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Avaliação Final do Projeto de Intervenção em Serviço

No documento Relatório de Mestrado Final Ana Sofia Luís (páginas 113-116)

PARTE I – PROJETO DE INTERVENÇÃO EM SERVIÇO

6. Metodologia

6.4 Avaliação Final do Projeto de Intervenção em Serviço

O Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março alterado pelos Decreto-Lei nº 107/2008 de 25 de julho, Decreto-Lei nº 230/2009 de 14 de setembro e Decreto-Lei n.º 115/2013 de 7 de agosto, refere no seu artigo 20º, “1 – O ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre integra: […] b) Uma dissertação de natureza científica ou um trabalho de projeto, originais e especialmente realizados para este fim, (…)”.

Assim, com base no plano de estudos do segundo Curso de Mestrado em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria, da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, foi desenvolvido um Projeto de Intervenção em Serviço (PIS).

A metodologia de projeto consiste numa investigação baseada num problema autêntico identificado e na implementação de estratégias e intervenções adequadas para a sua solução. Esta é uma metodologia que, através da pesquisa, análise e determinação de problemas reais, é fomentadora de uma prática baseada em evidência (Ruivo, et al, 2010).

O trajeto deste trabalho foi longo e nem sempre fácil de percorrer. Decisões difíceis de tomar assim como caminhos por vezes tortuosos foram surgindo, constituindo- se como parte do percurso. No entanto, essas dificuldades contribuíram para o desafio que foi este projeto, tornando-o muito mais interessante e estimulante.

Este percurso tem início com a escolha do campo de estágio – primeiro desafio – que implicou a saída da nossa zona de conforto – a pediatria pura, sem patologia ou perturbação psiquiátrica, para uma pediatria com patologia/desequilíbrio/perturbação mental. A realização do diagnóstico de situação foi o segundo grande desafio, pois implicou perceber o que estava errado ou poderia ser melhorado, num contexto para nós desconhecido. Implicou um esforço acrescido de integrações – no novo hospital, no serviço, nas equipas de enfermagem e multidisciplinar e com os “novos” utentes.

A realização do diagnóstico efetuou-se com recurso a várias ferramentas (observação participante, FMEA, análise dos registos de enfermagem, questionário, Focus

Group), sendo os objetivos, geral e específicos, definidos nesse momento.

Assim, foi definido como objetivo geral deste projeto:

- Conhecer como é que num serviço de internamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência, a família dos pré-adolescentes / adolescentes internados com Anorexia Nervosa é integrada no processo terapêutico?

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- Identificar a importância atribuída pelos enfermeiros, à família, no processo terapêutico dos pré-adolescentes / adolescentes internados com AN;

- Reconhecer se os enfermeiros intervêm junto destes pais em crise, e se sim, de que modo o fazem;

- Enunciar quais as dificuldades sentidas pelos enfermeiros na relação / intervenção com os pais dos pré-adolescentes / adolescentes com AN.

O diagnóstico responde aos objetivos delineados: Os enfermeiros consideram os pais fundamentalmente como um recurso terapêutico. A cultura do serviço é relacionar-se com a família enquanto recurso terapêutico e não como cliente / beneficiário dos cuidados. A barreira que constitui o plano terapêutico instituído na unidade para estes utentes, no que respeita à presença dos pais, é o principal obstáculo identificado pelos enfermeiros no estabelecimento e evolução da relação terapêutica e intervenção com a família, pois inviabiliza o contacto destes com os pais ao longo de grande parte do internamento. Também o modo de encararem a família enquanto recurso, e dessa forma delinearem a sua intervenção, partindo do princípio que estes pais não têm necessidades, parece constituir, de acordo com a literatura, uma barreira ao sucesso na ajuda e recuperação do pré- adolescente/adolescente internado com AN e seus familiares. A família constitui um importante suporte para estes jovens, no entanto, tem antes de mais de ser atendida e vista como cliente.

A fase de planeamento pretendeu dar resposta à questão decorrente do diagnóstico e inspirada também na teoria das transições de Meleis, de “como é que o enfermeiro pode ajudar estes pais na transição de papel de cliente para o de recurso terapêutico?”.

Concluímos que a terapia familiar e os grupos familiares psicoeducativos são dois tratamentos de eleição para crianças e adolescentes com AN. Pelo que seria muito benéfico que a equipa (de enfermagem) tivesse conhecimento acerca de ambas as terapias, que alguns dos seus elementos pudessem fazer formação nesta área (preferencialmente financiada pela instituição), possibilitando, deste modo, o atendimento destes pacientes e suas famílias, assim como fornecer um modelo e orientação para os restantes membros da equipa no âmbito do atendimento a este tipo de doentes/família.

Todavia e primeiramente, a grande conclusão que podemos retirar do presente projeto é que os pais dos pré-adolescentes/adolescentes internados com AN têm necessidades. Como tal têm de ser atendidos face às mesmas, pois se tal não ocorrer, aquilo que deles é esperado de uma forma quase automática – serem um recurso terapêutico no

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restabelecimento da saúde dos filhos – torna-se uma tarefa e um esforço hercúleo mas também muitas vezes inglório, visto que dificilmente uma pessoa consegue ser um recurso terapêutico quando ela própria tem necessidades relacionadas com o problema em questão. Deste modo, a prioridade destes profissionais deverá ser, a par dos cuidados ao jovem paciente, atender aos seus pais/cuidadores, com vista a ajudar a suprir as suas carências e desequilíbrios, para que estes possam dar o passo seguinte que é a ajuda na recuperação dos filhos, rumando à sua autonomia e bem-estar físico e psíquico.

Importa referir, no seguimento do que é preconizado na MTP, que o nosso PIS não contempla a etapa da execução, devido a constrangimentos e limitações de natureza temporal, que não permitiram colocar em prática o que foi planeado.

Perante o exposto, cabe-nos concluir referindo que findámos com sucesso este projeto, uma vez que foram alcançados os objetivos iniciais a que nos propusemos.

Como todos os projetos, também este se confrontou com alguns percalços e pequenos obstáculos, que foram sendo ultrapassados no seu curso.

O caminho percorrido do início ao términus deste projeto teve um papel determinante na aquisição e desenvolvimento de competências, nomeadamente no que respeita às competências do Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria (explanadas no capítulo seguinte).

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No documento Relatório de Mestrado Final Ana Sofia Luís (páginas 113-116)