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Representações de docentes, alunos e pais sobre questões relativas aos ciclos

2. OS CICLOS NO BRASIL

2.1. Principais interesses de investigação acadêmica sobre a temática dos ciclos no

2.1.4. Representações de docentes, alunos e pais sobre questões relativas aos ciclos

representações sociais tanto de docentes como de alunos e pais sobre o regime da escolaridade em ciclos foram os dos seguintes pesquisadores: Marisa Inês Brecovici Araújo, Gislene Souza de Sá Azevedo, Maria Pia Gomes Bezerra, Carolina Simões Dér, Virgínia Teixeira Despointes, Roberta Medeiros Diniz, Andréa Rosana Fetzner, Elias José Lopes de Freitas, Dília Maria Andrade Glória, Márcia Aparecida Jacomini, Rafael Rocha Jaime, Sidineia Muniz Kaneko, Cristiane Figueiró Klovan, Cleucy Meira Tavares Lima, Simone Aparecida Machado, Valdemar Marcolan, Flávia Carvalho Malta de Mello, Suelly Perrusi Bandeira de Mello, Nilza Maria de Oliveira, Graziela Macuglia Oyarzabal, Rita de Cássia Petrenas, Silvia Oliveira de Souza Monteiro dos Santos e Tássia Ferreira Tártaro.

Relacionando as representações dos sujeitos à questão do ensino por ciclos de aprendizagem, Araújo (2005) procurou investigar se existe resistência dos docentes da rede estadual de ensino de Mato Grosso no município de Rondonópolis com relação à organização curricular por ciclos de aprendizagem por meio de entrevistas a esses profissionais, constatando a negação dos docentes em relação a esse regime por diversos fatores, entre eles: a insegurança e a falta de entendimento sobre a proposta de ciclos, a modo como foi realizada a implantação do ciclo, bem como a acomodação dos professores e a permanência de práticas pedagógicas características do regime seriado.

Preocupada com um componente curricular em específico – o de ciências –, a pesquisadora Azevedo (2009) também buscou verificar as representações sobre a organização em ciclos de todos os docentes que atuavam no ciclo II da rede municipal de educação de Goiânia ministrando aulas de ciências por meio de entrevistas semi- estruturadas. Trabalhando também com a teoria das representações sociais, Dér (2005) em sua pesquisa de mestrado procurou conhecer a representação social dos docentes que atuavam no Ensino Fundamental I das escolas da rede municipal de ensino do Estado de

São Paulo, tanto no que dizia respeito à questão da implantação da progressão continuada como da organização do ensino em ciclos.

Interessante observar que várias pesquisas preocuparam-se em investigar as representações sociais de docentes sobre a organização curricular em ciclos, mas em diferentes contextos de implantação. Nessa perspectiva podemos citar os trabalhos de Diniz (2007) no contexto social do ensino fundamental na rede estadual de ensino de Minas Gerais, entre 1998 e 2003, Fetzner (2007) sobre as formas de implementação dos ciclos em três municípios brasileiros e a não aprendizagem dos alunos, Klovan (2008) que buscou rever os princípios originários da política educacional adotada em Porto Alegre com a implantação do Ensino por Ciclos de Formação (ECF), Lima (2002) que também investiga a implantação do regime por ciclos em Porto Alegre, Machado (2005) que se propôs a investigar a compreensão dos docentes sobre o ensino em ciclos na rede municipal de São Paulo, Marcolan (2003) que buscou saber o entendimento dos docentes sobre a proposta da escola em ciclos para o ensino fundamental da Rede Pública Estadual da cidade de Barra do Garças - MT em 2001 e 2002 em nove unidades escolares, Mello (2009) que teve como objetivo analisar as representações sociais de docente que atuavam na rede municipal de ensino do Recife sobre a organização em ciclos, Petrenas (2006) que também analisa as representações sociais sobre os Ciclos de Aprendizagem de docentes que ministravam aulas no 2º e 3º ciclos do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior paulista e, ainda, temos o trabalho de Tártaro (2009) que procurou investigar tanto as concepções como as práticas pedagógicas de docentes que atuavam em uma escola municipal de Minas Gerais sobre os ciclos e suas dificuldades em colocar tal proposta em prática.

