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Para a caracterização da amostra, todos os voluntários responderam a uma anamnese previamente aos exames. A anamnese foi constituída de questionamentos sobre dados pessoais, origem e/ou procedência, profissão, uso de medicamentos, uso de suplementos alimentares, condição física, histórico clinico pessoal, história familiar, além de hábitos de vida como consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e bebidas estimulantes (xarope de guaraná, chá, café, refrigerantes e guaraná em pó).

As informações coletadas na anamnese visavam à estratificação de risco, que foi avaliada por meio de questionário adaptado do formulário de estratificação de risco de 2003 do Colégio Americano de Medicina Desportiva (ACSM, 2003). A presença de fatores de risco cardiovasculares associados à avaliação clínica-cardiológica também foi utilizada para a análise e julgamento das possíveis contra-indicações para a realização dos procedimentos experimentais. Não houve nenhuma contra-indicação à realização dos testes, no protocolo aqui usado, entre os voluntários que atendiam aos critérios de inclusão.

Nenhum dos voluntários era tabagista e todos tinham consumo considerado normal de bebidas estimulantes como chá, café, refrigerante guaraná em pó e/ou xarope de guaraná. Na amostra, o relato do consumo de bebida alcoólica entre os indivíduos era eventual e/ou socialmente.

A caracterização da amostra iniciava-se com a resposta à anamnese clínica. Na sequência do protocolo, procedia-se a coleta da massa corporal e estatura (descalços e

sem blusa), utilizando-se balança analógica, da marca Welmy, com estadiômetro acoplado, o valor mediano (quartis) da massa corporal e estatura foram 74,7 (70,3 – 80) kg e 1,74 (1,72 – 1,78) m, respectivamente. Passava-se por uma avaliação clínica geral, realizada pelo Professor Orientador do presente estudo – Prof. Dr. Luiz Fernando Junqueira Jr – Professor Titular e cardiologista chefe do Serviço de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, com larga experiência clínico- cardiológica. O objetivo da avaliação médica era caracterizar a amostra do ponto de vista clínico, além de identificar indivíduos que eventualmente não pudessem se submeter aos testes utilizados no protocolo experimental, conforme descrição a ser detalhada a diante.

Na posição supina, foi realizado o eletrocardiograma (ECG) com o registro de 12 derivações, mais o traçado longo da derivação DII. O registro foi obtido em aparelho da marca FUNBEC, modelo ECG4.0, com velocidade do papel em 25mm/s e calibração de 1mV=1cm.

Por critérios médicos, poderiam ser solicitados exames complementares como o ecodopplercardiograma, monitorização da pressão arterial (MAPA), o registro ambulatorial contínuo do eletrocardiograma de 24 horas (Holter) e, eventualmente, outros exames.

No presente estudo, não foi solicitado nenhum exame complementar.

Na seção 1.3 deste capítulo há um quadro com o detalhamento de todos os critérios de exclusão e o número/motivo da exclusão de alguns voluntários. Após a avaliação clínica-cardiológica os indivíduos foram submetidos aos testes de avaliação da função autonômica cardíaca – FAC e ao teste de esforço cardiopulmonar.

A amostra foi constituída por 31 (n=31) homens, adultos, clinicamente normais com idade mediana (quartis) 29 (23 – 32) anos. Em função da potencial influência

negativa da obesidade sobre modulação autonômica cardíaca (HURTADO, 2004), optou-se por limitar o índice de massa corporal (IMC) a valores menores que 30 kg/m2 como critério de inclusão. A variável IMC apresentou uma distribuição amostral composta por 77,4% de indivíduos classificados como normais e 22,6% classificados com sobrepeso, o valor mediano (quartis) obtido na amostra foi 24,9 (22,9 -25,9) kg/m2.

Para a caracterização da frequência cardíaca (FC), pressão arterial e frequência respiratória (FR) os voluntários eram avaliados em duas condições fisiológicas diferentes. Na condição de repouso supino (basal) e na condição ortostática (duas posições aqui empregadas para o teste de função autonômica cardíaca). Em cada situação, se considerou os valores aferidos após o primeiro minuto de registro.

O valor mediano da pressão sistólica foi 102 mmHg e extremos de 80 e 130 mmHg. A pressão diastólica mediana registrada foi de 64.8 mmHg e variação entre 50 e 82 mmHg. O registro mediano da FC foi de 58 bpm e extremos de 43 e 86 bpm. A FR mediana registrada foi de 14 irpm e com variação entre 10 e 18.5 irpm.

