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No Tabela 23 estão demonstrados os resultados referentes aos parâmetros microbiológicos das amostras coletadas dos peixes dos três tratamentos experimentais ao final do cultivo além dos limites estabelecidos para a legislação vigente. É válido salientar que para Coliformes Termotolerantes a Resolução RDC nº 12 da ANVISA não prevê limites de contaminação.

Tabela 23- Análises microbiológicas realizadas no músculo, pele e brânquias de tilápia do Nilo cultivadas nos três tratamentos experimentais, além dos valores de referência adotados pela legislação brasileira, 2010.

Tratamento

Microrganismo Coliformes Salmonella Staphylococcus Condição

Analisado termotolerantes spp Coagulase Positiva Sanitária

Limites NMP/g* Ausência/25g 10³ CFU/g

T-01

Músculo <3.0 Ausência <10 Satisfatória

Pele <3.0 Ausência <10 Satisfatória

Brânquias <3.0 Ausência <10 Satisfatória

T-02

Músculo <3.0 Ausência <10 Satisfatória

Pele <3.0 Ausência <10 Satisfatória

Brânquias <3.0 Ausência <10 Satisfatória

T-03

Músculo 93 Ausência <10 Satisfatória

Pele <3.0 Ausência <10 Satisfatória

Brânquias <3.0 Ausência <10 Satisfatória

TE-01: metade da quantidade da ração e suplementação com 1.500 mg de Vitamina C/kg de ração; TE-02: 25% da quantidade da ração e suplementação com 1.500 mg de Vitamina C/kg de ração; TE-03: metade da quantidade da ração sem suplementação com Vitamina C. * Não existe valor de referência na legislação brasileira.

As amostras retiradas dos Tratamentos 01 e 02 apresentaram níveis de contaminação dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira nos três tecidos

amostrados, para os três microorganismos analisados. Desta forma, todos os tratamentos foram considerados com condição sanitária satisfatória.

O Tratamento 03 apresentou condições satisfatórias em todas as análises; contudo, foi verificado um nível de 93 NMP/g de Coliformes Termotolerantes no músculo dos indivíduos analisados. É válido salientar que estes níveis de contaminação por coliformes termotolerantes não inviabilizam o consumo do pescado, pois a legislação brasileira não prevê valores limites para este grupo de microorganismos.

El-Shafai et al. (2004b), investigaram a utilização de águas residuárias no cultivo de tilápia do Nilo e descobriram contaminação por Coliformes Termotolerantes, variando de 6,0 x 10² - 6,5 x 10³ UFC/cm² para pele; 1,7 x 10³ - 1,6 x 104 UFC/g para as brânquias, e <1,8 -7,8 NMP/g para o músculo.

Santos et al. (2007) obtiveram contaminação por coliformes, que variaram de 1,1 x 10² - 1,1 x 104 NMP/g para pele, 9,2 x 10² - 2,2 x 10³ NMP/g e de 2,0 x 10² - 17 x 10³ NMP/g para o músculo de tilápia cultivada em esgoto tratado.

Já Santos et al. (2009a), também cultivando tilápia em diferentes tratamentos usando esgoto doméstico, obtiveram contaminação por coliformes que variaram de 4,5 - 7,8 NMP/g para pele, 14 - 24 NMP/g e de <1,8 – 7,8 NMP/g para o músculo.

Estes dados reforçam os resultados alcançados no presente experimento, podendo-se observar que não houve contaminação tanto nas áreas de contato externo dos peixes quanto no músculo, de acordo com os padrões da ANVISA (BRASIL, 2001).

Vale salientar que peixes com alta concentração de ácido ascórbico nos tecidos apresentam maior tolerância à poluição ambiental e maior resistência a infecções por bactérias (FALCON et al., 2007).

5.4 Análise econômica

Na Tabela 24 apresentam-se: custos parciais dos insumos assumidos (ração, alevinos e vitamina C); valor de mercado do peixe vivo vendido diretamente do produtor, no Estado do Ceará, em dezembro de 2010; a produção alcançada (biomassa total - BT); e os indicadores utilizados na avaliação econômica.

