• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2 MATERIAL E MÉTODOS

2.9 Procedimentos

2.9.2 Avaliação isocinética

FIGURA 3 – Esquema ilustrativo do percurso para avaliação de marcha no tapete GAITrite®

Posteriormente ao teste de velocidade de marcha, o voluntário foi encaminhado ao Laboratório de Desempenho Motor e Funcional Humano. Como aquecimento o voluntário realizou cinco minutos de caminhada na esteira, com aumento progressivo da velocidade.35 Como determinado no estudo piloto, antes de cada teste no dinamômetro foi solicitado ao voluntário que realizasse, como treino de familiarização, duas séries com três repetições máximas por velocidade42 e para cada movimento a ser testado. É importante ressaltar que a opção de realizar treino de familiarização com repetições máximas e não submáximas como determina alguns autores,41,43 foi devido à dificuldade de aprendizagem do voluntário em produzir força (torque) máxima no teste propriamente dito, principalmente nos movimentos do quadril quando treinava com contrações submáximas. Assim, com o objetivo foi garantir esforço verdadeiro e alcançar menor variabilidade das medidas (coeficiente de variação),74,75 foi adotado o treino com repetições máximas, evitando o cancelamento do teste por não reprodutibilidade.42,75 Foi observado um intervalo de 30 segundos entre os dois treinos, e entre o último treino e o teste definitivo.42

Para estabelecer uma base de referência para o lado envolvido (com prótese), o lado não envolvido (sem prótese) foi testado inicialmente, permitindo ao participante maior consciência do teste43 e reduzindo qualquer apreensão relacionada, aumentando seu conforto e segurança durante as mensurações.35,36,40 Para os idosos do grupo controle, o membro dominante iniciou o teste. A dominância do membro inferior foi avaliada através da seguinte pergunta: “Se você fosse chutar uma bola, com qual perna você chutaria?”.40,67 Por uma questão de logística, as avaliações não foram feitas de forma aleatória. Para minimizar o tempo de realização do teste e fadiga, a ordem das avaliações foi pré-definida6,13, garantindo maior confiabilidade das medidas13. Sendo estabelecido a seguinte ordem:

Borges,V.S. Materiais e Métodos 1- flexão/extensão do joelho;

2- abdução/adução do quadril; 3- flexão/extensão do quadril.

Para maior segurança do participante, o primeiro movimento testado foi flexão e extensão do joelho, deixando o voluntário seguro, por ser esta articulação livre de prótese. Em seqüência, foram realizados os movimentos do quadril, assim o dispositivo estabilizador68, utilizado nas mensurações desta articulação não precisava ser retirado, minimizando o tempo de coleta.

Como a dinamometria isocinética foi empregada exclusivamente para avaliar o desempenho da contração muscular voluntária do idoso, envolvendo além dos componentes mecânicos e fisiológicos, fatores psicológicos, durante o teste, um

feedback verbal padronizado foi fornecido pela pesquisadora responsável,

motivando o voluntário a realizar o máximo de força (torque) com a maior rapidez possível em cada movimento.41,42 Devido à diminuição da acuidade visual frequentemente presente na população idosa, não foi solicitado ao voluntário que visualizasse o monitor para acompanhar a curva de torque (feedback visual).

Um estudo piloto prévio, com cinco idosos com idades entre 60 e 71 anos (68,6 ± 9,15 anos) foi realizado para determinar as velocidades angulares dos testes além de outros detalhes do protocolo. Para cada grupo muscular o teste foi iniciado com a velocidade lenta (60°/s), facilitando a aprendizagem das velocidades angulares rápidas (120°/s e 180°/s).42 A amplitude de movimento foi estabelecida através estudos prévios13 realizados com idosos submetidos à ATQ.35,36,40

Na articulação do joelho foi feita a avaliação isocinética bilateral da musculatura extensora e flexora. Esta articulação também foi avaliada pela relação direta existente entre quadril e joelho46,51 e por causa da musculatura biarticular que

cruza estas articulações.41 As velocidades angulares selecionadas foram 60º/s e 180°/s, sendo cinco repetições na velocidade lenta e 15 repetições na velocidade rápida36, no modo concêntrico-concêntrico e um intervalo de descanso de dois minutos entre cada série.

