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2.3 Políticas Públicas e suas dimensões

2.3.5 Avaliação da política pública

O ciclo da avaliação da política pública visa averiguar como uma política vem sendo executada na prática e quais são os resultados percebidos.

O modelo de perspectiva positivista concebe a avaliação de políticas como uma atividade sistemática e empírica dos efeitos das políticas públicas em execução sobre o seu público-alvo, considerando os objetivos que pretendem alcançar (NACHMIAS apud HOWLETT; RAMESH; PERL, 2013, p. 199).

As políticas públicas não trazem, muitas vezes, objetivos claros nem explícitos, assim, inviabilizam a adoção de um padrão empírico de análise e requerem interpretação subjetiva, principalmente diante das dificuldades de

neutralidade dos governos para conciliar demandas e problemas sociais em ambientes politizados.

Dessa percepção de insuficiência da avaliação da política pública, pautada em critérios unicamente objetivos, passou-se a reconhecer ter avaliação da política pública viés político aliado ao componente técnico. Reconhecimento denominado de modelo pós-positivista de avaliação.

O modelo pós-positivista defende não ter uma forma a ser reconhecida como mais adequada para se avaliar uma política pública, porque uma mesma condição pode ser interpretada de forma diversa por diversos avaliadores, sem que se possa determinar a forma correta, prevalecendo a interpretação que melhor adequar “os conflitos e acordos políticos entre os vários atores” (HOWELETT; RAMESH; PERL, 2013, p. 200).

Aspecto fundamental na avaliação da política pública é produzir algum impacto na efetivação desta, implementando mudanças ou revendo a política, se necessário.

As atividades dos avaliadores vão produzir diferentes formas de análise, avaliação e de intervenção na política pública. A avaliação desta pode ser partilhada em três categorias: administrativa, judicial e política.

A avaliação administrativa tem como foco de análise averiguar a eficiência dos serviços governamentais com a finalidade de identificar se o dinheiro aplicado está produzindo, ou não, os efeitos esperados.

O modelo de avaliação administrativa busca informações precisas acerca das realizações dos programas, organizando de forma padronizada para permitir a comparação dos custos e dos outcomes ao longo do tempo e entre os setores políticos administrativos (HOWELETT; RAMESH; PERL, 2013, p. 207).

A ênfase na demonstração dos resultados político-administrativos deixa de considerar que as políticas públicas, muitas vezes, não trazem seus objetivos de forma suficientemente clara, circunstância que camufla a análise dos resultados e a verificação se os resultados obtidos eram os esperados. Some-se, ainda, o fato de os governos buscarem ocultar seus insucessos e ressaltar aquilo que julgam ser bem-sucedido.

Buscando ampliar, conferir mais transparência e “apurar a eficácia programática” da avaliação administrativa, vários governos criaram órgãos especializados de auditoria interna e fomentaram a participação pública no processo

de avaliação (HOWELETT; RAMESH; PERL, 2013, p. 210).

A avaliação judicial das políticas públicas tem como foco as temáticas legais relacionadas à maneira como os programas de governo são implementados, analisando possíveis “conflitos entre as ações de governo e os princípios constitucionais ou padrões estabelecidos de conduta e direitos individuais” (HOWELETT; RAMESH; PERL, 2013, p. 211).

A revisão judicial das políticas públicas assume diferentes vieses a depender do sistema de governo.

Nos países de sistema parlamentarista, a avaliação judicial da política pública não analisa fatos específicos, a avaliação se restringe a questões procedimentais.

Já nos sistemas republicanos, a clara divisão de poderes estabelecida constitucionalmente confere ao judiciário mais autoridade e legitimidade para questionar as opções políticas legislativas e executivas. Com uma postura mais ativa, o judiciário tem mais disposição para considerar na avaliação das políticas públicas erros de fato e de direito no comportamento político-administrativo (HOWELETT; RAMESH; PERL, 2013, p. 211).

A avaliação política é assistemática, sem técnica definida, e pode ser feita por qualquer ator com interesse na vida política. Normalmente, a avaliação política se reverte de elogio ou crítica, sucesso ou insucesso visando sua continuidade, cessação ou adaptação. Apesar de incessante, a avaliação política somente interfere no processo político em determinados momentos. Nos regimes democráticos, o momento mais importante são as eleições.

As avaliações das políticas públicas permitem não apenas analisar o sucesso ou insucesso de uma política, mas principalmente estimular uma dinâmica educacional entre os agentes públicos e outros atores não envolvidos diretamente na política.

Howelett; Ramesh; Perl (2013, p. 201) ponderam que, dando conta, ou não, os atores que participam da avaliação da política pública estão participando de um processo mais amplo que pode contribuir com melhorias e avanços para a política pública e os seus resultados políticos, a partir de “uma verificação cuidadosa e deliberada sobre como os estágios passados afetaram os objetivos originais adotados pelos governos” quanto aos meios escolhidos por estes para lidar com o processo global da política.

reconhecimento da proteção e promoção da infância e juventude como um problema político que requer ação governamental e contempla políticas com diversos vieses para o enfrentamento e busca de solução, tendo como ponto de partida para a ação política o contexto no qual a criança e o adolescente estão inseridos com ações de caráter universal, as políticas sociais básicas; ações de proteção quando a criança e o adolescente se encontram em situação de risco pessoal ou social; e socioeducativas, quando a situação de risco ao adolescente decorre da sua própria conduta.

Como política pública voltada à proteção da criança e do adolescente em situação de risco, por violação de direitos no ambiente familiar e minorar os efeitos dessas violações, o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) contempla a medida de proteção de acolhimento institucional, com caráter provisório e excepcional.