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Avaliação das empresas sobre as linhas de financiamento público

No documento MESTRADO EM ECONOMIA POLÍTICA SÃO PAULO 2009 (páginas 164-167)

CAPÍTULO 4 INVESTIGAÇÃO SOBRE FONTES DE FINANCIAMENTO

4.4 Avaliação das empresas sobre as linhas de financiamento público

SOBRE A AVALIAÇÃO DA EMPRESA SOBRE AS LINHAS DE FINANCIAMENTO PÚBLICO

Berrocal - Achou o RHAE CNPQ excelente. Não tem nenhuma queixa. O processo para obtenção do recurso foi rápido e sem burocracia. Nunca teve financiamentos negados, mas aguarda há nove meses a aprovação de um projeto PIPE enviado à FAPESP.

Inoveo - Dinheiro extremamente burocrático, baseado em casos negativos. Devem fazer relatórios periódicos para prestação de contas. Tempo de liberação muito longo, seis meses a um ano, o que pode levar a empresa a perder uma “janela de oportunidade”. Mas os recursos são essenciais, especialmente na fase de desenvolvimento do protótipo. Não tem financiamento em andamento, mas já teve projeto negado da FINEP, de Subvenção econômica à inovação 2007, segunda fase. O parecer questionou a qualidade do projeto e a média ponderada foi menor que 5.

Bioactive - A empresa já teve financiamentos negados, o PIPE I da FAPESP em Junho de 2006 e Subvenção à inovação da Finep em 2008. Ambos disseram que o produto não é inovador. Também possui projetos em andamento, o PIPE I da FAPESP, que foi

enviado em novembro de 2006 e sobre o qual ainda não emitiram parecer. Em 2008 solicitaram novamente os documentos. Acredita que o avaliador era de outra área, ou o grupo que trabalha com engenharia de tecidos no Brasil, que é um grupo fechado, pode ter contribuído nos resultados dos pareceres. Não recorreu ao CNPQ porque não precisa de bolsa e sim de recursos para importar equipamentos. Conclusão: ainda não conseguiu receber recursos de financiamento público

Genética - Já teve projeto de financiamento negado, o PIPE I da FAPESP em 2007. O parecer informou que a pessoa responsável pelo projeto não tinha a qualificação necessária, que o produto ia demorar a entrar no mercado e que, quando entrasse, seria difícil a comercialização (ninguém iria comprar). Também tem projeto em andamento, o PIPE I, que foi enviado no final de 2007, e o PIPE II, que foi enviado no início de 2008. Em relação ao PIPE I, acredita que a FAPESP perdeu os documentos. Em relação ao PIPE II, a demora é de responsabilidade da empresa, que atrasou a entrega dos documentos. A avaliação dos financiamentos é que são muito demorados e muito burocráticos, principalmente os relacionados à FAPESP. Já o CNPq é adequado. Queria tentar o BNDES, mas entrou no site e achou muito complicado.

Hirata - A empresa teve um projeto de financiamento negado da FINEP, Subvenção à inovação 2008. Não passou pelos critérios. A empresa não tem projetos de financiamento em andamento. O resultado negativo com o financiamento público se deu por falta de planejamento da empresa. No entanto, ainda que seja um produto com alta tecnologia, os critérios usados nas chamadas públicas restringem a entrada de projetos desenvolvidos pela empresa porque esse tipo de financiamento não tem privilegiado a área de entretenimento. Acrescenta o caso de uma empresa de TI do CIETEC, que usou a estratégia de direcionar o software de entretenimento desenvolvido para a área de educação para, desse modo, conseguir o financiamento público necessário.

Agroffício - Não tem opinião formada porque foi fundada em novembro de 2008 e ainda está preparando os projetos para solicitação de financiamento público.

Bonavision - Preferiu não emitir uma opinião.

Testmat - Considera que é muito burocrático, o valor é inadequado e os avaliadores não são imparciais.

RB Recursos Hídricos - Considera o valor adequado e a burocracia necessária. Zelus - Preferiu não emitir uma opinião.