O teste foi realizado com o voluntário sentado na cadeira do dinamômetro, com uma distância de dois centímetros entre o assento e a fossa poplítea, com o encosto inclinado a 85° e com os segmentos da coxa, pelve e tronco, estabilizados por faixas do dispositivo isocinético (FIGURA 4). O eixo rotacional do dinamômetro foi alinhado ao epicôndilo lateral do fêmur e a almofada do braço de alavanca posicionada três centímetros acima do maléolo lateral. O teste foi realizado com uma ADM de 5° a 90° de flexo-extensão de joelho.

FIGURA 4 - Voluntário realizando o movimento de flexão e extensão do joelho.

Borges,V.S. Materiais e Métodos Para a avaliação isocinética bilateral da musculatura abdutora, adutora, flexora e extensora do quadril, foi realizada uma série de cinco repetições para a velocidade de 60º/s, e uma outra série de 15 repetições para a velocidade de 120º/s, com um intervalo de dois minutos entre cada série, no modo concêntrico- concêntrico.35,40,41,43

Como recomendado pela literatura41 e aproximando da funcionalidade, para a avaliação do quadril, o voluntário permaneceu na posição de pé (FIGURAS 5 e 6), sendo estabilizado pelo apoio dos membros superiores no dispositivo estabilizador68, que oferece segurança e estabilidade biomecânica na posição ortostática, garantindo também maior reprodutibilidade do teste. Assim, considerando que a maioria das atividades funcionais envolvendo o quadril, como andar, correr e subir escadas, são realizadas nesta posição, os padrões de ativação dos músculos que fazem parte desses movimentos foram basicamente mantidos durante o teste.41 Outro fator importante é a influência gravitacional minimizada nesta posição.67,68,41 Além do conforto e segurança, principalmente por se tratar de uma amostra constituída de idosos. É comum a avaliação do quadril em supino,40 no entanto o fator gravitacional tem uma influência considerável e muitos indivíduos encontram grande dificuldade ou até mesmo impossibilidade em gerar torque suficiente para elevar o membro. Durante o teste de flexão e extensão do quadril, foi permitido a flexão do joelho, potencializando a ação dos músculos do quadril.41

No teste de abdução e adução do quadril, a ADM testada foi de 0º a 30º de abdução, partindo da posição neutra.41 O eixo rotacional do dinamômetro foi alinhado através de uma linha imaginária que passou pela espinha ilíaca ântero- superior perpendicularmente ao tronco.41,67,68 A coxa do voluntário foi fixada logo acima da fossa poplítea, nove centímetros acima da interlinha articular do joelho,

com a almofada da alavanca de teste posicionada no terço distal da coxa, imediatamente acima do polo superior da patela (FIGURA 5). O joelho, neste teste, foi mantido passivamente em extensão.41

Na avaliação da musculatura dos flexores e extensores do quadril o eixo rotacional do dinamômetro foi alinhado superior e anterior ao trocânter maior do voluntário (FIGURA 6) quando o quadril estava na posição neutra. Como no teste anterior, a coxa do voluntário foi fixada logo acima da fossa poplítea, nove centímetros acima da interlinha articular do joelho, com a almofada da alavanca posicionada no terço distal da coxa, imediatamente acima do pólo superior da patela.41,68. A ADM testada foi de 0º a 60º de flexão do quadril.13 Foi permitido ao

FIGURA 5 - Voluntário realizando o movimento de abdução e adução do quadril estabilizado pelo apoio dos membros superiores no dispositivo estabilizador.

Borges,V.S. Materiais e Métodos voluntário fletir passivamente o joelho durante este movimento (como resultado da gravidade), pois a posição do joelho pode influenciar no teste. Por exemplo, uma extensão mantida do joelho diminuiria a ADM de flexão do quadril devido à tensão dos isquiossurais.41

Para o grupo controle, também foram feitas avaliações bilaterais, no entanto, foi considerado o pareamento do membro correspondente com o grupo ATQ.13 Todos os parâmetros analisados no estudo foram calculados pelo software do dinamômetro isocinético e registrados em um relatório padrão gerado pelo mesmo. Antes do cálculo foi selecionada uma opção de filtro do software e windowing,

FIGURA 6 - Voluntário realizando o movimento de flexão e extensão do quadril estabilizado pelo apoio dos membros superiores no dispositivo estabilizador.

conforme indicação do fabricante para diminuir possíveis artefatos durante a coleta de dados.67

Documentos relacionados