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4. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

4.2 Bacia Bauru

A seguir, apresenta-se uma descrição da Bacia Bauru, iniciada por uma revisão de trabalhos anteriores referentes a esta área de estudo.

4.2.1 Revisão bibliográfica da área de estudo

Com a Reativação Wealdeniana e conseqüente estabelecimento das bacias marginais, o interior continental brasileiro foi alvo de intensas manifestações tectônicas, que modelaram o embasamento basáltico pré-Bauru com a formação de horsts e grabens, definindo um padrão de falhamentos normais (CPTI, 1999; PAULA E SILVA, 2003).

A Bacia Bauru desenvolveu-se por subsidência termo-mecânica, na parte centro-sul da Plataforma Sul-Americana após o rompimento do Megacontinente Gondwana e abertura do Oceano Atlântico (FERNANDES, 1998). Nesta bacia, do tipo continental interior, acumulou-se uma seqüência sedimentar essencialmente arenosa, da qual foram encontradas espessuras máximas preservadas de até 300 metros e área aflorante de 370.000Km2.

Esta seqüência sedimentar suprabasáltica neocretácea, de origem continental, tem por substrato rochas vulcânicas básicas da Formação Serra Geral (Ki), da qual está separada por superfície erosiva regional, ocorrendo na parte ocidental do Estado de São Paulo, noroeste do Estado do Paraná, parte oriental do Mato Grosso do Sul, no Triângulo Mineiro e no sul de Goiás (FERNANDES, 1998).

Para Suguio (1980), o ciclo inicial de sedimentação Bauru parece ter-se processado sobre um relevo profundamente irregular, favorecendo a formação de ambientes eminentementes lacustres.

Segundo Cabral Jr. et al. (1990), o Grupo Bauru apresenta-se, em termos prospectivos, como uma das mais promissoras áreas da bacia do Paraná no Estado de São Paulo, constituindo o principal conjunto litofaciológico suprabasáltico, envolvendo um pacote sedimentar da ordem de 200 metros de espessura, com a possibilidade das seguintes mineralizações: argilas para diversos fins – bentonita

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(esmectita e atalpugita); argilas refratárias (caulinita, gibbsita); agregado leve (illita), fertilizantes termo-fosfato potássico (illita) e cerâmica vermelha –, rochas carbonatadas (corretivo de solo), sais evaporíticos (trona), diamantes e metais (Cu,U), entre outros.

Desde a introdução do nome “Grés de Bauru” por Campos (1905) e os “Delta - like sandstones” ou “Cayuá sandstone” por Baker (1923) e Washburne (1930), o Grupo Bauru passou por várias classificações, subindo e descendo na hierarquia estratigráfica e abrangendo diferentes unidades litoestratigráficas com o intuito de interpretar a inter-relação das diversas unidades sedimentares suprabasálticas cretáceas.

A partir de estudos pedológicos da região noroeste do estado, Setzer (1943) apresenta a subdivisão da “Formação Bauru” em “Bauru Superior” e “Bauru Inferior”.

Almeida e Barbosa (1953) propõem a divisão em Formação Itaqueri (inferior) e formação Marília (superior). Enquanto que Freitas (1955) distingue o membro inferior ou Itaqueri e o membro superior ou Bauru, e ainda sugere, em 1964, o abandono da designação Itaqueri.

Com base em observações geológicas do Pontal do Paranapanema, Mezzalira e Arruda (1965) foram os primeiros a admitir a possibilidade do arenito Caiuá ser considerado como fácies do Grupo Bauru.

Em 1975, com os mapeamentos geológicos regionais realizados no oeste do Estado, tornou-se possível uma melhor definição estratigráfica dos depósitos suprabasálticos.

Suguio et al. (1977) subdividiram a Formação Bauru em três litofácies distintas. E Landim e Soares (1976), pela primeira vez, utilizaram a denominação Santo Anastácio, para descrever uma das fácies de transição entre as formações Caiuá e Bauru.

Soares et al. (1979) e Stein et al. (1979), reescrevem os arenitos Santo Anastácio, e os mapeiam por grande extensão da porção oeste do Estado de São Paulo. Em seus estudos, Soares et al. (1980) e Almeida et al. (1980b) propõem que a designação Grupo Bauru abranja as formações Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília (Figura 7).

Fonte: Paula e Silva (2003) adaptado de Soares et al. (1980)

Figura 7 - Subdivisão clássica dos sedimentos cretáceos suprabasálticos.

Para Suguio (1980), o Grupo Bauru abrange as seguintes unidades estratigráficas: Formação Caiuá, Formação Santo Anastácio, Formação Araçatuba, Formação São José do Rio Preto, Formação Uberaba e Formação Marília.

No trabalho do IPT (1981a), os autores consideram que o Grupo Bauru é subdividido em quatro formações: Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília.

Fernandes (1992, 1998) analisa a estratigrafia e a evolução geológica do Bauru em sua porção oriental, denominando-o Bacia Bauru. O preenchimento da Bacia Bauru, segundo o autor, teria ocorrido no Cretáceo Superior (Ks), intervalo entre 88,5 -65 Milhões de anos, período este definido pela idade atribuída a fósseis de vertebrados (HUENE, 1939), pela idade absoluta de intercalações de rochas

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vulcânicas (COUTINHO et al., 1982) e pela correlação com a sedimentação na Bacia de Santos.

A Seqüência Suprabasáltica Neocretácea (SSN), conforme Fernandes (1998), é formada pelos grupos cronocorrelatos: Caiuá e Bauru, acumulados em clima semi- árido e árido. O Grupo Caiuá ocorre nos Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, assentando-se discordantemente sobre unidades do Grupo São Bento e apresenta passagem transicional e interdigitada para o Grupo Bauru.

Fernandes e Coimbra (1994) definem que o Grupo Caiuá é constituído pelas formações Rio Paraná, Goio-Erê e Santo Anastácio. Já o Grupo Bauru reúne as formações Vale do Rio do Peixe, Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Araçatuba, Marília, Uberaba e os Analcimitos Taiúva, compostos por rochas vulcânicas localmente intercaladas na seqüência. As passagens entre as unidades dos grupos Caiuá e Bauru são graduais e interdigitadas.

A sedimentação da Bacia Bauru, segundo Fernandes (1998), em sua primeira fase, ocorreu em condições essencialmente desérticas, com o sepultamento progressivo do substrato basáltico. A intensificação das atividades tectônicas nas diversas regiões da bacia e as mudanças climáticas graduais trouxeram mais umidade às zonas marginais, assinalando o início da segunda fase de sedimentação da Bacia Bauru, ainda em clima semi-árido.

Estudando a seqüência suprabasáltica neocretácea, Fernandes e Coimbra (1994; 1996) e Fernandes (1998) propuseram que a Bacia Bauru seria formada pelos Grupos Bauru e Caiuá, implicando em uma revisão estratigráfica para a parte oriental da bacia.

A alteração mais importante refere-se ao Grupo Bauru, na denominada Formação Adamantina (Quadro 1).

Utilizando-se do Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica, os autores propuseram novas formações para a Bacia Bauru.

Quadro 1 - Nova classificação litoestratigráfica proposta para a Bacia Bauru

Membro:

Formação Marília Ponte Alta

Serra da Galga Echaporã Formação Presidente Prudente

Formação São José do Rio Preto Formação Uberaba

Formação Araçatuba