• Nenhum resultado encontrado

BUSCANDO UMA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA PARA A PROBLEMÁTICA DE ESTUDO

1.5 Avaliações Externas: cenário atual das escolas brasileiras

Apesar de as avaliações em larga escala estarem presentes na política pública da educação brasileira desde a década de 90, foi “a partir de 2005 com a Prova Brasil e de 2007 com o IDEB, [que] passaram a ter maior destaque na agenda político-educacional de municípios e estados” (BLASIS et al, 2013, p.6).

Após a realização das avaliações em larga escala, os resultados são divulgados para a escola e também para toda a sociedade. A intenção ao divulgar esses dados “é oferecer ao professor informações importantes sobre as dificuldades dos alunos em relação aos conteúdos curriculares previstos, bem como no que diz respeito àqueles conteúdos nos quais os alunos apresentam um bom desempenho” (MINAS GERAIS, 2013, p.9).

Os dados obtidos nessas avaliações assinalam alguns problemas que vão desde a ação do professor na sala de aula até a gestão da escola e as intervenções feitas pelas secretarias de educação.

13As habilidades estão associadas ao saber fazer: ação ou a capacidade adquirida. Já as competências se

constituem num conjunto de conhecimentos, ou seja, compreendem várias habilidades. Em geral, as habilidades são consideradas como algo menos amplo do que as competências.

Portanto, indicam os âmbitos nos quais as ações e prioridades serão repensadas e planejadas, a partir da leitura dos dados: o que os dados indicam sobre a aprendizagem dos alunos? Quais aspectos estão contribuindo para os resultados? O que fazer para melhorar? Quais ações priorizar? (BLASIS et al, 2013, p.38)

Nesse sentido, a revista pedagógica do SAEB (BRASIL, 2013) sugere que, ao constatar o percentual de alunos que se encontram em níveis de proficiência abaixo do recomendado, ou seja, longe do que se espera para aquela etapa escolar, toda a equipe escolar poderá repensar sua prática e suas ações, fazendo algumas intervenções pedagógicas no intuito de auxiliar os alunos a avançarem no desenvolvimento daquela habilidade. Já com os alunos que possuem desempenho considerado satisfatório, “a equipe escolar poderá refletir sobre formas de consolidar o trabalho e estimulá-los a progredir sempre mais” (BRASIL, 2013, p38).

Quando se está avaliando o desempenho dos alunos, consequentemente o trabalho feito por toda a escola também está sendo avaliado. “Por isso não se avalia um aluno apenas para atribuir notas, mas, sobretudo, para observar seus avanços e planejar intervenções em função de suas necessidades de aprendizagem” (BLASIS et al, 2013, p.16).

De acordo com BLASIS et al (2013), mesmo ocupando um grande espaço nas políticas educacionais de estados e municípios, alguns estudos apontam que as informações obtidas pela realização dessas avaliações ainda não são suficientemente exploradas e nem são utilizadas como um auxílio para a gestão educacional e o trabalho do professor:

Observam-se dificuldades para a compreensão dos resultados e pouca influência destes nos planejamentos e intervenções educacionais, o que indica a necessidade de trabalho direcionado para atender às novas demandas de uso, tanto por parte de escolas como de secretarias de educação. (BLASIS et al, 2013, p.6)

Essa informação é confirmada por Fontanive (2013), ao afirmar que mesmo após duas décadas de divulgação dos dados e da grande quantidade de material produzido tanto pelos técnicos do INEP/MEC quanto pelas secretarias de educação e equipes das instituições responsáveis pelas avaliações nos diferentes níveis de abrangência, “constata-se que os resultados das avaliações parecem não ter sido adequadamente incorporados à prática docente e capazes de promover a melhoria da aprendizagem dos

alunos da Educação Básica, no Brasil” (FONTANIVE, 2013, p.94).

Ainda de acordo com esse autor, uma das causas prováveis do pouco impacto dos resultados dessas avaliações na escola é a distância entre esses resultados e os resultados encontrados na sala de aula. “Em resumo, tem-se a impressão de que o professor não se identifica com esses resultados ou não vê sua prática pedagógica neles representada.” (FONTANIVE, 2013, p. 95)

Outra causa possível seria a forma com que esses resultados estão sendo apresentados à escola e aos professores. Diante disso, seria necessário

investigar a forma de apresentação dos resultados às escolas, visando identificar como esses resultados estão chegando aos professores e demais membros da comunidade escolar, se, por exemplo, eles são efetivamente compreendidos e capazes de orientar processos e mudanças na prática pedagógica. (FONTANIVE, 2013, p.90)

Para todos os que acompanham o dia a dia na sala de aula, “é um desafio compreender os resultados das avaliações e transpor as informações para o cotidiano, tomando-as como um elemento capaz de colaborar com o avanço do trabalho educativo” (BLASIS et al, 2013, p.3).

Nesse sentido, compreendendo as informações que são produzidas pelas avaliações, os funcionários das escolas e das secretarias de educação poderão receber esses resultados e entendê-los

De tal modo que, além de utilizá-los para a elaboração e implementação de ações, desmistifiquem a ideia de que a avaliação externa é apenas um instrumento de controle, ou ainda, que sua função é comparar escolas ou determinar a promoção ou retenção de alunos. (BLASIS et al, 2013, p.12)

Mesmo assim. ainda são necessários vários estudos nesse sentido, pois “no Brasil são poucas as pesquisas que costumam conectar a prática docente à melhoria do desempenho dos alunos, medido por avaliações externas” (FONTANIVE, 2013, p.97). Fazer com que isso se torne possível não é uma tarefa fácil, pois “exige o uso de instrumentos variados que requerem um grande investimento de tempo para desenvolvê-los e validá-los, treinar pessoas para aplicá-los, analisar e organizar os bancos de dados” (FONTANIVE, 2013, p. 97).

Assim, seria muito importante também que algumas pesquisas fossem direcionadas ao estudo do efeito do uso das AE na evolução de desempenho dos alunos.

CAPÍTULO II