No caso da mudança de decúbito, posição ortostática, observou-se valor mediano da pressão sistólica de 106.5 mmHg e extremos de 90 e 122 mmHg, variação da pressão diastólica entre 50 e 82 mmHg e valor mediano de 70 mmHg. A FC mediana registrada nesta condição funcional foi 75 bpm com variação de 52 e 102 bpm enquanto que a FR mediana foi 14 irpm e extremos de 10 e 19 irpm.

Todos os valores de pressão arterial, FC e FR na condição de supino estavam dentro da faixa de normalidade (GUYTON e HALL, 2002). Os valores amostrais de FC, FR e PA estão indicados na Tabela 1.

A avaliação clínica, acrescida do eletrocardiograma de repouso de 12 derivações, identificou normalidade clínica em todos os voluntários estudados. As características eletrocardiográficas estão listadas na Tabela 2.

Houve ainda preocupação com o estado emocional dos voluntários, o que sabidamente altera o status funcional cardíaco (BILLMAN, 2011) do voluntário.

Desta forma, foi motivo de exclusão e/ou adiamento os testes quando o participante relata estar vivendo uma circunstância atípica em sua vida ou estado emocional alterado. O critério adotado era quando o voluntário julgava que aquele momento era diferente do seu estado emocional habitual ou quando relata fatos considerados perturbadores do equilíbrio psicológico normal, como doença e/ou falecimento de pessoa próxima, demissão doemprego, problemas conjugais e etc. Houve dois casos de voluntários que necessitaram remarcar os testes por manifestarem estado emocionalalterado.

Tabela 1: Ocupação e valores individuais das características antropométricas e variáveis funcionais basais da amostra estudada

Indivíduo Sexo Idade (anos) Profissão Peso (kg) Estatura (m) IMC (k/m2) Sup Ort FC (bpm) Sup FR (irpm) Ort PAS (mmHg) Sup Ort PAD (mmHg) Sup Ort

1 GLG M 24 Est. Univer. 82.3 1.78 25.98 60 66 10.0 11.5 102.0 110.0 64.8 60.0 2 BLES M 31 Designer 79.2 1.82 23.91 58 74 14.0 10.0 98.0 110.0 60.0 60.0 3 FSS M 29 Prof. Univer. 69.2 1.74 22.86 62 83 14.0 14.0 120.0 106.5 60.0 70.0 4 AD M 32 Prof. Univer. 71.8 1.76 23.18 58 81 12.0 13.0 90.0 110.0 50.0 70.0 5 LHR M 33 Administrador 88 1.78 27.77 48 63 14.0 16.0 82.0 106.5 60.0 70.0 6 MMB M 21 Est. Univer. 63.6 1.68 22.53 43 79 18.5 18.0 82.0 90.0 54.0 60.0 7 FAAS M 21 Est. Univer. 71.8 1.72 24.27 60 72 15.5 15.5 100.0 100.0 60.0 78.0 8 PHDRA M 23 Est. Univer. 75 1.70 25.95 48 53 14.0 14.5 90.0 100.0 50.0 60.0 9 RRLS M 40 Contador 75 1.70 25.95 86 90 15.0 14.0 90.0 100.0 70.0 70.0 10 RSO M 34 A. de sistemas 70.9 1.74 23.42 54 63 15.0 16.0 90.0 90.0 60.0 60.0 11 JDPJ M 23 Est. Univer. 75.7 1.76 24.44 58 74 12.5 11.0 110.0 110.0 70.0 70.0 12 CJG M 28 Est. Univer. 74.5 1.80 22.99 58 80 14.0 14.0 120.0 122.0 70.0 72.0 13 RVM M 29 Est. Univer. 61.6 1.72 20.82 50 74 14.0 14.5 110.0 100.0 70.0 60.0 14 LMS M 31 Comerciante 87.6 1.78 27.65 52 75 15.0 15.0 130.0 120.0 80.0 80.0 15 LS M 32 Prof.Ed.Física 53.3 1.67 19.11 68 74 14.0 14.5 110.0 120.0 70.0 80.0 16 RMS M 29 Comerciante 71.1 1.82 21.46 51 64 16.0 11.0 102.0 120.0 68.0 70.0 17 JJSB M 39 Prof. Univer 71.7 1.73 23.96 50 88 14.0 14.5 128.0 122.0 82.0 80.0 18 CMS M 22 Zelador 68.8 1.72 23.26 58 80 11.0 11.0 100.0 106.0 72.0 70.0 19 EKVKS M 21 Est. Univer. 80 1.80 24.69 51 78 14.5 12.5 80.0 90.0 50.0 50.0 20 JOS M 22 Est. Univer. 75 1.73 25.06 52 80 11.0 11.0 110.0 120.0 70.0 70.0 21 MPV M 21 Est. Univer. 83.1 1.72 28.09 54 67 14.0 13.9 102.0 106.5 64.8 70.0 22 S A M 46 Administrador 88 1.77 28.09 67 73 14.0 13.9 102.0 106.5 64.8 70.0 23 AAV M 21 Est. Univer. 58 1.68 20.55 68 90 16.0 15.0 110.0 108.0 70.0 68.0 24 GEM M 35 Prof. Univer. 80 1.79 24.97 60 87 15.0 18.0 92.0 112.0 70.0 82.0 25 DCN M 24 Prof.Ed.Física 76 1.66 27.58 70 82 16.0 17.0 110.0 100.0 70.0 74.0 26 MRC M 24 Est. Univer. 83.1 1.86 24.02 62 80 16.0 14.0 102.0 100.0 62.0 72.0 27 MES M 34 Bancário 81 1.75 26.45 68 92 13.0 16.0 118.0 110.0 70.0 80.0 28 CAAC M 26 Prof.Ed.Física 70.2 1.82 21.19 58 75 11.5 12.0 90.0 90.0 58.0 60.0 29 GLF M 23 Prof.Ed.Física 71 1.70 24.57 66 102 16.0 19.0 112.0 112.0 64.0 72.0 30 FRD M 30 Empresário 62 1.73 20.72 55 66 13.0 11.0 100.0 100.0 60.0 60.0 31 LDMJ M 30 Prof. Univer. 87.1 1.72 29.44 65 74 14.5 14.0 90.0 110.0 60.0 60.0

