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5. MATERIAL E MÉTODOS

5.4. Avaliação Energética da produção

Por meio da contabilização das energias produzidas (output) e as consumidas (input) no sistema de produção do Agaricus blazei, calculou-se o balanço energético, com a intenção de verificar se o que se produziu de energia ultrapassou, ou não, o que se gastou para produzi-la. As contabilizações energéticas dessa natureza possibilitam o cálculo da “eficiência”, ou seja, este índice expressa quantas unidades de energia são produzidas para cada unidade de energia investida no processo produtivo.

A tradução dos fatores de produção e consumos intermediários em equivalentes energéticos torna viável a construção de indicadores, comparáveis entre si, que permitem, teoricamente, calcular a eficiência energética do sistema de produção.

Para o desenvolvimento deste trabalho, procurou-se estabelecer um quadro teórico de referência que permitisse uma visão geral do processo, e, assim, valendo- se desse esquema se desenvolveu a parte empírica do estudo.

Partiu-se da metodologia utilizada por Castanho Filho & Chabaribery (1983), procurando-se ajustar um suporte teórico que melhor se adaptasse às finalidades do presente estudo. Segundo esse trabalho, baseado nos estudos de Malassis, consideram-se três fluxos de energia existentes no processo da produção agrícola, externo, interno e perdido ou reciclado.

O fluxo externo é baseado na observação de que o homem não pode produzir energia ou se apropriar dela sem lançar mão de atividades que consomem energia. Este fluxo representa toda energia injetada na agricultura, seja pelos insumos, trabalho humano, tração animal ou tração mecânica. A energia injetada na agricultura, nas operações de produção, se divide em dois tipos, a direta e a indireta, sendo a energia direta constituída por (Figura 4):

• energia biológica (EBio), compreende a energia humana, a animal, a de adubos orgânicos e a contida nas sementes;

• energia fóssil (Efos), engloba os produtos e subprodutos originados do petróleo; e

• energia industrial (EInd), inclui o calcário e a energia elétrica.

A energia indireta é representada por aquela utilizada na construção dos imóveis e fabricação dos equipamentos e utensílios utilizados na produção. Esse tipo de energia é estimado pela “depreciação energética”, e é mais difícil de contabilizar.

Nesse estudo, não foram incluídos na energia industrial alguns equipamentos e materiais mais especificamente utilizados na produção de cogumelos, em razão de sua diversidade e da dificuldade para se obter seus equivalentes energéticos na literatura.

Fonte: Castanho Filho & Chabaribery (1983)

O cálculo da energia indireta baseia-se no peso dos equipamentos e fundamenta-se no conceito de valor adicionado, que consiste em depreciar as máquinas e equipamentos durante sua vida útil até anulá-la, restando, ao final, a energia contida na matéria-prima utilizada. Esse grupo de equipamentos refere-se aos investimentos de capital fixo que, por estarem sujeitos a amortização (10 anos em média), geralmente apresentam valor energético irrelevante (Castanho Filho & Chabaribery, 1983; Comitre, 1995).

5.4.1. Métodos de conversão energética

A partir da matriz tecnológica média obtida para as condições do Estado de São Paulo, e da planilha dos custos de produção do cogumelo Agaricus blazei, procedeu-se à transformação dos coeficientes físicos em energéticos. Os coeficientes físicos referem-se às quantidades de insumos, materiais e mão-de-obra necessários para a produção de 10 toneladas de substrato.

Os valores energéticos de cada item da planilha foram definidos com base em trabalhos de diversos autores, relacionados a seguir:

A) Consumo

1. Energia Biológica

a) Mão-de-obra: Utilizou-se, para mão-de-obra, o valor de 263,75 Kcal/hora de trabalho em geral, conforme FIBGE (1977), citado por Comitre (1993).

b) Bagaço de cana: Considerou-se o valor de 2260 Kcal/kg de bagaço de cana com 50% de umidade, Balanço Energético Nacional (1990), citado por Comitre (1993). c) Capim cross-coast ou feno: Considerou-se, conforme

Carmo et al. (1988), o valor energético do feno de 730 Kcal/kg.

d) Esterco de cavalo: Foi utilizado o valor de 109,28 Kcal/kg, conforme Carmo et al. (1988).

e) Farelo de soja: Para o farelo de soja, adotou-se o valor de transformação de 3380 Kcal/kg, obtido por Comitre (1993).

f) Sulfato de amônia (N): Foi utilizado o valor de 14700 Kcal/kg de Nitrogênio, conforme Macedo& Koller (2001).

g) Superfosfato (P2O5): O coeficiente calórico utilizado foi

de 2300 Kcal/kg, conforme Macedo& Koller (2001). h) Sementes (inoculante): Foi considerado o valor genérico

de 4000 Kcal/kg, conforme FIBGE (1985), citado por Comitre (1993). Não foram encontrados na literatura dados sobre gastos energéticos na produção de sementes de cogumelos.

2. Energia Fóssil

a) Gás (GLP): Considerou-se o valor de 11790 kcal/kg, conforme Carmo et al. (1988).

b) Gasolina: Utilizou-se o valor de 8148 Kcal/l, conforme Serra et al. (1979).

3. Energia Industrial

a) Energia Elétrica: As quantidades calóricas correspondentes a 1 quilowatt-hora (kWh) utilizadas foram de 860 Kcal, segundo Balanço Energético Nacional (1990) citado por Comitre (1993).

b) Calcário: Considerou-se o valor de 313,4 Kcal/kg de calcário conforme Pimentel (1980), citado por Macedo & Koller (2001).

B) Produção: Considerou-se o valor de 3568 Kcal/kg para cogumelos secos, com teor médio de umidade de 5%. O valor calórico correspondente a 1 kg de cogumelos Agaricus blazei

desidratado foi obtido pelo método da energia total metabolizável, calculado com base na energia procedente dos nutrientes, considerando-se os fatores de conversão de Atwater: Kcal= (4 x g proteína) + (4 x g carboidrato) + (9 x g de lipídios) + (7 x g etanol) (USP, 2001). Os coeficientes físicos para transformação foram obtidos dos resultados das análises da composição química do Agaricus Blazei, apresentados por Pedroso & Tamai (2001).

O total calórico dos insumos (Tci) compreendeu a Energia Biológica (EBio), a Energia Industrial (EInd) e a Energia Fóssil (EFos), expressa em Kcal:

Tci = Ebio + EInd + EFos

Não foram computados os gastos com energia indireta, uma vez que sua participação nos dispêndios calóricos totais é bastante baixa, não justificando as dificuldades e a complexidade dos cálculos (Carmo et al., 1988).

O total calórico da produção (Tcp) corresponde à produção de cogumelos secos (P), com aproximadamente 5% de umidade, transformada em Kcal:

Tcp = P * coeficiente energético

5.4.2. Balanço energético

Com base nos trabalhos de Castanho Filho & Chabaribery (1983), Carmo et al. (1988) e Comitre (1993), realizou-se a totalização calórica dos componentes do Balanço Energético. Este corresponde à relação entre o total calórico da produção (Tcp) e do total calórico de insumos (Tci), em Kcal: