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CAPÍTULO 2 A FESTA NA RUA: O Carnaval de rua de Porto Alegre

2.2. O carnaval de rua hoje

2.2.1. A avenida

Os desfiles das Escolas de Samba do grupo I-A são realizados, atualmente, na Avenida Augusto de Carvalho, localizada numa grande área aterrada na beira do Rio Guaíba, próxima ao centro da cidade. Nesta área encontram-se inúmeros prédios e áreas públicas estaduais como o Centro de Processamentos de Dados, o Centro Administrativo, a Secretaria de Educação, a Escola Técnica Parobé, o Parque da Harmonia, entre outros.

Um mês antes do carnaval a Avenida Augusto de Carvalho é fechada para a instalação da “Pista de Eventos Carlos Alberto Barcellos, Roxo”, algumas vezes reconhecida como “passarela do samba” e por todos chamada de “avenida”. A cada ano, portanto, a Pista é especialmente reconstruída para abrigar os desfiles carnavalescos da cidade, indicando que o carnaval das Escolas de Samba ainda não possui seu espaço instituído na cidade (Abrir Anexo 1).

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No carnaval de 1995 participaram dos desfiles do Grupo II as seguintes Escolas de Samba: Beija-Flor do Sul, Unidos da Vila Mapa, Unidos da Vila Isabel (Viamão), Copacabana, Garotos da Orgia, Acadêmicos de Gravataí (Gravataí), Portela, Os Astros (Alvorada) e Unidos do Guajuviras (Canoas). Neste mesmo carnaval participaram do Grupo I-B as Escolas de Samba: Fidalgos e Aristocratas, Estação Primeira da Figueira, Embaixadores do Ritmo, Mocidade Independente da Lomba do Pinheiro, Realeza, Império da Zona Norte, Samba Puro, Diplomatas de Alvorada (Alvorada) e Unidos da Zona Norte.

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Participaram do Grupo I-A no carnaval de 1995, segundo a ordem de apresentação: Imperatriz Dona Leopoldina, Acadêmicos da Orgia, Estado Maior da Restinga, Praiana, Bambas da Orgia, União da Tinga, Vila do IAPI, Candinha e Imperadores do Samba.

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Após o término do trabalho etnográfico foi modificada as denominações das categorias em competição. No carnaval de 1996 já desfilaram como Grupo de Acesso, Grupo Intermediário 1B, Grupo Intermediário 1A e Grupo Especial, respectivamente.

Compõem a Pista de Eventos não só o espaço destinado ao desfile propriamente dito, a avenida, mas também as áreas que a circundam: as arquibancadas e camarotes para a ocupação do público e jurados, as salas para imprensa, posto médico, alimentação, sanitários, etc, assim como as áreas de concentração, aquecimento e dispersão.

A Pista inicia na Avenida Loureiro da Silva (também conhecida como Perimetral) em frente ao prédio da Receita Federal. Ali o portão da contagem separa a rua, domínio público, da concentração, espaço oficial do carnaval. Na concentração há uma casamata de fiscalização da Coordenação do Carnaval (onde é feita a contagem dos componentes) e dois banheiros especialmente construídos, seguem-se cem metros de asfalto nos quais a Escola montará o desfile que irá apresentar. Ali todas as alas, destaques e carros alegóricos serão alinhados e posicionados conforme o planejamento da Escola (expresso no organograma) e permanecerão por, no mínimo, quarenta e cinco minutos, tempo necessário para abrir um segundo portão que dará acesso à área de

A área de aquecimento são os últimos cem metros de asfalto antes de iniciar a

avenida de desfile. Quando a Escola de Samba tem acesso a este espaço faltarão quinze

minutos para iniciar seu desfile, já estará praticamente montada e alinhada para a arrancada e já canta alguns sambas de quadra para depois introduzir o samba-enredo que a acompanhará durante todo o desfile38. Tanto na área de concentração quanto na de

aquecimento a Escola mantém contato com o público da rua, que os vê através das altas

cercas de arame.

A avenida, propriamente dita, começa no terceiro portão, localizado na cabeceira da pista iluminada e cercada de arquibancadas e camarotes (Abrir Anexo 2). Ao toque da segunda sirene o relógio é zerado e marca o início da contagem do tempo do desfile que definirá a vitória ou não da agremiação na competição carnavalesca. Nos dois lados dos seus duzentos e oitenta metros o público poderá acomodar-se em arquibancadas e camarotes. A avenida tem capacidade para abrigar um público pagante de 8.460 pessoas, distribuídas em cinco arquibancadas populares (com capacidade para acomodar 5.100 pessoas), duas arquibancadas numeradas (para 2.700 pessoas) e, também, quarenta e quatro camarotes (com capacidade para quinze pessoas cada um, totalizando 660 lugares). As arquibancadas localizadas no início e fim da pista tem seus ingressos vendidos a preços populares, pois são locais que não permitem a visualização completa das Escolas por muito tempo, em contrapartida os 44 camarotes leiloados, distribuídos ao nível do chão e primeiro andar, são os espaços de maior visualidade e, por isso, mais caros.

Na metade da pista encontram-se os camarotes oficiais da Coordenação do Carnaval (que abrigam as autoridades e convidados especiais) e os dois camarotes (um em cada lado da pista) para os avaliadores39 da competição. Ali também estão, em frente ao recuo da bateria40, os camarotes da imprensa onde diversas rádios e uma rede de televisão da cidade transmitem os desfiles. A parte central, portanto, compõe o espaço nobre da avenida pois os espectadores ali instalados tem uma melhor visualização da Escola que desfila. Além desses espaços visíveis, para quem está na avenida, outras salas41tem acesso apenas por trás desta fachada. Atrás dos camarotes do lado esquerdo da

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Neste momento o sistema de som utilizado é de pouca amplitude e apenas quatro ou cinco ritmistas da bateria fazem a marcação.

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Apenas recentemente os jurados passaram a ser chamados de avaliadores.

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Recuo ou entrada no casulo é o momento que a bateria sai do desfile, na avenida, e aguarda a passagem de diversas alas para novamente retornar no final da escola.

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Pista há um “corredor”, que liga os camarotes e salas ao bar, compondo o que se poderia chamar de bastidores da avenida e apresentando um significativo fluxo de pessoas.

O final da avenida é sinalizado pelo fim das arquibancadas e por um portão que se fechará assim que o último componente da Escola por ele passar. Cruzando este portão a Escola automaticamente se desmancha, misturando seus componentes neste espaço intermediário antes de saírem pelo último portão que dá acesso à dispersão. A dispersão é, novamente, o espaço da rua, o espaço público aberto.

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