• Nenhum resultado encontrado

Percentual de audiências por responsáveis presentes

3.5 Avanços e retrocessos da le

esta norma jurídica ficaram comprometidas para a entrevista.

Essa é uma questão muito grave. O relato de uma profissional (a quem o juiz escuta e recebe relatórios e laudos) que diz desconhecer a lei com a qual trabalha. Ainda que sendo recente na instituição, o tempo de dois anos é suficiente para um estudo da temática. Não se pode achar que por não ser uma aplicadora do direito, deve se eximir de conhecer a lei, deixando apenas isso a cargo do juiz, afinal trata-se de uma integrante da equipe técnica do judiciário.

De fato não se espera que a equipe técnica da Vara da Infância e Juventude domine totalmente a legislação que rege atualmente a área da criança e do adolescente juntamente com o Estatuto da Criança e Adolescente, principalmente porque se trata de assistentes sociais e psicólogos, e não operadores do direito. Porém, espera-se que alguém que esteja há dois (2) anos atuando no setor infanto juvenil conheça a legislação aplicável a esta seara. Fato esse que não ocorreu em relação à assistente social Mercedes.

Verifica-se diante desses fatos, que as assistentes sociais foram as profissionais que menos conheciam a lei 12.010/2009. Considerando ser esta uma profissão que afirma o compromisso com seus usuários, este desconhecimento pode ser interpretado como um certo descompromisso com as atividades as quais exercem, bem como com seu público alvo.

3.5 Avanços e retrocessos da lei

Retomando a entrevista realizada junto ao juiz, quando questionado quais seriam os retrocessos da nova lei, o entrevistado respondeu dizendo que não vê qualquer retrocesso na legislação, apenas avanços. Logo a celeridade trazida pela lei, abordada e tida como consenso por quase todos os entrevistados, é considerada um avanço para este entrevistado.

No que tange a média de tempo de um processo de adoção, ou seja, de qual era a duração de um processo que envolvia a retirada do poder familiar antes da lei e qual a duração atualmente, o juiz respondeu dizendo que não pode precisar, tendo em vista que os processos julgados por ele, sempre foram rápidos, pois em sua opinião o fator tempo é determinante para as crianças, principalmente quando se trata de colocá-las para a adoção. Finalizou sua resposta, dizendo que “infância, diferente das outras, é vida.”

Nessa linha de raciocínio, o psicólogo Joaquim, quando indagado sobre a duração de um processo de destituição do poder familiar, com a consequente adoção, informou que

atualmente, pós advento da lei 12.010/2009, um processo de adoção pode ser bem rápido, podendo durar apenas 1 (um) ano, contados da destituição até a concretização da adoção.

A assistente social Joana informou que em relação à duração do processo de adoção não poderia precisar o tempo médio, pois segundo a entrevistada, a equipe técnica apenas assessora o juiz, realizando estudos sociais sobre as famílias e as crianças, e ressaltou que isso é feito de forma rápida. Mas que não pode precisar qual a média de tempo em relação ao trabalho do juiz, do Ministério Público e do Defensor Público.

Já a profissional Mercedes, informou que em média o tempo de um processo é de três (3) anos ou mais, pois segundo ela, é preciso ter cuidado com a agilidade, devido a apresentação de defesa que os pais biológicos têm o direito de ter.

Verificou-se quanto a esta pergunta, em específico, que divergem os entrevistados quanto à duração média de um processo na Vara da Infância e Juventude de Niterói. Percebeu-se que os entrevistados que possuem uma maior cautela, e receio quanto à celeridade imposta pela lei 12.010/2009, respondiam que os processos duravam mais tempo do que aqueles que apoiavam a agilidade trazida com a nova legislação.

Dos entrevistados, as únicas que mencionaram em suas entrevistas a preocupação com essa agilidade desses julgamentos e o direito à defesa dos pais biológicos, direito esse assegurado pela Constituição Federal32 diga-se de passagem, foi a psicóloga Antonia e a assistente social Mercedes. A psicóloga Antonia ainda finalizou sua afirmação dizendo que a celeridade é perigosa, principalmente pelo fato de não haver políticas públicas em prol dessas famílias, bem como uma rede atuante.

Retomando a reflexão sobre a entrevista do juiz no que tange a celeridade de seus julgamentos, o fato de julgar rápido, não significa julgar bem, promovendo a justiça. Existem elementos subjetivos que precisam ser calmamente analisados e levados em consideração na hora de se tomar uma decisão, inclusive a celeridade em muitas das vezes, pode atrapalhar a percepção dessas subjetividades.

Não se pode negar que se tratando de um processo de adoção, o fator tempo pode sim ser determinante, pois no Brasil a preferência para os adotantes são por bebês e crianças pequenas. Porém, utilizando o critério idade das crianças para agilizar os julgamentos de destituição do poder familiar, cairíamos no problema tão discutido neste trabalho: a adoção é sempre a primeira opção a ser tomada?

32 Constituição Federal de 1988 – Artigo 5º - LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Nessa linha de raciocíno, foi unanime a resposta de todos os entrevistados quando questionados se há tentativas de reinserção das crianças e adolescente no seio da família de origem pela equipe da Vara da Infância ou se a primeira opção é sempre a colocação para adoção. Afirmaram que a adoção só é considerada quando esgotadas todas as possibilidades de retorno da criança ou adolescente para sua família. Ressalta-se que o psicólogo Joaquim, quando indagado sobre esse fato, disse ainda que a primeira tentativa é sempre a reinserção na família, e que há inclusive uma procura não só pela família nuclear (pai e mãe), como também em relação à família extensa (tios, avós, avôs, primos, madrinha e etc.).