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CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. PLANEJAMENTO AMBIENTAL

2.1.2. Avaliação no processo de planejamento

Alexander e Faludi (1989) afirmam que, para o planejamento ter alguma credibilidade como disciplina ou profissão, devem-se ter critérios de avaliação que permitam um julgamento real de sua efetividade. Os autores afirmam ainda que a avaliação é um desafio que deve ser aceito para tornar possível o processo de aprendizado. O aprendizado com a experiência somente pode ser acumulado e se tornar conhecimento com base na avaliação sistemática, generalização e desenvolvimento de novas teorias e normas para a prática.

Baer (1997) defende a formulação de critérios de avaliação como forma de melhorar a compreensão sobre o planejamento e, com isso, sua execução. O autor defende que os critérios devem auxiliar os planejadores e não serem vistos como algo inquestionável a ser seguido, resultado de uma norma ou teoria da moda. Os planejadores devem ser estimulados a formular alterações e adições que julgarem pertinentes a critérios pré-estabelecidos.

Para o autor, critérios apropriados para avaliação de planejamentos dependem da distinção dos diferentes estágios de sua elaboração em que a avaliação pode ser desenvolvida. Na Figura 2.2 é apresentada uma representação dos estágios do planejamento e os respectivos tipos de avaliação.

documento.

Avaliação post hoc Avaliação profissional e baseada em pesquisa Crítica Teste e avaliação Avaliação do planeja- mento: aplicação de

critérios para análise do

7. Implementação 8. Resultados (futuro) 6. Avaliação

5. Teste das alternativas 4. Definição de alternativas 3. Predição e projeção 2. Articulação das metas 1. Diagnose dos problemas

Figura 2.2. Estágios do planejamento e tipos de avaliação. Fonte: Modificado de Baer (1997), pg. 331.

O autor cita que, historicamente, o primeiro tipo de avaliação foi a crítica, geralmente realizada após a publicação do planejamento e antes de sua implementação e obtenção dos resultados, é uma análise predominantemente informativa, raramente sistemática e analítica e cujos critérios nem sempre são explícitos. Um segundo tipo é o teste e avaliação, empregado para testar e avaliar as formas alternativas de atingir metas de um planejamento, utiliza métodos explícitos e reproduzíveis. O terceiro tipo é a avaliação profissional e

baseada em pesquisa, empregada na etapa de implementação, antes da obtenção de

resultados, diferenciando-se da crítica por utilizar métodos sistemáticos e explicitar seus critérios. Por último, o autor cita a avaliação post hoc, ou seja, a avaliação dos resultados após a adoção e implementação das ações ou alternativas selecionadas.

Baer (1997) propõe uma avaliação do planejamento nas etapas 1 a 6 (identificadas na Figura 2.2) por meio da análise do documento elaborado. Essa avaliação consiste na verificação de um conjunto de critérios reunidos em uma listagem. Os critérios foram obtidos em uma revisão da literatura e reunidos em oito grupos. O primeiro grupo reúne os critérios referentes à adequação do contexto, que verificam se o documento contém explicações sobre o contexto em que foi elaborado e o porquê de sua elaboração. O segundo, denominado

considerações sobre o "modelo racional", contém critérios que analisam se o documento descreve as teorias em que o planejamento se baseia, o tipo de planejamento proposto e se são identificados os problemas, metas, objetivos e alternativas. O terceiro, denominado validade do procedimento, reúne critérios que analisam como foram definidos os procedimentos adotados, os grupos envolvidos nessas definições e a forma como eles foram envolvidos. O quarto, denominado adequação do escopo, inclui critérios para uma análise do documento em relação a vários aspectos, por exemplo, se são consideradas as implicações legais, financeiras e fiscais, além das questões envolvidas, como físicas, sociais, econômicas, psicológicas e culturais. O quinto reúne critérios para avaliar se o documento apresenta orientações para implementação das propostas, definindo prioridades, custos, prazos etc. Os critérios reunidos no sexto grupo analisam os dados utilizados e o método empregado. O sétimo e o oitavo grupo se referem à qualidade da informação e o formato do documento. O autor defende a listagem de critérios como apoio aos autores do planejamento, servindo como uma lista de controle (check list).

Hockings (1998) e Hockings et al. (2000), visando integrar a avaliação ao processo de gestão de áreas protegidas, identificam diferentes abordagens de avaliação nos diversos momentos do processo (Figura 2.3).

Avaliação

Tipo de avaliação: Efetividade e conveniência

Tipo de avaliação: Efetividade

Tipo de avaliação: Eficiência

Tipo de avaliação: Economia Tipo de avaliação: Estado e Conveniência

Resultados

O que foi alcançado?

Produtos e serviços gerados

Quais os produtos e serviços gerados?

Processo de gestão

Como está sendo feito?

Recursos

O que é preciso?

Planejamento

Onde se está, onde se quer estar e como fazer para chegar lá?

Figura 2.3. Ciclo de gestão e respectivas abordagens de avaliação.

Fonte: Modificado de Hockings (1998), pg. 338 e Hockings et al. (2000), pg. 12.

Como pode ser visto na Figura 2.3, para cada estágio da gestão se propõe uma diferente abordagem de avaliação, a partir de um enfoque específico. O estágio denominado planejamento4 é dividido em duas partes. Na primeira, envolvendo o contexto (onde se está),

enfoca-se o estado da área analisando sua significância, ameaças e vulnerabilidade. Na segunda parte, envolvendo a elaboração de um plano (onde se quer estar e como fazer para chegar lá), enfoca-se a conveniência da legislação, políticas e planos para áreas protegidas, o traçado da área e os planos para sua gestão. Considerando os estágios de implementação do processo de gestão e seus resultados, enfocam-se: a economia, verificando a necessidade dos recursos em função dos objetivos e buscando a minimização dos custos; a eficiência (efficiency), verificando a adequação do processo em relação aos seus objetivos e buscando a maximização dos resultados; e a efetividade (effectiveness), avaliando a extensão em que os

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4 É importante ressaltar que o termo planejamento é empregado pelos autores para designar um estágio do processo de gerenciamento. A

alvos, programas e planos foram implementados e seus objetivos alcançados (Hockings, 1998; Hockings et al., 2000).

As avaliações podem ainda ser apresentadas de diversas formas, por exemplo: relatório verbal, relatório escrito, análise de pontos fortes e pontos fracos, análise comparativa a partir da definição de padrões numéricos ou descritivos, ou definição de um sistema de pontuações e valoração. A escolha da forma a ser utilizada depende do uso da avaliação, ou seja, a que ela se destina. A decisão chave, segundo Hockings et al. (2000), está em estabelecer se a avaliação pode ser valorada por um sistema de pontuações - utilizando um único valor ou uma série de valores numéricos - ou deve ser apresentada na forma de um relatório escrito ou verbal. Os autores afirmam que, geralmente, a pontuação é atrativa para os políticos e organizações não governamentais pois seu resultado permite comparações de forma simplificada. Porém essa análise simplificada não é o suficiente quando se quer conhecer todos os elementos que levaram àquele julgamento, casos em que são mais apropriados relatórios detalhados contendo dados quantitativos e análises.