Preocupados também em investigar as representações sociais sobre o sistema escolar em ciclos de aprendizagem e suas manifestações nos diversos aspectos que envolvem o processo de ensino-aprendizagem, principalmente no que concerne às práticas de avaliação, temos os trabalhos de Despointes (2001), Glória (2002), Jacomini (2008) e Oyarzabal (2006) que, para além das representações dos docentes, buscaram englobar os pareceres de pais e alunos, procurando, desse modo, considerar a comunidade escolar, mas em contextos de investigação diferentes. Despointes (2001) investigou etnograficamente uma escola pública da Região Metropolitana de Belém para levantar as representações que os sujeitos da comunidade escolar possuíam sobre a proposta dos Ciclos Básicos. Glória (2002), nesse mesmo sentido, intentou descrever e analisar a prática da não reprovação por meio de depoimentos realizados por alunos,

familiares e professores de uma escola fundamental da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte que assumiu um projeto político-pedagógico denominado de “Escola Plural” desde 1995. Jacomini (2008) investigou a concepção de pais e alunos do ensino fundamental sobre a organização do ensino em ciclos e a progressão continuada realizada em duas escolas municipais de São Paulo. E ainda o trabalho de Oyarzabal (2006) que, considerando o contexto educacional de Porto Alegre/RS, buscou conhecer os sentidos atribuídos por docentes, pais e alunos sobre o ensino fundamental de escolas públicas municipais organizadas em regime de ciclos plurianuais.

Assim como Glória (2002), que investigou o programa “Escola Plural” em Belo Horizonte, as pesquisas de Freitas (2000) e de Mello (2001) possuem em comum o estudo sobre a escola plural, investigando a sua implantação e representações. Em Freitas (2000) a implantação da escola plural e suas estratégias de avaliação foram investigadas por meio das concepções somente dos pais de alunos em duas escolas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. Na pesquisa de Mello (2001) buscou-se discutir como a questão do fracasso escolar tem sido abordada na experiência da proposta “Escola Plural”, implantada na rede municipal de ensino de Belo Horizonte/MG, através de coleta de dados com entrevistas a docentes e dados documentais sobre as políticas educacionais nacionais e a proposta local do regime em ciclos, estabelecendo um confronto de posicionamentos, pois as coletas de entrevistas foram realizadas com doze professores de quatro unidades escolares diferentes, sendo duas consideradas resistentes à proposta Escola Plural e as demais como favoráveis.

Jaime (2007), em sua dissertação de mestrado em Ciências Sociais, investigando um fenômeno social específico da educação também procurou compreender as percepções de sujeitos diferentes da comunidade escolar de uma escola pública na região metropolitana do Rio de Janeiro - Nova Iguaçu - sobre a política de aprovação automática sustentada no regime curricular organizado em ciclos. Também realizando um estudo no Rio de Janeiro, Kaneko (2008) teve como seu objetivo de pesquisa investigar a concepção de sucesso escolar na visão de docentes, pais e/ou responsáveis, como também dos alunos, discutindo a proposta de avaliação dos ciclos na Escola Municipal de Niterói-RJ, Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis, levando em conta aspectos considerados pela já citada unidade escolar como a questão da reorganização do tempo e do espaço escolares, incluindo o que o estabelecimento escolar denomina de “reagrupamento dos alunos”.

ciclos de aprendizagem, temos as pesquisas de Oliveira (2005) e Santos (2007). Oliveira (2005) procurou analisar o sistema de ensino organizado por ciclos de Formação e Desenvolvimento Humano em duas escolas da rede municipal de Goiânia que faz parte do projeto intitulado “Escola para o século XXI”, verificando a relação que as docentes estabeleciam entre a concepção de ensino e aprendizagem da proposta, delas mesmas e de suas práticas pedagógicas e, por fim, a pesquisa de Santos (2007) que teve como curiosidade epistemológica analisar os saberes adquiridos pelos professores com organização da escola em ciclos e as estratégias para a criação e/ou construção das mesmas no contexto de escolas da rede municipal de São Gonçalo no Rio de Janeiro.