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As políticas públicas são definidas como a área de intervenção em que o Estado se torna o autor principal de mobilização, de transformação desse território, da população inserida, da cultura, das constituições físicas, genéticas, culturais, educacionais, de todas as dimensões humanas. É um campo de ação que se volta para reconstruir ou desenvolver um conceito polêmico, mas sem limites indefinidos. (Costa, 2015).

No Brasil, o desenvolvimento das políticas públicas é muito mais tardio, devido um processo de construção do Estado Nacional complexo, retardatário, como a maioria dos países em desenvolvimento. A própria questão da consolidação do poder territorial nacional, não está completamente realizada, tendo um duplo papel do Estado como construtor da sociedade, como estabilizador de certos padrões de relações civilizada na sociedade. Aliado a isso, deve- se destacar a natureza extremamente heterogênea das Políticas Públicas quando é avaliado o território brasileiro, para a sociedade brasileira, isto é, que em cada região do Brasil, a população tem necessidades e realidades diferentes.(COSTA,2015).

Outro grande desafio na construção das políticas públicas no Brasil é que são operadas pelo Estado nacional, mas implementadas nos territórios dos governos subnacionais, e políticas organizadas no nível subnacional de forma mais ou menos autônomas, não conseguindo a implementação efetiva dessa política de forma equitária. Ressalta a importância de citar também a questão da multidimensionalidade dessas políticas, onde deve-se desenvolver inúmeras concepções de análise de política que deem conta dessa dimensão múltipla e contraditória das sociedades (COSTA, 2015).

Perfazendo o campo das políticas públicas, desde os anos 80, há um interesse crescente na avaliação das políticas implementadas pelo Estado. Isso se deve a dois motivos

principais: o que foca a sua atenção nos gastos públicos, e estabelece que na esteira do agravamento da crise fiscal se amplia a escassez de recursos para atender as demandas crescentes da população afetada pelas reformas estruturais – abertura de mercados, desestatização; e o segundo motivo está centralizado nas mudanças que a sociedade moderna vem passando, com a efetiva necessidade de participação na inovação dos programas governamentais (SEIBEL e GELINKY, 2012)

Reforçando o conceito e a importância da avaliação da políticas públicas, Mendes et al (2010) define a avaliação como uma forma de consciência prática , ferramenta indispensável para os atores sociais, com potencial de mobilização interna, no sentido da coordenação de esforços de todos os participantes e também externa, destinada a conquistar espaços de visibilidade e credibilidade para as ações.

Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de decisões. O julgamento “é o conceito operativo central da avaliação”, que por sua vez, é o que vai diferenciar de fato, a pesquisa avaliativa de qualquer outro tipo de pesquisa, O julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios e de normas (avaliação normativa) ou da elaboração, a partir de um procedimento científico, (pesquisa avaliativa). Uma intervenção, qualquer que seja, pode sofrer os dois tipos de avaliação. Podemos buscar estudar cada um dos componentes da intervenção em relação a normas critérios. Trata-se, então, de uma avaliação normativa. E podemos examiná-la, por um procedimento científico, buscando as relações que existem entre os diferentes componentes de uma intervenção. Trata-se, então, de uma pesquisa avaliativa (FELICIANO, 2010)

As sucessivas crises dos serviços de saúde geradas pela tensão entre a expectativa de atender as necessidades da população e o controle de gastos públicos são desafios que exigem constantes reformulações e novas tecnologias, adequando o sistema de saúde. Segundo Seibel e Gelinky (2012), é imprescindível que as decisões dos gestores sejam acompanhadas de avaliações sistemáticas. A avaliação, como pesquisa, é uma atividade útil para o estabelecimento de políticas, mas nunca é suficiente para estabelecer políticas.

Ao desenvolver uma abordagem da avaliação, levando em consideração a formulação e implementação dos programas de saúde inclui na sua definição: a) coleta sistemática de informações sobre as atividades desenvolvidas, suas características e os resultados alcançados

pelo programa; b) que o propósito da avaliação seja ou fazer julgamentos sobre os programas, ou para subsidiar o processo de tomada de decisões sobre futuras programações (MENDES et al, 2010)

Nesse contexto de avaliação de políticas públicas, se faz necessário mencionar a avaliação da implementação, por considerar a natureza das decisões, os mecanismos e procedimentos institucionais, o contexto político-cultural e os interesses, prioridades, referências e comportamentos dos atores políticos (MENDES E SORDI, 2013)

Esses mesmos autores mencionam que os estudiosos de implementação de políticas devem levar em consideração os problemas durante o processo de sua elaboração, tendo em vista que estas poderiam ser melhores se quem as elabora pensasse na viabilidade de sua execução. Destaca a necessidade de as análises dos estudos avaliativos contribuírem mais para os planejadores na tomada de

decisão ao elaborarem uma política. No entanto, isso

depende da escolha do marco analítico adotado em detrimento de outros.

Aponta que há, pelo menos, dois enfoques de análise de implementação

de políticas, quais sejam: “[…] o diseño prospectivo (forward mapping) e o diseño retrospectivo (bacward mapping)”.

A lógica do Diseño prospectivo contempla: planejamento de um

objetivo; elaboração de um conjunto, cada vez mais específico, de etapas

para o cumprimento desse objetivo; determinação de um resultado que

permita medir o êxito ou o fracasso da política. Contrapondo-se a essa lógica, o diseño

retrospectivo questiona o pressuposto de que quem elabora a política deveria exercer, ou tem

exercido, uma influência decisiva sobre o que ocorre durante o processo de implementação

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES : COMPREENDENDO A ATENÇÃO