Tabela 24– Dados dos custos de ração, alevinos e Vitamina C, além do valor médio do quilograma de tilápia na região, biomassa total dos peixes (BT), custo operacional parcial (COP), receita líquida parcial (RLP) e incidência de custo (IC) referentes aos diferentes níveis de arraçoamento testados no Centro de Pesquisa sobre Tratamento de Esgoto e Reúso de Águas, Aquiraz, Ceará, dezembro de 2010.

Tratamentos Experimentais

Ração Alevinos Vitamina C Valor Peixe BT RB COP RLP IC (kg) (R$) (unid) (R$) (g) (R$) (R$ kg-1) (kg) (R$) (R$) (R$) (R$ kg-1) T-01 7,01 10,59 150 8,00 15,5 0,47 2,00 20,45 40,90 19,06 21,84 0,93 T-02 3,48 5,24 150 8,00 7,8 0,23 2,00 17,97 35,94 13,47 22,47 0,75 T-03 7,01 10,59 150 8,00 0,0 0,00 2,00 17,71 35,42 18,59 16,83 1,05 TE-01: metade da quantidade da ração e suplementação com 1.500 mg de Vitamina C/kg de ração; TE-02: 25% da quantidade da ração e suplementação com 1.500 mg de Vitamina C/kg de ração; TE-03: metade da quantidade da ração sem suplementação com Vitamina C;

No Tratamento 01, a biomassa média produzida (BT) foi de 20,45 kg, para uma receita bruta (RB) de R$40,90, com o custo operacional parcial (COP) de R$19,06, o que gerou uma receita líquida parcial (RLP) de R$21,86 com uma incidência de custo (IC) de R$0,93 kg-1.

No Tratamento 02, a BT foi menor que para o tratamento anterior, chegando a 17,97 kg, o que gerou uma RB de R$35,94; porém, o COP foi mais baixo (29,33%), ficando em R$13,47, gerando RLP de R$22,47, maior R$0,61 (2,79%) em relação ao Tratamento 01, com IC de R$0,75 kg-1, sendo este 19,35% menor que no Tratamento 01.

Já no Tratamento 03, a BT foi a menor entre as três, 17,71 kg, gerando também a menor RB, R$35,42, com COP de R$18,59, sendo menor que a do Tratamento 01, aproximadamente 2,46%. Esse fato gerou RLP de apenas R$16,83 com IC de R$1,05 kg-1, sendo 11,42% maior que o resultado do Tratamento 01 e 28,57% que do Tratamento 02, principalmente devido à BT produzida.

Scorvo Filho et al. (2010) relatam que o insumo ração representa 40 a 60% do custo total da produção da aquicultura, valor relativamente alto quando comparado aos demais itens do custo. Segundo Silva et al. (2003), o custo elevado com ração, notadamente nos sistemas mais intensivos de produção de peixes, é o fator que deve merecer atenção especial por parte dos pesquisadores e produtores. Nas análises realizadas por Andrade, Wagner e Mahl (2005) e Scorvo Filho et al. (2006), a ração teve participação de 41,7% e 52,19% do custo total, respectivamente. Já Vera-Calderón e Ferreira (2004) acompanhando três pisciculturas diferentes no estado de São Paulo, verificaram que os custos com ração foram 43,33%, 58,30% e 62,74% dos custos totais para cada piscicultura.

No presente trabalho, os custos com ração no Tratamento 03 representaram 56,97% do COP, a maior porcentagem entre os tratamentos testados, sendo seguido pelo Tratamento 01, com 55,51% do COP. Já para o Tratamento 02, a ração representou 38,90% do COP, porcentagem esta menor que as dos demais tratamentos testados, sendo, também, menor que os valores das referências citadas.

Em todos os tratamentos, os peixes foram cultivados em tanques com área de 50 m². Assim, no Tratamento 01 obteve-se uma RLP de R$ 4.368,00 ha-1. No Tratamento 03 obteve-se uma RLP de R$ 3.366,00 ha-1. No Tratamento 02 obteve-se uma RLP equivalente de R$ 4.494,00 ha-1.

Fontenele et al. (2010), fazendo uma avaliação econômica do cultivo de tilápia do Nilo em esgoto doméstico tratado com e sem aeração mecânica, verificaram que no tratamento onde foi realizada aeração mecânica obteve-se maior COP. Contudo, como se obteve maior RB, resultou em maior RLP, apresentando-se como uma técnica de cultivo economicamente viável.

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