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Capítulo 3: Sistemas de Informação Geográfica

3.3 Aplicação dos SIG na área do turismo

3.3.6. Avaliação dos impactes do desenvolvimento do turismo

A avaliação dos potenciais impactes do desenvolvimento do turismo inclui a aplicação de metodologias referidas anteriormente, com as capacidades de análise mais complexas dos SIG, abordando o desenvolvimento e a avaliação de diferentes cenários, pretendendo dar resposta à questão “e se…?”. Nesse sentido destaca-se a sua aplicação na análise do impacte visual, ou seja, alterações que serão produzidas na paisagem (Farsari & Prastacos, 2004). Como referido anteriormente, Allen et al. (1999), na análise às alterações do uso do solo provocados pelo desenvolvimento do turismo, também desenvolveram uma metodologia de previsão do impacte futuro da atividade, como se pode ver na figura 3.9.

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Figura 3.9: Previsão das alterações do uso do solo, 1997-2010, em Murrels Inlet. Fonte: Allen et al. (1999)

A aplicação na participação e envolvimento da comunidade do processo de decisão está também inserido nesta categoria (Farsari & Prastacos, 2004). Hasse e Milne (2005) exploram uma abordagem participativa, onde os SIG podem facilitar o entendimento e a atitude perante o turismo e aumentar a participação e a interação dos stakeholders no planeamento do turismo. O processo foi denominado de ‘Participatory Approaches and Geographical Information Systems’ (PAGIS), e desenvolvido em Marahau na Nova Zelândia, localidade que é porta de entrada para o Parque Natural de Tasman. A comunidade estava a enfrentar alterações que afetavam a sua qualidade de vida, resultado dos conflitos provocados pelo aumento do número de visitantes e o desenvolvimento do turismo. A ideia principal seria integrar o conhecimento local, como valores, emoções e perceções de um local, que é transposto para o ambiente SIG (Figura 3.10). Isso permitiu aos residentes verem as suas aspirações futuras no processo de tomada de decisão.

Figure 3.10: Camadas do sistema PAGIS. Fonte: Hasse & Milne (2005)

A base do mapa do PAGIS são fotografias aéreas. O conhecimento especializado reflete questões naturais e sociais do local, os produtos e os serviços relacionados com o turismo e informação sobre o governo local, relevantes para o planeamento turístico. A perspetiva dos residentes sobre o desenvolvimento turístico e outras questões da comunidade são classificadas como conhecimento local. Cada camada contém informação cartográfica associada, com atributos que representam áreas específicas. Na figura 3.11, podemos ver a tabela de atributos da participação da comunidade, composta por campos, como o contexto, a localização, o assunto e o comentário efetuado.

Figura 3.11: Base de dados representado os atributos do PAGIS Fonte: Hasse (2001, citado por Hasse & Milne, 2005)

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Por fim, verifica-se a utilização dos SIG em modelos de análise de apoio à decisão, pois, embora não seja considerado um sistema de apoio à decisão, pode contribuir nesse processo (Farsari & Prastacos, 2004). Ólafsdóttir e Runnström (2009) desenvolveram uma metodologia com recurso aos SIG, de apoio à decisão no planeamento turístico sustentável, o Tourism Decision Support System (TDSS), na Islândia (Figura 3.12).

Figura 3.12: Modelo conceptual dos fatores e variáveis que influenciam o TDSS Fonte: Ólafsdóttir & Runnström (2009)

Um modelo SIG foi desenvolvido de forma a identificar os fatores de impacte na avaliação da sensibilidade de áreas que enfrentam riscos subjacentes à degradação ecológica. O modelo referido classifica as propriedades físicas da paisagem em variáveis ligadas à sensibilidade ecológica. Combinando com a informação sobre como os turistas viajam dentro da rede viária e quais os pontos de maior concentração de turistas, pode ser criado um mapa que identifica os locais de desenvolvimento do turismo e as áreas de risco. A identificação dessas áreas é fundamental no planeamento e na definição da estratégia de desenvolvimento do turismo (Ólafsdóttir & Runnström, 2009).

Estas aplicações demonstram o potencial de análise dos SIG e a sua relação com o processo de tomada de decisão. Têm a vantagem de permitir o acesso rápido e simples a grandes quantidades de dados atualizados, fazer a integração de vários dados, ter capacidade de procura, simulação e modelação (Farsari & Prastacos, 2004). O seu uso no desenvolvimento e

planeamento do turismo sustentável é consensual e pode ser utilizado para resolver problemas do turismo, como indica a tabela 3.3.

Tabela 3.3: Potencial dos SIG no apoio ao planeamento turístico

Natureza do problema Aplicação dos SIG

Os agentes envolvidos nem sempre dispõem dos tipos de informação necessária a uma visão

consensual e harmonizada.

Os SIG podem ser usados para uma inventariação sistemática dos recursos turísticos e uma análise de

tendências. Dificuldade em determinar níveis de

desenvolvimento sustentado do turismo devido à complexidade da definição deste conceito.

Os SIG podem ser usados para monitorizar e controlar as atividades turísticas. Ao integrarem dados turísticos, ambientais, culturais e socioeconómicos os

SIG facilitam o controlo de indicadores de desenvolvimento sustentado. Gerir e controlar o desenvolvimento tendo em

conta capacidades, usos e competências.

Os SIG podem ser usados para identificar localizações adequadas e convenientes e áreas de conflito e de

complementaridade. O turismo é um sector com impactos que não

podem ser facilmente revertidos

Os SIG podem ser usados para simular resultados espaciais dos desenvolvimentos propostos e sensibilizar os agentes para as externalidades de suas

ações. O turismo é uma atividade dinâmica e causa

mudanças que podem produzir conflitos intra e intersectoriais que podem afetar os seus

recursos.

Os SIG permitem a integração de dados representativos do capital socioeconómico e ambiental num dado contexto espacial. Os SIG assumem um papel preponderante no planeamento

estratégico espacial. Excesso de níveis de direção e controlo no

desenvolvimento do turismo, o que conduz a desacordos.

As funções dos SIG de apoio à decisão permitem argumentos mais informados, o que aumenta o compromisso e a resolução. Isso pressupõe uma abordagem coerente de planeamento e controlo. Fonte: Sousa & Fernandes (2007)

3.4 Aplicação dos SIG na utilização da bicicleta e no turismo ciclável