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Mapa Geológico do Município de Assis

4.3.3 Depósitos Cenozóicos

Os depósitos cenozóicos do Planalto Ocidental correspondem a níveis escalonados na paisagem que, por sua vez, estão vinculados às fases de aplainamento. São coberturas geralmente pouco espessas que cortam tanto o cristalino como os planaltos interioranos; sua origem estaria ligada a fatores climáticos ou tectônicos.

Moraes Rego (1933), estudando o cenozóico paulista, constatou o seu caráter predominantemente terrígeno e não glacial, o que dificulta a separação Terciário e Quaternário e a distinção entre Pleistoceno e Recente.

Fúlfaro e Suguio (1974) tendem a minimizar as questões climáticas em função de eventos tecto-sedimentares entre os depósitos cenozóicos do Estado de São Paulo. Os autores descrevem depósitos de areias e colúvios encontrados nos divisores de água do Estado de São Paulo.

Estes depósitos apresentam cascalhos com seixos de quartzitos e calcedônia ou fragmentos retrabalhados de limonita. Os fragmentos mostram-se dificilmente individualizados quando não há presença de cascalhos na base, são mal estruturados e confundidos com material eluvial, devido à pouca diferenciação do material de alteração das rochas regionais.

Para Landim, Soares e Fúlfaro (1974) e Soares e Landim (1976), os depósitos cenozóicos são constituídos por areias desestruturadas, tendo a base sobre o estágio inferior ou diretamente sobre formações mais antigas, depósitos de cascalho ou uma linha de seixos constituída por quartzito e escassos fragmentos de limonita.

Esses autores também atribuíram a origem dos depósitos cenozóicos a duas superfícies geomorfológicas distintas:

a) Superfície Sul-Americana: de idade Terciária e anterior à formação da Depressão Periférica. Os depósitos correlatos a esta superfície de aplainamento podem ser encontrados a 600 metros de altitude, mantendo a forma de amplos pediplanos

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sobre o arenito cretáceo. Seu caráter distintivo é a sua cor vermelho-escuro, com intenso enriquecimento em ferro.

b) Superfície Velhas - provavelmente de idade Quaternária (KING, 1956) existindo seus depósitos sobre a Depressão Periférica.

Fúlfaro (1979) refere-se aos materiais cenozóicos como sedimentos inconsolidados, assemelhando-se a solos, com níveis de seixos na base, recobrindo discordantemente outros tipos litológicos mais antigos do próprio Cenozóico, Mesozóico, Paleozóico até rochas do embasamento cristalino.

O contato dos materiais cenozóicos com as rochas subjacentes é feito por uma superfície irregular de desnível variado, sotoposta a cascalhos com seixos de sílex, quartzitos e fragmentos de limonita, recobrindo os espigões ou preenchendo paleo-vales escavados em rochas mais antigas.

Fúlfaro (1979) observa que, no estado atual do conhecimento dos depósitos cenozóicos (final da década de 1970), fica difícil estabelecer uma gênese e cronologia únicas; assim, classifica os materiais inconsolidados em três tipos de depósitos:

1. depósitos de espigão;

2. frontais às escarpas regionais (pedimentos); 3. depósitos em paleo-vales.

Suarez (1976, 1991) denomina de Formação Piquerobi, depósitos cenozóicos areno-argilosos de coloração avermelhada, espessura de 8 metros, superpostos em discordância erosiva com o Grupo Bauru, encontrados no extremo oeste do Estado de São Paulo.

Segundo Melo e Ponçano (1983), os depósitos cenozóicos e as principais feições encontrados no Planalto Ocidental podem ser agrupados em:

x registros sedimentares e morfológicos de fases de morfogênese mecânica; x depósitos controlados por soleiras locais;

x depósitos associados às últimas fases de clima úmido; x evidências pedológicas de evolução cenozóica.

Godoy (1989) descreve a ocorrência de depósitos coluviais na região de Presidente Prudente, que contêm fragmentos de restos vegetais, com espessuras entre 8 e 30 metros, recobrindo rochas do Grupo Bauru e do Grupo Caiuá.

Bongiovanni (1990) estuda os depósitos cenozóicos do Planalto Ocidental, região de Paraguaçu Paulista, integrando aspectos geológicos, geomorfológicos e pedológicos como contribuição ao seu conhecimento geotécnico.

Fúlfaro e Bjornberg (1993) reconhecem a existência da Superfície Sul- Americana (Terciária) no Estado de São Paulo. Coberturas com espessura máxima de 40 metros apresentam-se sobrepostas a esta superfície. Segundo os autores, com o levantamento da Serra do Mar no Terciário Médio e Superior, ocorreu um rejuvenescimento das drenagens com o aprofundamento dos leitos e a erosão da Superfície Sul-Americana. Já no Quaternário inferior, são formadas amplas planícies aluviais ao longo dos principais rios do Estado, entre eles o rio Paranapanema, além de coberturas coluviais nos divisores de água.

A Formação Rio Claro e os depósitos cenozóicos associados foram estudados por Melo (1995) no intuito de contribuir para a compreensão da evolução geológica neocenozóica da Depressão Periférica.

No diagnóstico da situação dos recursos hídricos da UGRHI 17 Médio- Paranapanema (CPTI, 1999) são englobados sob a designação genérica de depósitos cenozóicos:

1. Depósitos em terraços suspensos; 2. Depósitos em cascalheiras;

3. Depósitos em aluviões pré-atuais;

4. Depósitos recentes de encostas (coluvionares) e associados às calhas atuais (depósitos aluvionares).

As cascalheiras ocorrem associadas principalmente às calhas dos rios Paranapanema e afluentes de sua margem direita, suspensas em relação ao nível de base atual. São depósitos de pequena expressão em área, que variam de decímetros a metros de espessura. Podem apresentar predominância de clastos de natureza quartzítica, ou então de sílica amorfa. Em ambas, seixos de quartzo e de arenitos completam a constituição básica das cascalheiras, sempre com a presença em porcentagens variadas, de matriz arenosa.

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Em posições de meia encosta aparecem depósitos aluviais pré-atuais de ocorrências restritas, constituídos por intercalações de leitos arenosos e argilosos.

A cobertura coluvionar ocupa de forma generalizada os atuais divisores d’água e suas encostas, com espessuras e composições variáveis ao longo da área. Estas coberturas são mais desenvolvidas nos relevos mais aplainados, atingindo algumas dezenas de metros na região do Médio-Paranapanema, e em situações particulares caracterizadas como rampas coluvionares, geralmente associadas aos relevos mais escarpados da área.

Os colúvios são constituídos por areias, siltes e argilas, freqüentemente associados com grânulos e seixos. A predominância de um dos tipos granulométricos, bem como de minerais constituintes, respondem diretamente à natureza do substrato rochoso.

No Planalto Ocidental é predominante a ocorrência de colúvios arenosos com porcentagens subordinadas de silte e argila. Na área de exposição das rochas basálticas, as coberturas com termos mais argilosos ou argilo-arenosos, quando próximas a arenitos, têm distribuição mais facilmente controlável.

No diagnóstico do meio físico do Médio-Paranapanema (CPTI, 1999), os autores descrevem que os principais cursos d’água estão associados aos depósitos aluviais mais desenvolvidos, com constituição predominantemente mais arenosa com níveis de cimentação limonítica. Cascalheiras e intercalações de outros termos são ocasionais, porém sempre presentes. A maior parte da rede de drenagem reentalha seus próprios depósitos.