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Avaliação de outros tipos de práticas pedagógicas

No documento amandacristinatestasiqueira (páginas 100-102)

Diagrama 2: Rede de Frames

4. A ANÁLISE DO DIRCURSO DISCENTE

4.2. A Rede de frames de Avaliação de Comportamento Docente

4.2.1. O frame Avaliação das Práticas Pedagógicas

4.2.1.3. Avaliação de outros tipos de práticas pedagógicas

Além das avaliações acerca das práticas competentes e inovadoras, nos deparamos com 7 ocorrências de avaliações com relação ao grau de exigência dos professores (4%), além de 2 ocorrências de práticas excludentes e 1 ocorrência de falta de inovação devido ao cansaço do professor (que somam 1%). Vejamos cada um destes ângulos.

Com relação ao grau de exigência dos professores, contabilizamos 2 avaliações positivas contra 4 negativas e 1 neutra. As positivas demonstram um contentamento por parte dos alunos com relação às atitudes exigentes de seus professores. Vejamos os exemplos:

6MA9-6- Na minha opinião, eu acho que não está completamente do jeito eu que deveria ser, pois a professora é muito desatenta e é por isso em que há na sala muita bagunça e desrespeito.

Mas, já para o outro lado as provas para mim são do PADRÃO BOM a matéria acho ótimo, só não compreendo com bagunça.

5MA9- 4- Português é muito difícil, eu acho que deveria ter uma forma mais fácil para ensinar.

Ano passado eu não entendia nada e fechei os bimestres. Eu acho que deveriam cobrar mais o aprendizado do aluno. Esse ano ele é MAIS COBRADO pela professora, só é meio difícil de entender orações.

O segundo exemplo é de um aluno que faz uma sugestão que diz respeito ao maior grau de cobrança de seus professores. Dessa forma, o fato de a professora cobrar mais de seus alunos seria, para ele, um ponto positivo.

As demais avaliações, negativas, demonstram a insatisfação dos alunos com a falta de exigência dos professores ou, ao contrário, com o exagero de suas atitudes exigentes. Vejamos os exemplos:

1) 3MA2-2- [...] Um ano já fiquei de prova final e uma atitude do professormeIMPRESSIONOUeleme deu os pontos que eu precisava e eu passei em português, na hora eu pensei que gostei mas no ano seguinte [IND] sofri as consequências e [IND] repeti acho que se o professor não me desse os pontos para passar eu aprenderia mais e ficaria melhor.

2) 2MA2-10-A Língua Portuguesa foi muito importante para mim [...] OS PONTOS NEGATIVOS é que a maioria dos professoresnão cobra ler livros e não cobra redação, fora isso está ÓTIMO.

3) 5MA2-8-1) [...]. Ano passado tive uma professora de português que era um TÉDIOera um acento que a gente esquecia já era a metade dos pontos indo embora [...]

4) 4MA9– 27- [...] INFELIZMENTE tirei 9,5 e a professora não me deu 0,5 ponto e eu fiquei de recuperação e até hoje [IND] não entendo porque a professora não me deu apenas 0,5 pontoe por isso para nunca mais ver ela eu estudei muito para a recuperação para nunca mais ver ela.

Das avaliações supracitadas, a primeira diz respeito à pequena exigência do professor

(EF Práticas Pedagógicas) que, a princípio, foi vista como uma atitude positiva, mas que

acarretou consequências não desejadas pelo aluno, a partir do EF Resultado. A segunda avaliação também é uma reclamação acerca do baixo grau de exigência dos professores com relação ao conteúdo das aulas. As demais avaliações negativas (3 e 4) têm em foco a exigência dos professores em relação às notas atribuídas dentro de seus processos avaliativos. Os professores são vistos como intransigentes e até injustos, quando a atribuição de notas se configura, na perspectiva discente, como uma punição desregrada.

Dentre os relatos, encontramos um aluno que avalia seu professor como exigente, mas não explicita de nenhuma forma se considera isso bom ou ruim, sendo, por isso, considerada neutra em relação a nossa leitura dos dados. Vejamos o exemplo:

2MA9-25- [...]Minha primeira professora de português que eu tive foi a Estela, a professora MAIS EXIGENTE que eu tive.

Encontramos 2 ocorrências de avaliação negativa acerca da prática excludente de uma professora. Segundo o aluno, a educadora privilegia somente a parte da frente da sala, em detrimento dos demais alunos que não conseguem ouvir sua voz:

1) 6MA2-4 -Por mais que o português é uma matéria do dia-a-dia, ainda sinto algumas dificuldades, não por falta de bons professores, é porque sinto uma carência pela matéria. E também a sala é bem cheia, tem bastante falação e a professora fala muito baixo e praticamente dá aula só para os alunos mais próximos. Então é COMPLICADO.

2) 6MA2-2-A.. Eu queria que a professora de português me tratasse como os nerds lá da frente (RUIM)parece que por eu sentar no fundo não tenho valor pergunto as coisas mas parece queela me ignora...Vocês acreditam que até ontem ela não sabia meu nome? Não quero que mude de professor mas que mude a maneira dela de trabalhar o jeito de agir.

Esta mesma professora foi avaliada negativamente diversas vezes com relação ao seu comportamento descomprometido, o que será demonstrado com maiores detalhes na seção 4.2.3, reservada especificamente para as avaliações acerca do comprometimento do professor de português.

Outra avaliação encontrada em nossos dados diz respeito à falta de inovação das aulas de português ocasionada pelo cansaço do professor.

6MA2-5- [...] A nossa professora é ÓTIMA, só que parece estar UM POUCO CANSADA! Dificultando que a aula fique mais interessante. Mais a culpa não é só dela e sim da turma também, somos 42 alunos isso aqui “tá” mais pra auditório do que uma sala de aula. Desanima também acordar 6h da manhã pra estudar numa escola caindo aos pedaços isso aqui dá pra fazer um filme de terror!!!

Dessa forma, a prática pedagógica do professor se torna não inovadora pelo fato de este estar cansado, desmotivado a preparar aulas mais instigantes, e não pelo fato de simplesmente não querer renovar seu modo de dar aulas. O relato deixa claro que o estado de desânimo no qual o professor se encontra é devido às más condições em que este profissional atua, fazendo com que se sinta completamente desmotivado a inovar.

Passamos à leitura interpretativa dos achados analíticos semânticos alcançados até este ponto, buscando, com ajuda de estudos de outros campos do saber (Cf. Cap. 2), entender o recado deixado pelas vozes avaliativas de nossos alunos acerca das práticas pedagógicas de seus docentes de Língua Portuguesa.

No documento amandacristinatestasiqueira (páginas 100-102)