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7 – Avaliação do potencial de isolamento sonoro a sons aéreos dos blocos de betão leve à base de granulado tratado

7.1 - Objetivos

Neste capítulo pretende-se:

 Descrever o procedimento de ensaio adotado no estudo do comportamento acústico, em termos de isolamento a sons aéreos, de blocos de betão leve à base de argila expandida relativos à Composição 3 (Blocos A) e de blocos de betão leve à base de granulado de caroço de espiga de milho tratado relativos às Composições 3 e 4 (Blocos L e G);

 Apresentar e analisar os dados acústicos relativos à determinação dos índices de isolamento sonoro de amostras de betão leve de paredes de alvenaria de blocos a sons de condução aérea;

 Comparar o desempenho acústico entre os três tipos de bloco de betão leve em estudo.

 Comparar o potencial acústico dos três tipos de bloco de betão leve com blocos de betão leve existentes no mercado.

7.2 - Introdução

No seguimento do estudo das propriedades materiais de blocos de betão leve à base de granulado de caroço de espiga de milho tratado, pretende-se neste capítulo aferir o comportamento acústico deste tipo de produto tecnológico. Um bom comportamento acústico de um determinado material é um requisito que pode ser determinante na sua aplicação. No contexto das paredes de alvenaria de blocos de betão leve (exteriores e/ou interiores) este requisito de isolamento acústico é muito importante.

Os ensaios acústicos decorreram num laboratório de ensaios, de uma empresa privada, situado na cidade de Vila Real. Este laboratório dispõe das condições físicas para realização deste tipo de ensaios de acordo com os requisitos de ensaio impostos na NP EN ISSO 140-4 [34]. Foi possível ensaiar amostras de parede de alvenaria de blocos de betão construídas com blocos de betão leve do tipo A, L e G. Deste modo, foram utilizados 15 Blocos A, 15 Blocos L e 15 Blocos G, separadamente. O ensaio foi realizado de acordo com a NP EN ISO 140-4 [34], como referido anteriormente.

Neste capítulo será dada uma especial ênfase aos procedimentos de ensaio adotados, porque as condições de laboratório tiveram que ser adaptadas para este efeito.

BLOCOS DE BETÃO LEVE À BASE DE GRANULADO DE CAROÇO DE ESPIGA DE MILHO TRATADO

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7.3 - Equipamento do ensaio acústico

O equipamento principal utilizado na realização do ensaio de comportamento acústico foi fundamentalmente um sonómetro, um tripé e uma fonte sonora. O sonómetro 01dB/Solo Blue, Figura 7.1, é um equipamento utilizado na medição do nível de ruído gerado por uma fonte sonora, Figura 7.2, indicando a intensidade sonora em decibéis (dB).

Figura 7.1: Sonómetro 01dB/Solo Blue Figura 7.2: Fonte sonora omnidirecional

7.4 - Sala de ensaios acústicos

O ensaio de comportamento acústico foi realizado numa sala de ensaios, do tipo reverberante, subdividida em dois compartimentos vazios. Estes compartimentos são o Compartimento 1 correspondente ao compartimento emissor e o Compartimento 2 respeitante ao compartimento recetor. Estes dois compartimentos estão separados por uma “parede aberta” com as dimensões de 265±0,5 cm de altura e de 376±0,5 cm de comprimento, de acordo com o recomendado em [34]. Esta “parede aberta” tem como objetivo ser preenchida pelo material que se pretende ensaiar em termos acústicos. Neste caso, a “parede aberta” será preenchida sequencialmente pelos blocos de betão leve a ensaiar acusticamente (Blocos A, L e G), Figura 7.3.

Legenda: 1 – Compartimento emissor; 2 – Compartimento recetor

7.5 - Procedimento do ensaio acústico

Em primeiro lugar, foi necessário calibrar o equipamento. Como tal, foi necessário conectar a fonte sonora, o amplificador e o sonómetro. A verificação de calibração do sonómetro é efetuada com a ajuda de um calibrador e os valores registados não devem exceder em 0,5 dB.

