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2 USABILIDADE E EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO

2.3 AVALIAÇÕES CONTROLADAS E EM LABORATÓRIO

Cybis et al (2017) explicam que as avaliações feitas em laboratórios com equipamentos para registro possibilitam maior controle e poder de observação da interação entre o usuário e o produto. Cabe aqui mencionar que, durante a

observação, os usuários podem modificar sua forma de utilizar o sistema por inibi-los e isso pode distorcer a obtenção de dados. Para Preece, Rogers e Sharp (2019), os testes em laboratório oferecem a possibilidade de observar detalhes do contexto de uso e a interação entre os usuários, com o ambiente e com os artefatos.

a) Entrevista

É a técnica na qual o entrevistador se apresenta frente ao investigado e formula perguntas para estes com o objetivo de obter informações pertinentes à investigação. A entrevista torna possível o contato direto do pesquisador com o usuário e permite a obtenção de informações adicionais e qualitativas sobre as impressões do usuário e necessidades dele no uso do sistema. (CYBIS et al, 2015)

Para Marconi e Lakatos (2008), a técnica tem como objetivo principal obter informações dos participantes acerca do tema a ser investigado. Os papéis desempenhados na entrevista são divididos em dois:

- Uma das partes busca coletar dados;

- A outra parte constitui-se em fonte de informação.

A entrevista pode ser executada individualmente, com apenas um usuário, ou de forma grupal, com um grupo de participantes. A estrutura da entrevista pode variar de acordo com o propósito do pesquisador, ela pode ser classificada em:

Padronizada ou estruturada: segue uma lista de perguntas e é aplicada a participantes selecionados, o entrevistador não tem nenhuma liberdade de adaptar as perguntas. É utilizada para se obter o maior número de respostas possíveis para as mesmas perguntas;

Não padronizada ou não estruturada:

- Não diretiva ou aprofundada: iniciada a partir de um tema amplo e sem a definição de um problema pelo pesquisador;

- Focalizada ou centrada: é definido um tema e o entrevistado fala livremente sobre esse assunto imprimindo suas experiências pessoais;

- Semiestruturada: tem como base um pequeno número de perguntas abertas;

- Clínica: conduzida de maneira não-diretiva, avalia questões

sociopsicológicas da situação ou personalidade dos participantes através de suas respostas;

Painel: repetição de perguntas em tempos diferentes às mesmas pessoas, afim de verificar a evolução das respostas durante o tempo. (MARCONI & LAKATOS, 2008)

Preece, Rogers e Sharp (2019) recomendam as entrevistas como forma de explorar problemas de uma forma que pode gerar dados quantitativos e qualitativos para a pesquisa. Além disso, elas incentivam o contato entre desenvolvedores e usuários. Como principais desvantagens, estão o tempo necessário para execução e a possibilidade de a criação de um ambiente artificial para o experimento

constranger os participantes.

As entrevistas podem ser individuais, entre o pesquisador e o participante e as contextualizadas, que acontecem em um ambiente que pode ser controlado ou não, o que possibilita também a observação de uso do artefato. (CYBIS et al, 2015)

b) Observação de atividades

Essa técnica consiste em o pesquisador observar o usuário desenvolvendo uma atividade ou executando uma tarefa em seu ambiente natural. Durante a observação, não é possível fazer perguntas, que podem acontecer ao final da observação (CYBIS et al, 2015). Já Marconi e Lakatos (2008 p. 76) falam que nela, “os pesquisadores utilizam os sentidos para obter os dados e que é necessário não apenas ver e ouvir, é preciso examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar”.

Ela pode acontecer de duas formas:

Direta: com a presença do pesquisador no local onde está acontecendo a atividade/tarefa;

Indireta: quando ela é gravada em vídeo para que o investigador possa avaliar posteriormente, sem interferir na ação de uso dos participantes.