A.J Tecnologia - Existe dificuldade porque, para alguns tipos de financiamento, o setor químico não é prioridade. Acha que a Fapesp é nota 10.

Sharewater - Não acredita na FAPESP porque a instituição não cumpre bem os critérios que ela determina.

SupraNano - Tanto na FAPESP quanto na FINEP os avaliadores não têm conhecimento suficiente sobre os projetos de nanotecnologia, o que gera dificuldades e preconceitos. Outro problema é que as financiadoras optam por conceder um pouco de recursos para muitas empresas, o que cria um grande número de empresas medíocres.

Exon Biotecnologia - Adotou a estratégia de inserção rápida no mercado e, por isso, não poderia perder tempo esperando a aprovação de um financiamento público. Adicionalmente, a elaboração de um projeto para solicitação de financiamento público exige muito esforço do empreendedor. O tempo gasto nessa atividade é prejudicial, no sentido de que impossibilita o empreendedor de fazer outras coisas pela empresa. A isso deve ser somado o risco de o financiamento ser negado e todo tempo gasto ter sido perdido. Só irá recorrer a financiamento público quando tiver uma pessoa na empresa que consiga fazer esse projeto e esse gasto de tempo não cause impacto na empresa. Acredita que uma boa opção seria uma forma de financiamento público reembolsável menos burocrático.

Orbys - Preferiu não emitir uma opinião.

FindMe - A FAPESP perdeu o processo de solicitação de financiamento. A FINEP possui um processo adequado.

Brasil Ozônio - O problema da FINEP é que ela não apresenta a justificativa nos casos das solicitações negadas. Na FAPESP, o problema está na falta de conhecimento dos avaliadores, que muitas vezes nem são da área.

Adespec - A empresa não teve projetos de financiamento negados. Existem projetos de financiamento em andamento. De forma geral, os financiamentos demoraram a sair, mas considera que esses entraves são normais. Existem dificuldades para escrever o projeto e isso toma muito tempo da empresa. Em relação ao cartão BNDES, houve muita burocracia, mesmo com todos os documentos prontos.

Electrocell - A empresa já teve projetos de financiamento negados pela FINEP e FAPESP. Não sabem exatamente quais são os critérios e os interesses do avaliador. O parecer informou que o equipamento de testes solicitado pela Electrocell era absurdo. Sim, foi em razão do valor do projeto. Acredita que existe um lobby muito forte do Canadá que pressiona para não fazer aqui. Poderia haver maior contato pessoal entre os cientistas e os técnicos das agências. Por outro lado, os cientistas têm “cabeça quente” e poderia haver problemas. Depende do nível em que se dá o acordo para o financiamento, se for em alto escalão, como por exemplo, contatos diretos com ministros, aí fica mais fácil. Quando em baixo escalão, fica

muito mais burocrático. Em um encontro na UNICAMP, conversou com um representante da FINEP e disse a ele que gostaria que o BNDES ajudasse financeiramente na fabricação de alguns ônibus movidos com células a combustível, mas o representante informou que o BNDES só entra quando o produto já é viável economicamente. Ainda assim, os sócios gostariam de ter algum contato com o BNDES, mais especificamente com o BNDES Participações (BNDESPAR).

As reclamações mais comuns foram sobre burocracia, tempo de liberação dos recursos e pouca clareza dos critérios utilizados para aprovar os projetos. Em relação aos órgãos públicos, o mais elogiado foi o CNPq, que, segundo os entrevistados, não tem tanta burocracia. Os órgãos mais criticados foram o PIPE da FAPESP e a FINEP, em que pesaram a desorganização das instituições, a demora para liberação dos recursos, e a falta de clareza em relação aos critérios de aprovação. O BNDES também foi criticado, pela burocracia, complexidade das informações sobre oportunidades de financiamento e perfil pouco voltado ao financiamento de EBTs.

No documento MESTRADO EM ECONOMIA POLÍTICA SÃO PAULO 2009 (páginas 164-167)