como objetivo da sua pesquisa entender como era o procedimento pedagógico de avaliação de uma docente que atuava no Bloco Inicial de

Alfabetização em uma das escolas da rede de ensino pública do Distrito Federal organizadas em ciclos, o que pressupõe uma compreensão diferenciada do processo de avaliação presente nas escolas seriadas. Como em outras pesquisas, os resultados sinalizaram que o trabalho pedagógico da docente observada não era fundamentado nos princípios metodológicos do Bloco Inicial de Alfabetização que tinha como premissa a organização curricular em ciclos de aprendizagem.

Traçando um estudo comparativo, Reis (2009) procurou investigar as concepções de avaliação da aprendizagem em uma escola organizada em séries e uma escola com regime de ciclo, ambas escolas de anos iniciais do ensino fundamental, demonstrando que as mesmas, independente da organização do tempo escolar, conseguem realizar avaliações diagnósticas e também trazem a prática tradicional de avaliação.

Santiago (2003), por meio de um estudo de caso de caráter etnográfico, preocupou-se com a temática da avaliação inserida no contexto dos ciclos de aprendizagem. Desse modo, a pesquisadora buscou verificar as representações dos docentes que atuavam na Escola do Ensino Fundamental e Médio “D. Antônio de Almeida Lustosa” sobre as políticas educacionais de órgãos superiores, o entendimento desses profissionais sobre os ciclos de aprendizagem e suas práticas de avaliação tendo em vista essa proposta pedagógica.

Como já estudada em outros trabalhos, a “Escola Cabana”, organizada sobre os pressupostos da organização em ciclos com uma abordagem sócio-interacionista, também foi lócus de investigação de Souza (2005). Em seu estudo, a pesquisadora buscou analisar as práticas de avaliação no ensino de português, identificando quais concepções de ensino/aprendizagem da língua materna permeiam a prática pedagógica dos docentes que atuavam no Ciclo Básico II.

E, por fim, temos o trabalho de mestrado de Villar (2009), cuja compreensão explica que o fato da unidade escolar adotar o regime curricular por ciclos de aprendizagem, exige dela mesma uma modificação nas suas práticas e concepções pedagógicas. Nesse sentido, sua pesquisa intentou compreender as práticas pedagógicas que envolviam processos avaliativos em uma organização escolar por Ciclos de Aprendizagem, identificando os aspectos coerentes e incoerentes entre a concepção desse sistema e a sua materialização no dia-a-dia da unidade escolar investigada da Rede Municipal da Cidade do Recife, efetuando um estudo de caráter etnográfico com três professoras dos anos iniciais do ensino fundamental, a diretora e a coordenadora.

Os resultados da pesquisa consideraram que a adoção do regime em ciclos não trouxe modificações substanciais, somente mudanças restritas a aspectos técnico-instrumentais, mas sem relação com os pressupostos do regime ciclado, fundamentando o processo de avaliação sobre concepções autoritárias e classificatórias.

2.1.4. Representações de docentes, alunos e pais sobre questões relativas aos ciclos