Para a realização do ensaio de medição do isolamento sonoro a sons aéreos é necessário preencher por completo o elemento construtivo que divide os dois compartimentos. Numa fase inicial de ensaio pensou-se em se preencher a “parede aberta” com a aplicação simultânea dos três tipos de blocos de betão leve. Isto é, Cenário 1 com recurso aos Blocos A (blocos de betão leve à base de argila expandida – Composição 3), Cenário 2 com recurso aos Blocos L (blocos de betão leve à base de granulado de caroço de espiga de milho tratado – Composição 3) e, por fim, Cenário 3 com recurso aos Blocos G (blocos de betão leve à base de granulado de caroço de espiga de milho tratado – Composição 4). Este cenário de ensaio não foi possível concretizar porque apenas se dispunha de quinze blocos de cada gama de bloco e que era uma quantidade insuficiente para se preencher totalmente a “parede aberta”. Desta forma, foi necessário pensar noutra solução de ensaio. A nova solução consistiu em preencher o espaço sobrante com o sistema construtivo em gesso cartonado Os elementos que constituem este sistema são as placas de gesso cartonado (2 placas de BA 13), perfis de aço galvanizado e lã de rocha, Figura 7.5 e Figura 7.5. Assim sendo, está-se perante uma parede composta. Neste contexto, foi necessário avaliar previamente a capacidade de isolamento acústico da parede de gesso cartonado, Figura 7.7.

a) Preparação do Sistema b) Espessuras dos elementos constituintes do Sistema

BLOCOS DE BETÃO LEVE À BASE DE GRANULADO DE CAROÇO DE ESPIGA DE MILHO TRATADO

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Legenda: 1 – Sistema de gesso cartonado 2 – Blocos de betão leve

Figura 7.5: “Parede aberta” preenchida com o sistema construtivo de gesso cartonado e com blocos de betão leve

As dimensões da parede composta estão especificadas na Figura 7.6.

Figura 7.6: Dimensões da parede composta

Legenda: 1 – Parede de gesso cartonado

O assentamento dos blocos de betão leve foi realizado do lado do compartimento emissor. Para o efeito, também foi necessário encontrar uma solução de refechamento das juntas de assentamento que não fosse intrusiva acusticamente. Desta forma recorreu-se a placas de aglomerado negro de cortiça com uma espessura de 2 mm, a lã de rocha e a silicone normal de cor branca, Figura 7.8. É importante referir que não se fez o assentamento dos blocos recorrendo a uma argamassa de cimento de assentamento corrente porque se pretendeu que os blocos fossem reutilizados na realização dos outros ensaios e que foram aqueles abordados no capítulo anterior.

Figura 7.8: Placas de aglomerado negro de cortiça, lã de rocha e silicone utilizados no assentamento dos blocos

Na Figura 7.9 até à Figura 7.16 estão expostas sequencialmente as etapas de assentamento das amostras de parede de alvenaria dos três tipos de blocos para o ensaio acústico.

Figura 7.9: Aspeto da parede antes de iniciar o assentamento dos blocos de betão leve

Figura 7.10: Assentamento da primeira fiada de blocos de betão leve do tipo A

BLOCOS DE BETÃO LEVE À BASE DE GRANULADO DE CAROÇO DE ESPIGA DE MILHO TRATADO

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Figura 7.11: Assentamento dos blocos de betão leve recorrendo a placas de aglomerado negro de cortiça

Figura 7.12: Aspeto da amostra de parede de alvenaria após assentamento dos blocos de betão leve do tipo A

Figura 7.13: Aplicação de silicone branco à amostra de parede de alvenaria de blocos

de betão leve do tipo A

Figura 7.14: Aspeto final da amostra de parede de alvenaria de blocos de betão leve do tipo A para ensaio acústico

Figura 7.15: Aspeto final da amostra de parede de alvenaria de blocos de betão

leve do tipo L para ensaio acústico

Figura 7.16: Aspeto final da amostra de parede de alvenaria de blocos de betão leve do tipo G para ensaio acústico

Para a realização deste ensaio pensaram-se em dois casos, o primeiro caso consiste em medir o isolamento da parede composta com revestimento de gesso cartonado do lado recetor e do lado