Tabela 2 – Características eletrocardiográficas individuais obtidas durante o repouso na posição supina

Código Indivíduo Idade Eletrocardiograma

01 GLG 24 Ritmo sinusal; bradicardia; retardo fisiológico de condução intraventricular; repolarização precoce; sem particularidades. 02 BLES 31 Ritmo sinusal; discreta arritmia respiratória; vagotonia.

03 FSS 29 Ritmo sinusal, eixo verticalizado 900.

04 AD 32 Ritmo sinusal; repolarização precoce vagotonia; eixo verticalizado 900; longilíneo.

05 LHR 33 Ritmo sinusal; discreta arritmia respiratória; retardo da condução intraventricular; vagotonia.

06 MMB 21 Arritmia respiratória moderada, síndrome S1; S2; S3; retardo de condução do ramo direito, eixo QRS. desviado para direita +1100, variante de normalidade.

07 FAAS 21 Ritmo sinusal, vagotonia, repolarização precoce, arritmia respiratória e marca-passo mutável isolado. 08 PHDRA 23 Sopro sistólico †, fosseta external de intensidade discreta, bradicardia sinusal e repolarização precoce. 09 RRLS 40 Ritmo sinusal.

10 RSO 34 Ritmo Sinusal, bradicardia, arritmia respiratória, bloqueio divisional postero inferior direito, eixo 900.

11 JDPJ 23 Ritmo Sinusal, discreta arritmia respiratória.

12 CJG 29 Ritmo sinusal; arritmia respiratória; batimento de marca-passo mutável isolado; sopro sistólico ††funcional. 13 RVM 29 Ritmo sinusal; Bradicardia sinusal; arritmia respiratória discreta; eixo verticalizado.

14 LMS 31 Bradicardia sinusal; Repolarização precoce, hipertonia vagal. 15 LS 32 Ritmo sinusal; discreta arritmia respiratória; eixo verticalizado 900.

16 RMS 29 Bradicardia sinusal; SS†† em face supra-clavicular esquerda e bases de carótidas (fisiológico). 17 JJSB 39 Ritmo sinusal; discreta arritmia respiratória.

18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 CMS EKVKS JOS MPV SA AAV GEM DCN MRC MÊS CAAC GLF FRD LDMJ 22 21 22 21 46 21 35 24 24 34 26 23 30 30 Ritmo sinusal.

Ritmo sinusal; eixo verticalizado; repolarização precoce; arritmia respiratória; Vagotonia; arritmia respiratória.

Ritmo sinusal. Ritmo sinusal.

Ritmo sinusal; eixo verticalizado; P-R curto

Ritmo sinusal; discreta arritmia respiratória; retardo da condução átrio-ventricular pelo ramo direito. Ritmo sinusal; retardo de condução pelo ramo direito.

Ritmo sinusal. Ritmo sinusal.

Bradicardia sinusal; eixo verticalizado. Ritmo sinusal.

Ritmo sinusal; arritmia respiratória. Ritmo sinusal; P-R curto.

1.3 - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E/OU EXCLUSÃO DE