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A PÓS-GRADUAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

4.2 A AVALIAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO

O Sistema de Avaliação da Pós-Graduação foi implantado pela Capes em 1976, tal avaliação abrange dois processos, ambos conduzidos por

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comissões de consultores vinculados a instituições de ensino de todo país, a saber: Avaliação de Cursos Novos e a Avaliação dos Programas de Pós- Graduação.

Como o nome sugere, a Avaliação de Cursos Novos se refere a cursos que estão pleiteando sua autorização para “funcionamento”, enquanto a

Avaliação dos Programas de Pós-Graduação se refere ao acompanhamento e

avaliação dos programas já existentes. Nos deteremos no entendimento desta última.

A Avaliação dos Programas de Pós-Graduação compreende os

processos de “Acompanhamento Anual” e de “Avaliação Trienal” dos programas.

A Avaliação Anual não implica na atribuição de conceitos, esta se constitui como um acompanhamento, em que a Comissão de Área irá, apenas, apresentar comentários considerados pertinentes.

A Avaliação Trienal é

realizada ao final de cada triênio, sendo o ano de sua realização estabelecido pela sequência histórica do processo de avaliação da Capes. Os resultados de cada programa são apresentados na “Ficha de Avaliação” definida pelo CTC, de que constam, no que se refere aos vários quesitos e itens avaliados, os atributos a ele consignados, com os respectivos comentários e justificativas da comissão avaliadora, e, ao final, o conceito correspondente ao seu desempenho no triênio, na escala de 1 a 7 adotada. (CAPES45)

A Ficha de Avaliação que orienta todo o processo de avaliação dos programas e cursos é composta por 5 critérios, cada um composto por outros quesitos que irão balizar a avaliação. Cada item contém um peso diferente, considerado como de “maior importância” no desenvolvimento da pós- graduação.

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Informações retiradas do site oficial da CAPES na aba “Caracterização do Sistema de Avaliação da Pós-Graduação”.

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O primeiro critério diz respeito à Proposta do Programa, que tem peso 0% na Avaliação dos Programas, sendo levada em consideração apenas na Avaliação de Cursos Novos. No entanto, pondera, dentre outros quesitos, a adequação e coerência do programa em relação à proposta curricular; área de concentração; linhas de pesquisa; proposta de desenvolvimento e; infraestrutura.

O segundo critério diz respeito ao Corpo Docente, tem peso de 15% do total da avaliação e releva o perfil do corpo docente; sua titulação; a diversidade nas áreas de formação; se as áreas de estudo são compatíveis com a proposta do programa; a distribuição de atividades de pesquisa e a dedicação dos professores no que tange o desenvolvimento das atividades do programa; capacidade do corpo docente em captar recursos; dentre outros.

O terceiro critério é referente ao Corpo Discente, Teses e Dissertações, com peso de 30%, analisa a quantidade e a distribuição das teses e dissertações defendidas no triênio em análise; tempo médio de titulação; fluxo de entrada e saída de alunos; existência de bolsa de doutorado sanduíche; dentre outros.

O quarto critério e de maior peso é referente à Produção Intelectual, com peso de 40% do total da avaliação. Essa avaliação se dá a partir de instrumentos de pontuação da produção individual de cada docente – veremos a seguir – caracterizado pelo Qualis. Faz-se a somatória da pontuação de cada docente e divide-se pela quantidade de docentes permanentes do programa. “Pelo menos 80% dos docentes devem alcançar determinado patamar de pontuação compatível com o perfil de nota” (CAPES, 2009); além do registro de patentes e produções técnicas.

É nesse critério que giram as principais polêmicas, pois, é aqui se define, fundamentalmente, a nota do programa, devido ao peso dado à produção. Como veremos à frente, o instrumento de quantificação das publicações utilizado (Qualis) não é equânime para as diferentes áreas que compõem um mesmo programa.

O quinto e último critério direciona-se para a Inserção Social do programa, abarcando 15% da avaliação total. Nesse quesito considera-se a inserção e o impacto regional do programa; a integração e cooperação com outros programas e a visibilidade do programa e suas atividades.

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A partir desses critérios é que será dada a nota de cada programa, podendo ir de 1 a 7. Para que os programas de mestrado sejam credenciados a nota mínima é 3, para doutorado, a nota mínima é 5. As notas 6 e 7 representam cursos com desempenho equivalente ao dos centros internacionais de excelência da área.

Baseando-nos no último relatório de avaliação da Educação Física, a saber, o triênio 201046, cujos anos base são 2007, 2008 e 2009, buscamos compreender de que maneira se dá essa avaliação, de acordo com seus critérios, contidos na Ficha de Avaliação.

O documento relata que os trabalhos de avaliação iniciaram no 1º semestre de 2008 com as comissões do Qualis Periódico e Qualis Livro e com visitas de acompanhamentos dos Programas Novos e os de Conceito 3.

