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Avaliação da correlação entre a função autonômica cardíaca com a frequência cardíaca e o consumo de

Característica da amostra:

3. Avaliação da correlação entre a função autonômica cardíaca com a frequência cardíaca e o consumo de

oxigênio em diferentes condições funcionais

Após discutir o comportamento dos índices da VFC na posição supina, na posição ortostática e na fase de recuperação após o teste de esforço, neste item da discussão será abordado às correlações entre a função autonômica cardíaca na condição de repouso e as variáveis de capacidade física extraídas do teste cardiopulmonar.

Ao proceder às correlações entre os marcadores da VFC e os da capacidade física, buscou-se afastar e/ou controlar a possibilidade de possíveis variáveis intervenientes na variável dependente do presente estudo.

De forma geral, os dados demonstraram que em todas as formas de análise da função autonômica cardíaca por meio da VFC (temporal, espectral, tempo-frequencial e Poincaré) correlacionaram-se com a FC obtida na condição de repouso supino e ortostático. Por outro lado este comportamento não foi verificado para as outras variáveis cardiopulmonares que expressam a capacidade física individual.

A FC per si traduz os ajustes momento-a-momento do balanço autonômico cardíaco. Como esperado verificou-se a correlação negativa entre a FC e os marcadores da atividade parassimpática em todas as formas de análise da VFC na condição de repouso, e em ambas as posições, em que os voluntários foram examinados (supina e ortostática). Os dados demonstram que quanto maior a modulação vagal na condição supina menor a FC registrada na mesma posição. Na posição ortostática notou-se similar comportamento entre da FC e os marcadores da atividade parassimpática.

Na mesma direção dos índices parassimpáticos, os marcadores da modulação global da VFC obtiveram o semelhante comportamento associativo das correlações em

ambas as posições com a FC, ou seja, independentemente da posição observou-se a correlação negativa entre a FC e os marcadores da atividade de modulação global da VFC.

Por outro lado, os marcadores da atividade simpato-vagal que conjuntamente demonstram a atividade simpática e parassimpática correlacionaram-se positivamente com a FC em ambas as posições utilizadas no procedimento experimental. As correlações obtidas foram positivas e demonstraram que independentemente da posição postural, quanto maior à modulação dos marcadores simpato-vagais mais elevado foi o registro da FC.

Os marcadores do balanço autonômico cardíaco comportaram-se equivalentemente aos marcadores simpato-vagais. Verificou-se a correlação positiva entre os marcadores da atividade do balanço autonômico cardíaco com a FC independentemente da posição de análise.

Os dados acima discutidos não estão em conflito com a literatura. As correlações obtidas demonstram a validade do constructo e validade interna do método de análise da função autonômica por meio da VFC.

Por contraste, verificou-se a correlação isolada das variáveis cardiovasculares (FC no limiar anaeróbio, FC no pico do esforço, VO2 no inicio do esforço no limiar anaeróbio e no pico do esforço e o pulso de oxigênio) de forma não constante entre os índices das diversas formas de análise da VFC.

Não foi verificado qualquer tipo de correlação entre os índices da VFC e a FC no limiar anaeróbio durante a posição supina. Contudo na posição ortostática verificou-se a fraca correlação positiva dos marcadores simpato-vagais do balanço autonômico cardíaco e a correlação negativa com o marcador da atividade vagal com a FC no limiar

anaeróbio, ambas no domínio espectral. No Poincaré observou-se correlação negativa da FC na posição ortostática com a variável centróide.

A FCpico também apresentou correlação com a VFC de forma difusa. Foi verificada a correlação negativa da FCpico com a área total da VFC no domínio espectral, na posição ortostática. Ainda nesta posição e agora na posição supina verificou-se a correlação negativa com a variável centróide do Poincaré.

Não foi observado qualquer tipo de correlação entre o VO2 inicial com os índices da VFC nas posições supina e ortostática. O VO2 no limiar anaeróbio também não se correlacionou com os índices da VFC em ambas as posições de análise, salvo pela fraca correlação positiva com a variável SD1 na posição ortostática.

O VO2pico correlacionou-se positivamente apenas com os marcadores da atividade de modulação global (espectral, tempo-frequencial e Poincaré) da VFC na posição supina. Não foi obtido qualquer tipo de correlação entre o VO2 pico com os marcadores da VFC na posição ortostática.

O pulso de oxigênio (VO2/FC) correlacionou-se com os marcadores da VFC somente na posição supina. Verificou-se a correlação negativa do VO2/FC com os índices parassimpáticos no domínio temporal. Correlação positiva com a área total no domínio espectral. Correlação positiva com a variável natureza no domínio tempo – frequencial e Poincaré correlação positiva com a variável centróide e área da elipse.

Os dados obtidos não estão em conflito com a literatura. Estudos vêem sugerindo que a modulação vagal da FC é influenciada por certas condições fisiológicas como idade, massa gorda e condicionamento físico (BUCHHEIT e GRINDE, 2007) Embora os efeitos negativos da idade da gordura corporal estarem claros, ainda existe incertezas sobre a influência do efeitos do condicionamento físico nos índices de modulação vagal da VFC. Diversos autores relataram elevada VFC após avaliação de

atletas, indivíduos treinados e pacientes submetidos a programas de reabilitação cardiopulmonar (GRANT e cols., 2009). Por outro lado, outros pesquisadores falharam em demonstrar correlação entre a elevado condicionamento físico com elevados níveis de atividade vagal (BUCHHEIT e GRINDE, 2007) ou descreveram o não aumento da capacidade de modulação da função autonômica cardíaca após um período de treinamento (HAUTALA e cols., 2001).

Sabe-se que em atletas que apresentam elevada capacidade cardiorrespiratória estão geralmente engajados em programas de treinamento físico, diferentemente de indivíduos não atletas, que quando fisicamente treinados, apresentam menor volume e intensidade de treinamento físico. Os respectivos efeitos do condicionamento físico e do volume de treinamento são freqüentemente confundidos, talvez explicando as inconsistências dos dados apresentados na literatura (BUCHHEIT e GRINDE, 2007).

Em vários estudos transversais vêem sendo estudado a relação entre o VO2max e a VFC. Contudo em muitos desses estudos não são considerados a carga de treinamento individual, ou são comparados com diferentes condições de treinamento como, indivíduos treinados comparativamente a não treinados.

Por outro lado, estas variáveis confundidoras não ocorrem em indivíduos que são sedentários e por natureza apresentam-se com elevado condicionamento cardiorrespiratório sem qualquer tipo de treinamento. Neste tipo de indivíduo é possível avaliar a relação entre a capacidade física e a modulação autonômica cardíaca sem qualquer influencia que pode mascarar o efeito da carga de treinamento.

Neste contexto, após o controle da seleção amostral e de verificar que nenhuma das variáveis que quantificam a capacidade física como: a FC na posição supina e ortostática, a frequência cardíaca pico, o consumo máximo de O2 e o pulso de oxigênio

correlacionaram-se de com qualquer índice da VFC, desta forma, afastamos possíveis influencia das variáveis intervenientes na variável dependente.

Por fim, os achados das correlações previamente realizadas demonstram a relação entre os ajustes da frequência cardíaca com os índices temporais, espectrais, tempo-frequenciais e Poincaré na condição de repouso. Em outras palavras, a frequência cardíaca per si, na posição supina e ortostática traduz o balanço autonômico cardíaco (JUNQUEIRA, 2008; FERNANDES e cols., 2010)

4. Avaliação da correlação entre o decremento