• Nenhum resultado encontrado

5 ANÁLISES INTERVENTIVAS PARA A AMPLIAÇÃO DA

5.1 Desempenho comunicativo intrapessoal

5.1.3 Avaliação contrastiva de desempenho intrapessoal

Realizamos a análise contrastiva entre a Coleta individual intermediária e a Coleta

Individual Final segundo os mesmos parâmetros de referência, expressos na tabela a seguir:

Tabela 3 - CONTRASTE ENTRE Coleta Intermediária e Coleta Individual Final

CRITÉRIOS 1ºDESEMPENHO

Coleta Intermediária 2ºDESEMPENHO Coleta Final DESEMPENHO INTRAPESSOAL

Presença excessiva de pausas,

hesitação ou truncamento 62,5% 50%

PROGRESSIVO

Presença excessiva de Marcadores

Conversacionais 62,5% 12,5%

PROGRESSIVO

Presença de comprometimento na

Progressão Temática 37,5% 25%

PROGRESSIVO

Baixa variação no Repertório

Vocabular 50% 50%

REGRESSIVO

Fonte: Elaborada pela autora(2018).

A competência discursiva representa o domínio de regras e princípios de uso da língua nas diversas situações comunicativas. Segundo Bagno (2007), cada contexto linguístico vai exigir do interlocutor um controle, uma atenção, um planejamento maior ou menor do seu comportamento verbal. As habilidades trabalhadas nas práticas interventivas, e depois avaliadas no discurso dos alunos de 9ºano, é um exemplo desse monitoramento proposto por Bagno, que em nossa pesquisa, denominamos de desempenho linguístico intrapessoal. Por meio das atividades, ampliamos o olhar crítico do aluno sobre a

Critérios Registros

desempenho 1/9 2/10 3/11 4/12 5/13 6/14 7/15 8/16

Presença excessiva de pausas,

hesitação ou truncamento x x x x 50%

Presença excessiva de marcadores

conversacionais x 12,5%

Presença de comprometimento na

Progressão Temática x x 25%

Baixa variação no Repertório

autoavaliação de seu discurso oral, para assim o fazermos ver se e como as condições de felicidade no projeto de dizer pretendido foram alcançadas.

Os estudos de Jubran (2006) sobre as condições de organicidade e de centração do tópico discursivo estabelecem a progressão temática como um elemento importante na construção discursiva; bem como, os estudos de Bagno (2007) sobre as adaptações vocabulares dos falantes mediante os diversos contextos comunicativos, apontam a adequação linguística como outro elemento de destaque na construção do discurso. Esses fundamentos reforçaram as nossas convicções de considerar essas habilidades como critério determinante para o alcance do domínio consciente da norma de prestígio. Assim, denominamos os seguintes parâmetros: i) presença de comprometimento na progressão temática; ii) dificuldade no emprego de repertório vocabular diversificado.

As práticas orais planejadas e retratadas nesta pesquisa revelaram que os alunos do 9ºano apresentam dificuldades quanto a uma explanação com tópicos discursivos diversificados que viessem a ampliar a abordagem do tema. Na tentativa de demonstrar conhecimento do tema através da construção de um discurso prolixo, os alunos proferem vocábulos repetidos, poucas vezes ressignificados, revelando um repertório vocabular pouco diversificado; no entanto percebemos que a consciência de uso adequado e inadequado de gírias e palavras de baixo calão foi facilmente alcançada pelos alunos, visto que eles gradativa e, depois, raramente empregavam termos dessa natureza. Também constatamos que na busca pelos léxicos formais, surgiram até neologismos, comprovando o esforço do aluno em adequar-se à língua culta.

Na análise discursiva oral intrapessoal, a evolução de desempenho nos critérios de adequação linguística e de progressão temática foi discreta; isso revela que a aplicação de mais atividades interventivas seria necessária para que o aluno, através de mais trocas discursivas e de maior contato com situações interativas formais, viesse a ampliar seu repertório vocabular, bem como seus conhecimentos e opiniões sobre temáticas sociais, nas quais ele se sentisse inserido e motivado.

Preti (2002) diz que na análise de um processo interacional focalizado, numa conversação, ou mesmo em parte dela, pode-se observar a possibilidade de planejamento (ou replanejamento) dos falantes, bem comoa fluência conversacional e sua relação com os conhecimentos linguísticos prévios ou compartilhados. Paralelamente Jubran e Koch (2006), na Gramática Textual Interativa, cita os processos de interação verbal (organização tópica,

referenciação, correção e repetição) e ainda inclui os marcadores conversacionais como uma classe formada por expressões linguísticas que atuam na articulação ou no gerenciamento interacional desses processos de construção textual. Portanto esses estudos fundamentaram nossas convicções de considerar mais duas habilidades na análise de desempenho intrapessoal, que são: i) presença (excessiva) de pausas, hesitação; ii) Presença (excessiva) de marcadores conversacionais. Compreendemos que a pausa é necessária para o processamento cognitivo e que a hesitação e o truncamento podem revelar um problema de planejamento (ou de dificuldade ou de equívoco) na construção discursiva; já os marcadores conversacionais, com seu papel coesivo, agem no processo de organização tópica, auxiliando o falante na amarração textual e o ouvinte na percepção interpretativa dos enunciados, no entanto o uso excessivo compromete a construção de sentidos. Ao consideramos a ocorrência de pausas, hesitação, truncamento e de marcadores conversacionais na análise de desempenho intrapessoal, entendemos que o uso excessivo de tais elementos pode atrapalhar o processo de construção para o falante e de interpretação para o ouvinte, pois segundo Urbano ([2006] 2015, p.456) ―o falante verbaliza avaliações subjetivas sobre significações proposicionais, envolvendo-se, pois, com o conteúdo ou comprometendo, retoricamente, seu interlocutor‖.

Nossas análises apontaram que a maioria dos alunos apresentava em seus discursos o uso excessivo de pausas/hesitações/truncamentos. Isso exigia dos alunos a prática de reformulações e evidenciava o replanejamento na construção discursiva culta, no entanto reformulações e pausas excessivas prejudicam a fluidez no discurso do falante. Da mesma forma, o excesso de marcadores conversacionais desconcentra o ouvinte quanto ao foco dos tópicos discursivos e compromete a fluidez conversacional, portanto os dois critérios analisados descaracterizam o aspecto culto das construções discursivas. As atividades interventivas revelaram significativa evolução quanto ao desenvolvimento dessas habilidades, de modo que contribuímos para o alcance dos objetivos desta pesquisa que eram orientar o aluno quanto ao domínio consciente da norma de prestígio e ampliar sua competência discursiva oral.

As atividades interventivas de usos da oralidade no processo de aprendizagem dos alunos constataram que o ensino pela oralidade e da oralidade amplia a competência discursiva no desenvolvimento da habilidade de planejamento ―on-line‖ do discurso oral, pois houve significativa evolução no desenvolvimento de quase todas as habilidades orais.