A observação oferece vantagens e limitações que podem influenciar no trabalho da investigação, Marconi e Lakatos (ibid.) sugerem que se utilize um

conjunto de técnicas ao mesmo tempo para preencher as lacunas deixadas por ela. Dentre as vantagens pode-se citar:

c) Possibilidade de estudar, de forma direta, diversos fenômenos; d) Facilidade de execução pelo observador;

e) Permite coleta de dados de um conjunto comportamental; f) Depende de meios externos e menos da reflexão;

g) Permite a observação de dados e informações que podem não ser contempladas em questionários e formulários.

Sobre as limitações dessa técnica, podemos elencar:

a) Influência do observador sobre o observado, positiva ou negativamente;

b) Falta de espontaneidade, que pode limitar a percepção do fato;

c) Imprevisibilidade sobre as ações pode interferir na execução da tarefa; d) Maleabilidade da duração do tempo de execução das tarefas que pode

dificultar a coleta de dados;

e) Influências externas ao experimento que podem influenciar na vida dos participantes.

Para Preece, Rogers e Sharp (2019) na Observação direta, os usuários fornecem informações que outras técnicas não fornecem, se executada em

laboratório, ainda pode ser mais focada e sem interrupções, já as desvantagens da técnica estão na grande quantidade de dados que podem ser coletados e no tempo de execução que pode ser longo. Já a observação indireta permite que o usuário

não se distraia com a coleta de dados nem se sinta constrangido com a intervenção do pesquisador.

Ainda sobre os tipos de observação, para Marconi e Lakatos (2008), elas podem ser:

sistemáticas: quando realizadas de forma controlada, estruturada, com propósitos bem definidos, nesse caso o observador sabe o que busca e deve ser objetivo na obtenção dos dados;

não participante ou passiva, quando o pesquisador não se insere na comunidade ou grupo ao qual está observando;

participante: o pesquisador participa da comunidade ou grupo, incorporando- se a ele e participando de atividades cotidianas dele. Pode ser Natural, quando o investigador pertence ao grupo, ou Artificial, quando se insere no grupo com esse propósito;

individual: apenas um pesquisador faz a observação, o que pode fazer projeções sobre o observado e possibilita inferências e distorções;

em equipe: mais aconselhável que a individual por possibilitar a observação em diversos ângulos;

da vida real: feitas em ambiente real, sem preparação, os dados são obtidos enquanto acontecem, sem controle;

em laboratório: em condições controladas e artificiais. É necessário buscar uma aproximação com o ambiente natural para evitar distorções da realidade. c) Grupo Focal – Focus Group

O focus group consiste em uma técnica de pesquisa qualitativa com a reunião de um grupo entre duas e dez pessoas qualificadas com o propósito de discutir um assunto específico. Essa discussão é guiada por questionamentos coordenados por um moderador ao grupo de pessoas sentadas ao redor da mesa. Segundo Redish

(1999), é possível identificar atitudes, crenças e desejos dos usuários utilizando a técnica.

O uso do Focus Group nos estágios iniciais da pesquisa avalia conceitos preliminares com usuários representativos e pode ser utilizado para confirmar

características de um determinado grupo de usuários. Essa técnica é uma boa forma de obter informações sobre julgamentos e sentimentos do participante, mas não pode ser utilizado como avaliação de usabilidade de um sistema. (RUBIN & CHISNELL, 2008)

O focus group pode trazer um número maior de pontos de vista, assim como as entrevistas possibilitam a maior obtenção de dados qualitativos e um número menor de dados quantitativos. Facilita a identificação de áreas de consenso e conflito de opiniões, em contraponto, podem surgir participantes dominantes que participarão mais do que os outros. (PREECE, ROGERS & SHARP, 2019)

É importante que haja o roteiro a ser seguido para que o entrevistador não se perca entre as informações relevantes e as que não contribuirão com o projeto. Além disso, por se tratar de um público que possui algumas restrições com tecnologia, é importante que as entrevistas e questionários sejam executados presencialmente e não à distância. (CYBIS et al, 2017)