Destaca-se que no período de outubro de 2009 a abril de 2010, uma Comissão composta pela Área 21, foi criada para estudar Critérios de Avaliação e, em dois encontros com os coordenadores dos PPGs, apresentou e discutiu tais critérios. Este trabalho teve continuidade com a criação e nomeação pela DAV-CAPES, da Comissão de Avaliação Trienal, a qual, de posse dos elementos produzidos neste período, desenvolveu um estudo mais aprimorado para determinar os critérios definitivos que nortearam e fundamentaram esta avaliação. Destaca-se, a realização de diversos exercícios de simulações e aplicabilidade desses critérios a partir dos dados dos cadernos do aplicativo Coleta. Este estudo visou explorar os cinco quesitos, com seus respectivos subitens, conforme aprovação pelo Conselho Técnico Científico do Ensino Superior (CTC-ES) da CAPES. (CAPES, 2010, p. 1)

A partir desses estudos, afirma-se no documento, foram redimensionados os pesos de alguns dos subitens referentes aos 5 critérios iniciais (Proposta do Programa; Corpo Docente; Corpo Discente, Teses e

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Relatório disponível em: http://trienal.capes.gov.br/wp-content/uploads/2011/03/Relatorio- Final-Area-21.pdf

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Dissertações; Produção Intelectual; e Inserção Social), de modo a valorizar o produto em detrimento do processo. Ou seja, deu-se peso maior aos critérios Corpo Discente; Teses e Dissertações; e Produção Intelectual.

Para tanto, algumas modificações são necessárias, principalmente no que tange aos veículos de divulgação científica. O que representa a fragilidade e a necessidade de alteração do Qualis Periódico.

O documento demonstra conhecimento em relação às diferentes vertentes da área 21, no que se refere ao tipo de pesquisa e às diferenças na veiculação científica. Identificando as dificuldades das pesquisas voltadas à área sociocultural e pedagógica em detrimento da área biológica.

As especificidades de cada área tem propiciado dificuldades no estabelecimento de periódicos da área 21. Nesse sentido, deve-se destacar a heterogeneidade de determinadas áreas que conciliam pesquisas básicas e aplicadas. Dentre as áreas que efetuam pesquisas aplicadas existem especificidades que também causam dificuldades no estabelecimento de um conjunto de periódicos que retrate adequadamente todos os prismas da área. Tal fato é bastante marcado nos programas da Educação Física que possuem um número reduzido de periódicos quando comparados com outras áreas que agregam aspectos de natureza mais biológica. Além disso, as áreas que envolvem aspectos Sociais, Culturais e Pedagógicos os fatores de impacto são bem menores do que aqueles encontrados nas demais. (CAPES, 2010, p. 2)

Mesmo mostrando conhecimento sobre as dificuldades que a área das ciências sociais enfrenta, a avaliação não é diferenciada para os professores, para programas e para as revistas que abarcam esse público. Ou seja, para que um professor continue cadastrado no programa de pós-graduação em que está vinculado, precisa fazer pelo menos 150 pontos a cada três anos47. No entanto, para que um professor das ciências biológicas atinja essa pontuação é

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Essa pontuação foi recentemente alterada. Agora os professores credenciados ao programas de pós-graduação deverão atingir um mínimo de 300 pontos, para continuarem cadastrados em seus programas.

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muito mais fácil do que um professor das ciências sociais e humanas, pois dentro da EF, por exemplo, não se tem nenhuma revista A1 representante das ciências sociais e apenas uma, recentemente promovida ao estrato A248. Veremos a seguir a importância dessa estratificação em relação à obtenção desses pontos.

Uma conquista que a área das ciências sociais e humanas conseguiu foi a avaliação de livro, que é um veículo de divulgação muito comum e com impacto na área.

Para compreendermos melhor essa questão, vamos aprofundar no entendimento do Qualis e suas pontuações.

4.3 O QUALIS

Qualis é “o conjunto de procedimentos utilizados pela CAPES para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós- graduação” (CAPES, 2010).

O quesito da “qualidade” é questionável, pois não há uma avaliação do conteúdo da produção intelectual. Os periódicos científicos são, então, classificados de acordo com sua indexação em base de dados, bem como o fator de impacto49 de suas publicações, o que resulta em 8 níveis, já bem conhecidos entre os professores da pós-graduação, são eles: A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C.

Cada um desses níveis possui uma pontuação que, basicamente, irá fundamentar a avaliação dos professores e de seus programas:

Estrato 7 (A1): 100 pontos Estrato 6 (A2): 80 pontos Estrato 5 (B1): 60 pontos Estrato 4 (B2): 40 pontos Estrato 3 (B3): 20 pontos Estrato 2 (B4): 10 pontos 48 Revista Movimento. 49

O fator de impacto é uma medida questionável e pouco confiável, pois é mensurado a partir da quantidade de citações que determinado artigo recebeu, não considerando se as citações foram em concordância ou como objeto de crítica.

110 Estrato 1 (B5): 05 pontos