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5. SISTEMA BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

5.1. O sistema de 1988 até 2003

5.1.1. Avaliação Institucional (AI)

O principal objetivo desse instrumento avaliativo era verificar as condições gerais de funcionamento das IES e gerar informações que subsidiassem o Ministério da Educação nas decisões sobre credenciamento e recredenciamento das IES. A Avaliação Institucional de uma IES era realizada por uma comissão de professores, recrutados junto à comunidade acadêmica, a partir de um Cadastro Permanente de Avaliadores Institucionais mantido pelo MEC. Uma das principais tarefas dessa Comissão era verificar a execução do Plano de Desenvolvimento Institucional da IES, no que diz respeito aos objetivos, metas e ações da instituição, às políticas de qualificação e de valorização dos professores, bem como às características qualitativas e quantitativas dos corpos docente, discente e de apoio técnico, da infra- estrutura e da organização institucional, assim como à gestão acadêmica e às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Esse procedimento foi aplicado pela primeira vez em 2002. Nesse ano foram avaliados 54 centros universitários; gradativamente ele seria aplicado às demais universidades, faculdades integradas, faculdades isoladas, escolas e institutos superiores, uma vez que ele era requerido para o MEC iniciar as análises necessárias ao credenciamento ou recredenciamento das IES.

Um Manual de Avaliação Institucional (BRASIL, 2002) foi elaborado pelo INEP para homogeneizar os procedimentos e a aplicação dos critérios utilizados por essas comissões de avaliação. Conforme esse manual, a AI iniciava-se com a análise de três documentos elaborados pela IES de acordo com normas estabelecidas pelo MEC: a) o formulário eletrônico padrão, cujos dados serviam de subsídio prévio para a comissão organizar a verificação in loco; b) o Plano de Desenvolvimento Institucional, apresentando a missão e as metas da IES para um período de cinco anos; e, c) o Projeto de Avaliação Institucional, que deveria descrever e analisar os processos de avaliação interna e externa, desenvolvidos ou em desenvolvimento na IES desde o seu credenciamento.

Além desses documentos, a Comissão de Avaliação Institucional também estudava os resultados e relatórios das Avaliações das Condições de Ensino e dos Exames Nacionais de Cursos já realizados, e as informações do Cadastro da Educação Superior e do Censo da Educação Superior, antes de realizar a visita de verificação in loco.

A Comissão de Avaliação Institucional organizava seus trabalhos de modo que sua análise fosse realizada em quatro níveis hierárquicos: Dimensões, Categorias, Indicadores e Aspectos. As Dimensões eram três: organização institucional, corpo docente e instalações. Havia três Categorias em cada Dimensão. O Quadro 5.1 apresenta as associações Dimensões–Categorias. O número de Indicadores podia variar de Categoria para Categoria. O número de Aspectos também podia variar de Indicador para Indicador. Os Anexos A, B e C listam as associações Dimensões-Categorias-Indicadores-Aspectos.

DIMENSÕES CATEGORIAS

Organização institucional

− Plano de Desenvolvimento Institucional; − Projetos pedagógicos dos cursos e

articulação das atividades acadêmicas; − Avaliação institucional.

Corpo docente

− Formação acadêmica e profissional; − Condições de trabalho;

− Desempenho acadêmico e profissional. Instalações

− Instalações gerais; − Biblioteca;

− Laboratórios e instalações especiais.

Quadro 5.1 - Dimensões e categorias de análise da Avaliação Institucional

Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS. DAES. Manual de avaliação institucional: centros universitários. Brasília: MEC/INEP, 2002. Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em 09 set. 2003.

A Avaliação Institucional culminava com a Comissão atribuindo conceitos às Dimensões. A cada Dimensão podia ser atribuído Conceito Muito Bom (CMB), Conceito Bom (CB), Conceito Regular (CR) ou Conceito Insuficiente (CI). A Figura 5.1 ilustra o fluxo de análise que a Comissão devia seguir para determinar os conceitos que atribuiria.

Figura 5.1 - Modelo hierárquico da Avaliação Institucional

Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS. DAES. Manual de avaliação institucional: centros universitários. Brasília: MEC/INEP, 2002. Disponível em: <www.inep.gov.br>. Acesso em: 09 set. 2003.

Três tipos de conceitos eram calculados: Conceito do Indicador, Conceito da Categoria e Conceito da Dimensão. Cada conceito correspondia a uma média aritmética ponderada, calculada a partir das notas que a Comissão dava aos Aspectos. Nesse contexto, representando por

Ν

ij a nota que a Comissão dá ao Aspecto j do Indicador i;

λ

ij o peso que a Comissão atribui a esse aspecto;

ФІk o peso que ela dá a Categoria k da Dimensão l

e, desagregando por CIi, CCk e CDl os indicadores que mediam o Conceito do

Indicador i, o Conceito da Categoria k e o Conceito da Dimensão l, tem-se que:

ij ij ij i λ N λ = CI

∀ Indicador i

ki i ki k θ CI θ = CC ∀ Categoria k

lk k lk l Φ CC Φ = CD ∀ Dimensão l

onde os pesos atribuídos (

λ

ij e ФІk) eram de livre arbítrio da Comissão.

É evidente que a Avaliação Institucional, nos moldes em que foi instituída e estava sendo implementada, (i) fundamentava-se nos princípios da administração científica de Taylor (1990) e na avaliação por objetivos de Tyler (c1949), pois se centrava na produtividade, na quantificação de resultados e em objetivos, metas e ações pré-estabelecidas, ou seja, nos objetivos, metas e ações específicos estabelecidos no PDI da IES e nos objetivos gerais fixados pelo MEC; (ii) adotava uma visão mecanicista da organização das IES, centrada na aferição da eficácia, assumindo os processos pedagógicos e gerenciais como sendo certos, estáveis e objetivos; e (iii) produzia resultados quantificáveis, mensuráveis e formalizáveis, isentos da visão crítica contextualizada dos stakeholders da IES.

Dessa forma, a Avaliação Institucional caracterizava-se como um controle da veracidade das informações sobre a gestão administrativa e acadêmica, os programas de ensino, pesquisa e extensão e a infra-estrutura das instituições,

relatadas pela IES no Formulário Eletrônico, no PDI e no Projeto de Avaliação Institucional (auto-avaliação).

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