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2 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL

2.7 Avaliação externa e avaliação em larga escala

Avaliação de larga escala é um procedimento amplo e extensivo, envolvendo diferentes modalidades de avaliação, realizado por agências reconhecidas pela especialização técnica em testes e medidas, abrangendo um sistema de ensino, ou seja, todas as escolas de um determinado nível ou série deste sistema, mesmo que utilizando procedimentos amostrais, na maior parte das vezes voltada predominantemente para o foco da aprendizagem dos alunos e com a finalidade de obter resultados generalizáveis ao sistema. Portanto, a avaliação de larga escala sempre é uma avaliação externa às instituições escolares avaliadas.

Dessa forma, entende-se por avaliação externa aquela que é planejada, executada e interpretada por profissionais e especialistas externos à escola. Geralmente é aplicada de forma censitária ou por amostragem, mas compreendendo sempre uma grande quantidade de alunos, chamada quanto sua abrangência de avaliação em larga escala.

Compreendendo que a avaliação em larga escala, também conhecida como avaliação externa, é caracterizada quanto ao seu âmbito e pela sua abrangência, contextualizaremos esse tipo de avaliação na atualidade do nosso sistema de educação.

Para Andriola (2003, p. 159),

O ensino fundamental é submetido, desde 1988, a processos sistemáticos de avaliação, sob a responsabilidade do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino

Básico (SAEB). Em meados dos anos de 1990 iniciou-se a avaliação do ensino médio, sob a denominação de Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Nessa mesma época foi criado o processo de avaliação do ensino superior, cujo nome oficial é Exame Nacional de Cursos, mas é conhecido popularmente como PROVÃO. Todos esses processo avaliativos estão sob a responsabilidade do Ministério da Educação (MEC). No campo da educação profissional, podemos destacar o processo de avaliação do Programa Nacional de Educação Profissional (PLANFOR), que foi executado pela primeira vez em 1996. Já no âmbito cearense, destacamos o processo avaliativo denominado Sistema Permanente de Avaliação Educacional do Estado do Ceará, mais conhecido como (SPAECE), implantado em 1992 e que, a partir de 2001, recebeu o nome de SPAECE-NET, já que utiliza a famosa rede internacional de computadores na coleta de dados.

Percebemos, observando esse panorama geral da avaliação externa no Brasil e no Ceará, a crescente demanda desse tipo de avaliação, que, nos dias atuais, tem destaque na mídia com seus resultados com repercussão nacional. A contribuição citada também exemplifica a importância e quantidade de avaliações externas em que as escolas são submetidas pelos diversos níveis do governo brasileiro.

Segundo Franco (2010, p. 14),

É fácil compreender a existência de inúmeros trabalhos, dissertações, teses, encontros e debates sobre avaliação educacional. Todo esse empenho já vem de longa data, embora hoje esteja se acirrando e quase virando um modismo acrítico, provavelmente desencadeado pelas recentes medidas do Ministério da Educação que, para cumprir acordos internacionais, tem sistematicamente encomendado a pesquisadores e a instituições, projetos e programas de avaliação.

Devemos refletir sobre o papel do MEC (Ministério da Educação), nesse atual momento do nosso país, em que percebemos uma ênfase jamais vista na avaliação, principalmente nas avaliações externas que abrangem os níveis, federal, estadual e municipal. Franco contribui, dessa forma, nessa reflexão, afinal as avaliações externas custam caro para os cofres públicos e seus resultados não são explorados devidamente.

Segundo Werle (2010), em 1995, os procedimentos de avaliação dos sistemas de ensino passaram a ser realizados com empréstimos do Banco Mundial e foi definitivamente adotada a terceirização na definição de operações técnicas, frente ao que o MEC passou apenas a definir os objetivos gerais do sistema de avaliação. Essas avaliações são criticadas em vários aspectos, um deles é a ausência de possibilidades em considerar as diferenças entre as diversas realidades que compõem o sistema educativo brasileiro.

Muitos estudiosos da avaliação educacional se posicionam de maneira critica quanto às avaliações externas, frisando, em aspectos ou possibilidades positivas, outras críticas, entretanto demonstram as fragilidades desse tipo de avaliação.

Sem uma revisão crítica dos diferentes modelos de avaliação educacional – especialmente daqueles que, suplantando os limites circunscritos à avaliação do rendimento escolar ou à avaliação de “custo-benefício”, passaram a exigir a elaboração de paradigmas mais abrangentes -, a execução de tais programas é inócua para o desenvolvimento da área e, o que é pior, insuficiente para desvendar as questões nodais que emperram o sistema educacional brasileiro.

O pensamento da estudiosa em questão pode ser validado por meio do contexto atual brasileiro, onde se gastam muitos recursos financeiros e não conseguimos vislumbrar uma mudança significativa na organização educacional.

Numa perspectiva diferente, podemos compreender que a avaliação em larga escala pode ser utilizada de forma a fomentar mudanças necessárias no sistema educacional. Werle (2010) defende que, em si, as avaliações não transformam os procedimentos pedagógicos, os técnico-administrativos, nem ‘melhoram’ ou ‘pioram’ os sistemas educativos. A estudiosa afirma ainda que os dados que tais avaliações fornecem podem servir para a reflexão acerca do funcionamento e de como está sendo realizada a educação no conjunto do sistema.

Dessa forma, a avaliação externa desempenha um papel: primeiro ela precisará fazer parte de um contexto maior, e seus dados podem fornecer importantes indicadores que, se bem utilizados, podem contribuir e muito na superação da crise educacional.

No contexto escolar, como professor da Educação Básica, observamos, entre os professores e gestores, que não existe uma preocupação maior com os resultados das avaliações, principalmente as externas. Na maioria das vezes, os resultados dessas avaliações ficam restritos a uma mera reunião em que são divulgados e, de forma superficial, interpretados os dados e gráficos dos boletins informativos dessas avaliações.

Nessa problemática, faz-se necessário conhecer melhor o SPAECE, avaliação externa realizada pelo Estado do Ceará, pois consideramos os resultados dessa avaliação nessa pesquisa. Também consideramos necessário contribuir para uma reflexão e, para isso, precisamos conhecer alguns aspectos peculiares dessa avaliação externa, como seus objetivos, seu referencial e seus instrumentos de coleta de dados.