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4 JOSÉ: “NOSSA ESCOLA ERA A ENXADA!”

4.2 Atividades realizadas com José durante a pesquisa

4.2.4 Avaliação diagnóstica

Leia o texto abaixo para responder às questões a seguir: A raposa e as uvas

Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:

– Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se alguém me desse essas uvas, eu não comeria.

Disponível em http://www.metaforas.com.br/infantis/araposaeasuvas.htm. Acesso em: 2 jul. 2011. (P030176C2_SUP)

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• Questão 1

Por que a raposa desistiu de comer as uvas? A) Porque ela estava cansada.

B) Porque ela não conseguiu apanhar as uvas. C) Porque as uvas estavam verdes.

D) Porque as uvas não serviam para a raposa.

• Questão 2

Nesse texto, a expressão “morta de fome” quer dizer que a raposa estava A) Cansada.

B) Doente. C) Faminta. D) Tonta.

Figura 13 - Avaliação diagnóstica – A raposa e as uvas

Fonte: Avalia-BH

A pesquisadora leu o texto.

José: É isso mesmo. Leu certo.

Pesquisadora: O que o senhor entendeu?

José: Que no caso dela a uva tava gostoso. Pegou e lambeu o beiço, né? Então, pra baixo, o que tá dizendo é que a uva azeda pra ela não servia. Então, quem quisesse levar podia levar, que m queria. É isso mesmo?

Pesquisadora: Vamos ver aqui. Por que ela desistiu de comer as uvas? José: Porque tava azedo.

Pesquisadora: Será? (a pesquisadora leu um trecho do texto).

José: Não comeria essas uvas porque tava azeda. Pra ela num dava mais. As uva azeda, pra ela num dá, pode até jogar fora, porque pra ela não serve mais.

Pesquisadora: Então, aqui está perguntando: Por que a raposa desistiu de comer as uvas?

José: Porque ela tava azeda.

Pesquisadora: Mas não tem azeda nas respostas. Porque ela estava cansada, não conseguiu apanhar as uvas. As uvas estavam verdes ou as uvas não serviam pra raposa?

José: Porque ela não ia comer a uva verde. Ela tava esperando madurar pra comê.

Pesquisadora: Então aqui seria a letra C? José: É isso.

Pesquisadora: O que o senhor entendeu da pergunta? José: Acho que é o a) cansada.

Pesquisadora: Morta de fome significa cansada?

José: É, ela dormiu com fome. Cansada. Se o sono é tanto, cê nem vê fome mais. Você dorme e come no outro dia. Eu falo porque já aconteceu isso comigo.

Pesquisadora: Já?

José: Já. Eu tava cansado, com fome. Pus o feijão até conzinhar pra mim fazer um mexido pra eu comer. Quando eu acordei de manhã, a panela tava pretinha assim, todo queimado.

A fábula é uma narrativa que busca transmitir ensinamentos relacionados à moral e à ética, pois retrata aspectos intrínsecos à conduta humana. Tem como característica a presença de animais como protagonistas da história, os quais estabelecem um diálogo, cujo desenlace reflete um ensinamento moral. Na prova realizada no programa Avalia-BH, a fábula “A raposa e as uvas”, denota a ausência da moral. Acredita-se que isso dificultou a José perceber o sentido conotativo expresso no comportamento da raposa: de depreciar as uvas em função de não conseguir pegá-las. Ele entendeu que a raposa, de fato, não comeria as uvas por estarem verdes e que uvas verdes são azedas, no pensamento de José. De forma semelhante, como ocorreu durante a exposição do que havia compreendido no poema “O Bicho”, José leu a fábula no sentido referencial e denotativo, não conseguindo perceber o ensinamento por meio da zoomorfização. Em relação à expressão morta de fome, ele a relacionou com o fato de a raposa estar cansada e, consequentemente, dormiu com fome, outra vez valendo-se de sua vivência de trabalhador cansado, que dorme mesmo com fome e acorda no outro dia com a panela pretinha.

Leia o texto abaixo para responder às questões a seguir.

O que faz?

“Será que vai fazer sol hoje?” É o que muita gente se pergunta, principalmente antes de um feriado ou de um fim de semana. Quem tem a função de tentar resolver essa dúvida é o meteorologista. A meteorologia é a ciência que estuda os fenômenos da natureza que acontecem na camada de ar sobre a terra, a atmosfera. O meteorologista analisa a chuva, ventos, neve, tempestades elétricas, poluição e variações de temperatura.

Para saber com um mínimo de antecedência o que vai acontecer com o tempo, o meteorologista analisa informações captadas em satélites e sensores instalados em aviões ou balões. Ele acompanha as variações do clima ao longo do tempo numa região.

(Sesinho. Brasília, n. 90, 2011. (P040437C2_SUP)

• Questão 3

Qual é o assunto desse texto? A) A poluição de certa região. B) A profissão de meteorologista. C) As informações do satélite. D) As variações de temperatura.

• Questão 4

De acordo com esse texto, a atmosfera é A) Uma variação de temperatura. B) Uma tempestade elétrica. C) A camada de ar da Terra. D) A alteração no clima.

Figura 14 - Avaliação diagnóstica – O que faz?

Fonte: Avalia-BH

• Questão 3

Pesquisadora: O que é meteorologista? José: Médico.

Pesquisadora: O que ele faz?

José: Ah, tem uns... operação. Faz operação nos outros. Pesquisadora: É isso que tá falando no texto?

José: É. Tem dentista. Não, dentista, não. Dentista é outro. Meteorologista faz operação.

Pesquisadora: Não é bem isso, não (a pesquisadora releu o texto). Meteorologista é quem estuda os fenômenos da natureza, como chuva, sol, neve. Qual é o assunto desse texto?

José: Tá certo. É o D. Tá certo?

Pesquisadora: Tá. O que quer dizer “poluição de uma certa região”?

José: Poluição é muita bagunça, muita anarquia. Deve ser isso. Rádio falando, cantando, dançando.

Pesquisadora: Na letra B tá escrito “a profissão de um meteorologista”. José: É pra quem lê. Igual cê falou. Pra quem tá lendo.

Pesquisadora: Pra quem tá lendo o quê?

José: Quanto mais lê, mais você sabe o que tá acontecendo. Pesquisadora: É? Eu não falei isso, não.

José: Falou, sim. O que cê falou foi isso [risos].

Pesquisadora: Falei, não. Falei que o meteorologista é aquele que estuda... José: Pois é, que estuda o que vai acontecer ali. Que tá lendo, que tá sabendo o que vai acontecer.

Pesquisadora: Tá sabendo sobre os ventos, chuva... José: Tá sabendo tudo, ué. É isso que você falou. Pesquisadora: Ah, entendi.

José: Você tá lendo aqui. Então, eu vou ler pra mim saber o que tá acontecendo. Se tá ventando muito, se tá chovendo muito, tem os feriado no meio. Pode ser fim da semana, pode ser no meio da semana.

Pesquisadora: Entendi. As informações dos satélites, o senhor sabe o que é? José: Não.

Pesquisadora: Fica ligado como se fosse um computador, o satélite vai recebendo os sinais, passando as informações...

José: Igual jornal? Jornal tá falando aqui, tá sabendo em São Paulo, Rio de Janeiro, todo lado.

Pesquisadora: Isso. É uma forma de passar informação.

• Questão 4

A pesquisadora leu a questão.

José: Camada da terra é chuva? Pesquisadora: Não, é o ar mesmo.

Pesquisadora: Isso. Alteração é mudança. Se está quente e esfria, por exemplo, alterou o clima.

José: Vô marcá a de feriado. Num é isso? Férias não tô vendo aqui não. Pesquisadora: Não?

José: Tem feriado.

A pesquisadora leu o texto.

José: Mas feras eu num tô vendo aqui não. Onde cê leu feras aqui? Pesquisadora: Não li feras não. Li atmosfera.

José: Ah, agora que eu entendi.

Pesquisadora: De acordo com esse texto, o que é atmosfera? José leu a questão.

Pesquisadora: Qual o senhor acha que é então? José: Ah, esse depende da temperatura do tempo.

Pesquisadora: E qual é então? Esse aqui da variação de temperatura? É isso? José: É, isso mesmo.

O texto apresentado possui função metalingüística, tendo como base a função referencial. Apresenta palavras no primeiro sentido dicionarizado, o sentido mais generalizado por uma comunidade falante. Dessa forma, possui elementos específicos do código que tornaram difícil a José fazer inferência dos conceitos a partir da leitura. Pode-se deduzir que ele fez a relação meteorologista como médico, a partir do sufixo (ista), utilizado no português como formador de profissão, o que aponta a busca de indícios de leitura que poderiam ajudar na compreensão do texto lido. De certa forma, houve uma tentativa de aproximação do entendimento do texto. Percebeu-se que José atribui importância à leitura, como ato de conhecimento, ao dizer que “quanto mais lê, mais você sabe o que tá acontecendo”.