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PARTE I – Enquadramento teórico

Capítulo 2 – A formação parental na promoção da parentalidade positiva

2.5. Avaliação da eficácia do PFF

Antes de avançarmos para os resultados da pesquisa sobre a avaliação da eficácia percebida e satisfação do PFF, parece-nos coerente fazer uma breve abordagem do conceito de avaliação de programas, de forma a podermos compreender melhor a sua importância.

Assim, podemos referir que, o conceito de avaliação compreende a recolha de dados, bem como a sua interpretação, permitindo analisar melhor a eficácia, o impacto dos programas na população a quem foi dirigido.

Para muitos autores, esta é uma fase crucial na medida em que permite compreender melhor a qualidade da intervenção, identificar quais as estratégias mais eficazes e positivas, quais os benefícios (curto, médio e longo prazo), as boas práticas, etc.

De acordo com Hanson e Lynch (1989, cit in Pimental, 2005) esta poderá compreender vários módulos de avaliação, destacando quatro tipos:

i.avaliação da planificação

ii.

– que se prende com questões relacionadas com os próprios objectivos da avaliação;

avaliação de controlo

iii.

– que determina se o programa está a cumprir com plano previsto, compreendendo questões educacionais e éticas relacionadas com os objectivos do programa;

avaliação do impacto

iv.

– que incide sobre as modificações introduzidas nos participantes, após a implementação do programa;

avaliação de análise de custos

Bruner (2004) refere que para se poder avaliar a eficácia de programas de fortalecimento familiar e ajudar a reforçar a necessidade de esforços e de investimentos para a melhoria contínua dos programas é fundamental que se repense a avaliação das metodologias aplicadas, no sentido de se reunir um conjunto de indícios fidedignos sobre quais os factores que contribuem para o sucesso de programas de fortalecimento familiar, sendo extremamente importante identificar em que condições, para que tipo de famílias e com que impacto.

(custo-beneficio e custo- eficácia) – que importa à ponderação da sustentabilidade económica com vista à implementação de programas no futuro.

Ainda de acordo com este autor, existem três factores eficazes na avaliação de programas de fortalecimento familiar que, geralmente não são contemplados, salientando, por sua vez:

i.a qualidade das relações e práticas (não tanto a estrutura do programa ou curricular), dado ser considerada fundamental para alcançar o sucesso;

ii. o impacto dos fracos resultados exigindo uma intervenção sistémica e não simplesmente programática;

iii. a eficácia dos programas de fortalecimento de famílias e a criação de estratégias de capital social, que não sejam mensuráveis através de uma abordagem de objecto-tratamento-impacto.

Já Mendes (2007) identifica alguns factores fundamentais para garantir a eficácia deste tipo de programas, tais como:

i.a implicação de toda a família no programa (facto que tem sido destacado por diversos autores como critica a alguns programas, dado que grande parte dos programas contempla apenas um membro da família na intervenção);

ii. a consideração de variáveis socioculturais;

iii. a aprendizagem de novas competências e um acompanhamento sólido e contínuo.

Este autor manifesta ainda que, considera que o PFF obedece a todas estas recomendações, sendo considerado como uma das mais prometedoras intervenções a longo tempo na área da prevenção primária de abuso de substâncias psicoactivas.

Assim sendo, relativamente ao PFF, podemos referir que este tem sido reconhecido internacionalmente como um programa exemplar, ao nível da intervenção familiar, na medida em que tem dado repetidamente provas da sua eficácia, na melhoria da qualidade das relações familiares, das competências parentais e das competências de vida nas crianças, no aumento de factores de protecção. Sendo o programa de fortalecimento familiar um programa desenhado para pais e filhos, esta condição contribui para aumentar a sua potencial eficácia para promover as competências de ambos e na mudança positiva ao nível dos comportamentos.

O PFF foi desenvolvido e testado em 1983, originalmente, destinava- se a melhorar os problemas de comportamento de crianças, de idade compreendida entre os 6 e os 12 anos de idade, em famílias sinalizadas por consumo de álcool e drogas. Posteriormente, o PFF demonstrou ser ainda um programa eficaz para crianças de alto risco em famílias sem problemas de consumo de drogas ou álcool e em meios sócio-culturais diversificados (Kumpfer, Alvarado e Whiteside, 2003).

Desde então, várias versões foram modificadas e adaptadas culturalmente à população alvo da sua intervenção, tendo sido elaborados

novos manuais, os quais foram alvo de avaliação, verificando-se eficácia em várias famílias: afro-americanas, asiáticas, hispânicas, índegenas- americanas e canadenses.

Podemos mesmo referir que, este programa familiar foi um dos mais replicados e avaliado por muitos investigadores independentes, tendo todos relatado semelhantes resultados positivos na prevenção de abuso de substâncias, más condutas, depressão em crianças e pais, na melhoria das competências parentais e na qualidade das relações familiares.

Estes resultados positivos foram confirmados anteriormente no estudo realizado pelo National Institute on Alcohol Abuse - NIDA (1983 a 1987), no qual foi possível constatar-se que, quer os pais, quer os filhos que participaram no PFF apresentaram mudanças significativamente positivas em avaliações followup. Os jovens que participaram no grupo de intervenção apresentavam redução do consumo de drogas e de problemas de conduta e melhor resistência à pressão dos pares, quando comparados com um grupo de controle, após um pós-teste durante 4 anos. Relativamente aos pais que participaram, os resultados deste estudo indicaram que estes eram mais afectuosos e demonstravam ser mais capazes de dar apoio e estabelecer regras e limites aos filhos. Segundo a teoria deste programa, as competências parentais ajudaram os pais a proteger mais os seus filhos de se envolverem com o abuso de drogas e ou outro tipo de problemas de comportamento.

Alguns teóricos referem-se a estudos em que se comparou, um programa destinado só a pais, só a jovens e a ambos, tendo este último demonstrado apresentar resultados mais positivos e promissores do que os outros.