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Mapa Geológico do Município de Assis

4.3.2 Formação Adamantina

A Formação Adamantina aflora em vasta extensão do oeste paulista, recobrindo as unidades pretéritas do Grupo Bauru (formações Caiuá e Santo Anastácio) e Formação Serra Geral. Em algumas regiões esta formação é recoberta em parte pela Formação Marília e em parte por depósitos cenozóicos.

Esta unidade estratigráfica contempla 41,45% de área aflorante no Médio- Paranapanema. O contato entre a Formação Adamantina e os basaltos da Formação Serra Geral é marcado por discordância erosiva, apresentando algumas vezes delgados níveis de brecha basal.

Os sedimentos desta unidade litoestratigráfica são de granulometria fina, bem selecionados, contendo freqüentemente micas, e mais raramente feldspatos, sílica amorfa e minerais opacos, e exibem grande variedade de estruturas sedimentares (IPT, 1981a).

Segundo Barison (2003), a mineralogia da Formação Adamantina é constituída predominantemente por 93,4% de quartzo monocristalino e 2,1% de quartzo policristalino, aproximadamente 2% de feldspatos, além de fragmentos líticos (quartzitos) e acessórios (silicatos e óxidos). A matriz é composta por argilominerais (montmorilonita e illita) que se distribuem da superfície até em profundidade.

As maiores espessuras da Formação Adamantina ocorrem nas porções ocidentais dos espigões entre os grandes rios. Atinge 160 metros entre os rios São José dos Dourados e Peixe; 190 metros entre os rios Santo Anastácio e Paranapanema e 100 a 150 metros entre os rios Peixe e Turvo, adelgaçando-se dessas regiões em sentido a leste e nordeste.

Os depósitos da Formação Adamantina apresentam algumas variações regionais que têm levado diversos autores a adotar denominações informais, tais como: membros, fácies, litofácies ou unidades de mapeamento para designar conjuntos litológicos com características distintas, para os depósitos denominados “Bauru”, correspondentes à Formação Adamantina.

Entretanto, as subdivisões propostas adaptam-se melhor a variações litológicas localizadas, não havendo, ainda, um consenso a respeito de uma subdivisão que possa ser aceita regionalmente para a Formação Adamantina como um todo. Dentre os motivos para tais divergências destaca-se a descontinuidade

geográfica do Grupo Bauru, o que, conforme Fúlfaro e Barcelos (1992) e Fúlfaro e Perinotto (1996), leva diversos pesquisadores a setorizar aspectos da sedimentação desta formação.

De acordo com Paula e Silva (2003) e Paula e Silva, Chang e Caetano-Chang (2003, 2005) ainda permanece uma série de dúvidas relacionadas às relações estratigráficas, tectônicas, estruturais, entre outras, desta sucessão suprabasáltica cretácea.

Trabalhos desenvolvidos por estes autores, ao estudar o arcabouço litoestratigráfico de subsuperfície, baseados em perfis geofísicos de poços profundos, permitiram estabelecer o arcabouço estratigráfico de subsuperfície da seqüência neocretácica suprabasáltica, com a identificação de duas superfícies de discordâncias regionais (S1 e S2). Estas superfícies de discordâncias constituem-se em horizontes-guia, para a delimitação de unidades geofísicas correspondentes às unidades litoestratigráficas formais (PAULA E SILVA, 2003; PAULA E SILVA; CHANG; CAETANO-CHANG, 2003, 2005).

A concepção clássica de estratigrafia dos sedimentos cretáceos suprabasálticos, proposta por Soares et al. (1980), com modificações sugeridas por diversos autores nas décadas de 1980 e 1990, ainda é para Paula e Silva (2003) aquela que tem maior aceitação pela comunidade científica, constituindo-se na coluna geológica padrão da maioria dos trabalhos referentes ao Bauru (Quadro 2).

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Quadro 2 - Caracterização das unidades litoestratigráficas do Grupo Bauru

Unidade Características litológicas

Marília

Formalmente caracterizada por Soares et al. (1980); unidade composta por arenitos grossos a conglomeráticos, teor de matriz variável, ricos em feldspatos, minerais pesados e minerais instáveis, maciços ou com acamamento incipiente subparalelo e descontínuo, raras estratificações cruzadas de médio porte e raras camadas descontínuas de lamitos vermelhos e calcários. Espessura máxima 160 metros na região de Marília.

Adamantina

Formalmente caracterizada por Soares et al. (1980) como um conjunto de fácies compostas por bancos de arenito róseo a castanho, espessura variando entre 2 e 20 metros, granulação fina a muito fina, estratificação cruzada, intercalados com bancos de lamitos, siltitos e arenitos lamíticos, cor castanho avermelhada a cinza castanho, maciços ou com acamamento plano-paralelo, com marcas de onda e microestratificação cruzada. Espessura máxima 182 metros (MEZZALIRA, 1974).

Araçatuba

Proposta por Suguio (1981) e redefinida por Batezelli et al. (1999), constituída por siltitos arenosos cinza esverdeados, ora maciços, ora com estratificações plano-paralelas e cruzadas, com variações laterais para siltitos argilosos ou arenitos lamíticos, intercalados a bancos de arenitos muito finos, com ocorrência de moldes romboédricos de cristais salinos e espessura média estimada de 30 metros.

Santo Anastácio

Formalmente caracterizada por Soares et al. (1980), constituída predominan- temente por arenitos de cor marrom avermelhada, granulação fina a média, com grãos recobertos por película limonítica, teor de matriz inferior a 15%, até 15% de grãos de opala e feldspato, cimentação e nódulos calcíferos localizados com incipiente estratificação plano-paralela e cruzada tangencial de baixo ângulo, lentes descontínuas de lamito marrom avermelhado. Espessura de 80 metros.

Caiuá

Formalmente caracterizada por Soares et al. (1980), como uma unidade com notável uniformidade litológica, representada por arenitos avermelhados a arroxeados, muito finos a médios, com grãos envoltos por película limonítica, estratificação cruzada tangencial de grande porte, teor de matriz lamítica inferior a 5%, com ocorrência restrita à região sudoeste do Estado de São Paulo. Espessura máxima 200 metros.

Fonte: Paula e Silva (2003)

Paula e Silva (2003) afirma que atualmente as unidades suprabasálticas cretáceas do Estado de São Paulo estão distribuídas segundo duas divisões estratigráficas: a primeira de acordo com as propostas de Soares et al. (1980) e a segunda indicada por Fernandes (1998). Paula e Silva (2003) considera que as concepções propostas por Fernandes (1998) e por Fernandes e Coimbra (1996,

2000) não estão ainda suficientemente esclarecidas para serem formalmente utilizadas.