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A PÓS-GRADUAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Estrato 1 (B5): Os periódicos indexados numa das bases PHYSICAL EDUCATION INDEX, CAB

4.4 AS ANÁLISES DOS PROFESSORES

4.4.5 Livro como produção intelectual

Dois dos artigos analisados tratam da importância da publicação e da avaliação do livro enquanto produção intelectual. Um deles, inclusive, propõe uma metodologia para essa avaliação.

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A contextualização do problema se dá no mesmo sentido: apresentação da política de avaliação que estimula o produtivismo acadêmico; considerações acerca das diferenças entre as áreas e; as justificativas para valorização e avaliação do livro como produto de produção científica.

As principais justificativas para essa valorização se dão no sentido de garantir pontuação para um veículo de divulgação muito utilizado entre os pesquisadores das humanidades, primeiro por conta da importância do livro no processo de formação dos pesquisadores, considerando que:

Constatamos que mais de 90% dos títulos indicados na bibliografia básica das disciplinas se referem a livros. Considerando que no sistema atual da pós-graduação as disciplinas devem exercer papel formativo, entende-se que a bibliografia básica consiste num conjunto de obras relevantes para o desenvolvimento de diferentes temáticas ou para o conjunto de uma área de concentração. Essa característica daria aos livros citados uma dimensão de seu impacto num elemento central da pós-graduação – a formação acadêmica dos estudantes. (CARVALHO e MANOEL, 2007, p. 64,65)

Segundo motivo para a valorização do livro como meio de divulgação do conhecimento, se dá pela desigualdade nas possibilidades de pontuação entre as áreas.

Hopkins (2001) fez um levantamento dos periódicos científicos internacionais em que a produção da área de educação física/esporte é veiculada. Foram identificados 577 periódicos dos quais apenas 23 aceitavam produções da área pedagógica e sociocultural e destes apenas quatro apresentavam fator de impacto. Alguns irão afirmar que o baixo número de periódicos da área sociocultural e pedagógica é reflexo da imaturidade dessas áreas ainda não consolidadas. Nessa linha vamos encontrar também programas que colocam em seus planos estratégicos a

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consolidação dessas áreas, em que consolidar significa publicar artigos em periódicos indexados e de preferência internacionais. Trata-se de um equívoco na maioria dos casos. (CARVALHO e MANOEL, 2007, p. 66)

A terceira razão a ser considerada se dá no sentido de valorizar a reflexão que o livro proporciona.

Enquanto os periódicos são avaliados pela sua capacidade de discriminar informação fidedigna e rapidamente difundi-la para uma comunidade especializada, a avaliação do livro enfoca a permanência e a força desse veículo de comunicação na geração de conhecimento que faz refletir não só sobre o “como fazer”, mas “por que fazer” e, sobretudo, “para quem fazer” ciência. (CARVALHO e MANOEL, 2007, p. 71)

O quarto motivo se fundamenta no fato de o livro ser atemporal, ou seja, suas ideias e reflexões extrapolam a realidade imediata, como é o artigo.

O uso desse indicador permite a operacionalização de uma lógica diferente da aplicada na avaliação do artigo, pois abre a possibilidade de considerar na produção as obras cujo impacto e importância extrapola o período compreendido pelo triênio. (CARVALHO et al., 2008, p. 244)

A quinta justificativa se dá pelo fato de haver uma valorização no investimento empenhado para a melhoria da educação, da pós-graduação e da ciência.

Propor novos caminhos, mais adequados e responsáveis na avaliação da produção intelectual implica considerar o livro porque também expressa a qualidade do investimento em educação e pesquisa. CARVALHO et al., 2008, p. 247)

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Levando em consideração, então, a importância do livro, especificamente para a área 21, tomando como premissa a especificidade da área, propôs-se uma metodologia para sua avaliação, visto que esta era uma prática até então inédita.

A primeira consideração e condição foi a de trabalhar com o conteúdo do livro. “O contato direto com o livro foi condição sine qua non para o desenvolvimento da presente metodologia” (CARVALHO et al., 2008: 244). Não se prender aos aspectos que o ligariam a editora, como proposto por Luz (2005, apud CARVALHO et al, 2008) em seus cinco parâmetros:

1. editora que goze de confiança da comunidade científica no campo de sua produção;

2. existência de um corpo ou conselho editorial com pesquisadores reconhecidos pela comunidade acadêmica; 3. existência de séries ou coleções relativas aos temas das áreas de que fazem parte as obras coordenadas por um líder ou equipe de autores da área;

4. qualidade da edição e revisão do objeto livro; e 5. tradição da editora. (CARVALHO et al., 2008, p. 229)

A não orientação por esses critérios se deu pelo fato de trazer para o livro as práticas utilizadas na avaliação dos artigos.

O enfoque na editora, do nosso ponto de vista, caracteriza outro tipo de avaliação do livro, a avaliação indireta. Nesse sentido, correríamos o risco de adotar a mesma lógica aplicada na avaliação dos artigos, uma vez que o julgamento não prioriza o artigo, mas o periódico em que é publicado. (CARVALHO et al., 2008, p. 230)

Essa consideração se apresenta de maneira muito coerente ao que é criticado na avaliação da produção. Que se baliza pela quantidade, não pela qualidade e relevância de seu conteúdo.

Seguindo essas premissas, foi feita a avaliação de 108 livros no ano 2006, tendo 2005 como ano base, a primeira tarefa foi “avaliar se o conteúdo

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resultava de reflexão e da atividade de pesquisa do autor”, para, então, identificar se havia “uma política acadêmico-científica que respaldasse a publicação” (p. 30). Dessa forma, justificava-se a necessidade de trabalhar diretamente com o conteúdo do livro, não apenas com as informações da editora ou às instituições que gerenciam as bases de dados (no caso dos artigos).

A partir dos 108 livros, elencaram-se 9 categorias: I- Livro/texto integral; II- Tratado; III- Coletânea; IV- Dicionário; V- Atlas; VI- Manual; VII- Guia; VIII- Programa; IX- Compilação de Material já Publicado (CARVALHO et al., 2008, p. 233).

Deixamos por último a categoria do Produtivismo estimulado pela

Avaliação, que tem sido pauta de calorosos debates no âmbito da pós-

-graduação em várias áreas.