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CAPÍTULO 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. LEVANTAMENTO E DESCRIÇÃO DOS DADOS, MÉTODOS E

Uma revisão bibliográfica foi realizada para reunir e descrever os procedimentos metodológicos empregados na etapa de diagnóstico de planejamento ambiental, bem como os critérios utilizados para a definição dos procedimentos adotados. A revisão abrangeu os periódicos que reúnem trabalhos referentes a planejamentos ambientais e publicações de instituições que atuam nessa área.

De uma forma geral, os trabalhos levantados na revisão bibliográfica podem ser divididos em dois tipos: os relatórios de planejamento, contendo informações sobre os métodos utilizados, o conjunto de dados levantados e analisados e seus resultados; e outros tipos de trabalhos (resumos, artigos, capítulos de livros, entre outros), os quais, geralmente, não descrevem todo o procedimento metodológico empregado, apresentando uma descrição parcial do planejamento ou de métodos empregados. Ambos foram usados para a

fundamentação teórica e definição dos critérios de análise dos diagnósticos. Os relatórios de planejamento, por trazerem informações mais completas, foram ainda usados para caracterizar os dados utilizados, métodos empregados e indicadores elaborados nessa etapa.

Cabe ainda ressaltar a dificuldade para a obtenção de relatórios de planejamentos ambientais. Muitos não são publicados, sendo pertencentes à instituição que contratou os serviços ou que os executou, não sendo disponibilizados. E, dentre esses, muitos relatórios são encontrados apenas na versão preliminar. Diante disso, a seleção dos trabalhos utilizados se baseou principalmente na disponibilidade de relatórios que descrevessem os procedimentos metodológicos empregados no diagnóstico.

Na seleção dos relatórios, buscou-se obter exemplos de diagnósticos de planejamentos ambientais que objetivassem a elaboração de zoneamentos ambientais, de planos de bacias hidrográficas e de planos de manejo de unidades de conservação, realizados por diferentes órgãos. Não foram incluídos os estudos de impacto ambiental e planejamentos urbanos por apresentarem características próprias e diversas dos trabalhos analisados. Devido à sua abrangência, a análise desses dois tipos de planejamento mereceria um estudo à parte, o que não constitui o objetivo do presente trabalho.

Foram reunidos onze relatórios de planejamento ambiental para análise:

Macrozoneamento do Complexo Estuarino-lagunar de Iguape e Cananéia (São Paulo, 1990), • • • • • • • •

Zoneamento Agroecológico do Estado de Mato Grosso (Sánchez, 1992),

Diagnóstico da Qualidade Ambiental da Bacia do Rio São Francisco, Sub-Bacias Oeste Baiano e Sobradinho (Nou e Costa, 1994),

Zoneamento Geoambiental e Agroecológico da Região Nordeste de Goiás (Moreira, 1995),

Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai (Brasil, 1997),

Plano de Gestão Ambiental do Parque Estadual Intervales (São Paulo, 1998),

Zoneamento Ecológico-econômico da Área Sul do Estado do Amapá (Amapá, 2002), Zoneamento Ambiental da Borda Oeste do Pantanal (Silva, 2000),

Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu (IBAMA/FUPEF, 2000), •

• •

Plano da Bacia do Alto Tietê (FUSP, 2000) e

Plano de Manejo da Reserva Biológica de Barra do Una (IBAMA, 2001a).

Para cada relatório analisado foi preenchida uma ficha visando o levantamento de informações, as quais foram inseridas em um banco de dados digital. O modelo da ficha utilizada é apresentado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Modelo de ficha utilizado para o levantamento das informações dos onze relatórios de planejamento ambiental analisados.

Referência Bibliográfica: Objetivos ou Metas:

Motivação (o que motivou sua realização, por exemplo, inserção em projetos ou estudos mais abrangentes) Local: Extensão da Área de Estudo:

Temas Abordados: ...

Dados Utilizados: ...

Descrição dos Métodos Empregados: Produtos Elaborados e sua Escala (quando representados espacialmente): .... Indicadores: .... Descrição: .... Propósito de Uso (Descritivo ou Prescritivo): .... Tipo de Informação Expressa: .... Tipo de Indicador (Pressão, Estado, Resposta): ....

Os dados de entrada foram levantados para análise de sua diversidade associada aos temas tratados e ainda, foi verificada a freqüência com que os temas foram abordados nos relatórios.

O levantamento dos métodos visou a identificação do uso de métodos de análise integrada dos dados de entrada. Os procedimentos descritos foram analisados, sendo ainda verificada a freqüência do emprego das diferentes abordagens citadas na fundamentação teórica. É importante ressaltar que não se teve como objetivo levantar os métodos próprios de cada disciplina para a elaboração e análise de dados temáticos, mas sim os métodos de análise

integrada para a elaboração de informações e indicadores, conforme representado na Figura 3.2.

Embora os relatórios analisados não tivessem como objetivo a apresentação de indicadores, foi possível identificar as informações elaboradas e selecionadas nesses relatórios para representar as condições do ambiente, seu estado e as atividades humanas que afetam ou são afetadas por ele; as quais se constituem em indicadores. Os indicadores identificados foram reunidos e descritos. A descrição incluiu sua caracterização segundo um modelo de classificação de indicadores proposto na literatura. Adotou-se o modelo de classificação tridimensional apresentado por Bakkes et al. (1994) em virtude de sua abrangência, uma vez que ele permite analisar três diferentes aspectos relativos aos indicadores: o propósito de uso; o assunto ou tema; e as relações de causa e efeito.

O propósito de uso dos indicadores, neste trabalho, foi associado aos objetivos do planejamento e do diagnóstico em que eles se inserem. O propósito de uso foi ainda analisado observando o caráter descritivo ou prescritivo dos indicadores. No caso, buscou-se identificar os indicadores voltados à descrição das condições do ambiente, diferenciando-os daqueles que apresentam indicações ou restrições para a ocupação da área, o uso dos recursos ou o desenvolvimento de determinadas atividades.

Em relação ao assunto ou tema, não se mostrou útil classificar os indicadores pelo tema tratado - por exemplo, clima, geologia etc. - uma vez que os indicadores resultam de análises integradas de um conjunto de temas. Por outro lado, observou-se que uma importante característica dos indicadores elaborados no diagnóstico se refere ao tipo de informação que eles expressam, por exemplo, o potencial ou restrição de uso, as características físicas, biológicas, sociais e econômicas. A caracterização dos indicadores, neste caso, envolveu sua classificação segundo categorias que representam os tipos de informação expressa, observados nos relatórios analisados.

As relações de causa e efeito seguiram a proposta do modelo Pressão-Estado- Resposta descrito pela OECD (1994, 1998), o qual tem sido aceito e vem sendo adotado mundialmente. A característica de interesse, nesse caso, é o efeito de causalidade. Embora ela não permita explicitar toda a complexidade das interações entre as atividades humanas e o ambiente, permite ressaltar importantes aspectos dessa interação. Seguindo esse modelo, todos

os indicadores levantados nos relatórios analisados foram identificados como de pressão, estado ou resposta. Não se optou pelo emprego de alguns métodos que expandem as relações de causalidade, como os modelos Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta e Força Condutora-Pressão-Estado-Impacto-Resposta, porque neles se têm ampliadas as dificuldades em estabelecer as relações de causa e efeito, que podem ser ambíguas. Essa dificuldade é ainda maior nos casos em que o diagnóstico é realizado onde se tem pouco conhecimento sobre os problemas ambientais.